[ANPPOM-L] Suzel Ana Reily na EM-UFMG
Carlos Palombini
palombini em terra.com.br
Sáb Set 10 01:38:08 BRT 2005
O Centro de Pesquisa em Música Contemporânea da Escola de Música da UFMG
convida para a palestra *Recordando a Era Barroca: consciência
histórica, identidade local e a Semana Santa em Campanha (MG)*, da
antropóloga Suzel Ana Reily (Queen's University, Belfast), a ser
realizada no dia 13 de outubro de 2005 no auditório da Escola de Música,
Campus Pampulha, das 10:40 às 12:20.
Suzel Ana Reily é professora de Etnomusicologia na Queen's University
Belfast, Reino Unido. Ela obteve seu doutorado em Antropologia Social da
Universidade de São Paulo em 1990. Entre suas principais publicações
estão: _Voices of the Magi: Enchanted Journeys in Southeast Brazil_
(2002, Chicago), _Brazilian Musics, Brazilian Identities_ (org., 2000,
_British Journal of Ethnomusicology_ 9.1), _The Musical Human:
Rethinking John Blacking's Ethnomusicology in the 21st Century_ (org.,
no prelo, Ashgate), e produção de um site/CD-ROM baseado na etnografia
da iniciação feminina entre os Venda feita por John Blacking (1998). Foi
presidente do Fórum Britânico de Etnomusicologia de 2000 a 2003;
co-editora da _Revista britânica de etnomusicologia_ (1998–01);
presidente do Conselho da Sociedade de Etnomusicologia (2003–05);
primeira editora de sites da internet da _Revista anual de música
tradicional_ (desde 2002).
A palestra investiga as maneiras como a consciência histórica tem sido
construída e mantida através das celebrações da Semana Santa numa antiga
cidade mineradora de Minas Gerais. Dados históricos e etnográficos são
utilizados para discutir o papel da experiência ritual na formação da
consciência histórica. Em Campanha, como em outros contextos mineiros, a
Semana Santa segue um modelo teatral barroco, cuja atmosfera é em grande
parte construída através do repertório colonial utilizado no decorrer da
Semana. Os festejos, então, permitem aos participantes terem um encontro
direto com seu glorioso passado áureo. Por esta razão, eles se tornaram
um emblema de identidade local.
No entanto, na sua tentativa de implementar as diretrizes do Segundo
Vaticano, a igreja vem tentando erradicar as práticas "elitistas" do
passado, e isto esta ameaçando a continuidade das celebrações da Semana
Santa. Os confrontos entre a igreja e os devotos gerados pelos esforços
da igreja em Campanha vem aumentando a consciência histórica local, mas
também têm salientado distinções radicais nas concepções históricas de
diferentes setores da cidade. Em última instância, estas diferenças se
baseiam em diferenças de orientação religiosa: enquanto o clero se
esforça em estabelecer uma igreja "moderna" e "popular", a população
local participa da Semana Santa como fonte de "experiências barrocas"
que renovam suas relações com o passado.
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carlos palombini
diretor
centro de pesquisa em música contemporânea
universidade federal de minas gerais
cpmc-ufmg
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