[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossas Universidades?

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Sáb Out 13 18:12:18 BRT 2007


meus caros,

nem pensei que alguém seja xenófobo ou use num sentido pejorativo o conceito 
de contraponto,

apenas digo que um contraponto (existem sempre vários) é um recurso poético 
que serve à construção de uma determinanda linguagem musical...

só isso: o contraponto não tem pátria, nem é monopólio de quem quer que 
seja, quem quiser que use ou não a tal ferramenta de acordo com seus 
critérios e... talento...

mas vejo que a discussão cunduz talvez a uma confusão entre música enquanto 
arte (pois se trata aí das questões do métier e do processo poético, da 
singularidade, da exposição de um mundo, de enigmas e revelações 
existenciais - mas sem regras que a garantam) e o caráter incontornavelmente 
mesquinho da(s) cultura(s)...

Rubens Ricciardi


----- Original Message ----- 
From: "eduardo luedy" <eluedy em yahoo.com>
To: "Rubens Ricciardi" <rrrr em usp.br>; "Carlos Sandroni" 
<carlos.sandroni em gmail.com>; <antunes em unb.br>
Cc: <hugoleo75 em gmail.com>; <anppom-l em iar.unicamp.br>
Sent: Friday, October 12, 2007 10:00 PM
Subject: Re: [ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossas Universidades?


> Tenho a impressão que o Rubens não está compreendendo
> muito bem o por quê de estarmos discutindo
> etnocentrismo, repertório canônico (suas práticas e
> valores associados) e a necessidade (ou não) de tornar
> os currículos em música mais abertos à diversidade
> cultural. Também não me parece que o adjetivo
> "europeu" tenha sido empregado com conotações
> pejorativas ou xenófobas pelo Sandroni.
>
> Eduardo Luedy
>
>
> --- Rubens Ricciardi <rrrr em usp.br> wrote:
>
>> meus caros...
>>
>> onde estamos????
>>
>> "contraponto europeu"??? - que bobagem é esta???
>>
>> ha, então o futebol (invenção inglesa!) também é
>> europeu (aliás, não é o esporte mais popular por lá
>> também)????
>>
>> nossa senhora, por que será então que eu torço aqui
>> pro meu glorioso Comercial de Ribeirão Preto???
>>
>> certamente uma postura eurocentrista e com certeza
>> politicamente incorreta (estes corinthianos, estes
>> flamenguistas, todos uns vendidos à submissão
>> eurocêntrica)...
>>
>> pois viva a nossa identidade, viva a nossa
>> verdadeira cultura, abaixo toda e qualquer forma de
>> inteligência estrangeira!!!...
>>
>> Rubens Ricciardi
>>
>> PS: caro Silvio Ferraz, concordo com vc que o estudo
>> dos contrapontos deve ser sempre desenvolvido nos
>> contextos das linguages, porisso, já há alguns anos
>> venho dando aulas do contraponto da Polifonia Gótica
>> em seus primórdios, da Ars Antiqua (em especial
>> Perotinus) e da Ars Nova (em especial Machault e
>> Landini), até os primeiros polifonistas
>> franco-flamengos quando se inicia o Renascimento,
>> realmente é muito mais enriquecedor que trabalhar só
>> com as 5 espécies do Fux ou com os recursos dos
>> contrapontos em meio aos diversos estilos e época do
>> sistema tonal...
>>   ----- Original Message ----- 
>>   From: Carlos Sandroni
>>   To: antunes em unb.br
>>   Cc: anppom-l em iar.unicamp.br ; hugoleo75 em gmail.com
>>   Sent: Friday, October 12, 2007 3:10 PM
>>   Subject: Re: [ANPPOM-L]Qual a música que queremos
>> em nossas Universidades?
>>
>>
>>   Prezado Antunes e demais colegas,
>>
>>   Citando:
>>
>>   "A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A
>> lamentação de funeral das Ilhas Solomos é bem menos
>> complexa estruturalmente.
>>   O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes
>> dessas lamentações não garante sucesso no estudo da
>> estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura da
>> fuga, garante o sucesso no estudo da estrutura dos
>> cantos a duas vozes das lamentações fúnebres."
>>
>>   Fim da citação.
>>
>>   "Mais complexo" e "menos complexo", aqui, do ponto
>> de vista do contraponto europeu. A harmonia de
>> Wagner também é mais complexa que a dos Beatles. Mas
>> saber harmonia e contraponto nao nos habilitam a
>> compreender nem formalmente, e muito menos
>> estruturalmente, música vocal das Ilhas Salomon ou
>> rock. (No caso do rock saber alguns acordes pode às
>> vezes ajudar).
>>
>>   Se voce analisa polifonias do Pacífico ou dos
>> pigmeus com instrumentos teóricos de contraponto
>> europeu, o resultado é a primeira e a segunda frases
>> citada acima. Esta é uma das razões pelas quais a
>> terceira e a quarta frases citadas acima são, na
>> opinião dos etnomusicólogos, falsas (isto inclui
>> Hugo Zemp, que estudou a fundo as polifonias das
>> Ilhas Salomon).
>>
>>   Abraços,
>>   Carlos
>>
>>
>>   On 10/12/07, Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
>>
>>     Eduardo:
>>     Você está usando a palavra "forma", que nunca
>> utilizei. No escopo de nosso debate ela não cabe.
>>     Você fala em "complexidade formal" e em se
>> "compreender formalmente o contraponto".
>>     Nunca me referi a forma. Sempre estou me
>> referindo a estrutura.
>>     Estou falando em complexidade estrutural.
>>     Também nunca disse que a análise se sustenta
>> unicamente pela abordagem estrutural e formal.
>>     As aspectos simbólicos e contextuais hão de vir,
>> numa boa análise, a ser estudados profundamente após
>> as análises estrutural e formal.
>>     Mas aquela ficará solta, descontextualizada e
>> superficial, se estas não se estabelecerem antes.
>>     A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A
>> lamentação de funeral das Ilhas Solomos é bem menos
>> complexa estruturalmente.
>>     O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes
>> dessas lamentações não garante sucesso no estudo da
>> estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura da
>> fuga, garante o sucesso no estudo da estrutura dos
>> cantos a duas vozes das lamentações fúnebres.
>>     Veja, estou falando em estrutura. Quanto à
>> forma, os níveis de complexidade são altos nos dois
>> casos. As lamentações fúnebres têm, em geral, a
>> forma ABAB CBCB. A fuga nº 24, segundo caderno, tem
>> forma de fuga tripla, com a complexidade imposta
>> pelo uso de três sujeitos.
>>     Para completar as análises, aí sim, seria
>> necesssário abordar as questões que você menciona.
>> Seria então preciso abordar a religiosidade de Bach,
>> suas construções quiasmáticas, sua época, seu
>> entorno, sua fixação na cristologia e seu
>> encantamento pelas letras de seu próprio nome (b, a,
>> c, h). Quanto às Lamentações fúnebres das imediações
>> da Polinésia, seria necessário, na etapa final da
>> análise, considerar a coreografia da dança ritual
>> suahongi, as escalas usadas, suas simbologias,
>> ritmos, andamentos, textos, o gestual da
>> distribuição de alimentos durante o velório, etc.
>>     Abraço,
>>     Jorge Antunes
>>
>>
>>
>>
>>
>>   Carlos Sandroni
>>   Departamento de Música, UFPE
>>   Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
>>   Setembro 2007/Fevereiro 2008:
>>   Pesquisador Associado ao Centre de Recherches en
>> Ethnomusicologie
>>   CNRS - LESC UMR 7186 - Paris
>>   Endereço pessoal na França:
>>   Chez Duflo-Moreau
>>   199, rue de Vaugirard
>>   75015 - Paris
>>   Telefone profissional no Brasil
>>   (81) 2126 8596 (telefone e fax)
>>   (Recados com Anita)
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>>   Rua das Pernambucanas, 264/501
>>   Graças - 52011-010
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