[ANPPOM-L] 08 - Re: A Itália quer Battisti. mas esconde Troccoli

Jorge Antunes antunes em unb.br
Sex Jan 14 12:57:40 BRST 2011


Colegas:

Alguns músicos, acadêmicos e pesquisadores precisam estar integrados a uma
sociedade com liberdade, soberania, humanismo e justiça social, para se
verem com estado de espírito que lhes permita fazer música e pesquisar.
Em 1948 Claudio Santoro viveu crise, interrompendo trabalho criativo, quando
deixou de usufruir uma Bolsa da Fundação Guggenhein, por ter-lhe sido negado
o Visto pelos USA.
Em 1968 Aylton Escobar viveu momentos de angústia quando sua obra sinfônica,
por usar versos de Ho Chi Min, foi cancelada em concerto no Teatro Municipal
do Rio de Janeiro.
Em 1969 José Siqueira viveu crise ao ser aposentado pela ditadura militar e
–proibido de lecionar, gravar e reger– veio a encontrar abrigo na extinta
União Soviética, onde regeu a Orquestra Filarmônica de Moscou.
Em dezembro de 1968 Esther Scliar, Jorge Antunes e Guerra Peixe foram
demitidos do Instituto Villa-Lobos logo após a promulgação do AI-5. Guerra
Peixe se recolheu às suas aulas na Pró-Arte, parando de compor. Jorge
Antunes se exilou no exterior, com uma bolsa do Instituto Torcuato Di Tella.
Esther Scliar se afastou da composição musical e dez anos depois se recolheu
a seu apartamento na Rua Toneleros, vedando cuidadosamente todas as frestas
das janelas e portas e abrindo o registro do gás, suicidando-se.
Em 1984 minha *Elegia Violeta para Monsenhor Romero* foi retirada de
concerto em Brasília, por ter eu, na obra, usado textos de Che Guevara.
O escritor Cesare Battisti, autor dos livros *Minha fuga sem fim* e *Ser
Bambu*, precisa de paz e do fim da perseguição política para continuar a
escrever.
Mas, essa preocupação com o mundo, com a política, com as futuras gerações,
com a liberdade, com a paz, não é compartilhada por todos os artistas.
Alguns se fecham em torres de marfim, desligando-se do presente, apegando-se
ao passado, ao período colonial, alheio ao futuro que deve ser construído,
construção para a qual a música é uma das ferramentas.

Abraços,
Jorge Antunes







Em 13 de janeiro de 2011 22:21, Rogerio Budasz
<rogeriobudasz em yahoo.com>escreveu:
>
>
> ... tentando achar a palavra "música", ou mesmo "arte" na mensagem ...
> talvez uma referencia indireta? um "golpista" talvez seja um tipo de
> percussionista? ;)
>
> Rogério
>








>
> --- On *Wed, 1/12/11, Jorge Antunes <antunes em unb.br>* wrote:
>
>
> From: Jorge Antunes <antunes em unb.br>
> Subject: [ANPPOM-L] A Itália quer Battisti. mas esconde Troccoli
> To: adunb em e-groups.unb.br, estudantes-unb em googlegroups.com,
> mesdf em googlegroups.com, fora-arruda-e-toda-mafia em googlegroups.com,
> anppom-l em iar.unicamp.br, psol-df em yahoogrupos.com.br,
> saiagilmar em googlegroups.com, qorpo_santo em hotmail.com, macantunes em gmail.com,
> valle1944 em gmail.com
> Date: Wednesday, January 12, 2011, 4:18 AM
>
> *A Itália esconde Jorge Troccoli*
>
> Do http://abobrinhaspsicodelicas.blogspot.com/
>
> *O que a "imprensa livre" brasileira não mostra: o caso Jorge Troccoli.*
>
> Nas últimas semanas, o caso Cesare Battisti vem ocupando um grande espaço
> nos principais "veículos de comunicação" do país e a cobertura dada ao mesmo
> - para variar - tem sido extremamente tendenciosa. De modo geral, a grande
> imprensa brasileira tem feito coro às alegações do governo italiano de que o
> Brasil está concedendo o status de refugiado político a um "terrorista",
> condenado por quatro homicídios, em seu país natal.
>
> No entanto, esta mesma imprensa - que se diz neutra, livre e isenta -
> esquece deliberadamente um episódio ocorrido no ano passado na "democrática"
> Itália e que merece ser lembrado, no momento em que acontece este
> contencioso entre o Brasil e o governo do Sr. Berlusconi: o caso do militar
> uruguaio Jorge Troccolli. Capitão da marinha uruguaia, Troccoli teve uma
> atuação bastante ativa na tristemente famosa “Operação Condor” (que contou
> com a participação das ditaduras militares do Uruguai e de outros países
> sul-americanos), tendo sido responsável pela tortura e morte de mais de uma
> centena de opositores desses regimes, entre 1975 e 1983. Em 2002, o governo
> do Sr. Silvio Berlusconi – em sua segunda passagem pela chefia do gabinete
> de ministros da Itália - concedeu cidadania italiana ao Capitão Troccoli,
> mesmo sabendo das acusações de crime contra a humanidade que pesavam contra
> ele.
>
> Em setembro do ano passado, o ministro da justiça da Itália, Angelino
> Alfano, negou-se à extraditar Troccoli para o Uruguai, alegando que ele é
> cidadão italiano, tomando como base jurídica um tratado assinado entre os
> dois países em 1879. Portanto, o mesmo governo que nega-se a extraditar um
> notório torturador, utilizando dessas filigranas jurídicas, é o mesmo que se
> considera ofendido pela não-extradição de Battisti, que seguiu todas as
> normas da legislação brasileira, que por sua vez se baseia em uma série de
> convenções internacionais.
>
> A mídia golpista brasileira, interessada em atacar o governo Lula, opta por
> dar razão a um governo com notórias ligações com grupos neo-fascistas e com
> o crime organizado na Itália, como é o governo Berlusconi, ao invés de
> cobrir o caso Battisti com a isenção que seria necessária. E se é para dar
> opiniões pessoais e subjetivas - que é o que tem feito a maior parte dos
> principais articulistas da grande imprensa - eu prefiro concordar com a bela
> Carla Bruni, que apóia Battisti, do que com a deputada neo-fascista
> Alessandra Mussolini (neta do próprio), que faz parte da base de apoio de
> Berlusconi!!
>
> Maiores informações sobre o caso Troccoli podem ser encontradas em um
> artigo publicado recentemente no jornal italiano "l'Unità".
>
> O link é: www.unita.it/news/80861/troccoli_il_battisti_uruguayano
> <http://www.unita.it/news/80861/troccoli_il_battisti_uruguayano>
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