[ANPPOM-Lista] Cláudia P. Cardoso, "Feminismos na perspectiva de mulheres negras brasileiras"

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Sex Jan 11 19:50:35 BRST 2013


Cláudia Pons Cardoso
Outras falas: feminismos na perspectiva de mulheres negras brasileiras

Esta tese investiga trajetórias de mulheres negras ativistas brasileiras
para compreender como as desigualdades de raça, gênero, classe e
sexualidade são transformadas em instrumentos para a construção de uma
organização própria, espaço de protagonismo e exercício de experiências
exitosas no desafio aos poderes constituídos. Explora, ainda, como o
discurso feminista é recriado a partir de demandas específicas das mulheres
negras. O argumento central está na afirmativa de que as ativistas negras,
no Brasil, elaboraram um pensamento feminista próprio à luz de saberes,
práticas e experiências históricas de resistência das mulheres negras. Um
pensamento feminista crítico alimentado por valores, princípios e
cosmovisão organizados a partir de referenciais negro-africanos, que
defende a pluralidade epistemológica para revelar a contribuição das
mulheres negras em diversas áreas do conhecimento. Um pensamento feminista
negro que sustenta uma teoria e uma práxis, visando não só transformar
efetivamente a vida das mulheres, mas a própria sociedade, na medida em que
se assenta no enfrentamento de estruturas de poder: racismo, sexismo,
divisão de classes e heterossexismo. Um pensamento que visa a
descolonização do conhecimento, isto é, aposta no desprendimento epistêmico
do conhecimento europeu para pensar a própria história a partir de
categorias baseadas em nossas experiências de mulheres negras na diáspora.
Adoto na tese como lente para ler a realidade sobre a qual as ativistas se
voltam, a perspectiva interseccional, lente usada também pelos movimentos
de mulheres negras brasileiras para empreender suas ações de intervenção
política. A categoria se mostra útil para o reconhecimento do modo como
diferentes eixos de opressão se configuram, produzindo desigualdades e
situações adversas de múltiplas discriminações a grupos específicos de
mulheres, como as mulheres negras. Utilizo como orientação
teórico-metodológica a História Oral para recuperar e registrar os
depoimentos de 22 ativistas integrantes dos movimentos de mulheres negras
brasileiras, obtidos por intermédio de entrevistas. Na História Oral opto
por entrevistas de história de vida realizadas de forma a revelar a relação
entre a história social e trajetória individual de cada depoente e assim
entender como construíram suas identidades a partir de referências de
gênero, raça/etnia, sexualidade, religião, entre outros, tendo por cenário
os acontecimentos da sociedade brasileira.

http://www.repositorio.ufba.br:8080/ri/bitstream/ri/7297/1/Outrasfalas.pdf

-- 
carlos palombini
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