[ANPPOM-Lista] Algumas notícias sobre as últimas reuniões do CNPq

Fernando Iazzetta iazzetta em usp.br
Sáb Jun 29 13:42:41 BRT 2013


OI Didier, 

Acho difícil que o CNPq faça uma orientação geral e formal para os pareceres, porque o teor do parecer depende muito da área do projeto e, especialmente, dos problemas e qualidades do mesmo. Mas depois de passar por tantos pareceres posso elencar  algumas coisas positivas e negativas na composição de um parecer que são frequentemente apontadas nas reuniões de julgamento de processos.

1) Em princípio, não ajuda ter num parecer:

-  frases lacônicas, sem a devida explicação, como "Projeto adequado" ou  "Pesquisador reconhecido na área" pois elas não oferecem subsídio nenhum para a avaliação;
- excesso de adjetivos (positivos ou negativos), sem que se demonstre a razão deles. Por exemplo, escrever que um "projeto é excepcional"  não diz nada além de uma "impressão" do assessor. Este tipo de frase significa que temos que confiar totalmente na autoridade, no bom senso e no conhecimento do assessor em relação á área. Nesse caso, o avaliador do CNPq tem que reler o projeto e verificar o "porquê" do parecer, ou seja, são dois trabalhos! Por outro lado, se lemos que um "projeto é excepcional porque dá continuidade à pesquisa anterior, apresentando um contribuição inovadora de de carater XYZ, e que se propõe a realizar tais e tais propostas, as quais terão este e aquele resultado" temos mais segurança para deliberar a partir do parecer e colocar o tal projeto na perspectiva de comparação com outros; 
- sugestões do assessor: o parecer não é lugar para dar sugestões! As decisões do projeto cabem ao proponente, não é papel do assessor interferir no projeto, apenas avaliar o seu mérito; 
- pareceres excessivamente críticos ou em tom pessoal, como se o assessor quisesse passar um "recado" ao proponente também não ajudam na avaliação. O que acontece é que esse recado raramente chega ao autor da proposta, pois geralmente são descartados no processo de avaliação. O parecer deve ater-se ao mérito da proposta. Pessoalmente, jamais deixo passar termos como "medíocre" ou "maravilhoso" e eles são suprimidos do parecer que chega ao proponente. O parecer recebido deve, antes de tudo, indicar ao proponente e de maneira objetiva, o porque da proposta ter sido bem ou mal avaliada;
- observações contraditórias: é muito comum lermos frases como "o projeto é excelente, mas a fundamentação teórica é fraca"; ou "proponente é uma figura importante na área e com ótima produção acadêmica, embora não tenha publicado nos últimos 4 anos". Não preciso dizer que este tipo frase também não ajudam na avaliação.

2) Por outro lado, ajuda ter num parecer:

- objetividade;
- objetividade; 
- objetividade; 
- e bom senso!
 
3) O que deixa o avaliador muito feliz num parecer:

- uma exposição clara e concisa do que levaria o assessor a recomendar ou não uma proposta.

4) Para aqueles que gostaria de um roteiro para tomar como base, é simples:
a) Brevíssima exposição do que consiste a proposta;
b) avaliação de mérito do projeto e dos resultados da proposta
c) avaliação da capacidade e produção do proponente (e/ou da equipe)
d) avaliação do contexto e viabilidade (qualidade da instituição, existência de grupo de pesquisa, laboratórios etc.)
e) frase conclusiva recomendando ou não a proposta

Não tem como errar.

abraços, Fernando


On Jun 27, 2013, at 11:47 AM, Didier Guigue wrote:

> Ola Fernando
> 
> Obrigado por essas informações e pelo trabalho realizado durante seu mandato. Em relação ao problema dos pareceres e suas fundamentações, gostaria de reiterar aqui uma sugestão que eu lhe tinha feito, de boca: que o Cnpq mandasse aos pareceristas algumas orientações sobre o que ele entende, de fato, por parecer " bem" ou " mal" fundamentado. Porque suponho que nenhum parecerista fundamenta " mal" por querer. 
> 
> Abç
> 
> Didier Guigue
> UFPB--Departamento de Música
> História da Música Contemporânea
> Programa de Pós-Graduação em Musica
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> 
> 
> Em 25/06/2013, às 23:37, Fernando Iazzetta <iazzetta em usp.br> escreveu:
> 
>> Colegas, 
>> 
>> Esta é provavelmente minha última mensagem com representante da subárea de Música no CNPq. Um novo representante deve ser indicado pelo CNPq em agosto ou setembro. Em primeiro lugar agradeço a todos pela confiança no período em que estive nesta representação.
>> 
>> Gostaria da dar um balanço bastante resumido das duas últimas reuniões realizadas neste ano.
>> 
>> A primeira foi no mês de março de 2013 para reavaliar a totalidade dos pesquisadores bolsistas PQ. A agência tem mais de 15.000 bolsistas (cerca de 110 deles na área de artes) e todos foram reavaliados com a intenção de  detectar distorções nas classificações atuais. Após as análise, as diversas comissões realizaram  pequenos pareceres para cada bolsista. Basicamente são 3 tipos de indicação: 1) que o bolsista, na comparação com área tem uma produção notavelmente superior ao nível em que ele está classificado atualmente e portanto deveria subir de classificação; 2) que o bolsista tem produção compatível com sua classificação atual; ou 3) que o bolsista apresenta uma produção (sempre em comparação com a área) que está aquém do esperado para aquele nível e, portanto, poderia ter seu nível de classificação abaixado.
>> 
>> A agência ainda está processando esses dados, mas se comprometeu a enviar esses pareceres aos bolsistas. O mais importante é que eles sirvam de sinalizadores para que cada bolsista possa se situar (em termos de produção) em relação à área. No que diz respeito a medidas concretas, deve ocorrer o seguinte: 1) para os que tiveram indicação para subir de nível: a reclassificação poderá ocorrer ainda neste ano para os pesquisadores do nível 1, mas por razões orçamentárias não serão atendidos (neste momento) os que se encontram no nível 2; e 2) não haverá nenhum rebaixamento para os que eventualmente tenham recebido essa recomendação.
>> 
>> A segunda reunião acaba de ser realizada e foi referente ao Edital Universal 2013. O processo ainda não foi finalizado e portanto pode haver algumas mudanças nos dados que estou apresentando. Houve um aumento de verba neste ano (de R$ 150 para R$ 170 milhões) acompanhado de um crescimento proporcional da demanda. A área de Artes solicitaram R$ 2.740.861,13 e receberam R$ 627.768,07 (aproximadamente 25% do que foi solicitado). 
>> 
>> Neste ano foram feitas algumas mudanças no Edital desta chamada, especialmente em relação à nova classificação dos projetos em 3 faixas diferentes. Aparentemente isso gerou alguma confusão e alguns de vocês se inscreveram em faixas nas quais não podiam concorrer. Tentamos reverter esses "enganos", mas a tendência do CNPq é que esses pedidos sejam desqualificados e não serão contemplados. 
>> 
>> Mais uma vez, ainda padecemos de pareceres pouco fundamentados. E o CNPq mais uma vez sinalizou que deverá tomar alguma atitude em relação a isso.  
>> 
>> Estou esboçando alguma conclusão sobre o desempenho da Área nestes 3 anos que estive na representação junto ao CNPq. Assim que eu tiver alguma coisa concreta, repasso a vocês.
>> 
>> Abraços, Fernando
>> 
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