[ANPPOM-Lista] Composition is not research???

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Seg Dez 14 20:03:04 BRST 2015


Concordo.
A preocupação defensiva, de desqualificar o texto, girar a seu entorno, sem
de fato se confrontar com suas ideias, é sintomática, funesta e previsível.
Abraço

2015-12-13 14:18 GMT-02:00 Jorge L. Santos <jorgelsantos02 em gmail.com>:

>
> Pesquisa ou não, o termo importante menos, pois é uma mera briga pelo
> status e pelo capital político que pode trazer, entretanto  o tipo de
> pesquisa realizada no campo composicional vai na contramão de todas as
> tendências de pesquisas em áreas tão distintas quanto física quântica e
> geografia cultural.
>
> A "descoberta" do Bóson de Higgs foi assinada por mais de 4 mil
> pesquisadores. Apenas o CERN tem mais de 3 mil pesquisadores associados.
> Nas áreas de humanas grandes temas, por exemplo "democracia participativa",
> estão engajados em redes de pesquisadores que abordam não só a teoria
> abstrata do fenômeno mas também suas formas de  expressões nas mais diveras
> regiões.
>
> Enquanto isso, a composição (acho que o problema é ainda maior na
> "performance" - aquele tipo de pesquisa em que o sujeito faz uma análise da
> música e depois sugere uma digitação ou interpretação) até por sua tradição
> individualista, centrada no gênio individual, é na maioria das vezes um
> teoria/método de um homem só.
> A partir do momento que deixou de haver um paradgima único do que é a "boa
> composição" [ e não estou defendendo a volta de disso, claro] uma análise
> racional do resultado (de uma obra) se tornou tecnicamente inviável, ou tão
> subjetivo que não pode se arrogar uma crítica dentro dos "padrões
> científicos" ( ou seja, a avaliação se tornou basicamente opinião -
> desconsiderando questões técnicas de instrumentação, claro), o foco então
> foi para o processo. A disputa de hegemônia, que sempre tem como peso maior
> a questão política (*latu sensu) [*ou seja quem fala e de onde fala
> (diretor disso ou daquilo, de país tal ou qual, professor doutor daqui ou
> dali)] se dá pelos métodos e técnicas. Por esse caminho é mais fácil se
> aproximar do saber o hegemônico dos nosso tempos, ou seja
> racional-científico, fazer parecer que sua "pesquisa composicional" não
> mera expressão do seu ego artístico.
>
> A questão é que basicamente esse é um saber autóctone. Espera-se que cada
> compositor invente seu próprio método, depois publique e convença os outros
> da engenhosidade racional-científica dele. Na composição acadêmica o mundo
> se volta para o *self, *é como se a composição fosse um fenômeno
> puramente individual. Mesmo grupos de "pesquisas" são autóctones, um
> sujeito do grupo X publica artigos falando do seu colega do mesmo grupo.
> Isso é o máximo de produção "coletiva" que se vê.
>
> Isso sem falar nas "imposturas intelectuais" , que deixaram o Alan Sokal
> mais "chocado" do que ficou com Julia Kristeva e seu uso da matemática, que
> fazem associações forçosas entre composição e outras áreas de muito mais
> status como matemática, física e biologia na busca por legitimidade
> enquanto pesquisa.
>
> Nas ciências sociais a décadas se critica as práticas intelectuais que
> reproduzem um status "colonizado" de pensamento, tem uma citação de
> facebook mesmo que diz mais ou menos isso: '" neste momento o próximo
> Bourdieur ou Latour está concluindo seu doutorado em alguma universidade na
> Europa, enquanto no Brasil paralelamente o próximo especialista desse
> próximo Bourdieu/Latour está concluindo seu doutorado".
>
> Esse tipo de autocrítica praticamente inexiste na área de pesquisa em
> música, e menos ainda na área de composição.
>
> A reação do "campo" ao texto do Croft só demonstra como as vozes deste
> campo estão mais preocupados em manter seu status acadêmico do que em
> realmente tornar a pesquisa na área algo coerente e socialmente relevante.
>
> Att,
>
>
> Jorge L. Santos <http://jorgesantosmusica.wordpress.com/>
> Rio de Janeiro
> 55 21 980508454
> website <http://jorgesantosmusica.wordpress.com/>
> ProjetoBC - Compositores <http://projetobc.com/>
> Academia <https://unicamp.academia.edu/JorgeSantos>
>
> <https://www.facebook.com/jorge.lima.santos>
> <https://twitter.com/jorsantos02>
>
> 2015-12-12 21:03 GMT-02:00 Carlos Eduardo Mello <melloedu em unb.br>:
>
>> Ok Jorge,
>>
>> a piada é boa, mas só pra retificar:
>>
>> Nunca foi colocada nenhuma placa de "Laboratório de Trombone" aqui não.
>> Pelo menos não nos últimos 23 anos, desde quando temos um curso e um
>> professor de trombone.
>>
>> C. E. M.
>>
>> On Dec 12, 2015, at 11:10 AM, Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
>>
>> > Olá:
>> >
>> > O tema é interessante.
>> > Toda atividade humana em uma determinada área é pesquisa, quando os
>> protagonistas da área dizem, majoritariamente, que ela é pesquisa.
>> > Pesquisa séria necessita da instalação de laboratórios.
>> > Lembro-me do momento, há muitos anos, em que a Universidade e alguns
>> órgãos de fomento resolveram prover recursos para áreas de pesquisa que
>> precisassem instalar laboratórios.
>> > Na semana seguinte, quem passeava pelos corredores da Universidade,
>> verificava que novas placas estavam afixadas nas portas das salas:
>> Laboratório de Canto Coral, Laboratório de Trombone, Laboratório de Oboé,
>> Laboratório de Fagote, Laboratório de Regência, Laboratório de Violão etc.
>> > Jorge Antunes
>> >
>> > Em 12 de dezembro de 2015 02:15, Liduino Pitombeira <
>> pitombeira em yahoo.com> escreveu:
>> > Artistic research reports: When composition is not research
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> > Artistic research reports: When composition is not resea...
>> > An article by UK composer and Brunel University lecturer John Croft,
>> "composition is not research," was published in last April’s issue of TEMPO
>> and has been doing ...
>> > View on artisticresearchrepor...
>> > Preview by Yahoo
>> >
>> >
>> >
>> > Liduino Pitombeira
>> > Professor de Composição
>> > Escola de Música - UFRJ
>> > +55-21-98166-1160
>> >
>> >
>> > From: Dr. K <musicoyargentino em gmail.com>
>> > To: "anppom-l em iar.unicamp.br" <anppom-l em iar.unicamp.br>
>> > Sent: Friday, December 11, 2015 3:11 PM
>> > Subject: [ANPPOM-Lista] Composition is not research???
>> >
>> > Colegas (esp. compositores),
>> >
>> > O texto do Croft é altamente enviesado e já teve múltiplas respostas.
>> > A visão dele encaixa facilmente no entendimento do compositor como
>> > artesão – alguém que aplica técnicas já estabelecidas mas é incapaz de
>> > gerar conhecimento novo. E está muito longe da atitude dos músicos do
>> > século XXI que defendem a pesquisa como forma de contribuição de
>> > estratégias socialmente relevantes e inovadoras para o fazer musical.
>> >
>> > De fato, perguntar-se se o ato criativo constitui pesquisa é válido. E
>> > esse assunto está sendo discutido em encontros e em publicações aqui
>> > no Brasil, só para citar as recentes - GT Práticas Criativas – SIMA
>> > 2015; Workshop em Música Ubíqua; Encun. Antes de fazer declamações
>> > sobre “outros países”, Croft deveria ler os trabalhos dos seus
>> > colegas.
>> >
>> > Damián
>> >
>> >
>> > Dr. Damián Keller | ccrma.stanford.edu/~dkeller
>> > NAP | sites.google.com/site/napmusica
>> > ________________________________________________
>> > Lista de discussões ANPPOM
>> > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> > ________________________________________________
>> >
>> >
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>> >
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>> > Lista de discussões ANPPOM
>> > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> > ________________________________________________
>>
>> On Dec 12, 2015, at 11:10 AM, Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
>>
>> > Olá:
>> >
>> > O tema é interessante.
>> > Toda atividade humana em uma determinada área é pesquisa, quando os
>> protagonistas da área dizem, majoritariamente, que ela é pesquisa.
>> > Pesquisa séria necessita da instalação de laboratórios.
>> > Lembro-me do momento, há muitos anos, em que a Universidade e alguns
>> órgãos de fomento resolveram prover recursos para áreas de pesquisa que
>> precisassem instalar laboratórios.
>> > Na semana seguinte, quem passeava pelos corredores da Universidade,
>> verificava que novas placas estavam afixadas nas portas das salas:
>> Laboratório de Canto Coral, Laboratório de Trombone, Laboratório de Oboé,
>> Laboratório de Fagote, Laboratório de Regência, Laboratório de Violão etc.
>> > Jorge Antunes
>> >
>> > Em 12 de dezembro de 2015 02:15, Liduino Pitombeira <
>> pitombeira em yahoo.com> escreveu:
>> > Artistic research reports: When composition is not research
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> > Artistic research reports: When composition is not resea...
>> > An article by UK composer and Brunel University lecturer John Croft,
>> "composition is not research," was published in last April’s issue of TEMPO
>> and has been doing ...
>> > View on artisticresearchrepor...
>> > Preview by Yahoo
>> >
>> >
>> >
>> > Liduino Pitombeira
>> > Professor de Composição
>> > Escola de Música - UFRJ
>> > +55-21-98166-1160
>> >
>> >
>> > From: Dr. K <musicoyargentino em gmail.com>
>> > To: "anppom-l em iar.unicamp.br" <anppom-l em iar.unicamp.br>
>> > Sent: Friday, December 11, 2015 3:11 PM
>> > Subject: [ANPPOM-Lista] Composition is not research???
>> >
>> > Colegas (esp. compositores),
>> >
>> > O texto do Croft é altamente enviesado e já teve múltiplas respostas.
>> > A visão dele encaixa facilmente no entendimento do compositor como
>> > artesão – alguém que aplica técnicas já estabelecidas mas é incapaz de
>> > gerar conhecimento novo. E está muito longe da atitude dos músicos do
>> > século XXI que defendem a pesquisa como forma de contribuição de
>> > estratégias socialmente relevantes e inovadoras para o fazer musical.
>> >
>> > De fato, perguntar-se se o ato criativo constitui pesquisa é válido. E
>> > esse assunto está sendo discutido em encontros e em publicações aqui
>> > no Brasil, só para citar as recentes - GT Práticas Criativas – SIMA
>> > 2015; Workshop em Música Ubíqua; Encun. Antes de fazer declamações
>> > sobre “outros países”, Croft deveria ler os trabalhos dos seus
>> > colegas.
>> >
>> > Damián
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carlos palombini, ph.d. (dunelm)
professor de musicologia ufmg
professor colaborador ppgm-unirio
www.proibidao.org
ufmg.academia.edu/CarlosPalombini <http://goo.gl/KMV98I>
www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2
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