[ANPPOM-Lista] Diretora de avaliação da Capes pede demissão

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Ter Abr 21 00:44:41 -03 2020


Diretora de avaliação da Capes pede demissão após atritos com governo
Bolsonaro

Professora de biologia celular da UnB, Sônia Báo se mostrava desconfortável
com tutela do Ministério da Educação sobre a coordenação

20.abr.2020 às 16h09

Paulo Saldaña
BRASÍLIA

A diretora de Avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior), Sônia Nair Báo, pediu demissão do cargo por causa de
desgastes com a presidência do órgão com as intervenções do MEC (Ministério
da Educação).

O cargo que era ocupado por Bao é um dos mais relevantes da Capes,
responsável pela política de avaliação dos programas de pós-graduação. A
Capes é ligada à pasta comandada por Abraham Weintraub.

O pedido de demissão foi feito na sexta-feira (17) e a exoneração oficial
deve sair nesta semana. Esse não é um caso isolado de pedido de demissão
recente nas áreas da educação e pesquisa por causa de descontentamento.

O então secretário de Educação Básica do MEC, Janio Macedo, se demitiu no
dia 9 deste mês por discordâncias com Weintraub e sua postura ideológica.
Na última sexta, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, Marcos Pontes, demitiu o presidente do CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) João Luiz Filgueiras
de Azevedo —que vinha combatendo o esvaziamento do órgão.

Um dos cotados para assumir a diretoria de Avaliação é o bioquímico e
professor da Unicamp Marcos Eberlin. A exemplo do presidente da Capes,
Benedito Aguiar, o professor Eberlin também é entusiasta do chamado design
inteligente —roupagem do criacionismo que advoga uma natureza teológica da
origem do universo, em contraponto ao darwinismo.

Sônia Báo é professora do departamento de biologia celular da UnB
(Universidade de Brasília) e ocupava a diretoria de Avaliação desde o
governo Michel Temer (MDB). Sua atuação na Capes tinha respaldo de
pesquisadores e entidades representativas da área.

Sob a gestão Bolsonaro, ela acumulava desconfortos desde o ano passado.
Segundo pesquisadores consultados pela Folha, Báo argumentava que sua
permanência no cargo se dava pelo compromisso, sobretudo, com a
consolidação de um novo modelo de avaliação dos programas desenvolvido pela
Capes desde o governo passado e apresentado já nesta gestão.

Relatos recebidos pela reportagem indicam novo episódio de desgaste
envolvendo a prorrogação de prazos para universidades entregarem os dados
sobre os programas de pós-graduação. O presidente da Capes estaria tutelado
por assessores de Weintraub, que não concordavam com mudanças nos prazos —a
prorrogação, no entanto, deve ocorrer.

Foi por causa de intervenções de Weintraub que a Capes alterou em março
regras para concessão de bolsas que haviam sido estipuladas pela própria
agência no mês anterior.

As novas regras desorganizaram a concessão de bolsas e reduziram o fomento
na área de humanas. Ainda causaram revolta em pesquisadores e o Ministério
Público Federal entrou na Justiça para suspender a portaria.

A Capes se nega a apresentar o quadro geral de bolsas por programa de pós,
de modo a dar transparência aos efeitos da regra. No início de abril, a
Folha revelou que o novo regramento havia provocado o corte de cerca de
6.000 bolsas de pesquisa —o órgão disse que foi um erro e prometeu
restituir os benefícios.

Questionada, a Capes diz que a diretora pediu demissão por motivos
pessoais. A professora Sônia Báo não quis falar à Folha.

https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/04/diretora-de-avaliacao-da-capes-pede-demissao-apos-atritos-com-governo-bolsonaro.shtml

-- 
carlos palombini, ph.d. (dunelm)
professor de musicologia ufmg
professor permanente ppgm-unirio


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