[ANPPOM-Lista] Chamada de Trabalhos - Revista Música - Dossiê Temático: Música e relações étnico-raciais: perspectivas críticas

Fernando Henrique de Oliveira Iazzetta iazzetta em usp.br
Segunda Janeiro 8 16:18:32 -03 2024


Chamada de Trabalhos
Vol. 24, n. 1, 2024 (Prazo de Submissão: 15 de maio de 2024)
Dossiê Temático: Música e relações étnico-raciais: perspectivas
críticas
Editores Convidados: Eduardo Guedes Pacheco (UERGS)  e Felipe Merker
Castellani (UFRGS)

A Revista Música está recebendo trabalhos para publicação no Vol. 24, n. 1
de 2024. Este número será dedicado ao Dossiê Temático: *Música e
relações étnico-raciais: perspectivas críticas* organizado pelos
editores convidados Eduardo Guedes Pacheco (UERGS) e Felipe Merker
Castellani (UFRGS). Excepcionalmente, para esse número a Revista não
receberá trabalhos que não se relacionem com o tema desta chamada.  As
diretrizes para autores, que devem ser seguidas rigorosamente, estão
disponíveis na página de instruções para submissão
<https://www.revistas.usp.br/revistamusica/about/submissions>, onde também
se encontram outras informações importantes para este processo. Templates
nos formatos Word (.docx) e OpenOffice (.odt) estão disponíveis para
download no link: RM template V23.zip
<https://drive.google.com/file/d/1ZklGGpe_eL6Q3NzVieqNivagnL_DJ-qA/view?usp=sharing>.
O prazo para submissão de artigos é 15 de maio de 2024 e a publicação desse
número está prevista para julho de 2024.

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Chamada de Trabalhos

Dossiê Temático: Música e relações étnico-raciais: perspectivas
críticas

Editores convidados:
Prof. Dr. Eduardo Guedes Pacheco (UERGS) e Prof. Dr. Felipe Merker
Castellani (UFRGS)

Ao racializar o mundo a modernidade europeia fragmenta, classifica e
hierarquiza corpos e saberes, produzindo processos coloniais de
extrativismo e apropriação cultural marcados pela violência extrema que
sustenta o racismo e as lógicas anti-negritude, que se mantém ativos até
os dias de hoje, alicerçados por uma falaciosa ficção de superioridade
branca. Uma suposta superioridade que invalida percepções de mundo que
não se enquadram nos excludentes padrões da cosmovisão branca, moderna,
ocidental e cis-hétero-patriarcal.

A produção de conhecimento musical é parte integrante deste processo.
Por um lado, reiterando as narrativas coloniais e os mitos originários da
superioridade branca, como a pureza da herança grego-romana, ou então,
pelo uso fruto direto do espólio escravista para sustentação de
contextos de práticas musicais na Europa e nos territórios colonizados.
Por outro lado, a produção de conhecimento musical foi também um
importante vetor na construção de processos de reorganização política
e de preservação dos legados culturais no contexto da diáspora africana
e dos povos originários nas Américas. Ao manter vivas as suas tradições
musicais, indissociáveis de valores espirituais, políticos, éticos e
estéticos, tais populações construíram possibilidades de enfrentamento
cultural aos processos de desumanização do colonialismo europeu.

É importante ressaltar que o tensionamento racial é elemento constituinte
das relações sociais e historicamente perpassa múltiplas camadas da
sociedade brasileira, sendo sua compreensão fundamental na construção de
políticas educacionais. Nas últimas décadas, a implementação das
políticas de ação afirmativa no Brasil demonstrou a urgência na
construção de instituições de ensino centradas não mais em um único
modelo universalista, mas na necessidade de escuta das múltiplas vozes que
se fazem presentes nos ambientes educacionais e do reconhecimento da
pluralidade de cosmopercepções que constroem nossa sociedade. Desta
forma, ganha fundamental importância a busca por um ensino pautado por
epistemologias musicais construídas a partir dos legados civilizatórios
afrodiaspóricos e dos povos originários brasileiros.

Convidamos a todas/es/os a contribuirem com o dossiê Música e relações
étnico-racias: perspectivas críticas, com trabalhos (artigos, ensaios,
resenhas e traduções) que abram diálogos entre o campo da música e os
estudos das relações étnico-raciais, os estudos críticos da
branquitude, os estudos decoloniais, a histórica social, os feminismos
negros, os estudos de gênero e sexualidade, a educação, dentre outros.
Abaixo apresentamos algumas linhas temáticas para enquadramento dos
trabalhos, os quais poderão se relacionar com mais de uma linha
apresentada.

   - Música e epistemologias afrodiaspóricas: perspectivas pedagógicas,
   artísticas e metodológicas;
   - Música e epistemologias dos povos originários brasileiros:
   perspectiva pedagógicas, artísticas e metodológicas;
   - Música e processos de racialização: aspectos históricos e
   conceituais;
   - Música e (de/contra)colonialidade: aspectos históricos e conceituais;
   - Música, gênero, classe e raça: abordagens e metodologias
   interseccionais;
   - Relações étnico-raciais e subáreas da música (educação musical,
   composição, sonologia, etnomusicologia, música popular, performance
   musical, dentre outras): debates sobre currículos, políticas
   institucionais, levantamentos de dados, proposições pedagógicas e
   metodológicas.

Sobre os editores:

Eduardo Guedes Pacheco é percussionista, pesquisador e professor adjunto
da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), tem seu trabalho
voltado para a formação de professores interessados em problematizar a
arte dentro do contexto educacional. Tem pesquisas que envolvem as
questões étnico-raciais com especial atenção para o contexto da
negritude. É integrante do grupo de Pesquisa LUTA (IFCH - UFRGS),
Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da UERGS.
Secretário da Comissão de Acessibilidade, Diversidade e Ações
Afirmativas da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM).
Coordenador Nacional do Coletivo de Músicos Negres MWANAMUZIK. Integra o
grupo musical AFROENTES.

Felipe Merker Castellani é artista multimídia, pesquisador e professor
adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), suas
pesquisas atuais têm como ponto central as práticas musicais
experimentais e o estudo das epistemologiais afrodiaspóricas e seus
desdobramentos no campo das artes, em especial no contexto musical. De 2018
a 2023 foi professor do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas
(UFPel), onde atuou como coordenador dos Bacharelados em Música e do
Laboratório de Etnomusicologia (LABET - UFPel). É líder do Grupo de
Pesquisa Epistemologias contra-hegemônicas no campo da arte (CNPq) e
membro do corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes
da UFPel.


-- 
Fernando Iazzetta
Departamento de Música - ECA/USP
NuSom -  Núcleo de Pesquisas em Sonologia


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