<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
<html>
<font size=+1>Cara Helena:</font><font size=+1></font>
<p><font size=+1>Concordo totalmente com você.</font>
<br><font size=+1>Acho bem mais pertinentes e coerentes essas duas denominações:
"Processos Interpretativos" ou "Teoria e prática da interpretação
musical".</font>
<br><font size=+1>Seus argumentos, que evocam os tempos especulativos de
Aristóteles, são definitivos.</font>
<br><font size=+1>Realmente a palavra "performance" se reporta à
"presença no palco". A palavra "performático" se refere apenas
aos aspectos cênicos e gestuais.</font>
<br><font size=+1>O estudo da elocução, "léxis" no
dizer de Aristóteles, conceito que se opõe ao de "dianóia",
pode ser teórico, estudando-se o processo antes de se chegar ao
palco.</font>
<br><font size=+1>Abraço,</font>
<br><font size=+1>Jorge Antunes</font>
<br> 
<br> 
<p>Helena Jank wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Colegas:
<p>Eu não me conformo com a insistência em usar este termo
"performance", a
<br>meu ver completamente equivocado, desde a sua origem.
<p>Vejam meus argumentos:
<br>Em todos os dicionários que consultei, encontrei este termo
_sempre_
<br>aliado à idéia de _desempenho_.  Mesmo quando usado
em relação a
<br>atividades artísticas, tem a ver com o desempenho no palco,
com a
<br>apresentação pública.  O termo, quando começou
a ser usado nas
<br>univesidades e escolas de música, vinha influenciado pela idéia
<br>romântica do artista- intérprete / "performer", aquele
que tem um
<br>desempenho espetacular no palco.  Aquele que não se preocupava
nem um
<br>pouco com pesquisa histórica, com análise musical, com
"Zeitgeist"
<br>(ainda mais  - era antagônico a tudo isso).  Só
nas últimas décadas do
<br>sec.XX começou a surgir algo como a "pesquisa em interpretação",
até
<br>hoje ainda um tanto incipiente e sofrendo muito a dificuldade de _se_
<br>definir corretamente.
<br>Daí vem também a minha preocupação com
o termo.
<br>A pesquisa em interpretação, como nós a conhecemos
hoje,  propõe o
<br>envolvimento do intérprete com todo o caminho retórico
percorrido pelo
<br>autor quando cria a obra, para levar ao resultado final, que é
<br>prerrogativa do intérprete.
<br>- o *exordium*, que é o momento da criação
<br>- o *dispositio*, que é o momento da organização
do discurso: que forma
<br>terá, como serão trabalhadas suas partes, etc..
<br>- o *divisio*, que é o momento de elaboração das
figuras retóricas, de
<br>acordo com as intenções do autor e as qualidades do público
ao     qual
<br>o discurso se direciona
<br>- a *memoria*, que é a preparação do discurso
<br>- a *actio* (ação) -  /Este é o momento da
"performance".
<p>Claro que um excelente desempenho, como entendemos hoje em dia, deve
ser
<br>conseqüência de uma excelente pesquisa, mas insisto em defender
que a
<br>pesquisa não será em "performance" - a pesquisa será
nos elementos que
<br>levarão a uma boa performance.
<br>Insisto que o corpo teórico e a metodologia própria,
que sem dúvida já
<br>existem, existem para o conceito de "performance" apenas nas duas partes
<br>finais do discurso retórico: a *memoria* e a *actio*.
<p>/Alguns exemplos:
<br>o motor a gasolina tem uma melhor performance do que o motor a álcool.
<br>Esta melhor performance não é resultado da pesquisa em
"performance de
<br>motores", mas em "combustíveis", "projeto e construção
de motores",
<br>"produção de cana de açúcar", "petróleo",
etc....
<br>Para melhorar a performance de um atleta, a pesquisa se desenvolve
em:
<br>"movimento", "alimentação", "aparelhos desportivos" 
... ...
<p>Gostaria que aqueles que defendem o termo procurassem argumentos mais
<br>sólidos do que apenas: "já estamos acostumados a usar
este termo".  Pior
<br>ainda, quando o termo vira "performance practice": a "prática
do
<br>desempenho" ... ... ... ...
<p>Quero lembrar também que muito da pesquisa em interpretação
que fazemos
<br>hoje não chega ao palco - não se transforma em /performance/: 
faz parte
<br>do processo, quando em elaboração.  Lembro o trabalho
que fazem hoje os
<br>intérpretes  juntamente com os compositores, à procura
por novas
<br>sonoridades,  surgidas do domínio técnico do instrumento,
aliado ao
<br>domínio teórico e à criação. Estes
resultados vão aparecer em muitas
<br>situações desvinculadas da "performance" e não
merecem ser desprezados.
<p>Sou por *Processos Interpretativos* - ou, como proposto recentemente
<br>pela Carol *teoria e prática da interpretação
musical*
<p>Sei que isto é um problema para os cursos que já nasceram
com o nome de
<br>"performance", mas não gostaria de me render ao termo só
porque alguém,
<br>muito antes de nós, começou por uma trilha que hoje é
errada.
<p>Saudações
<br>Helena
<p>________________________________________________
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