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<BODY>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Caro Palombini:</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Agradeço-lhe imensamente a correção mas,
como musicólogo, devo curvar-me a fatos. A versão da tabela
de Guido Adler, de 1855, o "Umfang, Methode und Ziel der
Musikwissenschaft" ["Objeto, Método e Meta da Musicologia"] usa dois termos
distintos para o nosso "Musicologia". O termo <EM>Musikwissenschaft</EM>
[Ciência Musical] é o que encima o edifício geral que propõe, e o que
corresponde ao nosso termo Musicologia. A
palavra <EM>Musicologie </EM>(sic) que aparentemente não vingou,
é o item D da sessão II, "Systematisch" do quadro proposto (em oposição à
sessão I, "Historisch"). Pela descrição que recebe, "investigação e estudo
comparativo para fins etnográficos" ["Untersuchung und Vergleichung zu
ethnographischen Zwecken"], veio a ser a <EM>vergleichende
</EM>Musikwissenschaft, isto é, a Musicologia Comparativa, ocupada com música
não-européia e folclore, que precedeu a Etnomusicologia. Em suma a
<EM>Musicologie</EM> do II.D é a subdivisão, não a
<EM>Musikwissenschaft</EM> que circunscreve o campo inteiro. O fato de
usarmos traduções e palavras parecidas causa confusão, mas não tanta que tivesse
induzido o mestre da Nova Musicologia, Joseph Kerman, cometer o mesmo "erro"
primário que eu, pois é quem afirma: " ´Musicology´ is a coinage that is recent
enough -- the <EM>OED </EM>[<EM>Oxford English Dictionary</EM>] dates it to
1919, even though <EM>The Musical Quarterly</EM> commenced publication with a
famous leader ´On Behalf of Musicology´ in 1915...". A citação se encontra nas
duas edições da mesma obra, com diferentes títulos: <EM>Musicology</EM>, 1985,
p. 11 e <EM>Contemplating Music: Challenges to Musicology</EM>, 1985, p.
11. Desculpem, erramos a página no trecho em apreço do " Post-Scriptum": não é
p. 12, como ali consta.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Quanto às afirmações sobre a amplitude atual
da Teoria da Música, vejam os que se interessarem, o que diz Calude V.
Palisca, "Theory, theorists", in <EM>The New Grove</EM>, vol.18, pp.
741-762. A discussão está na primeira página.</FONT> <FONT face=Arial
size=2>Acredito que a 2ª ed. do <EM>New Grove </EM>mantenha a mesma restrição.
Não pude consultá-la.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Mantenho contato com a UCLA , minha alma mater, a
qual visito não tão freqüentemente como gostaria, mas com bastante assiduidade.
Não sei o que a variedade de tópicos de diversas disciplinas tenha a ver com o
nosso assunto. Aliás, a UCLA sempre procurou oferecer assuntos de interesse,
particularmente para a leva de estudantes de graduação de outros cursos que os
procuram.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Por fim, citando Christensen, presidente da
Sociedade de Teoria Musical (SMT), o Dr. Palombini parece reconhecer que Teoria
da Música merece ter seu lugar ao sol.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Saudações,</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Manuel Veiga</FONT></DIV>
<DIV> </DIV>
<DIV> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>----- Original Message ----- </FONT></DIV>
<DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>From: "Carlos Palombini" <</FONT><A
href="mailto:palombini@terra.com.br"><FONT face=Arial
size=2>palombini@terra.com.br</FONT></A><FONT face=Arial
size=2>></FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>To: <</FONT><A
href="mailto:anppom-l@iar.unicamp.br"><FONT face=Arial
size=2>anppom-l@iar.unicamp.br</FONT></A><FONT face=Arial
size=2>></FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Sent: Thursday, November 03, 2005 5:33
PM</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Subject: [ANPPOM-L] o
postscriptum</FONT></DIV></DIV>
<DIV><FONT face=Arial><BR><FONT size=2></FONT></FONT></DIV><FONT face=Arial
size=2>> <BR>> Em relação ao "postscriptum para a carta de Salvador", e em
particular à <BR>> afirmação:<BR>> <BR>> "O equívoco maior ocorre com a
exclusão de Teoria da Música e sua <BR>> inclusão no bojo das Musicologias,
na proposta da ANPPOM. Têm pouco em <BR>> comum. Teoria da Música, milenar, é
entendida hoje predominantemente <BR>> como o estudo da estrutura de música e
de como esta estrutura funciona. <BR>> Seus aspectos principais são
relacionados à Teoria Composicional e à <BR>> Teoria Analítica. Já as
Musicologias, termo recente, cunhado em torno de <BR>> 1919, correspondem às
ciências musicais (Musikwiesenschaft) [sic] e têm <BR>> hoje um sentido muito
mais restrito tratando essencialmente do factual, <BR>> do documentado, do
verificável, do analisável e positivístico (Cf. J. <BR>> Kerman,
1985:12).<BR>> <BR>> Ela contém equívocos facilmente constatáveis. O termo
Musicologia é bem <BR>> mais antigo, aparecendo na famosa tabela de Adler em
1885, como o sabe <BR>> muito bem Norton Dudeque, da UFPR, que a traduziu e
publicou. No Oxford, <BR>> ele aparece desde 1909. É sintomático que a
situação "atual" da <BR>> musicologia seja descrita aqui com referência a um
texto de 20 anos <BR>> atrás. Para quem tiver dúvidas, basta dar uma olhada
na lista de <BR>> disciplinas constantes do departamento de musicologia da
UCLA hoje <BR>> (<</FONT><A
href="http://www.humnet.ucla.edu/humnet/musicology/undergrad/undergrad_program.html"><FONT
face=Arial
size=2>www.humnet.ucla.edu/humnet/musicology/undergrad/undergrad_program.html</FONT></A><FONT
face=Arial size=2>>, <BR>> e notem que se trata de um programa de
graduação):<BR>> <BR>> "History of Rock and Roll, The Beatles, Film Music,
American Popular <BR>> Song, History of Opera, The Symphony, Bach, Mozart,
Beethoven, History <BR>> of Jazz, American Musicals, Electronic Dance Music,
Music & Gender, and <BR>> Gay & Lesbian Popular Music."<BR>>
<BR>> Tampouco a Teoria de Música "é entendida hoje predominantemente como o
<BR>> estudo da estrutura de música e de como esta estrutura funciona," como
<BR>> deve ter ficado claro para todos aqueles que assistiram à apresentação
<BR>> de Thomas Christensen, presidente da Sociedade de Teoria da Música
(SMT) <BR>> de 1999 a 2001, na Anppom 2005. O "estudo da estrutura de música
e de <BR>> como esta estrutura funciona" é tarefa da análise musical ("that
part of <BR>> the study of music that takes as its starting-point the music
itself, <BR>> rather than external factors"), mas a análise musical não
constitui a <BR>> totalidade do campo teórico da música. Justamente, uma das
tarefas da <BR>> teoria da música, tem sido desmontar esta crença anacrônica
(cf. Kant) <BR>> na "música em si". De modo semelhante, a melhor musicologia
hoje, a mais <BR>> radical, está ciente da inexistência do "factual" (cf.
Nietzsche).<BR>> <BR>> O que o postscriptum apresenta como "o hoje", se
apresentaria melhor <BR>> como "o anteontem".<BR>>
________________________________________________<BR>> Lista de discussões
ANPPOM <BR>> </FONT><A
href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l"><FONT face=Arial
size=2>http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</FONT></A><BR><FONT
face=Arial size=2>> ________________________________________________<BR>>
<BR>></FONT></BODY></HTML>