<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
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<font color="#B01BF5"><font size=+1>Car@s amig@s:</font></font><font color="#B01BF5"><font size=+1></font></font>
<p><font color="#B01BF5"><font size=+1>Desculpe eventual duplicata desta
mensagem.</font></font>
<br><font color="#B01BF5"><font size=+1>Esta mesma mensagem enviei ontem,
mas meu Netscape acusa "Unsent".</font></font>
<br><font color="#B01BF5"><font size=+1>Perdoe-me se a mensagem lhe chega
de novo.</font></font>
<br><font color="#B01BF5"><font size=+1>Saiu ontem, domingo, no Correio
Braziliense, meu artigo intitulado:</font></font>
<br><font color="#B01BF5"><font size=+1><b>Cem anos de perdão para
os piratas</b>.</font></font>
<br><font color="#B01BF5"><font size=+1>Abaixo reproduzo o texto.</font></font>
<br><font color="#B01BF5"><font size=+1>Boa leitura.</font></font>
<br><font color="#B01BF5"><font size=+1>Abraço,</font></font>
<br><font color="#B01BF5"><font size=+1>Jorge Antunes</font></font>
<p><b><font color="#F50EAC"><font size=+4>------------------------------------------</font></font></b>
<br><b><font size=+1>Cem anos de perdão para os piratas</font></b>
<p><b>Jorge Antunes</b>
<br>Compositor, maestro, professor titular da UnB, candidato a Deputado
Distrital pelo PSOL
<p>  Uma luta renhida pelo monopólio do disco vem sendo travada
nos bastidores internacionais. A luta tem conseqüências graves
para a cultura brasileira, mas nossa imprensa não tem divulgado
a questão com o destaque devido.
<br>No dia 27 de julho a gravadora EMI divulgou sua decisão: desistiu,
temporariamente, de comprar a Warner Music. A decisão da EMI foi
conseqüência da corajosa decisão do Tribunal Europeu
de Justiça, que no dia 13 de julho anulou a autorização
da fusão entre o grupo japonês de música Sony e o alemão
BMG, que havia sido concedida pela Comissão Européia em 2004.
A fusão entre as duas empresas gerara a segunda maior companhia
mundial do setor, atrás apenas da Universal. A decisão inédita
da primeira instância da Corte Européia acatou a contestação
de gravadoras independentes à transação. Mas como
ainda cabe recurso, o rumo ao monopólio pode ser retomado futuramente.
<br>O mercado fonográfico é capitaneado por seis grandes
empresas gravadoras de discos, sendo que nenhuma delas é brasileira.
A tendência dessa indústria é cruel e perniciosa, porque
a monopolização gradual é a marca nesse mercado. A
fusão da Sony com a BMG e a anunciada fusão da EMI com a
Warner seriam as mais novas jogadas que amedrontam aqueles que defendem
a democratização da cultura e de sua fruição.
<br>A gravação sonora vem se revelando, cada vez mais, meio
de enriquecimento desenfreado de grupos financeiros que controlam e comandam
o planeta Terra. O sucesso se deve à adesão de governos e
de legisladores à luta dos empresários contra a pirataria.
A todo momento ouvimos a denúncia de que a pirataria prejudica os
artistas, pois que estes deixam de receber os 2% a que têm direito
sobre a venda dos discos. O Estado também se vê prejudicado,
tendo em vista que, com a pirataria, impostos deixam de ser arrecadados.
<br>Mas é sabido que nem todos os discos lançados são
pirateados. Só são pirateados aqueles que contêm músicas
de sucesso. Mas, quais são as músicas que fazem sucesso?
Todos sabem que não podem fazer sucesso as músicas desconhecidas
do grande público. Ou seja, só podem fazer sucesso as músicas
que tocam nas rádios e nas televisões. De todas as músicas
novas, poucas são levadas à antena das rádios e e
das TVs.
<br>O público que ouve rádio sabe que a programação
não varia muito. Os sucessos se repetem tocados implacavelmente,
em diferentes estações, com freqüência assustadora.
Qualquer ouvinte desavisado é levado a crer que aquela música
muito tocada é sucesso, porque é repetidamente tocada. Outros
ingênuos dirão que ela é muito tocada porque é
sucesso. O gosto do público é construído, de modo
covarde e criminoso, dando lugar a um círculo vicioso que estabiliza
a tolerância de um crime de lesa-cultura e, portanto, também
de lesa-pátria.
<br>As multinacionais do disco, não satisfeitas em monopolizar o
mercado da música, compram programas e programadores de rádio,
para que as músicas que elas querem vender se repitam continuamente
nos alto-falantes de cada residência, de cada radinho de pilha e
de cada carro. Essa compra de programas radiofônicos e de radialistas,
aliada à divulgação massificante, encarece demasiadamente
a produção, fazendo com que o preço de venda do disco
seja altíssimo.
<br>A pirataria chega até mesmo a fabricar cópias ilegais
de discos que ainda não chegaram às lojas e às rádios,
porque já sabe de antemão o que vai ser sucesso. Claro, todos
sabem que terão sucesso as músicas que estão nos discos
cuja difusão radiofônica massificada, através do jabá,
será paga pelas gravadoras.
<br>Os artistas chamados independentes, que ainda não foram adotados
pelos proxenetas internacionais do som, não têm suas músicas
tocadas no rádio. Assim, eles não têm suas obras ouvidas,
conhecidas, massificadas e, portanto, não fazem sucesso: não
são pirateadas.
<br>Artistas independentes começam a se organizar repudiando energicamente
a prática do jabá. A criminalização dessa prática
antiética já conta com projetos de lei, mas estes andam a
passo lento na Câmara. Os artistas que se organizam para combater
a pirataria e que, com esta, deixam de ganhar 2% nas vendas dos produtos
originais, sabem da existência do jabá e, portanto, são
coniventes com o espúrio e antiético procedimento.
<br>Talvez não devamos ainda chamar de ladrões as gravadoras,
as rádios, os radialistas e os músicos que participam da
cadeia produtiva que inclui o jabá, pois que esta prática
imoral ainda não foi criminalizada. Mas dentro em pouco deveremos
leniência a certos malandros: pirata que pirateia ladrão tem
cem anos de perdão.
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