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<html>
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Companheiro Tavares:
<p>Parabéns pela mensagem e pela iniciativa de divulgar o texto
de Emir Sader.
<br>A recuperação comercial de nossos heróis, feita
pela indústria, é deplorável e você faz bem
em denunciar isso.
<br>Che Guevara tornou-se simples camiseta enquanto outros transformam-se
em meros filmes. A mitificação burguesa acaba por destruir
exemplos de luta para as novas gerações, em geral distorcendo
verdades.
<br>O cinema, hoje, é muito mais indústria do que arte. É
por isso que o governo pró-imperialista do lula e o ministro bufão
gil só abrem espaços e gordas verbas para o cinema. Música,
teatro, artes plásticas, literatura, memória, etc, ficam
com migalhas ou sem coisíssima alguma. A indústria cinematogrática
devia se trasladar para as bandas do Ministério da Indústria
e do Comércio.
<br>Mas, como você também reconhece, não nos resta
outro meio para divulgar um pouco de nossa história recente. Temos,
então, que recuperar a recuperação, detalhando e difundindo
verdades não expressas nos filmes, procurando ajustar a boa leitura
dos conteúdos superficiais.
<br>Entre 1987 e 1997 compus minha ópera Olga. No libreto e na música
revelei a verdadeira e coerente saga revolucionária de Olga e Prestes.
Mesmo depois de muita luta, não consegui encenar o espetáculo.
Sete anos depois a Globo Filmes fez o filme com o mesmo tema. No filme
se esconde a torpeza de Filinto Müller.
<br>Enfim, agora em 2006, o Theatro Municipal de São Paulo programou
a estréia de minha ópera Olga. Ela será apresentada
em cinco récitas: dias 14, 16, 18, 20 e 22 de outubro. Convido todos
para assitir.
<p>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<p>tavares wrote:
<blockquote TYPE=CITE> <font face="Times New Roman"><font size=+1>Onde
você estava em 14 de junho de 1971?</font></font>
<div class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=+1>Onde
estava você em 10 de março de 1976?</font></font></div>

<div class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>Por
C. Tavares, que também assina C Tovarich.</font></font></div>


<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>Interessante
questionamento de Emir Sader: onde você, meu leitor, estava quando
Stuart Edgar Angel Jones, o filho de Zuzu Angel, foi amarrado à
traseira de um jipe da Aeronáutica e arrastado pelo pátio
de uma sede militar com a boca colada ao cano de descarga do veículo,
o que ocasionou sua morte por asfixia e intoxicação por monóxido
de carbono? Onde você, amigo, estava quando o combatente Stuart Edgar
Angel Jones, nomes de guerra Henrique e Paulo, era torturado, esfolado
vivo e assassinado no pátio da sede da Aeronáutica, do Exército
Brasileiro, no Rio de Janeiro? Onde estava você enquanto oficiais
do glorioso exército de caxias, bando armado a soldo do imperialismo
ianque, torturavam e matavam Stuart Angel? E onde você estava quando
os agentes do SNI perseguiram Zuzu Angel pelas ruas do Rio de Janeiro e
a fizeram saltar de uma ponte para a morte?</font></font>

<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>Stuart
Edgar Angel Jones era militante do Movimento Revolucionário 8 de
Outubro (MR-8) - nada a ver com o atual MR-8 - nascido em 11 de janeiro
de 1946 na Bahia, filho de Norman Angel Jones e Zuleika Angel Jones, a
Zuzu Angel.</font></font>

<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>Estudante
de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele foi seqüestrado
em 1971, aos 26 anos de idade. Foi capturado no Grajaú (próximo
à Av. 28 de Setembro), no Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1971,
às 9 horas da manhã, por agentes do Centro de Informações
da Aeronáutica (CISA), para onde foi levado e torturado até
a morte.</font></font>

<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>Stuart
Edgar Angel Jones tinha dupla cidadania, era brasileiro e filho de norte-americano,
e optou por lutar pela libertação nacional do povo brasileiro
do domínio imperial.</font></font>

<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>Hoje,
como a regra do capitalismo é transformar tudo em mercadoria, expoentes
da burguesia brasileira estão ganhando dinheiro com a sua história,
através de um filme do tipo roliúdiano. Na ficção
da tela do cinema eles glorificam nossos heróis (tais como Guevara,
Lamarca, Olga), mas na vida real continuamos escravizados e obrigados a
vender nossa força de trabalho em troca de salários de fome.</font></font>

<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>Mas
veja o filme e conheça a historia do seu país que um dia
será libertado do domínio imperial norte-ameriKKKano e desse
sistema escravagista capitalista da exploração do homem pelo
homem.</font></font>

<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>Ousar
lutar, ousar vencer!</font></font>

<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"><font size=-1>PS:
com certeza um artigo com este jamais seria publicado pela podre imprensa
brasileira.</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Reproduzido da CARTA O BERRO:</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Zuzu incomoda</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Por Emir Sader</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Quando o mundo volta a ter um importante
cinema político, a crítica brasileira se mostra ainda insensível
e incapaz de assimilar essas temáticas. Veja-se o caderno especial
do Le Monde Diplomatique - "Maniére de voir" - onde se dá
conta que, com o surgimento do movimento de luta por "um outro mundo possível"
e com os atentados de 2001 nos EUA, surgiu uma nova onda de politização
do cinema no mundo, com reconhecimento dos grandes festivais de cinema
que, pela primeira vez, deram um prêmio a um filme como o de Michael
Moore, além de prestigiar a vários outros.</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Por aqui, Olga foi abominado pela crítica,
embora consagrado pelo público. Agora, Zuzu não encontrou
palavras de alento da crítica, embora uma ou outra voz isolada incentive
a que o filme seja visto pelo grande público.</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Zuzu incomoda, como a personagem real
incomodou no seu tempo. Hoje, quando recorda as atrocidades da ditadura
militar - seqüestros, torturas, execuções, desaparições.
Quando vários personagens e órgãos da imprensa que
participaram do regime ou compactuaram com ele, andam por ai, Zuzu incomoda.</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Vem sempre a perguntinha que os jovens
alemães, quando tomaram consciência do nazismo, passaram a
perguntar para seus pais: Onde estava você? Não sabia daquilo
tudo? O que fez contra? Com um imenso medo e desconfiança da cumplicidade
dos pais com o nazismo.</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Hoje nenhum órgão da
imprensa fez a perguntinha a políticos, a empresários e aos
próprios grandes órgãos da mídia: Onde estavam
vocês? Não sabiam daquilo tudo? O que fizeram contra? Com
uma desconfiança fundada da cumplicidade de todos eles.</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Zuzu incomoda, porque toca numa ferida
que nunca cicatrizou, porque nunca foi tocada: empresas e empresários
financiavam a tortura, a repressão desatada pela ditadura militar
e enriqueceram durante todo esse período. Quem são? O que
fizeram? Quanto ganharam? Foram anistiados também pelo decreto da
ditadura militar?</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>O papel da grande mídia também
fica exposto: quando Zuzu diz que vai escrever cartas para as pessoas mais
importantes do país, a caixa de envelopes deixa ver claramente quem
é o primeiro da lista: Roberto Marinho. Ela vai à redação
de um jornal para tentar publicar o anúncio fúnebre da morte
de Stuart, recebe um rotundo não do editor que a atende. E, no final
do filme, se diz que a carta que Zuzu deixou na casa de Chico Buarque,
teve 22 cópias feitas por este e enviadas para os principais órgãos
de imprensa da época, mas nenhum o publicou.</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Mas vale muito a pena ver Zuzu não
apenas por razões políticas. O filme - assim como Olga -
é muito bem feito, sensível, tocante, agudo.. Uma crítica
estetizante, aberta para qualquer bagulho de Hollywood, demonstra uma impressionante
falta de sensibilidade estética, mas também de sensibilidade
política e humana. Será esta a insensibilidade da crítica
pos-moderna, vazia de conteúdo, cortada do passado e do próprio
presente?</font></font>
<p><font face="Arial"><font size=-1>Recomendo: vejam Zuzu, que incomoda,
por ótimas razões, a quem tem que ser incomodado e que nunca
foi incomodado - pelas torturas, que geraram polpudos lucros e fortaleceram
monopólios privados. A violência, o terror, a ditadura, que
estiveram a serviço das grandes fortunas. Para que este passado
passe, vejamos todos Zuzu, apuremos quem produziu o terror, quem ganhou
com ele, quem ainda anda por aí, impunemente, às custas da
dor de Stuart, de Zuzu e de todas as vítimas - a quem a democracia
não fez justiça até hoje.</font></font></blockquote>

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