<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
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<font color="#1822CD"><font size=+1>Car@ amig@:</font></font>
<p><font color="#1822CD"><font size=+1>O <b>Jornal de Brasília</b>
de hoje, terça-feira, dia 29, publicou meu artigo intitulado "Na
casa de Gil".</font></font>
<br><font color="#1822CD"><font size=+1>Convido à leitura.</font></font>
<br><font color="#1822CD"><font size=+1>Abraço,</font></font>
<br><font color="#1822CD"><font size=+1>Jorge Antunes</font></font>
<br><font color="#1822CD"><font size=+1><A HREF="http://www.jorgeantunes.com.br">http://www.jorgeantunes.com.br</A></font></font>
<p><A HREF="http://www.jornaldebrasilia.com.br/htm/noticia.php?tip=edit&edicao=1285&IdCanal=1&IdSubCanal=0&IdNoticia=262280">http://www.jornaldebrasilia.com.br/htm/noticia.php?tip=edit&edicao=1285&IdCanal=1&IdSubCanal=0&IdNoticia=262280</A>
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<p><b><font size=+2>Na casa de Gil</font></b>
<br><b>Jorge Antunes</b>
<br><font size=-1>Maestro, compositor, candidato a Deputado Distrital pelo
PSOL</font>
<p>Ficou tudo acertado. A reunião aconteceu no apartamento do cantor
e compositor Gilberto Gil. Era noite de quarta-feira, 1º de maio de
2002, Dia Mundial do Trabalho. Lá estavam o então candidato
Lula, a Flora, o Chico Buarque, Caetano, Paula Lavigne, Djavan, Wagner
Tiso, o rapper MV Bill e o empresário Celso Athayde. Luiz Inácio
Lula da Silva queria apoio de artistas para a elaboração
de projeto para a área de cultura do PT. Propunha uma "aliança
cultural, política e econômica".
<br>A reuniãozinha era indício do futuro desastre. Ela servia
apenas para dar um empurrão nas pretensões do futuro ministro
bufão de um presidente truão. Servia também para marcar
o formato e o conteúdo vazio que iriam enfeitar as ruas de Paris
nas mamatas empresário-estatais do Ano do Brasil na França.
<br>A política cultural do governo Lula foi uma hecatombe. Um programa
para a área cultural foi estabelecido, de última hora, em
fins de 2002, às vésperas das eleições. No
documento alguns pontos indicavam simples promessas de se contemplar velhos
anseios da comunidade cultural brasileira. Hoje se confirmam minhas certezas
de janeiro de 2003: tudo não passava de letra morta no papel, fruto
de incansável trabalho dos hoje desiludidos membros da comissão
de cultura da Frente Popular. O programa cultural pré-eleitoral
de Lula era vago e cheio de frases de efeito: novos mecanismos de financiamento,
distribuição justa de recursos, reforma do Ministério
da Cultura etc.
<br>O pacto feito na casa de Gil, em 2002, foi integralmente cumprido:
estabeleceu-se a prática da monocultura, em que somente a arte comercial
tem apoio e espaços. A política cultural da monocultura bem
se afina com aquela política do monopartido que vigora na falsa
polarização PSDB-PT. Os governos pró-imperialistas
que querem se perpetuar no poder têm consciência da ameaça
que a Cultura e a Educação podem impor a seus objetivos.
Para eles são perigosíssimos o livro, a leitura, a alfabetização,
assim como a arte livre e revolucionária. A privatização
do apoio à cultura é o caminho para a concretização
desse pensamento: os empresários e os banqueiros passam, através
das leis de incentivo fiscal, a ter o poder de escolha, seleção
e censura de projetos culturais.
<br>A democratização da cultura, em seus aspectos de produção
e fruição, nunca se concretizará se a deixarmos à
mercê do mercado. Não são os empresários e o
público consumidor que hão de sustentar a nova e revolucionária
produção artística, porque o retorno desse tipo de
arte é de longo prazo. O neoliberalismo entrega todas as rédeas
de nosso futuro à iniciativa privada. Ao bandido são entregues
o ouro, o lucro, a segurança nacional, o poder decisório,
o controle da informação e da comunicação e
também o recriado poder de censura. A Lei do Mecenato, nos moldes
em que vem sendo implementada, nada mais faz do que privatizar o apoio
à cultura.
<br>Passaram-se os quatro anos tão sofridos para a classe artística
brasileira. Em 2006, faltando um mês para a votação,
apenas a Frente de Esquerda, liderada por Heloísa Helena, apresenta
uma proposta clara de política cultural. Lula, Eimael, Cristóvam,
Piva e Alkmin são totalmente omissos com relação a
esta área que precisa ser tratada como questão estratégica:
a Cultura. Os candidatos à Presidência precisam se conscientizar
de que a cultura e as artes, melhor do que o comércio, a indústria
e as Forças Armadas, provocam a admiração e o respeito
internacional. É justamente a intensidade do apoio às artes
brasileiras que irá determinar, em termos políticos para
o Brasil, a opção entre hegemonia, aliança ou submissão.
<br>A política de difusão da arte e da cultura deve estar
voltada à diversidade social do público. A boa política
cultural será aquela em que brincantes de maracatu e de bumba-meu-boi,
bonequeiros, atores, músicos, cineastas, escritores, compositores
de sinfonias e óperas, repentistas, compositores de música
popular, profissionais da dança, bandas, cordelistas, orquestras,
artistas plásticos, fotógrafos, artistas circenses, grupos
de rock, chorinho, pagode, samba, funk e hip-hop terão condições
e espaços ideais para suas manifestações artísticas.
<br>Esperemos que novas reuniões na casa de Gil não dêem
continuidade ao projeto de um Ministério da Cultura do tipo casa-da-mãe-joana,
onde quem manda são os cineastas-industriais que gritam e esperneiam
na imprensa, amedrontando o Planalto, com o aval de músicos filhos-do-jabá,
mancomunados com as multinacionais do disco.
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