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Caro Irineu:
<p>Agradeço muito sua mensagem e sua intenção em divulgar
meu trabalho na Revista Bravo.
<br>Quero lhe dizer que eu admiro muito sua dedicação à
divulgação da música contemporânea brasileira
e também seu permanente interesse em divulgar meu trabalho. Sou-lhe
grato pelas várias matérias que você escreveu na Folha,
por exemplo, dando-me espaço quando de minha luta contra a censura
do CCBB.
<br>Esses prolegómenos de elogios a você tem por objetivo
salientar que a raiva e a revolta que tenho contra a revista Bravo, não
têm nada a ver com você.
<br>Durante anos, entre abril de 2000 e novembro de 2003, sempre enviei
meus novos CDs acompanhados de releases, quando eram lançados, para
a redação da Bravo. Fui sempre surpreendido pelo descaso
da revista. Nada publicavam. Isso acontecia ao mesmo tempo em que CDs de
compositores e cantores populares filhos-do-jabá tinham seus novos
CDs sempre divulgados na revista, com reproduções da capa
e notas. Sei que de lá para cá os jornalistas da revista
foram trocados, mas a minha revolta ficou cravada em meu âmago. Quando
em 2005 lancei o CD Sinfonia das Diretas alguém me telefonou da
redação da Bravo, pedindo que eu enviasse um exemplar do
disco porque queria escrever uma nota. Contei essa história que
acabei de contar a você, e disse que eu não enviaria o CD
novo, de modo algum.
<br>No ano passado apresentei uma série de espetáculos no
CCBB (Speculum Brasilis). Minha assessoria de imprensa enviou fartos releases
para a revista, mas nada publicaram, nem anunciaram.
<br>Na época fiz uma promessa a mim mesmo. Eu falei com meus botões:
"-Um dia um grande acontecimento cultural com minha participação
fará com que a Bravo deseje me entrevistar e fazer uma grande matéria
sobre mim. Nesse momento vingar-me-ei, esnobarei e direi que cobro cachê
pela entrevista."
<br>Não sei se você é free-lancer na revista e vai
propor a pauta sobre Olga, ou se foi a própria revista que lhe pautou.
<br>Seja um ou outro caso, peço que você diga aos donos e
chefes da revista, que eu cobro por entrevista ou informação
para nota informativa. Os preços são: vinte mil reais para
pequena entrevista para redação de nota, e oito mil reais
para entrevista para redação de matéria de duas páginas.
<br>O meu maior interesse é o de que a revista não aceite
minhas proposta se que, então, nada publique.
<br>Minha vingança estará então concretizada: na medida
em que a Bravo não publicar sequer uma linha sobre a estréia
de Olga, um dos acontecimentos culturais brasileiros mais importantes dos
últimos 60 anos, aí então milhares de novos leitores
da revista me seguirão na revolta e no boicote à revista.
<br>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<p>Irineu Perpetuo wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Caro,
<p>Farei, na revista Bravo de outubro, uma nota sobre a estréia
mundial de Olga
<br>aqui em São Paulo. Infelizmente, a matéria não
terá o tamanho que o
<br>acontecimento mereceria. De qualquer forma, julguei que ela seria
<br>enriquecida se pudesse ter um depoimento seu.
<br>Caso você esteja de acordo, gostaria que me dissesse como e porque
chegou a
<br>este tema, quanto tempo levou para escrever a música (o libreto
também é seu
<br>?), como foi o processo de composição (você usa
computador ? Escreve a lápis
<br>? Senta-se ao piano ?), e que "cara" tem a música de Olga (usa
recursos
<br>eletroacústicos ? Em quantos atos é feita a ópera,
e quanto ela dura ? Você
<br>faz alguma demanda específica de orquestração
e/ou encenação ?). Acho que
<br>também seria importante você contar algo da sua saga em
busca da
<br>viabilização da encenação do espetáculo.
Também gostaria de saber se o livro
<br>de Fernando Morais serviu, de alguma forma, como inspiração
para a ópera, e
<br>se você viu (e o que achou) do filme de Jayme Monjardim (feito
depois da
<br>conclusão da sua ópera, pelo que sei). Caso me sobre
espaço, queria também
<br>contar ao leitor quais são seus principais planos pós-Olga.
<br>Agradeço antecipadamente sua atenção.
<br>Abraço,
<p>Irineu Franco Perpetuo</blockquote>
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