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<font color="#4618C6"><font size=+1>Colegas:</font></font><font color="#4618C6"><font size=+1></font></font>
<p><font color="#4618C6"><font size=+1>Reproduzo, abaixo, artigo publicado
no Jornal do Brasil de 22 de julho de 2005.</font></font>
<br><font color="#4618C6"><font size=+1>Abraço,</font></font>
<br><font color="#4618C6"><font size=+1>Jorge Antunes</font></font>
<br><b></b> <b></b>
<p><b>Fora Gil !</b>
<br>Jorge Antunes
<br><font size=-1>maestro,  compositor, professor titular da UnB</font>
<p>Jean Gautier já sabia que eu estava na Europa. Claude Samuel
havia lhe falado que eu estaria em Paris em junho e julho de 2004. Isso
se confirmou. Saí de Baden-Baden e, depois de cansativa baldeação
de dois trens, cheguei a Paris onde concluiria nova etapa de minha pesquisa.
Apesar da atração que eu sentia pelo estranho Paris Plage
­ a praia artificial à beira do Sena ­, meu destino era
ficar trancafiado no estúdio 116 do Groupe de Recherches Musicales,
na Radio France.
<br>Mas, só no início de julho Monsieur Gautier descobriu
que eu estava hospedado na Cité des Arts. Telefonou-me. Convidou-me
para uma conversa na sede da AFAA, avenue de Villars.
<br>Segunda-feira, dia 9 de julho de 2004, lá estava eu pontualmente
ao meio-dia. Primeiro fez-me sala Raphaël Bello, commissaire général
adjoint do Ano do Brasil na França. O titular, Jean Gautier, ocupado
num telefonema internacional, viria a mim meia hora depois.
<br>Cordialidade, animação, idéias, projetos, confidências
políticas: a conversa foi longa e ótima. Enfim, o encontro
terminou com muita esperança. Ficou elaborada uma estratégia
de convencimento do comissário brasileiro, para que nossa música
erudita contemporânea pudesse ter lugar no Ano do Brasil. Gautier
me confidenciou que André Midani esteve sempre relutante com relação
a isso. O governo brasileiro só estava interessado em investir e
mostrar as manifestações culturais brasileiras que pudessem
dar interessantes resultados para a indústria do turismo.
<br>Enfim, agora, em agosto de 2005, vemos o triste resultado. Gautier
não conseguiu convencer Midani. O Ano do Brasil na França
não mostra a música contemporânea brasileira. Está
perplexo todo o largo público do Festival Présences, dos
concertos do GRM e de todos os festivais franceses de música contemporânea:
Lille, Bourges, Lyon, Crest, Marseille etc.
<br>Os projetos encaminhados pelo Maestro Edino Krieger, em nome da Academia
Brasileira de Música, foram todos rechaçados. O grande público
francês fica cada vez mais convencido de que este não é
um país sério. Para o povo francês vai ficar a impressão
de que não passamos de uma nação com artistas plásticos
que só produzem instalações bundas. Que somos um país
com cineastas que só retratam miséria, violência, araras,
favela e bundas. Que nosso povo vive trezentos e sessenta e cinco dias
de carnaval cheio de porta-bundeiras e bandas.
<br>Em outras palavras, a Saison Brésil não mostra a cultura
brasileira. Ela mostra apenas a arte oficial brasileira, a cultura autóctone
anterior à invasão de 1500 e a indústria cultural
brasileira. Ninguém melhor para implementar essa política
que André Midani, o histórico homem da indústria do
disco que esteve sempre à frente na comercialização
de bossa nova, tropicalismo e rock.
<br>O governo bufão, que cercou-se de corruptos, pop-bufões,
corruptores e empresários usurpadores, não poderia deixar
de escolher ninguém melhor para seu projeto do que o Sr. Midani,
eterno homem das multinacionais EMI, Universal e Warner. Também
na cultura, o governo Lula privilegia o capital internacional.
<br>Monsieur Gautier desceu comigo até a calçada da avenue
de Villars e, antes da despedida, informou que na semana seguinte aconteceria
reunião decisiva. Confessou-me que aguardava ansioso a chegada de
Monsieur Midani.
<br>Dei tratos à bola para entender as razões daquela ansiedade.
Era aguardada com expectativa a chegada do representante cultural do governo
brasileiro a Paris. Por que seria tão importante a chegada, em Paris,
de André Midani? Entre minhas hipóteses destacou-se uma:
o representante do ministro brasileiro era um franco-sírio que há
50 anos chegara ao Brasil, tendo se evadido da França para não
ir para a guerra da Algéria.
<br>Lula, através de golpe publicitário, nomeou um déspota
pouco esclarecido para o Ministério da Cultura. À frente
do MinC continuamos a ter um cantor de solos em falsete que desconhece
totalmente a moderna arte brasileira. A cultura brasileira agora paga o
pato. Se o MinC fosse ocupado por um economista competente ou por um sociólogo
brasileiro, estaríamos em melhores mãos.
<br>O déspota pouco esclarecido grita aos quatro ventos da França:
­La culture c'est moi! Isaac Karabtchevsky, também pop, entra
na onda e assume papel de Mazarin: coloca a Orchestre National des Pays
de la Loire à disposição de importante solista brasileiro:
o próprio, ele mesmo, o ministro.
<br>A difusão da cultura brasileira entra em pane. O povo francês,
que se engane! Caetano, Lenine, Djavan e Gil querem Midani. Martinho, Milton
e Maria Rita querem Midani. A música popular comercial brasileira
quer Midani. Eu, que me dane! A música erudita contemporânea
brasileira que se dane!
<br> 
<br> 
<br> 
<p>Thais Andrade wrote:
<blockquote TYPE=CITE> Acho que nós dos Fóruns Estaduais
e do Forum Nacional deveríamos fazer uma manifestação
"FICA GIL".Quando falo Foruns Estaduais não falo só o de
Musica mas os de todas as linguagens.Tem que se uma manisfetação
de ambito nacional, com imprensa e tudo mais. Thais AndradeFPM-CE</blockquote>
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