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Caro Farlley:
<p>Eu não farlei em "piercing". Eu falei em "peircing".
<br>Você sente a diferença?
<br>Tampouco falei em "brinco". Falei em "peircing" na língua.
<br>Minhas ironias são sempre um brinco, algumas vezes muito eruditas
e difíceis.
<br>A palavra peircing, permita-me esclarecer a graça, é
um derivado de Peirce (1839-1894). É moda encher-se a boca com o
nome desse filósofo
<br>norte-americano, para dar a impressão de erudição
e de profundidade e de inovação no pensamento acadêmico.
Insinuei que o curso superior de rock
<br>poderia usar esse artifício, muito comum nos cursos superiores
ditos sérios, para atrair clientes.
<br>Minhas menções aos conceitos de Hintergrund, Mittlegrund,
Vordergrund, Ursatz e Bassbrechung, também eram outra piada difícil,
insinuando que o
<br>curso superior de rock seria um shenker sem fundo. Esse dito cujo shenker
sem fundo é outra moda, ressuscitada do início do século
vinte, da época em
<br>que reacionários quasi-fascistas espiritualistas se rebelavam
contra o serialismo para indicar pseudonovos caminhos para a análise
e que, assim, também
<br>poderia ser abordado no curso superior de rock para atrair clientes.
<br>Agradeço os elogios aos meus cabelos. Você fez lembrar
de que ainda os tem atrás, esse seu amigo que só se vê
de frente no espelho. Muito obrigado
<br>pela lembrança.
<br>Abraço,
<br>Jorge Antunes
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