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Car@s colegas:
<p>Durante quatro anos o Ministério da Cultura, tendo à frente
Gilberto Gil, engambelou os meios culturais com encontros, seminários,
documentos, fóruns, com a justificativa de futuramente poder criar
um Plano Nacional de Cultura. Foram 4 anos!
<br>Durante os mesmos quatro anos Gil cozinhou a classe musical da área
popular com promessas, audiências, aparentando abertura ao diálogo,
e facilitando criação de Fórum Nacional, teleconferências,
discussão, promessas de pactuação, com a justificativa
de pretender colaborar na resolução de problemas da classe
com novas leis voltadas à aposentadoria, ao direito autoral, à
difusão, propriedade intelectual, OMB, etc.
<br>Enquanto esse processo se arrastou no âmbito da música,
a classe cinematográfica, sem muita e longa teorização,
está anos-luz à frente com dezenas de leis ótimas,
muita verba, muito dinheiro do poder público, com apoios totais
em todas as etapas da cadeia produtiva.
<br>Durante os quatro anos, Gil "diologou" com os colegas da área
de música popular, virando as costas e fechando os ouvidos aos colegas
da área de música erudita.
<br>Recentemente, em encontro nacional de Orquestras, o ministro, que vai
ser reconduzido ao cargo a partir de janeiro, pronunciou discurso anunciando
que durante os próximos quatro anos vai dialogar com a classe de
músicos eruditos. Ao fazer isso, anunciando o início de um
diálogo, confessava tacitamente que o dito diálogo não
aconteceu nos últimos quatro anos.
<br>Se o Ministro pretender organizar mais encontros, desta vez com a área
erudita, certamente vai adotar a mesma estratégia adotada com a
área popular entre 2003 e 2006: seminários, encontros, diálogos,
promessas. Tudo resultará na redação de muitos documentos,
entre 2007 e 2010, para nenhum resultado prático.
<br>Os problemas da música de concerto no Brasil, e suas soluções,
já estão equacionados há mais de meio século.
<br>Não é com as criações de Câmara Setorial
e de recentes Fóruns, que o problema começaria a ser discutido.
<br>Quando digo que a questão da Música Erudita brasileira
está exaustivamente discutida e equacionada, estou me referindo
aos documentos produzidos desde 1957, e que estão disponíveis
em bibliotecas, arquivos da Funarte, biblioteca da Escola de Música
da UFRJ, livros, teses, atas e arquivos das associações promotoras,
etc.
<br>A seguir listo alguns desses eventos: Encontros e debates que resultaram
na criação da UMB em 1957 (Siqueira, Villa-Lobos,
<br>Eleazar, Hélio Bloch, ...); Encontros e debates de 1959 e 1960
que resultaram na criação da OMB; Reuniões clandestinas
de artistas no apartamento da Esther Scliar, na Rua Toneleros, em 1964
e 1965; Reuniões e debates no IVL, no Prédio da UNE (Praia
do Flamengo, 132), em 1966 e 1967 (Edino, Airton Barbosa, Antunes, Reginaldo,
Marlos, etc); I Festival de Música da Guanabara, 1968; II Festival
de Música da Guanabara, 1969; Encontros Nacionais de Compositores
em 1973 e 1974 (cujos documentos e manifestos
<br>deram como resultado a criação da Funarte); Assembléias
Gerais da SBMC entre 1969 e 2004; Série de debates do Festival Cantares
de Brasília, I Candangão, em 1982 (palestrantes e debatedores
Aylton Escobar, Rogério Duprat, Zé Rodrix, Jorge Antunes
e Antonio Adolfo), promovido pela OMB-DF; Assembléias Gerais e mesas
redondas da ABEM entre 1973 e 2005; Bienais de Música Contemporânea
Brasileira entre 1975 e 2005; Assembléias Gerais e debates da SBM
entre 1981 e 2004; Simpósio Nacional Sinapem, 1987; Congressos da
Anppom entre 1988 e 2006; Encontros de Música Eletroacústica
entre 1997 e 2003; Assembléias Gerais da SBME entre 1997 e 2003.
<br>Não nos deixemos cair em tentação de falsos diálogos
com o governo e com falsa, farsante e pretensa troca de idéias com
o MinC. Quando a comunidade cultural fala com o ministro Gil, este fica
silente, com sorrisos e balanços de cabeça fingindo concordar,
mas o ouvido esquerdo do ministro sinistro recebe tudo para, depois, vomitar
tudo pelo ouvido direito.
<br>Pouquíssima gente sabe da existência de seríssimo
compromisso futuro do MinC, que revelo a seguir. O governo tem escondido
o assunto. Conhece-o bem quem viveu na França, quem habitualmente
viaja para lá e conhece os meandros da Direction de la Musique,
de la Danse, du Théatre et des Spectacles do Ministtério
da Cultura da França.
<br>A França acolheu, em 2005, o Ano do Brasil na França,
com a garantia de uma contrapartida: que o governo brasileiro organize
no Brasil, em 2009, o Ano da França no Brasil. O MinC não
deu, à música erudita brasileira, no Ano do Brasil na França,
o espaço que a França esperava fosse dado. O Brasil priorizou
a música popular brasileira.
<br>A França tem muito a oferecer no domínio da música
de concerto, e da música moderna erudita, para o Ano da França
no Brasil. O ministro Gilberto Gil está num mato sem cachorro, porque
atraiu o ódio da classe musical erudita brasileira no período
2003-2006 e,
<br>em especial, em 2005.
<br>Para acolhimento dos eventos franceses em 2009, no Brasil, o MinC precisará
do apoio dos músicos eruditos brasileiros e, especialmente, das
Universidades em que eles estão lotados.
<br>Assim, em seu recente discurso o dito-cujo falou que vai começar
a dialogar com o meio erudito. Quando a classe musical erudita se der conta
da estratégia oportunista, de enrolação, de promessas
falsas, para se amaciar terreno para o 2009 francês no Brasil, a
coisa vai
<br>esquentar.
<br>Quem viver verá.
<br>Abraço, com votos de organização independente
da classe musical, de baixo para cima, para a luta em 2007.
<br>Jorge Antunes
<br> 
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