<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
<html>
Oi, Mario:
<p>Que bom ler suas linhas.
<br>Você anda sumido das bandas de cá.
<br>Mande notícias para meu e-mail antunes@unb.br
<p>Com relação à sua reflexão, que questiona
o tipo de música a ser ensinada nas escolas do Acre, envio minha
opinião.
<br>Não gosto da frase "ensinar música na escola".
<br>Pior ainda é: "volta do ensino da música nas escolas".
<br>A palavra ensinar, do latim vulgar "insignare", via "insignire", está
totalmente deturpada em sua significação, pelo menos no Brasil.
<br>A sua origem, na acepção de Plinius, é interessante:
tornar notável, distinguir-se.
<br>Na acepção de Virgilius Maro, também segue na
mesma via: pôr em relevo, realçar.
<br>Hoje, até mesmo as acepções dicionarizadas no
Brasil são esquecidas: instruir, lecionar.
<br>Convido você a ler meu artigo intitulado "Provocando os sentidos",
publicado na revista Humanidades número 51, de maio de 2005.
<br>Ali está detalhada, em 15 páginas, minha opinião
a respeito.
<br>No artigo eu defendo a tese de François Rabelais (1494-1553):
"A criança não é um vaso que se enche, mas sim um
fogo que se acende".
<br>No texto eu critico os métodos Orff, Kodaly, Martenot, Dalcroze
e Montessori, reconhecendo e ressaltando suas poucas qualidades, passo
pela OBM, por Bryan Denis e Murray Schafer, até chegar no som eletrônico
e na música eletroacústica, para desenvolver propostas no
sentido do exercício de ouvir, das novas estéticas, da criatividade
e invenção e da educação sensorial.
<br>Feliz ano novo, abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<br> 
<p>mario@unb.br wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Sem dúvida é uma discussão importante
e por isso gostaria de colocar
<br>mais um parâmtro para ser pensado. O Brasil é muito diverso
<br>culturalmente. Que tipo de música vamos ensinar para as crianças
do
<br>Acre, onde a chamada música erudita, seja ela clássica
ou contemporânea
<br>agora que está engantinhando e ao redor de nossas cidades temos
etnias
<br>indígenas cujas tradições são bem mais
antigas que o nosso própio País?
<p>Mário Brasil
<p>Quoting Alexandre Bräutigam <alexandrebrautigam@hotmail.com>:
<p>> Todo cuidado é pouco com esse Eterno Retorno.
<br>>
<br>> A música mudou muito dos anos 40 pra cá. Um ensino
de música sério
<br>> não pode se restringir a apenas um modelo, apenas um sistema,
como o
<br>> tonal, por exemplo. Ainda mais quando se tem tempo para trabalhar.
Em
<br>> um currículo escolar que propicia anos de continuidade, um
programa
<br>> mais abrangente pode ser desenvolvido e aplicado. Não se limitar
às
<br>> notas musicais, por exemplo. Desenvolver nas crianças/adolescentes
a
<br>> escuta. A percepção. Trabalhar uma área que
é importante na música e
<br>> aonde ela está inscrita, que é a sonologia. E aproveitar
a estrutura
<br>> que cada escola possui para já em sala de aula introduzir
<br>> brincadeiras lúdicas de percepção e manipulação
do som, com os
<br>> computadores e softwares livres. Abrir a cabeça dos jovens
para a
<br>> quantidade infinita de possibilidades de se brincar com o som e
<br>> organizá-lo. Compor.
<br>>
<br>> O problema é que isso deveria ser mostrado na faculdade de
educação
<br>> musical. No currículo deste curso superior, qual é
a porcentagem de
<br>> tempo/aulas gasta em novas tecnologias de manipulação
sonora? Em
<br>> aculogia (área de estudo dos diferentes tipos de escuta)?
O que sabem
<br>> os graduados em educação musical sobre música
eletroacústica,
<br>> estocástica, Cage, Xenakis ou Stockhausen? Isso só
pra falar de
<br>> alguns já "clássicos" (claro q não no sentido
de pertencerem ao
<br>> classissismo europeu) e "antigos" compositores do século passado.
O
<br>> currículo que forma os educadores musicais que darão
aulas nas
<br>> escolas abordam de maneira satisfatória esses temas?
<br>>
<br>> Senão corremos o risco de reformatar (sim, na pior das leituras
q a
<br>> palavra pode oferecer) pessoas do século XXI como músicos
enraizados
<br>> com a teoria do século XIX, mesmo depois de todos os berros
de
<br>> teóricos da educação no século XX sobre
o ensino tradicional (como o
<br>> nosso Paulo Freire) e até bandas de rock (é só
ver o filme "The
<br>> Wall", de 1982, do Pink Floyd, discutindo a formatação
educacional
<br>> via música, um de seus grandes hits).
<br>>
<br>> Discutir é preciso.
<br>>
<br>> abraços,
<br>>
<br>> Alexandre Bräutigam.
<br>>
<br>>
<br>>> From: jcsnfo@unb.br
<br>>> To: "antunes@unb.brAdriana Giarola Kayama" <akayama@iar.unicamp.br>,
<br>>>        anppom-l@iar.unicamp.br,
assom@yahoogrupos.com.br,
<br>>> cdmusica@unicamp.br,        cidaclf@globo.com,
<br>>> contemporaneidadeprazere_arte@yahoogrupos.com.br,
<br>>> forumnacionaldemusica@yahoogrupos.com.br, i_1@yahoogrupos.com.br,
<br>>>     mobilizacaomusical@grupos.com.br,
<br>>> musicaparacriancas@yahoogrupos.com.br, abmusica@abmusica.org.br
<br>>> Subject: Re: [ANPPOM-L] resultado da audiência - ensinodemúsica
nas escolas
<br>>> Date: Thu, 23 Nov 2006 21:06:47 -0200
<br>>>
<br>>> Agora eu comecei a gostar!
<br>>> É verdade, fico apático, sequer consigo reagir quando
alguns verbos
<br>>> são utilizados.
<br>>> Precisamos mesmo começar a pensar sobre música nas
escolas, educação
<br>>> e cultura realmente são idissolúveis, concordo plenamente
com isso
<br>>> que o Antunes escreveu, acho mesmo que precisamos pensar alguns
<br>>> valores e, se for mesmo o caso de repensar, é repensar para
melhorar
<br>>> e não para reutilizar.
<br>>> Jonas Correia
<br>>>
<br>>> Quoting Jorge Antunes <antunes@unb.br>:
<br>>>
<br>>>> Colegas:
<br>>>>
<br>>>> Gosto quando vejo, nos documentos de nossa luta, frases e
<br>>>> expressões como estas:
<br>>>>
<br>>>> *Introdução da Música na grade curricular
<br>>>> *incluir a Música no currículo escolar
<br>>>> *implantação do ensino de música nas escolas
<br>>>>
<br>>>> Acho muito bom o uso destes verbos: introduzir, incluir, implantar.
<br>>>>
<br>>>> Fico preocupado quando vejo colegas falarem em "volta da música
às
<br>>>> escolas" ou usarem os verbos: reintroduzir, reincluir, reimplantar.
<br>>>>
<br>>>> A educação musical e o ensino da música nas
escolas não podem
<br>>>> voltar a ser como eram nos anos 40-50-60, quando ministrados pelos
<br>>>> egressos do C.N.C.O. de Villa-Lobos. Formação de
orfeões nas
<br>>>> escolas devem, sim, voltar a acontecer.
<br>>>> Mas, naquela época acontecia uma total deseducação
musical, com
<br>>>> aulas chatíssimas de "Canto Orfeônico" em que apenas
hinos cívicos
<br>>>> eram trabalhados. As turmas eram divididas em primeira voz, segunda
<br>>>> voz e ouvintes.
<br>>>> Também não podemos deixar margem para que o ensino
da música nas
<br>>>> escolas se atenha a métodos Dalcroze, Orff, Kodaly, Martenot
e
<br>>>> Montessori, em que tudo se encaminha para o sistema tonal, com
<br>>>> alienação total com relação às
estéticas pós anos 20.
<br>>>> Também não devemos dar margem a que tudo se resuma
a reuniões de
<br>>>> porralouquice em oficinas básica de música, com sessões
de catárse
<br>>>> coletiva.
<br>>>> Discutamos.
<br>>>>
<br>>>> Abraço,
<br>>>> Jorge Antunes
<br>>>>
<br>>>>
<br>>>>
<br>>>>
<br>>>>
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