<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
<html>
Caro Nicolau:
<p>Agradeço muito se você puder dar uma chegada na loja e
pegar mais informações: endereço, telefone, nome do
dono, e-mail, preço.
<br>Faça isso quando puder e não lhe atrapalhar os afazeres.
Não há pressa.
<br>Aproveite para perguntar se funciona.
<br>Sou apaixonado por essas maquininhas. Além disso, as respeito
demais.
<br>Além de meus velhos theremins e geradores (senoidal, triangular,
dente-de-serra), guardo alguns gravadores de rolo.
<br>Há algum tempo estive discutindo em uma lista sobre a necessidade
de escrevermos uma "Declaração Universal dos Direitos da
Máquina".
<br>A fita de papel sucedeu o fio metálico, antecedendo a fita em
plástico e poliester. Enquanto essa vinha em carretel de plástico,
aquela vinha em carretel de ferro.
<br>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<p>Nicolau Centola wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Caro Jorge,
<p>fantástica essa história! Estou muito curioso para ouvir
o que você
<br>tem nessas preciosidades. Fita magnética de papel? Essa é
nova para
<br>mim. O fio já foi um achado, quando vi no sebo. Eu sou super
curioso
<br>para essas "modernas tecnologias", e te confesso que só não
comprei o
<br>gravador porque minha condição monetária não
está lá essas coisas.
<br>Senaõ já estaria em casa e eu com certeza te empresataria.
<p>Você está em Brasília, é isso? Pelo e-mail
unb.br... Você precisa
<br>digitalizar todo esse material, que com certeza é único...
<p>Bom, o que eu posso fazer é passar na frente da loja e ver o
número e
<br>telefone para você. Mas não te garanto que faça
isso antes do fim da
<br>semana. Se eu tiver novidades, te aviso.
<p>E se precisar de alguma coisa mais, é só avisar.
<p>abraços
<p>Nicolau
<p>Em 10/07/07, Jorge Antunes<antunes@unb.br> escreveu:
<br>> Caro Nicolau:
<br>>
<br>> Muito obrigado pela dica.
<br>> Por favor, preciso que alguém me informe o e-mail ou telefone
desse sebo, em
<br>> que você viu o gravador de arame.
<br>> Você mora em São Paulo?
<br>> Agradeço seu interesse e empenho. Para matar sua curiosidade,
passo a narrar
<br>> a história.
<br>>
<br>> Preciso arranjar tempo para escrever um artigo (ou um livro) em que
sejam
<br>> narrados os fatos de1968 e como o rico material ficou sob minha guarda.
<br>> Caso encontre o gravador, quero filmar a colocação
de meu rolinho de arame
<br>> nele e registrar a primeira escuta. Isso poderá servir para
um documentário
<br>> futuro.
<br>> Além do "recording wire", tenho também vários
carretéis de ferro com fita
<br>> magnética de papel. Já consegui ouvir alguma coisa:
são gravações de
<br>> palestras de Villa-Lobos, e de ensaios de coral, com muita bronca,
regido
<br>> por ele.
<br>>
<br>> Se for possível, veja se consegue em alguma biblioteca o livro
"Praia do
<br>> Flamengo, 132" (número especial da revista Ensaio Nº
3, de 1980, coordenador
<br>> Yan Michalski), em que vários artistas, eu entre eles, damos
depoimentos
<br>> sobre o "Prédio da UNE", onde funcionou o IVL (ex-C.N.C.O.)
de 1975 a 1980.
<br>> Em 1980 derrubaram o prédio histórico, que pertencera
ao Clube Germânia no
<br>> anos 40.
<br>> Recentemente a UNE, que completa 70 anos, conseguiu na Justiça
recuperar,
<br>> para seu patrimônio, o terreno em que ficava o prédio.
<br>> Na revista Ensaio eu conto, com mais detalhes, a história
que resumo a
<br>> seguir.
<br>>
<br>> Na passeata-enterro do estudante Edson, assassinado pela polícia
da ditadura
<br>> no restaurante do Calabouço em fins de1968, pouco antes do
AI-5, eu
<br>> trabalhava em obra nova em meu estúdio no IVL (ex-prédio
da UNE, Praia do
<br>> Flamengo, 132) onde eu era professor. Era um feriado ou domingo.
Eu
<br>> trabalhava em minha Missa Populorum Progressio para coro e fita magnética,
<br>> que seria estreada em meu casamento (que veio a acontecer em março
de 1969,
<br>> Henrique Morelembaum regendo o coro e Vânia Dantas Leite nos
sons
<br>> eletrônicos). Aos gritos de "A UNE é nossa" os estudantes
da passeata
<br>> tentaram invadir o prédio, que tinha as portas fechadas.
<br>> Eu vivi a cena por dentro do prédio. No filme Jango, do Silvio
Tendler, tem
<br>> uma cena de arquivo que mostra a cena do lado de fora.
<br>> Quando os portões começaram a ceder, eu e um estudante
que me ajudava
<br>> pegamos as coisas mais preciosas e pulamos o muro dos fundos: levei
o velho
<br>> gravador Revox do IVL e antigas fitas e carretéis.
<br>> Três dias depois levei de volta o gravador para o IVL. Fiquei
com as fitas.
<br>> Com o AI-5, em 13 de dezembro, fomos demitidos eu, a Esther Scliar
e o
<br>> Guerra Peixe.
<br>> Logo depois a ditadura fez intervenção no IVL. Os policiais
atearam fogo no
<br>> prédio e destruiram tudo.
<br>> Perdi dois anos de tempo de aposentadoria, porque nenhum documento
referente
<br>> aos professores da época foi encontrado nos arquivos, que
ficaram com a
<br>> Uni-Rio. José Maria Neves, nos anos 90, pesquisou na Uni-Rio
documentos do
<br>> IVL, e não encontrou nada que provasse a atividade docente
no IVL nos anos
<br>> 70.
<br>> Recentemente, com lentes especiais, consegui ler as anotações
à lápis, quase
<br>> apagadas, que estão na caixinha do "recording wire".
<br>> Lá estão algumas peças do Guia Prático
e duas preciosidades: Fantasia e
<br>> Mazurka. Essas duas peças para violão foram escritas
por Villa-Lobos quando
<br>> ele estava na faixa etária 14-18 anos. As partituras nunca
foram
<br>> encontradas.
<br>> Se eu recuperar o fio magnético, digitalizando a gravação,
certamente
<br>> poderei, com escutas seguidas e apuradas, escrever as partituras
<br>> desaparecidas. A Fantasia, para violão, foi escrita em 1901
quando Villa
<br>> tinha 14 anos de idade.
<br>>
<br>> Abraço,
<br>> Jorge Antunes
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>> José Luiz Martinez wrote:
<br>> ------ Forwarded Message
<br>> > From: Nicolau Centola <centola.nicolau@gmail.com>
<br>> > Reply-To: MUSIKEION  --  A forum on the meaning of music
<br>> <musikeion@pucsp.br>
<br>> > Date: Tue, 10 Jul 2007 01:02:47 -0300
<br>> > To: MUSIKEION -- A forum on the meaning of music <musikeion@pucsp.br>,
<br>> > <antunes@jorgeantunes.com.br>
<br>> > Subject: Re: [Musikeion] FW: GRAVADOR_DE_ARAME
<br>>
<br>> >
<br>> > Caro Jorge Antunes,
<br>> >
<br>> > vi sua mensagem que foi repassada para uma lista que eu participo.
Vi
<br>> > um gravador de arame em um sebo em São Paulo faz mais ou
menos um mês.
<br>> > A marca é Air King, o modelo da foto
<br>> > <a href="http://www.west-techservices.com/p11.htm">http://www.west-techservices.com/p11.htm</a>
<br>> >
<br>> > Não sei se ele funciona ou não, porque só
vi o aparelho, que me chamou
<br>> > a atenção, pois não conhecia a tecnologia
de wire recording. O sebo
<br>> > fica na rua Aspicuelta, do lado do restaurante/bar São Cristóvão.
Não
<br>> > funciona aos sábados, mas vale uma visita. Se não
me engano, estava
<br>> > custando R$ 300.
<br>> >
<br>> > Mantenha-nos informado dessa pesquisa. Do que se trata? Espero
que
<br>> > tenha ajudado.
<br>> >
<br>> > abraços
<br>> >
<br>> > Nicolua
<br>> >
<br>> > Em 09/07/07, José Luiz Martinez<rudrasena@uol.com.br>
escreveu:
<br>> >>
<br>> >> ------ Forwarded Message
<br>> >>> From: Jorge Antunes <antunes@jorgeantunes.com.br>
<br>> >>> Date: 9 Jul 2007 03:17:52 -0000
<br>> >>> To: <rudrasena@uol.com.br>
<br>> >>> Subject: GRAVADOR_DE_ARAME
<br>> >>>
<br>> >>> Car@s amig@s e colegas:
<br>> >>>
<br>> >>> Estou dando início a projeto de pesquisa musical que depende
da escuta
<br>> de
<br>> >>> gravações antigas de meu acervo: fitas de rolo,
de papel e de arame (fio
<br>> >>> metálico).
<br>> >>>
<br>> >>> Gostaria de saber se alguém tem informações
sobre local, pessoa,
<br>> coleção,
<br>> >>> acervo ou museu, em que eu possa encontrar, funcionando, um gravador
de
<br>> >>> arame
<br>> >>> (anos1940-1950): recording wire.
<br>> >>>
<br>> >>> A informação poderá ser-me útil,
mesmo que o aparelho indicado não
<br>> esteja no
<br>> >>> Brasil.
<br>> >>>
<br>> >>> Grato,
<br>> >>> Jorge Antunes
<br>> >>>
<br>> >>> PS. Não encontrei nada na internet. No MIS (Museu da Imagem
e do Som),
<br>> do
<br>> >>> Rio
<br>> >>> de Janeiro, também não sabem informar. Colecionadores
de aparelhos de
<br>> áudio
<br>> >>> no
<br>> >>> Brasil, também não têm nada. Encontrei um
colecionador de equipamentos
<br>> >>> militares antigos que tem um, mas que não funciona (relíquia
de guerra).
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>></blockquote>
</html>