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Caro Nicolau:
<p>Muito obrigado pela dica.
<br>Por favor, preciso que alguém me informe o e-mail ou telefone
desse sebo, em que você viu o gravador de arame.
<br>Você mora em São Paulo?
<br>Agradeço seu interesse e empenho. Para matar sua curiosidade,
passo a narrar a história.
<p>Preciso arranjar tempo para escrever um artigo (ou um livro) em que
sejam narrados os fatos de1968 e como o rico material ficou sob minha guarda.
<br>Caso encontre o gravador, quero filmar a colocação de
meu rolinho de arame nele e registrar a primeira escuta. Isso poderá
servir para um documentário futuro.
<br>Além do "recording wire", tenho também vários
carretéis de ferro com fita magnética de papel. Já
consegui ouvir alguma coisa: são gravações de palestras
de Villa-Lobos, e de ensaios de coral, com muita bronca, regido por ele.
<p>Se for possível, veja se consegue em alguma biblioteca o livro
"Praia do Flamengo, 132" (número especial da revista Ensaio Nº
3, de 1980, coordenador Yan Michalski), em que vários artistas,
eu entre eles, damos depoimentos sobre o "Prédio da UNE", onde funcionou
o IVL (ex-C.N.C.O.) de 1975 a 1980. Em 1980 derrubaram o prédio
histórico, que pertencera ao Clube Germânia no anos 40.
<br>Recentemente a UNE, que completa 70 anos, conseguiu na Justiça
recuperar, para seu patrimônio, o terreno em que ficava o prédio.
<br>Na revista Ensaio eu conto, com mais detalhes, a história que
resumo a seguir.
<p>Na passeata-enterro do estudante Edson, assassinado pela polícia
da ditadura no restaurante do Calabouço em fins de1968, pouco antes
do AI-5, eu trabalhava em obra nova em meu estúdio no IVL (ex-prédio
da UNE, Praia do Flamengo, 132) onde eu era professor. Era um feriado ou
domingo. Eu trabalhava em minha Missa Populorum Progressio para coro e
fita magnética, que seria estreada em meu casamento (que veio a
acontecer em março de 1969, Henrique Morelembaum regendo o coro
e Vânia Dantas Leite nos sons eletrônicos). Aos gritos de "A
UNE é nossa" os estudantes da passeata tentaram invadir o prédio,
que tinha as portas fechadas.
<br>Eu vivi a cena por dentro do prédio. No filme Jango, do Silvio
Tendler, tem uma cena de arquivo que mostra a cena do lado de fora.
<br>Quando os portões começaram a ceder, eu e um estudante
que me ajudava pegamos as coisas mais preciosas e pulamos o muro dos fundos:
levei o velho gravador Revox do IVL e antigas fitas e carretéis.
<br>Três dias depois levei de volta o gravador para o IVL. Fiquei
com as fitas.
<br>Com o AI-5, em 13 de dezembro, fomos demitidos eu, a Esther Scliar
e o Guerra Peixe.
<br>Logo depois a ditadura fez intervenção no IVL. Os policiais
atearam fogo no prédio e destruiram tudo.
<br>Perdi dois anos de tempo de aposentadoria, porque nenhum documento
referente aos professores da época foi encontrado nos arquivos,
que ficaram com a Uni-Rio. José Maria Neves, nos anos 90, pesquisou
na Uni-Rio documentos do IVL, e não encontrou nada que provasse
a atividade docente no IVL nos anos 70.
<br>Recentemente, com lentes especiais, consegui ler as anotações
à lápis, quase apagadas, que estão na caixinha do
"recording wire".
<br>Lá estão algumas peças do Guia Prático
e duas preciosidades: Fantasia e Mazurka. Essas duas peças para
violão foram escritas por Villa-Lobos quando ele estava na faixa
etária 14-18 anos. As partituras nunca foram encontradas.
<br>Se eu recuperar o fio magnético, digitalizando a gravação,
certamente poderei, com escutas seguidas e apuradas, escrever as partituras
desaparecidas. A Fantasia, para violão, foi escrita em 1901 quando
Villa tinha 14 anos de idade.
<p>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<br> 
<br> 
<p>José Luiz Martinez wrote:
<blockquote TYPE=CITE>------ Forwarded Message
<br>> From: Nicolau Centola <centola.nicolau@gmail.com>
<br>> Reply-To: MUSIKEION  --  A forum on the meaning of music
<musikeion@pucsp.br>
<br>> Date: Tue, 10 Jul 2007 01:02:47 -0300
<br>> To: MUSIKEION -- A forum on the meaning of music <musikeion@pucsp.br>,
<br>> <antunes@jorgeantunes.com.br>
<br>> Subject: Re: [Musikeion] FW: GRAVADOR_DE_ARAME
<br>>
<br>> Caro Jorge Antunes,
<br>>
<br>> vi sua mensagem que foi repassada para uma lista que eu participo.
Vi
<br>> um gravador de arame em um sebo em São Paulo faz mais ou menos
um mês.
<br>> A marca é Air King, o modelo da foto
<br>> <a href="http://www.west-techservices.com/p11.htm">http://www.west-techservices.com/p11.htm</a>
<br>>
<br>> Não sei se ele funciona ou não, porque só vi
o aparelho, que me chamou
<br>> a atenção, pois não conhecia a tecnologia de
wire recording. O sebo
<br>> fica na rua Aspicuelta, do lado do restaurante/bar São Cristóvão.
Não
<br>> funciona aos sábados, mas vale uma visita. Se não me
engano, estava
<br>> custando R$ 300.
<br>>
<br>> Mantenha-nos informado dessa pesquisa. Do que se trata? Espero que
<br>> tenha ajudado.
<br>>
<br>> abraços
<br>>
<br>> Nicolua
<br>>
<br>> Em 09/07/07, José Luiz Martinez<rudrasena@uol.com.br> escreveu:
<br>>>
<br>>> ------ Forwarded Message
<br>>>> From: Jorge Antunes <antunes@jorgeantunes.com.br>
<br>>>> Date: 9 Jul 2007 03:17:52 -0000
<br>>>> To: <rudrasena@uol.com.br>
<br>>>> Subject: GRAVADOR_DE_ARAME
<br>>>>
<br>>>> Car@s amig@s e colegas:
<br>>>>
<br>>>> Estou dando início a projeto de pesquisa musical que depende
da escuta de
<br>>>> gravações antigas de meu acervo: fitas de rolo, de
papel e de arame (fio
<br>>>> metálico).
<br>>>>
<br>>>> Gostaria de saber se alguém tem informações
sobre local, pessoa, coleção,
<br>>>> acervo ou museu, em que eu possa encontrar, funcionando, um gravador
de
<br>>>> arame
<br>>>> (anos1940-1950): recording wire.
<br>>>>
<br>>>> A informação poderá ser-me útil, mesmo
que o aparelho indicado não esteja no
<br>>>> Brasil.
<br>>>>
<br>>>> Grato,
<br>>>> Jorge Antunes
<br>>>>
<br>>>> PS. Não encontrei nada na internet. No MIS (Museu da Imagem
e do Som), do
<br>>>> Rio
<br>>>> de Janeiro, também não sabem informar. Colecionadores
de aparelhos de áudio
<br>>>> no
<br>>>> Brasil, também não têm nada. Encontrei um colecionador
de equipamentos
<br>>>> militares antigos que tem um, mas que não funciona (relíquia
de guerra).</blockquote>
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