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Caro Palombini:
<p>Os parágrafos que você comenta não são de
autoria da Anppom. Eles são meus.
<br>Os comentários que você faz são seus. Por isso
você é o destinatário de minha resposta.
<br>É pouco desconfiar de algumas vanguardas. Faça como eu,
que desconfio de tudo e de todos.
<br>Por favor, não me venha com frases de efeito de Baudelaire.
<br>O livro que você menciona é a ediçao póstuma
de seus diários. Nestes só encontramos ódio.
<br>Os traumas de infância alimentaram o ódio ao general Aupick
e ao mundo.
<br>As críticas à civilização moderna, expressas
nos diários, são desvarios inclusos no bojo daquele ódio.
<br>Logo depois de Baudelaire abandonar os ideais da revolução
de 1848, ele tornou-se aristocrata elitista.
<br>Ser contra bandeiras, militância e luta, não é
postura exclusiva do poeta descobridor de Poe.
<br>Isso é pensamento permanente da direita. Vatimmo continua tentando
convencer-nos de que o capitalismo e a democracia burguesa são o
auge.
<br>A Vanguarda não acabou e a História não acabou,
simplesmente porque a Luta de Classes não acabou.
<br>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<p>carlos palombini wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Acredito em algumas vanguardas, mas desconfio muito
de outras.
<br>Sobretudo, desconfio de vanguardas artísticas que vociferam
seu direito
<br>de serem sustentadas pelo estado (i.e. pelo contribuinte, que sou eu)
e,
<br>na falta de tal sustento, atacam o governo vigente, seja este qual
for.
<p>> Existe um oceano de coisas distintas, que não são distintas
aos olhos
<br>> e aos ouvidos de leigos, de surdos, de musicólogos, de cegos
e de
<br>> críticos musicais da grande imprensa. Esse oceano é
chamado de
<br>> pós-modernismo.
<br>>
<p>Existem idéias nebulosas que gradualmente configuram um fato
novo.
<br>"Pós-modernismo" pode ser uma destas. A possibilidade de que
isto
<br>aconteça foi demonstrada por Thomas Kuhn, filósofo da
ciência, em 1962,
<br>no livro _The Structure of Scientific Revolutions_.
<p>> Existe uma parte desse oceano que é formada por compositores
<br>> /soi-disant /pós-modernos, mas que não passam de neoclássicos
<br>> envergonhados que tentam tapar o sol com a peneira. Aproveitando-se
da
<br>> ignorância perceptiva e estética de incautos, alguns
conseguem, apesar
<br>> do sol escaldante, fazer sombra com a peneira.
<br>>
<p>Aproveitar-se da ignorância perceptiva e estética de incautos
não é,
<br>absolutamente, apanágio dos compositores pós-modernos.
<p>> Existe outra parte formada por compositores viciados ou recém-viciados
<br>> no ópio do povo (religião), que, em busca de uma hipotética
e falsa
<br>> êxtase espiritual das esferas, aderem à retaguarda,
alardeando uma
<br>> mentira: o fim das vanguardas.
<br>> Em verdade vos digo que a História não acabou e que
a Vanguarda não
<br>> acabou.
<br>>
<br>Que a história enquanto disciplina não tenha acabado
é evidente. Não
<br>acabou porque soube reconsiderar suas premissas e objetivos em vista
de
<br>novos paradigmas (homenagem a Kuhn) narrativos.
<p>No que diz respeito a vanguardas e retaguardas, Baudelaire discordou
de
<br>você há um século e meio, quando a idéia
de uma vanguarda artística
<br>nascia ainda. Veja o que ele escreveu em meados do século XIX,
num livro
<br>extraordinário chamado _Mon coeur mis a nu_.
<p>XXIII
<p>Do amor, da predileção dos franceses pelas metáforas
militares. Toda a
<br>metáfora aqui usa bigodes.
<p>Literatura militante.
<br>Estar pronto para a luta.
<br>Carregar alta a bandeira.
<br>Segurar a bandeira alto e firme.
<br>Jogar-se na batalha.
<br>Um dos veteranos.
<p>Todas estas fraseologias gloriosas aplicam-se geralmente a pernósticos
e
<br>moscas de bar.
<p>***
<p>Metáforas francesas
<p>Soldado da imprensa judicial (Bertin).
<br>A imprensa militante.
<p>***
<p>Para acrescentar às metáforas francesas:
<p>Os poetas de combate.
<br>Os literatos de vanguarda.
<br>Estes hábitos de metáforas militares denotam espíritos,
não militantes,
<br>mas feitos para a disciplina, isto é, para a conformidade, espíritos
<br>nascidos domésticos, espíritos belgas, que só
podem pensar em sociedade.</blockquote>
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