<html><head><style type="text/css"><!-- DIV {margin:0px;} --></style></head><body><div style="font-family:times new roman,new york,times,serif;font-size:14pt"><div style="font-family: times new roman,new york,times,serif; font-size: 14pt;"><font size="4">Caro Prof. Antunes,<br>Admiro seu espírito criativo, combativo, bem-humorado e as iniciativas corajosas que sempre teve, nos diversos períodos políticos que temos vivido. Minha crítica a suas palavras se resumiram à maneira com que se referiu nesta lista a possíveis "ingênuos" e " medíocres" . Em outra ocasião, lembro que suas palavras foram bastante fortes contra um de nossos colegas, pessoa extremamente  pacata, colaborativa e respeitosa. Acredito que caiba este tipo de  comentário  ético "auto-regulatório" (mas nunca como censura ou ato autoritário) em qualquer comunidade humana, mesmo as  "virtuais"  como esta, até porque  esta representa  uma instituição
 real que é a ANPPOM.<br>Todos sabemos, por mais politicamente ingênuos que possamos ser, que fazer política não se restringe a opções e atividades partidárias e sindicais, senão seria mais político aquele que mais acumulasse carteirinhas dos inúmeros partidos e sindicatos.<br>Felizmente, e graças a uma democracia conquistada a duras penas, sua atitude independente e alternativa, aliada a uma postura crítica ao "establishment", sempre inteligente, não o impossibilitaram de ser professor titular de uma autarquia federal, de ter recebido verbas da CAPES, CNPq, de ter assumido posições consultivas nestes órgãos e obtido apoio de instituições públicas e governamentais de outros países. <br></font><font size="4">Não me referi a nenhuma instituição em particular, mas entendo que sua interlocução não foi exclusivamente nos carros da rua,
mediante caixas eletroacústicas e em meio a manifestações de massa. </font><br><font size="4">Também não o critico nem ousaria questionar o seu direito de obter  patrocínios de bancos, públicos ou privados, e de obter apoio do ministério da cultura através da lei de renúncia fiscal.<br></font><font size="4"><span style="font-family: times new roman,new york,times,serif;">Sempre acompanhei sua atuação relevante nas Bienais de Música Contemporânea e, mais recentemente e com grande interesse, a apresentação de seus espetáculos </span></font><font style="font-family: times new roman,new york,times,serif;" color="#000000" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size="4">Speculum Brasilis, realizados e patrocinados pelo Centro Cultural do Banco do Brasil. </font><font size="4"><br><br>Agradeço muito às suas recomendações gerais e pela fórmula de como "chegar lá". <br><br>Espero um dia ser respeitado, e como possuo pouquíssimos
 inimigos e adversários, que seja prioritariamente pelos nossos governantes/representantes  legais no congresso e senado brasileiros. Assim, sentiria que nossa sociedade tivesse recomeçado a caminhar, e para a frente.<br>Abraço, <br>Leonardo</font><br><br><div style="font-family: times new roman,new york,times,serif; font-size: 12pt;">----- Original Message ----<br>From: SBME . <sbme@sbme.com.br><br>To: Leonardo Fuks <cyclophonica@yahoo.com><br>Cc: anppom-l@iar.unicamp.br<br>Sent: Saturday, October 6, 2007 11:31:36 AM<br>Subject: Re: [ANPPOM-L] insinuação do Antunes<br><br><div>Caro Fuks:<br><br>Não tenho qualquer interlocução com as instituições a que você se refere.<br>Pelo contrário: tenho é muita distância, muita crítica.<br>Todos em Brasília e no Brasil sabem que no governo do PSDB eu era<br>militante do PT, que nos governos do PT fui militante do PSTU e que<br>desde 2005 sou militante do PSOL. Minha interlocução
 com os organismos<br>a que você se refere é feita na rua, em carros de som, em artigos de<br>jornais, em manifestações de massa.<br>Mas nunca parei de compor, dar aulas e desenvolver pesquisas. Lamento<br>que você não conheça minhas canções "Seis Missivas BB", meu artigo de<br>jornal "Fora Gil", minha ópera "Olga", meu artigo de revista<br>"Carta-aberta ao prefeito de São Paulo", meu artigo na Folha "Um<br>Brasil sem orquestras quer orquestrar o mundo", e tantas outras<br>produções de combate.<br>Depois de passar décadas elaborando e submetendo projetos, é comum<br>virmos a ser atendidos um dia. Não se desespere. Os adversários e<br>inimigos um dia acabam se convencendo da consistência científica e/ou<br>artística, quando ela existe.<br>Hoje, tenho consciência disto, sou respeitado até mesmo pelos meus<br>inimigos e adversários políticos. Insista. Você vai chegar lá.<br>Respeitabilidade é predicado que se consegue na luta e na
 coerência.<br>Isso, sem concessões, sem capitulações, sem invejas dos vencedores,<br>sem submissão aos donos do poder, sem mutismos e sem covardias.<br>Essa a fórmula.<br>Abraço,<br>Jorge Antunes<br><br><br><br>Em 06/10/07, Leonardo Fuks<cyclophonica@yahoo.com> escreveu:<br>><br>><br>> Quanto às observações assumidamente pessoais do professor e colega Antunes,<br>> "com respeito à ingenuidade acadêmica e científica de alguns de nossos<br>> pares."<br>> " Essa ingenuidade, essa despolitização, que às vezes chega às raias da<br>> mediocridade, tem dado enorme<br>> prejuizo à prática e ao ensino das artes na Universidade brasileira."<br>> "Parece que não se pretende mais formar compositores intelectuais de sólida<br>> formação em acústica, psicoacústica e eletroacústica. "<br>><br>> Permitam-me discordar do tom utilizado nas observações, pois embora possuam<br>> o "disclaimer" de
 serem pessoais, referem-se a assuntos acadêmicos<br>> extremamente sensíveis e em seguida qualificam (in)determinados colegas de<br>> ingênuos e medíocres.<br>> Sabemos que o professor titular Antunes não é ingênuo, pois possui muitos<br>> anos de experiência nos caminhos de Brasília e tem tido a oportunidade da<br>> interlocução  política nos ministérios, empresas estatais e órgãos de<br>> fomento.<br>> Desta maneira, gostaria de sugerir que nos transmitisse  esta experiência<br>> acumulada  nas instituições públicas por meio de artigos,  livros e outras<br>> formas  possíveis.<br>> Devo dizer que conheço poucos compositores intelectuais de sólida formação<br>> em acústica, psicoacústica e eletroacústica, ou em pelo menos duas destas<br>> três áreas. Certamente o professor Antunes, com sua formação em física,<br>> seria um dos poucos
 que se enquadrarim nesta categoria no país.<br>> Quanto à realização de pesquisa nesta área, posso relatar que dois anos após<br>> retornar de meu doutorado em acústica musical na Suécia, apresentei projeto<br>> de pesquisa ao CNPq. Não apenas o pedido de bolsa foi indeferido, o que<br>> seria evidentemente possível e compreensível, como também a comissão formada<br>> para avaliá-lo emitiu um parecer inaceitável para alguém minimamente<br>> instruído em acústica musical. Certamente alguém com dificuldade em<br>> distinguir uma "onda senoidal de uma onda dente-de-serra".<br>> E, segundo o CNPq informou, o comitê de consultivo de avaliação era formado<br>> por membros experts da área de música, sem os listar.<br>> Neste caso, não bastaria a falta de ingenuidade para lidar com  "cientistas"<br>> externos, mas também com colegas músicos que  frequentam estas comissões
 de<br>> avaliação. Lembro que muitos de nós somos cientistas,  ou pelo menos<br>> afirmamos ser.<br>><br>> Quanto às outras questões abordadas pelo professor Antunes  sobre o perfil<br>> do músico-universitário, das provas de habilitação e do papel da<br>> universidade no campo das artes, considero que prestam um serviço à<br>> discussão (certamente polêmica) e à elucidação de problemas que nos<br>> acometem.<br>><br>><br>> Leonardo Fuks<br>> PhD em Acústica musical<br>> Escola de Música da UFRJ<br>><br>><br>> Message: 2<br>> Date: Fri, 5 Oct 2007 16:10:00 -0700 (PDT)<br>> From: eduardo luedy <eluedy@yahoo.com><br>> Subject: Re: [ANPPOM-L] insinuação do Antunes<br>> To: antunes@unb.br, Yo Argentino <musicoyargentino@hotmail.com>,<br>>     anppom-l@iar.unicamp.br<br>> Message-ID:
 <25021.63081.qm@web36809.mail.mud.yahoo.com><br>> Content-Type: text/plain; charset=iso-8859-1<br>><br>> Prezados colegas da anppom,<br>><br>> Este debate está muito interessante.<br>> Concordo em quase tudo que foi dito pelo Jorge<br>> Antunes. Também lamento que a crença no "talento", no<br>> "dom inato" ainda se façam tão presentes em nosso meio<br>> acadêmico. Também lamento a despolitização de nossa<br>> área, como se nós músicos da academia vivêssemos<br>> isolados numa estufa - não afetando, nem sendo<br>> afetados pelas políticas mais amplas. Costumamos<br>> conceber o estudo da música como algo a-histórico e<br>> eminentemente técnico-instrumental. No entanto,<br>> preocupa-me a afirmação de que uma "sólida formação em<br>> acústica, psicoacústica e eletroacústica" poderia nos<br>> ajudar a politizar nossa formação. Mais do que<br>> (apenas?) questionar a
 hegemonia simbólica do sistema<br>> tonal, acho que alguma formação, ainda que panorâmica,<br>> em filosofia, sociologia e mesmo em etnomusicologia,<br>> poderia nos ajudar a compreender melhor os efeitos de<br>> nossos discursos.<br>><br>> Abraços a todos,<br>><br>> Eduardo Luedy<br>><br>> --- Jorge Antunes <antunes@unb.br> wrote:<br>><br>> > Querido Damián:<br>> ><br>> > Não tenho qualquer acusação a fazer. Só conto com a<br>> > observação pessoal com respeito à ingenuidade<br>> > acadêmica e científica de alguns de nossos pares.<br>> > Essa ingenuidade, essa despolitização, que às vezes<br>> > chega às raias da mediocridade, tem dado enorme<br>> > prejuizo à prática e ao ensino das artes na<br>> > Universidade brasileira.<br>> > Então, quando um acadêmico da área de artes toma<br>> > assento em colegiado rodeado de
 cientistas,<br>> > filósofos, sociólogos, muitas vezes faz intervenções<br>> > risíveis. A saída, então, passa a ser aquela de se<br>> > apregoar que nossa área tem especificidades que os<br>> > da área de ciências não entendem.<br>> > Muitos defendem, inclusive, que o resultado da prova<br>> > de habilitação em música tenha muito peso,<br>> > reivindicando maior diminuição dos pesos, no<br>> > vestibular, das provas de ciências, história e<br>> > línguas. O emburrecimento e a alienação das novas<br>> > gerações, com isso, vem sendo aumentados. Parece que<br>> > não se deseja formar violinistas. O que se quer é<br>> > formar tocadores de violino.<br>> > Parece que não se pretende mais formar compositores<br>> > intelectuais de sólida formação em acústica,<br>> > psicoacústica e eletroacústica. O que se pretende é<br>> > formar
 arranjadores submissos ao mercado, ao bispo,<br>> > ao papa e ao pastor.<br>> > O formando, observamos, não precisa saber falar bem,<br>> > escrever bem, pensar bem, criticar bem, opinar bem.<br>> > Essas coisas tem ficado ao encargo do pastor e da<br>> > prática no culto. Na Universidade o importante é ele<br>> > saber tocar o que está escrito no pentagrama,<br>> > quietinho, caladinho, sob a batuta de espoliadores e<br>> > autoridades.<br>> > Pretender que se implante um exame de aptidão numa<br>> > Universidade é de um reacionarismo inaceitável.<br>> > Quem usa a palavra "aptidão" tem que ser realmente<br>> > desconsiderado. Ao se defender um "exame de<br>> > aptidão", com essa designação, não se está cometendo<br>> > um equívoco de linguagem. O que está acontecendo é a<br>> > defesa da idéia de que se acredita na existência de<br>> >
 "talentos" e de "pendores inatos". E que na<br>> > Universidade só deve entrar "quem tem talento".<br>> > Menos mal será defender, pelo menos por enquanto, a<br>> > aplicação de "provas específicas". Essas provas não<br>> > avaliam "talento". Essas provas não avaliam<br>> > "aptidões". Essas provas não avaliam "pendores<br>> > artísticos". Elas avaliam grau de conhecimentos<br>> > teórico-musicais e domínio auditivo do sistema<br>> > tonal. O que, aliás, também é lamentável. O que se<br>> > deseja é o ingresso de bons solfejadores. A maioria<br>> > dos avaliadores busca candidatos que saibam<br>> > reconhecer e distinguir o modo maior do modo menor,<br>> > o timbre do oboé do timbre do violino, o acorde de<br>> > sétima da dominante do acorde de sétima da sensível.<br>> > Mas os avaliadores não acham importante saber<br>> > distinguir uma onda
 senoidal de uma onda<br>> > dente-de-serra.<br>> > Abraço,<br>> > Jorge Antunes<br>> ><br>> > PS. Yo Brasileiro.<br>> ><br>><br>><br>>  ________________________________<br>> Tonight's top picks. What will you watch tonight? Preview the hottest shows<br>> on Yahoo! TV.<br>> ________________________________________________<br>> Lista de discussões ANPPOM<br>> <a target="_blank" href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>> ________________________________________________<br>><br></div></div><br></div></div><br>
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