<!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.0 Transitional//EN">
<HTML><HEAD>
<META http-equiv=Content-Type content="text/html; charset=iso-8859-1">
<META content="MSHTML 6.00.2900.3157" name=GENERATOR>
<STYLE></STYLE>
</HEAD>
<BODY bgColor=#ffffff>
<DIV><FONT face=Arial size=2>caro Prof. Hugo Leonardo Ribeiro,</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>o senhor escreveu:</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><EM>"uma música "antiga", cheia de regras, de preconceitos harmônicos
(consonâncias e dissonâncias)"</EM></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>prezado colega, com todo respeito,
preconceituosa é a sua generalização...</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>dissonância(s) e consonância(s) são sempre
historialmente contextuais (em cada época a questão é posta de modo diverso),
ainda quando se pode reduzir a tanto...</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>regras? nenhum único grande compositor deixou de
criar as suas...</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>me perdoe, mas colocar tudo no mesmo saco é
desconhecer os fundamentos das poéticas musicais ao longo da história - e temos
aí pelo menos uns 2500 anos de música escrita,</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>temos que diferenciar melhor este seu "antigo",
pois então sua compreensão do "novo" pode ser prejudicada e
igualmente sua escuta pode se tornar por demais redutiva...</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>mas enfim, é preciso <U>talento</U> antes de
mais nada para se ouvir música... as linguagens, os estilos, as estruturas,
as texturas de fato em suas ricas relações com os parâmetros musicais, os
contrastes, as liberdades formais, o métier, as singularidades
poéticas...</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>não deixa de ser um exercício exaustivo para
aquele que se aventura a "aprimorar o gosto
elitista"...</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Rubens Ricciardi</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<BLOCKQUOTE
style="PADDING-RIGHT: 0px; PADDING-LEFT: 5px; MARGIN-LEFT: 5px; BORDER-LEFT: #000000 2px solid; MARGIN-RIGHT: 0px">
<DIV style="FONT: 10pt arial">----- Original Message ----- </DIV>
<DIV
style="BACKGROUND: #e4e4e4; FONT: 10pt arial; font-color: black"><B>From:</B>
<A title=hugolribeiro@yahoo.com.br
href="mailto:hugolribeiro@yahoo.com.br">Hugo Leonardo Ribeiro</A> </DIV>
<DIV style="FONT: 10pt arial"><B>To:</B> <A title=anppom-l@iar.unicamp.br
href="mailto:anppom-l@iar.unicamp.br">anppom-l@iar.unicamp.br</A> </DIV>
<DIV style="FONT: 10pt arial"><B>Cc:</B> <A title=rrr@usp.br
href="mailto:rrr@usp.br">rrr@usp.br</A> ; <A
title=musicoyargentino@hotmail.com
href="mailto:musicoyargentino@hotmail.com">Yo Argentino</A> </DIV>
<DIV style="FONT: 10pt arial"><B>Sent:</B> Monday, October 08, 2007 9:18
AM</DIV>
<DIV style="FONT: 10pt arial"><B>Subject:</B> [ANPPOM-L] Qual a música que
queremos em nossas Universidades?</DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT><BR></DIV>Apesar de "lutar" contra
qualquer forma de elitismo musical disfarçado sob o pseudônimo de "dom" ou
"talento" (John Blacking vem logo à mente), acredito que nossos exames de
conhecimento específico estão realmente descontextualizados. Há muitos mais
saberes musicais que poderiam ser aproveitados na academia. Mas as provas
específicas de música são muito limitadas em sua capacidade de avaliar a
musicalidade de uma pessoa. <BR><BR>Lembro também das palavras de Lucas
Robatto, quando afirmava que Widmer fez uma experiência quando pegava pessoas
"comuns" e as transformava em grandes compositores de música contemporânea,
cujo exemplo mais claro e incontestável foi Agnaldo Ribeiro. Pelo que parece,
para Widmer, o acúmulo de conhecimento sobre as regras e teorias tonais iriam
"atrapalhar" a criatividade latente (Schaffer) que existe dentro de nós,
principalmente no que se referia à liberdade de experimentar novos sons, novas
combinações harmônicas e timbrísticas. <BR><BR>Uma breve comparação auditiva
entre as obras de dois compositores que foram alunos na UFBA, em períodos
distintos, Agnaldo Ribeiro (livre, sem amarras tonais) e Wellington Gomes
(cujo conhecimento tonal prévio está indiscutivelmente presente em sua obra),
nos revela essa diferença de pensamento composicional. Não há mérito ou
demérito. Há diferentes formas de pensar e sentir música. <BR><BR>Recentemente
tive uma experiência semelhante durante minha pesquisa para a tese de
doutorado. Deparei com dois músicos com qualidades e saberes diferentes. Cada
qual poderia ser considerado um excelente músico dentro do estilo que tocavam.
Ambos eram guitarristas de Metal. Mas um toca Heavy Metal, com todo um
conhecimento tonal que implica tocar esse estilo. O outro toca Death Metal,
com toda anarquia atonal que o estilo exige. Mas, digamos, se ambos quisessem
fazer um curso superior em Composição, o primeiro sairia na vantagem, pois já
traria uma bagagem de vivência prática e teórica a respeito de um tipo de
música que será a base da avaliação, ou seja, a música tonal, seja em termos
teóricos, gramaticais ou perceptivos. O segundo guitarrista teria que se
esforçar em aprender as regras do sistema tonal, para poder ser admitido, e
todo seu conhecimento musical, sua experiência e prática não seriam levados em
consideração. O paradoxo está no fato que, o primeiro vivencia uma música
"antiga", cheia de regras, de preconceitos harmônicos (consonâncias e
dissonâncias), enquanto que o segundo vivencia uma música muito mais moderna,
contextualizada com o caos urbano, sem preconceitos, sem amarras teóricas, e
com muito mais liberdade sonora (inclusive no uso de texturas densas como um
ruido branco, ou claras como um dedilhado com a guitarra "clean").
<BR><BR>Inclusive esse guitarrista de Death Metal chegou a me procurar para
ter aulas particulares sobre escalas e harmonias, como ele próprio disse. Nos
desencontramos antes que pudesse dar a resposta. Mas confesso que fiquei com
medo de que, ao ensiná-lo regras tonais, acabasse por reprimir de alguma forma
suas idéias atonais que eu tanto admirava. <BR><BR>E concordo plenamente com o
Antunes quando ele nos provoca para repensarmos nossos exames de "aptidão
musical". Como podemos esperar compositores, intérpretes e público de música
contemporânea se ainda exigimos que, para entrar na Universidade, eles passem
anos de suas vidas estudando a música de três séculos atrás? Como criticar as
orquestras por tocarem tanto Mozart e Beethoven, se é esse o repertório que
elegemos como "cavalos de batalha", como diria o pajé Manuel Veiga?
<BR><BR>Vou parar por aqui pois acho que já estou me repetindo, e creio que
vocês já entenderam o que eu queria dizer, ou melhor, provocar.<BR><BR>Hugo
RIbeiro<BR><BR><BR>
<DIV><SPAN class=gmail_quote>Em 08/10/07, <B class=gmail_sendername>Rubens
Ricciardi</B> <<A href="mailto:rrrr@usp.br">rrrr@usp.br</A>>
escreveu:</SPAN>
<BLOCKQUOTE class=gmail_quote
style="PADDING-LEFT: 1ex; MARGIN: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; BORDER-LEFT: rgb(204,204,204) 1px solid">meus
caros, <BR><BR>então "talento" não existe??? é tudo "crença"???<BR><BR>pois
viva o mediano! viva o politicamente correto! - aí sim se está salvo
e<BR>seguro na própria mesquinhez...<BR><BR>Rubens
Ricciardi<BR><BR><BR>----- Original Message -----<BR>From: "eduardo luedy"
<<A href="mailto:eluedy@yahoo.com">eluedy@yahoo.com</A>><BR>To: <<A
href="mailto:antunes@unb.br">antunes@unb.br</A>>; "Yo Argentino" < <A
href="mailto:musicoyargentino@hotmail.com">musicoyargentino@hotmail.com</A>>;<BR><<A
href="mailto:anppom-l@iar.unicamp.br">anppom-l@iar.unicamp.br</A>><BR>Sent:
Friday, October 05, 2007 8:10 PM<BR>Subject: Re: [ANPPOM-L] insinuação do
Antunes <BR><BR><BR>Prezados colegas da anppom,<BR><BR>Este debate está
muito interessante.<BR>Concordo em quase tudo que foi dito pelo
Jorge<BR>Antunes. Também lamento que a crença no "talento", no<BR>"dom
inato" ainda se façam tão presentes em nosso meio
<BR>acadêmico.............. Abraços a todos,<BR><BR>Eduardo
Luedy<BR><BR>________________________________________________<BR>Lista de
discussões ANPPOM<BR><A
href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
</A><BR>________________________________________________<BR></BLOCKQUOTE></DIV><BR>
<P>
<HR>
<P></P>________________________________________________<BR>Lista de discussões
ANPPOM
<BR>http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<BR>________________________________________________
<P>
<HR>
<P></P>No virus found in this incoming message.<BR>Checked by AVG Free
Edition. <BR>Version: 7.5.488 / Virus Database: 269.14.0/1046 - Release Date:
3/10/2007 10:08<BR></BLOCKQUOTE></BODY></HTML>