<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
<html>
Amigos:
<p>"Qual a música que queremos em nossas Universidades?"
<p>A pergunta precisa ser melhor formulada.
<br>O tempo verbal "queremos" carrega, de forma elíptica, o pronome
"nós".
<br>Assim, a pergunta é:
<br>"Qual a música que nós queremos em nossas Universidades?"
<br>Então, imediatamente eu perguntaria:
<br><font size=+1>Nós? Nós, quem?</font>
<br>O que faríamos para medir esse "nós"? Uma enquete? Um
plebiscito?
<br>Vamos avaliar o que deseja a maioria de nós?
<br>O Brasil, como todos sabem, vem sendo destruído pela maioria,
conformada e passiva frente a esta democracia burguesa.
<br>Eu não preciso de tanto trabalho, pois percebo que a maioria
de nós quer música tradicional e música popular em
nossas Universidades.
<br>Sou, e sempre fui, defensor das minorias.
<br>Melhor seria lançar uma outra pergunta:
<br>Quais músicas devem estar na Universidade, pelo bem das gerações
futuras e pela construção da nação brasileira
ideal, apesar de que a maioria de nós esteja interessada apenas
no atual mercado de trabalho, na manutenção do status quo
e na fruição e gozo do legado do passado?
<br>Abraços,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<br> 
<br> 
<p>Hugo Leonardo Ribeiro wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Caro Rubens,
<br>Infelizmente atualmente estou incapacitado para responder mais profundamente,
pois estou no Encontro Nacional da ABEM, em Campo Grande, com acesso restrito
à internet. Mas deixo a mesma provocação que fiz à
professora Beatriz Ilari, após sua palestra hoje pela manhã:
<p>Como podemos nós, da Etnomusicologia, Sociologia da Educação
Musical, e Educação Musical falarmos em diversidade musical
como uma realidade, como uma prática nas instituições
de ensino de música (e não mais como dilema) se, para ser
um etnomusicólogo ou um educador musical (muitos diriam que isso
é um neologismo) precisamos, obrigatoriamente aprender contraponto
e harmonia durante quatro anos?
<p>Será que um dia será possível reconhecermos um
excelente músico como merecedor de um diploma de curso superior
sem ter que obrigá-lo a cursar tais disciplinas dogmáticas?
<p>Será que seria possível pensarmos num currículo
de um curso superior de música, aberto e flexível o suficiente
para um aluno de composição, educação musical,
violino, ou o que for, escolher não cursar determinadas disciplinas
ou ter que executar determinado repertório canônico, e ainda
assim poder se formar e seguir adiante profissionalmente?
<p>Quando eu voltar para Aracaju, eu continuo...
<p>Um abraço, e obrigado pela oportunidade da discussão.
<p>Hugo Ribeiro
<br> 
<br> <span class="gmail_quote">Em 09/10/07, <b>Rubens Ricciardi
</b><<a href="mailto:rrrr@usp.br">rrrr@usp.br</a>>
escreveu:</span>
<blockquote class="gmail_quote" style="border-left: 1px solid rgb(204, 204, 204); margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; padding-left: 1ex;"> 
<div bgcolor="#ffffff"><font face="Arial"><font size=-1>caro Prof. Hugo
Leonardo Ribeiro,</font></font> <font face="Arial"><font size=-1>o
senhor escreveu:</font></font><span class="q"> <i>"uma música
"antiga", cheia de regras, de preconceitos harmônicos (consonâncias
e dissonâncias)"</i> </span><font face="Arial"><font size=-1>prezado
colega, com todo respeito, preconceituosa é a sua generalização...</font></font> <font face="Arial"><font size=-1>dissonância(s)
e consonância(s) são sempre historialmente contextuais (em
cada época a questão é posta de modo diverso), ainda
quando se pode reduzir a tanto...</font></font> <font face="Arial"><font size=-1>regras?
nenhum único grande compositor deixou de criar as suas...</font></font> <font face="Arial"><font size=-1>me
perdoe, mas colocar tudo no mesmo saco é desconhecer os fundamentos
das poéticas musicais ao longo da história - e temos aí
pelo menos uns 2500 anos de música escrita,</font></font> <font face="Arial"><font size=-1>temos
que diferenciar melhor este seu "antigo", pois então sua compreensão
do "novo" pode ser prejudicada e igualmente sua escuta pode se tornar por
demais redutiva...</font></font> <font face="Arial"><font size=-1>mas
enfim, é preciso <u>talento</u> antes de mais nada para se ouvir
música... as linguagens, os estilos, as estruturas, as texturas
de fato em suas ricas relações com os parâmetros musicais,
os contrastes, as liberdades formais, o métier, as singularidades
poéticas...</font></font> <font face="Arial"><font size=-1>não
deixa de ser um exercício exaustivo para aquele que se aventura
a "aprimorar o gosto elitista"...</font></font> <font face="Arial"><font size=-1>Rubens
Ricciardi</font></font> 
<blockquote style="border-left: 2px solid rgb(0, 0, 0); padding-right: 0px; padding-left: 5px; margin-left: 5px; margin-right: 0px;"><span class="q">
<div style="font-family: arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; font-size: 10pt; line-height: normal; font-size-adjust: none; font-stretch: normal;">-----
Original Message -----</div>

<div style="background: rgb(228, 228, 228) none repeat scroll 0% 50%; -moz-background-clip: -moz-initial; -moz-background-origin: -moz-initial; -moz-background-inline-policy: -moz-initial; font-family: arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; font-size: 10pt; line-height: normal; font-size-adjust: none; font-stretch: normal;"><b>From:</b>
<a href="mailto:hugolribeiro@yahoo.com.br" title="hugolribeiro@yahoo.com.br" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">Hugo
Leonardo Ribeiro</a></div>

<div style="font-family: arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; font-size: 10pt; line-height: normal; font-size-adjust: none; font-stretch: normal;"><b>To:</b>
<a href="mailto:anppom-l@iar.unicamp.br" title="anppom-l@iar.unicamp.br" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">anppom-l@iar.unicamp.br</a></div>

<div style="font-family: arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; font-size: 10pt; line-height: normal; font-size-adjust: none; font-stretch: normal;"><b>Cc:</b>
<a href="mailto:rrr@usp.br" title="rrr@usp.br" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">rrr@usp.br</a>
; <a href="mailto:musicoyargentino@hotmail.com" title="musicoyargentino@hotmail.com" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">Yo
Argentino</a></div>

<div style="font-family: arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; font-size: 10pt; line-height: normal; font-size-adjust: none; font-stretch: normal;"><b>Sent:</b>
Monday, October 08, 2007 9:18 AM</div>

<div style="font-family: arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; font-size: 10pt; line-height: normal; font-size-adjust: none; font-stretch: normal;"><b>Subject:</b>
[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossas Universidades?</div>
 Apesar de "lutar" contra qualquer forma de elitismo musical disfarçado
sob o pseudônimo de "dom" ou "talento" (John Blacking vem logo à
mente), acredito que nossos exames de conhecimento específico estão
realmente descontextualizados. Há muitos mais saberes musicais que
poderiam ser aproveitados na academia. Mas as provas específicas
de música são muito limitadas em sua capacidade de avaliar
a musicalidade de uma pessoa.
<p>Lembro também das palavras de Lucas Robatto, quando afirmava
que Widmer fez uma experiência quando pegava pessoas "comuns" e as
transformava em grandes compositores de música contemporânea,
cujo exemplo mais claro e incontestável foi Agnaldo Ribeiro. Pelo
que parece, para Widmer, o acúmulo de conhecimento sobre as regras
e teorias tonais iriam "atrapalhar" a criatividade latente (Schaffer) que
existe dentro de nós, principalmente no que se referia à
liberdade de experimentar novos sons, novas combinações harmônicas
e timbrísticas.
<p>Uma breve comparação auditiva entre as obras de dois compositores
que foram alunos na UFBA, em períodos distintos, Agnaldo Ribeiro
(livre, sem amarras tonais) e Wellington Gomes (cujo conhecimento tonal
prévio está indiscutivelmente presente em sua obra), nos
revela essa diferença de pensamento composicional. Não há
mérito ou demérito. Há diferentes formas de pensar
e sentir música.
<p>Recentemente tive uma experiência semelhante durante minha pesquisa
para a tese de doutorado. Deparei com dois músicos com qualidades
e saberes diferentes. Cada qual poderia ser considerado um excelente músico
dentro do estilo que tocavam. Ambos eram guitarristas de Metal. Mas um
toca Heavy Metal, com todo um conhecimento tonal que implica tocar esse
estilo. O outro toca Death Metal, com toda anarquia atonal que o estilo
exige. Mas, digamos, se ambos quisessem fazer um curso superior em Composição,
o primeiro sairia na vantagem, pois já traria uma bagagem de vivência
prática e teórica a respeito de um tipo de música
que será a base da avaliação, ou seja, a música
tonal, seja em termos teóricos, gramaticais ou perceptivos. O segundo
guitarrista teria que se esforçar em aprender as regras do sistema
tonal, para poder ser admitido, e todo seu conhecimento musical, sua experiência
e prática não seriam levados em consideração.
O paradoxo está no fato que, o primeiro vivencia uma música
"antiga", cheia de regras, de preconceitos harmônicos (consonâncias
e dissonâncias), enquanto que o segundo vivencia uma música
muito mais moderna, contextualizada com o caos urbano, sem preconceitos,
sem amarras teóricas, e com muito mais liberdade sonora (inclusive
no uso de texturas densas como um ruido branco, ou claras como um dedilhado
com a guitarra "clean").
<p>Inclusive esse guitarrista de Death Metal chegou a me procurar para
ter aulas particulares sobre escalas e harmonias, como ele próprio
disse. Nos desencontramos antes que pudesse dar a resposta. Mas confesso
que fiquei com medo de que, ao ensiná-lo regras tonais, acabasse
por reprimir de alguma forma suas idéias atonais que eu tanto admirava.
<p>E concordo plenamente com o Antunes quando ele nos provoca para repensarmos
nossos exames de "aptidão musical". Como podemos esperar compositores,
intérpretes e público de música contemporânea
se ainda exigimos que, para entrar na Universidade, eles passem anos de
suas vidas estudando a música de três séculos atrás?
Como criticar as orquestras por tocarem tanto Mozart e Beethoven, se é
esse o repertório que elegemos como "cavalos de batalha", como diria
o pajé Manuel Veiga?
<p>Vou parar por aqui pois acho que já estou me repetindo, e creio
que vocês já entenderam o que eu queria dizer, ou melhor,
provocar.
<p>Hugo RIbeiro
<br> 
<p></span><span class="gmail_quote">Em 08/10/07, <b>Rubens Ricciardi</b>
<<a href="mailto:rrrr@usp.br" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">rrrr@usp.br</a>>
escreveu:</span>
<blockquote class="gmail_quote" style="border-left: 1px solid rgb(204, 204, 204); margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; padding-left: 1ex;"><span class="q">meus
caros,
<p>então "talento" não existe??? é tudo "crença"???
<p>pois viva o mediano! viva o politicamente correto! - aí sim se
está salvo e
<br>seguro na própria mesquinhez...
<p>Rubens Ricciardi
<br> 
<p>----- Original Message -----
<br>From: "eduardo luedy" <<a href="mailto:eluedy@yahoo.com" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">eluedy@yahoo.com</a>>
<br></span><span class="q">To: <<a href="mailto:antunes@unb.br" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">
antunes@unb.br</a>>; "Yo Argentino" < <a href="mailto:musicoyargentino@hotmail.com" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">musicoyargentino@hotmail.com</a>>;
<br><<a href="mailto:anppom-l@iar.unicamp.br" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">
anppom-l@iar.unicamp.br</a>>
<br>Sent: Friday, October 05, 2007 8:10 PM
<br>Subject: Re: [ANPPOM-L] insinuação do Antunes
<br> 
<p>Prezados colegas da anppom,
<p>Este debate está muito interessante.
<br>Concordo em quase tudo que foi dito pelo Jorge
<br>Antunes. Também lamento que a crença no "talento", no
<br>"dom inato" ainda se façam tão presentes em nosso meio
<br>acadêmico.............. Abraços a todos,
<p>Eduardo Luedy
<p>________________________________________________
<br>Lista de discussões ANPPOM
<br><a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a>
<br></span>________________________________________________</blockquote>

<p><br>
<hr><span class="q">
<br>________________________________________________
<br>Lista de discussões ANPPOM
<br><a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank" onclick="return top.js.OpenExtLink(window,event,this)">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a>
<br></span>________________________________________________
<br>
<hr>
<br>No virus found in this incoming message.
<br>Checked by AVG Free Edition.
<br>Version: 7.5.488 / Virus Database: 269.14.0/1046 - Release Date: 3/10/2007
10:08
<br> 
<br> </blockquote>
</div>
</blockquote>

<pre WRAP>
<hr WIDTH="90%" SIZE=4>________________________________________________
Lista de discussões ANPPOM 
<a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
</a>________________________________________________</pre>
</blockquote>
</html>