<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
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Oi, Hugo:
<p>Não façamos confusão com as metas gerais da civilização
brasileira, com palavras de ordem e com os chavões.
<br>Diversidade cultural é panorama de meta e prática, como
um todo, para a vida e para as políticas culturais governamentais.
<br>A Universidade não é instituição que deva
cobrir, na totalidade, a pesquisa e a formação brasileira.
<br>Além dela, existem outras instituições que garantem
a completude da formação profissional-cultural: as escolas
de samba, os grupos folclóricos, os grupos de hip-hop, os clubes
do choro, as escolas de rock, as gafieiras, os bailes funk, as festas rave,
etc, etc.
<br>Cada macaco em seu galho. A Universidade não deve ter a ousadia
tresloucada de pretender ensinar a um brincante de bumba-meu-boi a tocar
tambor-onça.
<br>O estudo do contraponto clássico não contempla apenas
uma vertente musical como você pensa. O microcontraponto que Ligeti
e outros usaram e usam na construção de tramas e texturas,
não pode ser realizado e analisado por quem não estudou contraponto
clássico tonal. Essa técnica escolástica contempla
todas as vertentes musicais e abre a mente para o enfrentamento com todas
as situações complexas do cotidiano.
<br>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<br> 
<p>Hugo Leonardo Ribeiro wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Caro Jorge,
<p>Gosto de pensar o estudo do contraponto exatamente como essa metáfora
do xadrez, como um exercício de lógica e domínio de
conteúdo. Porém, onde fica a diversidade cultural num currículo
que só contempla uma vertente musical? Ou devemos deixar a diversidade
cultural somente no discurso? Ou isso não deve ser sequer discutido?
Talvez em outra lista?
<p>Quando disse nós, eu me referia aos professores universitários
responsáveis pela eleição dos conhecimentos válidos
a serem ensinados na universidade,  àqueles responsáveis
pela construção desse currículo linear que faz com
que todos sejam obrigados a cursar as mesmas disciplinas (com um mínimo
de flexibilidade), àqueles que decidem quem pode ser um educador
musical ou não.
<p>Ou vocês realmente acham que um professor de instrumento, composição
ou harmonia não é um educador musical?
<p>Hugo Ribeiro
<p>p.s.1 Meu laptop encontrou uma rede sem fio descriptografada... Estou
de volta à civilização :)
<p>p.s.2 Jussamara Souza bem lembrou que nas décadas de 1960 e 70
a Educação Musical estava uito próxima dos compositores
(vide as oficinas de música, Schaffer, Cage, Grupo de Compositores
da Bahia..). O que houve de lá pra cá? Porquê desse
distanciamento tão nocivo para ambas as áreas?
<br><span class="gmail_quote">Em 10/10/07, <b>Jorge Antunes</b> <<a href="mailto:antunes@unb.br">antunes@unb.br</a>>
escreveu:</span>
<blockquote class="gmail_quote" style="border-left: 1px solid rgb(204, 204, 204); margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; padding-left: 1ex;"> Caro
Eduardo:
<p>Não vejo nada de problemático no que se refere a uma acertada
decisão sobre o que deve servir para as futuras gerações.
<br>A nação ideal será aquela formada de cidadãos
de grande capacidade intelectual e crítica, capazes de dominar as
complexidades.
<br>Um povo que só compreende sistemas simples e banais, com baixo
nível de complexidade, será um povo consumidor de produtos,
estruturas, discursos, ideologias e tecnologias importadas. Será
um povo submisso aos donos do mundo, meros consumidores de máquinas,
sistemas e saberes importados.
<br>O sucateamento da Universidade e a prática que considera a educação
como mercadoria, iniciadas com o advento do neoliberalismo, visam exatamente
isso: formar um povo que não terá condições
de criar saberes novos, porque o ponto máximo a ser alcançado
será o status de técnico, apertador de botões (botões
de tecnologias importadas do primeiro mundo).
<br>É por isso que eu discordo daqueles que são contra o
estudo de Contraponto nos cursos de música. O bom músico,
seja qual for a área de atuação profissional, deve
adquirir formação em que se trabalhe o Contraponto a 2, 3,
4, 5 e 8 vozes, nas claves. Acho que, por isso mesmo, todos deveriam aprender
a jogar xadrez.
<br>Abraço,
<br><span class="sg">Jorge Antunes</span><span class="e" id="q_1158c590047f79a5_2">
<p></span></blockquote>
</blockquote>
</html>