Colegas,<br><br>A Universidade já existia antes do "contraponto clássico tonal" e vai continuar a existir depois dele. O contraponto funciona muito bem como ferramenta de composição e análise da música da Europa e de suas colônias. Aliás, eu diria até que nesses casos é indispensável. Mas se, no âmbito da universidade, eu desejo entender a complexidade polirrítmica da música afro-brasileira, talvez eu devesse começar pelo tambor de onça mesmo, como ponto de partida para explorar esse universo. <br><br>Não se trata de sugerir a inclusão dessa disciplina no currículo, de querer que a universidade ensine a tocar tambor de onça, porque vai ensinar mal, mesmo porque nunca vai conseguir replicar todo o contexto envolvido na interpretação. Além disso há a questão do poder, já colocada antes na lista. Se o tambor de onça vira instrumento da elite, é bem provável que ele seja substituído na origem por outra coisa. Entretanto, devem haver meios para valorizar a arte do tocador de
 tambor de onça (metaforicamente falando, prá ficar no exemplo citado) e aprender com ele, mesmo dentro da universidade.<br><br>De qualquer forma, e sem conseguir fugir da contradição, é bom não esquecer que a polifonia ocidentental (e a partir dela a disciplina que chamamos "contraponto") se desenvolveu a partir de práticas populares, como a heterofonia, sendo incorporada e transformada na música das elites (ver Hoppin, Judkin, etc). Exemplos assim temos aos montes. Se um dia as estruturas polirrítmicas da música africana virarem disciplina nas nossas academias (se é que já não o são em algumas), é porque estarão sendo úteis para nós de alguma forma. Se algum dia o "contraponto clássico tonal" deixar de ser disciplina acadêmica ou for relegado a uma posição periférica (e isso vai ocorrer, cedo ou tarde, como ocorreu com o isorritmo, o baixo cifrado, e tantas técnicas que pareciam eternas em suas épocas), é porque já não nos serve.<br><br>meus dez
 centavos<br><br>Rogério<br><br><b><i>Jorge Antunes <antunes@unb.br></i></b> wrote:<blockquote class="replbq" style="border-left: 2px solid rgb(16, 16, 255); margin-left: 5px; padding-left: 5px;">   Oi, Hugo: <div>Não façamos confusão com as metas gerais da civilização brasileira, com palavras de ordem e com os chavões. <br>Diversidade cultural é panorama de meta e prática, como um todo, para a vida e para as políticas culturais governamentais. <br>A Universidade não é instituição que deva cobrir, na totalidade, a pesquisa e a formação brasileira. <br>Além dela, existem outras instituições que garantem a completude da formação profissional-cultural: as escolas de samba, os grupos folclóricos, os grupos de hip-hop, os clubes do choro, as escolas de rock, as gafieiras, os bailes funk, as festas rave, etc, etc. <br>Cada macaco em seu galho. A Universidade não deve ter a ousadia tresloucada de pretender ensinar a um brincante de bumba-meu-boi a tocar tambor-onça. <br>O
 estudo do contraponto clássico não contempla apenas uma vertente musical como você pensa. O microcontraponto que Ligeti e outros usaram e usam na construção de tramas e texturas, não pode ser realizado e analisado por quem não estudou contraponto clássico tonal. Essa técnica escolástica contempla todas as vertentes musicais e abre a mente para o enfrentamento com todas as situações complexas do cotidiano. <br>Abraço, <br>Jorge Antunes <br>  <br>  <br>  </div><div>Hugo Leonardo Ribeiro wrote: </div><blockquote type="CITE">Caro Jorge, <div>Gosto de pensar o estudo do contraponto exatamente como essa metáfora do xadrez, como um exercício de lógica e domínio de conteúdo. Porém, onde fica a diversidade cultural num currículo que só contempla uma vertente musical? Ou devemos deixar a diversidade cultural somente no discurso? Ou isso não deve ser sequer discutido? Talvez em outra lista? </div><div>Quando disse nós, eu me referia aos professores universitários
 responsáveis pela eleição dos conhecimentos válidos a serem ensinados na universidade,  àqueles responsáveis pela construção desse currículo linear que faz com que todos sejam obrigados a cursar as mesmas disciplinas (com um mínimo de flexibilidade), àqueles que decidem quem pode ser um educador musical ou não. </div><div>Ou vocês realmente acham que um professor de instrumento, composição ou harmonia não é um educador musical? </div><div>Hugo Ribeiro </div><div>p.s.1 Meu laptop encontrou uma rede sem fio descriptografada... Estou de volta à civilização :) </div><div>p.s.2 Jussamara Souza bem lembrou que nas décadas de 1960 e 70 a Educação Musical estava uito próxima dos compositores (vide as oficinas de música, Schaffer, Cage, Grupo de Compositores da Bahia..). O que houve de lá pra cá? Porquê desse distanciamento tão nocivo para ambas as áreas? <br><span class="gmail_quote">Em 10/10/07, <b>Jorge Antunes</b> <<a href="mailto:antunes@unb.br">antunes@unb.br</a>>
 escreveu:</span> </div><blockquote class="gmail_quote" style="border-left: 1px solid rgb(204, 204, 204); margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; padding-left: 1ex;"> Caro Eduardo: <div>Não vejo nada de problemático no que se refere a uma acertada decisão sobre o que deve servir para as futuras gerações. <br>A nação ideal será aquela formada de cidadãos de grande capacidade intelectual e crítica, capazes de dominar as complexidades. <br>Um povo que só compreende sistemas simples e banais, com baixo nível de complexidade, será um povo consumidor de produtos, estruturas, discursos, ideologias e tecnologias importadas. Será um povo submisso aos donos do mundo, meros consumidores de máquinas, sistemas e saberes importados. <br>O sucateamento da Universidade e a prática que considera a educação como mercadoria, iniciadas com o advento do neoliberalismo, visam exatamente isso: formar um povo que não terá condições de criar saberes novos, porque o ponto máximo a ser alcançado será o
 status de técnico, apertador de botões (botões de tecnologias importadas do primeiro mundo). <br>É por isso que eu discordo daqueles que são contra o estudo de Contraponto nos cursos de música. O bom músico, seja qual for a área de atuação profissional, deve adquirir formação em que se trabalhe o Contraponto a 2, 3, 4, 5 e 8 vozes, nas claves. Acho que, por isso mesmo, todos deveriam aprender a jogar xadrez. <br>Abraço, <br><span class="sg">Jorge Antunes</span><span class="e" id="q_1158c590047f79a5_2"> <div></div></span></div></blockquote> </blockquote> ________________________________________________<br>Lista de discussões ANPPOM <br>http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>________________________________________________</blockquote><br><BR><BR>========================<br>Prof. Dr. Rogério Budasz<br>Departamento de Artes<br>Universidade Federal do
 Paraná<br>rogeriobudasz@yahoo.com<br>budasz@ufpr.br<br>http://www.artes.ufpr.br/departamento/docentes/rogeriob.htm<p>
      <hr size=1>Yahoo! oneSearch: Finally, <a href="http://us.rd.yahoo.com/evt=48252/*http://mobile.yahoo.com/mobileweb/onesearch?refer=1ONXIC"> mobile search 
that gives answers</a>, not web links.