<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
<html>
Prezado Palombini:
<p>Quando você diz que "alguns dos bons músicos eletroacústicos
afirmam alguma coisa" dá a impressão que você acredita
que todos consideram serem bons músicos eletroacústicos,
aqueles que você considera serem bons músicos eletroacústicos.
<br>Isso é bastante equivocado. Há controvérsias.
<br>O solfejo tradicional ensina bastante. Por exemplo, ensina que um som
agudo faz as cordas vocais vibrarem com freqüência maior do
que a de um som grave. Eu não sei em que estágio você
está quando usa o termo "tradicional". Eu, de minha parte, considero
tradicional o Solfège do Schaeffer. Eu considero tradicional, também,
o dodecafonismo e o serialismo integral.
<br>Mas o bom músico deve, em favor de uma boa formação,
estudar todas as linguagens e técnicas tradicionais.
<br>O fenômeno da música eletrônica tum-tis-tum demonstra
isso. Muitos de seus praticantes, sem qualquer informação
técnica e histórica, andavam pensando estar fazendo coisas
novas, sem saber que estavam inventando a roda. Desconhecem, por exemplo,
a Reine Verte e o Rock Eletrônico que Pierre Henry compôs em
1963 e o Movimento Browniano que compus em 1968.
<br>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<p>carlos palombini wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Um exemplo análogo e muito claro é
fornecido no âmbito da própria música
<br>eletroacústica. O número de compositores ditos eletroacústicos
é,
<br>infelizmente, bem menor do que o de torcedores do Flamengo. Todavia,
<br>alguns dos bons músicos eletroacústicos afirmam que o
treinamento
<br>tradicional não é de muito uso no que diz respeito à
prática da
<br>composição eletroacústica ou, pelo menos, daquela
parte da composição
<br>eletroacústica que se preocupa com a coerência entre o
material sonoro
<br>escolhido (i.e. sons que não se coadunam com as normas do solfejo
e da
<br>teoria musical "tradicionais") e sua organização. O que
o solfejo
<br>tradicional ensina quando se trata da organizar o campo das alturas
a
<br>partir de sons que não expressam o valor altura de acordo com
as normas
<br>do solfejo tradicional? O que ele ensina quando se trata de organizar
o
<br>campo das durações a partir de sons que não expressam
a duração de
<br>acordo com a métrica divisiva? No âmbito da música
popular brasileira,
<br>Carlos Sandroni explicou muito bem o que acontece no segundo caso:
surge
<br>a "síncope brasileira".
<p>Carlos Palombini
<br>palombini@terra.com.br
<p>Jorge Antunes escreveu:
<br>>
<br>> Você afirma que o domínio do contraponto europeu não
capacita a
<br>> compreender as polifonias vocais do Pacífico.
<br>>
<br>--
<br>carlos palombini (dr p)
<br>professor adjunto de musicologia
<br>universidade federal de minas gerais
<br><cpalombini@gmail.com>
<p>"...notre haine commune des extrémismes inutiles, du maximalisme
verbal (ces 'fardeaux qu'on attache aux épaules des hommes', comme
dit le Christ dans les Évangiles) et de cette attitude qui consiste
à rendre inutilement ardu le chemin laborieux de la création"
(Michel Chion, janeiro de 2005)
<p>________________________________________________
<br>Lista de discussões ANPPOM
<br><a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a>
<br>________________________________________________</blockquote>
</html>