<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
<html>
Colegas:
<p>Esta lista de discussão realmente alcança, no momento,
estágio de enorme utilidade para a discussão acadêmica
e científico-musical.
<br>Mais do que um meio de propaganda de papers publicados eletronicamente,
funciona como uma instância crítica que nos ajuda a produzir
os trabalhos acadêmicos.
<br>Opiniões sobre temas de interesse da área, enriquecem
nosso debate e, mais importante ainda, o intercâmbio de nossas idéias
e nossas pesquisas.
<br>Entretanto, ao se pretender emitir opinião sobre um trabalho,
é importante, a bem da responsabilidade e para não se correr
o risco de um anticientificismo infantil ou de uma leviandade acadêmica,
fazê-lo sem conhecer o trabalho.
<br>É altamente anti-acadêmico e anti-ético emitir
uma opinião sobre um livro e, em seguida, ter o desplante de dizer:
"confesso não o ter ainda  lido."
<br>Sendo assim, fica evidente que o professor Leonardo Fuks se utiliza
de um comentário exagerado quando duvida da extensão do conteúdo
de um livro que estuda todas as manifestações sonoro-musicais
do mundo produzidas com o aparelho fonador, e os sons produzidos com outras
partes do corpo, com objetos externos alterando a voz ou com a função
de caixa de ressonância e todos os fonemas das línguas faladas
do mundo desde aquelas do ocidente até o tâmil, o urdu, o
árabe, o grego, o russo, o karbadiano, o esquimó, o talago,
o hotentote, etc.
<br>A propósito, é importante lembrar que o autor optou pelo
uso da designação genérica "voz fry", para identificar
e estudar os sons graves produzidos pela voz humana quando as cartilagens
aritenóide se posicionam juntas de modo a que somente a parte anterior
das cordas vocais vibrem.
<br>A designação desse tipo de produção vocal
recebe os mais diversos nomes por diferentes autores: voz "creaky", voz
"growl", voz "fry", voz "rumble"", voz "constricted".
<br>Para agrupar diferentes cantores e indivíduos que usam o mesmo
tipo de técnica, foi adotada a nomenclatura "fry" para exemplificar
com as performances de Ida Cox, Louis Armstrong, Elza Soares, nativos da
língua africana hausa, da língua mon-khmer do Vietnam e outros.
<br>Para eventuais novos opinadores futuros que também adotem a
não-acadêmica atitude do "não li e não gostei",
só me restará uma nova resposta:
<br>Vai pra página 135, item 129, sem sons vocais!
<br>Humanamente,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<br> 
<br> 
<br> 
<br> 
<p>Leonardo Fuks wrote:
<blockquote TYPE=CITE><style type="text/css"><!-- DIV {margin:0px;} --></style>

<div style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;font-size:12pt">
<div style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: 12pt;">Estou
certo de que esta lista pode prestar um grande serviço ao interlóquio
dos nossos pesquisadores e demais interessados.
<br>Mais do que um meio de propaganda de lançamentos de nossos produtos,
funciona como uma instância crítica que nos ajuda a produzir
os trabalhos acadêrmicos.
<br>Concordo com o físico e músico Alexandre Bräutigam
com relação à multiplicidade de efeitos e contextos
vocais, dos quais a ampla antologia do Museu do Homem (Le Voix du Monde)
por exemplo, representa apenas uma pequena fração do que
existe. Sendo assim, fica evidente que o professor Antunes se utiliza de
um termo exagerado quando descreve a extensão de seu trabalho ("estudando
todas as manifestações musicais do mundo, produzidas com
o aparelho fonador")...
<br>Mas a propaganda é a alma do negócio:)
<p><font size=+0>Por outro lado, acho bem ousada e interessante a inclusão
de sons fisiológicos no trabalho de Antunes (que confesso ainda
não ter lido), alguns tidos como nojentos pela maioria, mas que
certamente podem ser controlados e utilizados musicalmente. Recentemente
li o livro infantil "<b>AH, ECA, A ENCICLOPÉDIA DE TUDO QUE 
É NOJENTO" de JOY MASOFF, da Ediouro, e me diverti um bocado!</b></font>
<p><b><font size=+0>Devo, entretanto, observar que a voz de Louis Armstrong
nada tem a ver com o Vocal Fry, segundo é descrito pelos principais
autores do assunto em fisiologia da voz (e.g. Holien, </font></b>Blomgren
M & Chen Y, <span>Herzel</span> , Titze, entre outros <b><font size=+0>).</font></b>
<p><b><font size=+0>Em um trabalho com o cientista japonês Ken-Ichi
Sakakibara e outros colaboradores nipônicos, pudemos demonstrar em
maior detalhe o mecanismo do GROWL, que é o modo de voz de fato
atribuído a Armstrong  (K.-I. Sakakibara, L. Fuks, H. Imagawa,
and N. Tayama, “Growl voice in ethnic and pop styles” in Proc. Int. Symp.
on Musical Acoustics (ISMA 2004), Nara, Japan, April 2004.).</font></b>
<br><span><b><font size=+0>O paper pode ser encontrado em <a href="http://www.brl.ntt.co.jp/people/kis/paper/isma04.pdf" target="_blank">http://www.brl.ntt.co.jp/people/kis/paper/isma04.pdf</a></font></b></span>
<p><b><font size=+0>É muito animador vermos que esta lista está
congregando um número crescente de vozes pensantes, não raro
colidentes e dissonantes, nos temas da música e musicologia.</font></b>
<p><b><font size=+0>Leonardo</font></b>
<br> 
<br> 
<p>>Antunes escreveu: -"Eu, de minha parte, tenho exemplos que demostram
justamente o contrário.
<br>> Para escrever meu mais recente livro, intitulado Sons Novos para
a Voz,
<br>> passei dois anos, de setembro de 2005 a agosto de 2007, estudando
todas as
<br>> manifestações musicais do mundo, produzidas com o aparelho
fonador.
<br>> Estudei todos os trabalhos de Hugo Zemp, Trân Quang Hai, Jean-Michel
<br>> Beaudet, Jacques Bouët, Gilles Léothaud e Bernard Lortat-Jacob,
sobre as
<br>> práticas vocais contrapontísticas de <span style="border-bottom: 1px dashed rgb(0, 102, 204); cursor: pointer;" class="yshortcuts" id="lw_1192540448_18">Taiwan</span>,
Georgia, <span style="border-bottom: 1px dashed rgb(0, 102, 204); cursor: pointer;" class="yshortcuts" id="lw_1192540448_19">Albania</span>,
Itália, Ilhas
<br>> Solomon, República da África Central (Pigmeus e Banda
Linda), Etiópia e
<br>> Indonésia."
<p>> Caro Eduardo:
<br>>
<br>> Obrigado por essas suas novas e brilhantes
<br>> ponderações.
<br>> Não vou me estender em minha resposta a você, porque
<br>> acabei de enviar mensagem ao Carlos Sandroni que
<br>> serve também como resposta para você.
<br>> Lá, você verá, coloquei a questão das
definições dos
<br>> verbos compreender, entender, ouvir, escutar, etc.
<br>> Possivelmente estejamos todos de acordo, mas
<br>> enfrentando problemas de definições prévias
de
<br>> certos verbos e certos conceitos.
<br>> Até mesmo com relação ao conceito de "música",
<br>> sinto, neste rico e salutar debate, certas
<br>> divergências.
<br>> Mas eu gostaria de lhe dizer de minha total
<br>> discordância com relação à sua hipótese,
a mim
<br>> aplicada, que aponta "a eleição de certos padrões
<br>> sonoros como aceitáveis e de outros como
<br>> não-aceitáveis, ou desviantes etc."
<br>> Por favor, longe de mim tal atitude. Certamente você
<br>> não conhece a minha história.
<br>> Passei os mais importantes anos de minha juventude,
<br>> no Rio de Janeiro, no período compreendido entre
<br>> 1961 e 1964, sendo chamado de "doido" por colegas e
<br>> professores, quando comecei a fazer minhas primeiras
<br>> obras e experiências com o som eletrônico.
<br>> Acusavam-me, na época, justamente dessa heresia:
<br>> "uso de certos padrões sonoros não-aceitáveis,
ou
<br>> desviantes".
<br>> Aliás, sempre e ainda hoje, a cada novo passo
<br>> estético que dei e dou, ouvi e ouço a mesma
<br>> avaliação dos conservadores.
<br>> Assim, de meu ponto de vista não existe, no universo
<br>> sonoro e musical de todo este planeta e de outros,
<br>> nada que possa ser qualificado como padrão sonoro
<br>> não-aceitável ou desviante.
<br>> Aproveito para, mais uma vez, fazer propaganda de
<br>> meu novo livro "Sons novos para a Voz". Lá você
<br>> verá, na página 57, que faço um estudo sobre
os sons
<br>> do peido, que na página 50 está um estudo sobre os
<br>> sons do arroto, que na página 46 estão técnicas
de
<br>> produção do som de vomição, e que na
página 135
<br>> estão referências ao repertório sonoro dos letristas
<br>> que inclui o som de masturbação e o do coito anal
<br>> sem sons vocais.
<br>> Nas páginas 73-75 eu faço um estudo sobre a voz fry
<br>> (Armstrong e Ida Cox). Aí está incluída a técnica
<br>> usada pela confraria Bwiti, do Gabão,  que consiste
<br>> na ingestão de ervas excitantes e irritantes que
<br>> provoca a inflamação da laringe. Dessa forma o
<br>> solista consegue os sons mais graves em sua voz fry.
<br>> Em obras para coro, já usei, além do assobio, sons
<br>> de pigarro e tosse.
<br>> Você acha, então, que eu seria capaz de considerar
<br>> não aceitável ou desviante algum padrão sonoro
de
<br>> outra cultura?
<br>> Abraço,
<br>> Jorge Antunes
<br> 
<br> </div>
</div>

<p><br>
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