<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
<html>
Caro Eduardo Luedy:
<p>Não existem saberes mais legítimos que outros.
<br>Acho que começamos a nos repetir. O que você diz no email,
já disse em outros anteriores.
<br>Eu também começo a me repetir.
<br>Não existe colonização nos currículos.
Eles são amplos, abertos.
<br>A colonização, quando se revela, é na sala de
aula e não no currículo.
<br>Olhe as ementas das disciplinas. Elas são amplas, abrangentes.
<br>Mas quando o professor começa a ministrá-las, ele puxa
o conteúdo para a sua sardinha.
<br>Sempre digo que os currículos não precisam de reforma.
Quem precisa de reforma é o professor.
<br>A melhor maneira de se considerar-valorizar aquilo que os alunos já
sabem, é a prática da prova de habilitação
específica em música, para o ingresso na Universidade. Na
UnB, para ingresso no Curso de Composição Musical, o candidato,
além de demonstrar sua formação básica musical,
tem que apresentar composições suas, em partitura ou/e as
tocando. A criatividade e a "garra para o métier" do candidato,
assim, são facilmente avaliadas, podendo ele apresentar suas composições,
auto-didatas, tanto na área da música erudita quanto na de
música popular.
<br>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<br> 
<br> 
<p>eduardo luedy wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Prezado Jorge Antunes,
<p>A questão, pelo menos como a entendo, seria: como e em
<br>que medida poderíamos atender à diversidade?
<br>Neste sentido, poderíamos nos perguntar também acerca
<br>de como descolonizar o currículo, de como atender à
<br>demanda por ensino e formação em música sem
<br>desconsiderar-menosprezar aquilo que os alunos já
<br>sabem?
<br>Não problematizar os testes de ingresso é aceitar (e
<br>defender) que há um saber mais legítimo que outros
<br>saberes. Numa instituição pública que se pretenda
<br>democrática estas não são questões irrelevantes.
<p>Abraços,
<p>Eduardo Luedy
<p>--- Jorge Antunes <antunes@unb.br> wrote:
<p>> Caro Eduardo Luedy:
<br>>
<br>> Obrigado por suas interessantes reflexões.
<br>> Concordo com você, no que se refere à opinião
de que
<br>> todos devem poder estudar música.
<br>> Só gostaria de lembrar que existem diferentes
<br>> lugares para se estudar música, cada local com
<br>> processos, conteúdos e objetivos diferentes.
<br>> Alguns desses lugares são: Conservatórios de Música,
<br>> Escolas de Música de Nível Médio e/ou Técnico,
<br>> Universidades, Jornaleiros que vendem Métodos de
<br>> Violão sem Mestre,  Escolas de Samba, Cursos
<br>> Particulares de Música, etc.
<br>> Abraço,
<br>> Jorge Antunes
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>> eduardo luedy wrote:
<br>>
<br>> > Prezados colegas associados,
<br>> >
<br>> > No intuito de fazer valer a crença na liberdade de
<br>> > expressão e de, por isso, fazer valer o direito à
<br>> > polêmica - sempre que acredite que valha a pena
<br>> testar
<br>> > nossos argumentos, aprofundar o debate, clarificar
<br>> > nossos pressupostos -, gostaria de externar minhas
<br>> > sinceras dúvidas acerca de quase tudo o que se tem
<br>> > afirmado aqui contrariamente à decisão da UFAC de
<br>> > abolir as provas específicas para ingresso em seu
<br>> > curso superior de música.
<br>> >
<br>> > Queria dizer logo que eu mesmo não manifesto
<br>> > indignação. Antes, estou nutrindo curiosidade a
<br>> > respeito de tal decisão e de seus efeitos.
<br>> >
<br>> > Quando eu era aluno, não só na educação
básica,
<br>> mas tb
<br>> > na graduação, as decisões e tudo relacionado
a
<br>> > reformas educacionais e curriculares, sempre
<br>> parecem
<br>> > muito distantes de nós, pobres mortais. O
<br>> currículo,
<br>> > as disciplinas, suas ementas, tudo sempre me
<br>> pareceu
<br>> > fazer parte de algo muito mais antigo e, por isso,
<br>> > merecedor de uma atitude de respeito, de
<br>> admiração,
<br>> > mas principalmente de uma atitude eminentemente
<br>> > conservadora.
<br>> >
<br>> > Pois eu fico me perguntando: falamos tanto hoje,
<br>> pelo
<br>> > menos na área de educação, em respeitar a
<br>> diversidade
<br>> > cultural; e, para além de apenas "tolerar" a
<br>> > diversidade, falamos em elaborar estratégias
<br>> > pedagógicas que façam jus à diversidade. Então,
<br>> por
<br>> > que não abolir as tais provas específicas? Na
<br>> escola
<br>> > de música da ufba, tais exames eram (são ainda?)
<br>> > chamados de "teste de aptidão". O que, obviamente
<br>> > implicava a noção de que aqueles que não
<br>> conseguiam
<br>> > ser admitidos "não tinham aptidão". Os que tentam
<br>> > ingressar e os que ingressam - os alunos e alunas
<br>> dos
<br>> > cursos superiores de música - passam a aceitar
<br>> isso
<br>> > pacificamente. Naturalizamos a noção de que o
<br>> > conhecimento musical legítimo é aquele que se
<br>> cobra
<br>> > nos tais testes de aptidão. Por que deve ser
<br>> assim?
<br>> >
<br>> > Por que um mestre de capoeira não poderia estudar
<br>> > música se assim lhe desejasse? Por que um
<br>> adolescente
<br>> > roqueiro ou ligado às novas tecnologias de
<br>> produção e
<br>> > circulação de música, por que não djs,
rappers,
<br>> > chorões, sambadores, por que não um ogã? Ou
seja,
<br>> por
<br>> > que todos os indivíduos tem que reduzir tudo o que
<br>> > sabem a uma única modalidade de fazer-compreender
<br>> > música?
<br>> >
<br>> > O fato é que, apesar de todo o já bem desenvolvido
<br>> > discurso na área de educação acerca da necessidade
<br>> de
<br>> > descolonizar o currículo, o fato é que ainda
<br>> > julgamos-afirmamos, tacitamente ou não, que apenas
<br>> > aquele conhecimento em música (ou seja, o da
<br>> tradição
<br>> > européia-erudita) é merecedor de estabelecer os
<br>> > critérios e os parâmetros para admissão de
quem
<br>> quer
<br>> > que deseje estudar música em nível superior.
<br>> >
<br>> > Sei dos desafios que tudo isso representa para a
<br>> > formação superior em música. Mas é
justamente isso
<br>> que
<br>> > me anima aqui. Seria possível admitir um dj, por
<br>> > exemplo, com ampla e intensa experiência
<br>> profissional
<br>> > e dialogar com ele? Seria possível ensinar e
<br>> aprender
<br>> > algo com este dj? Ou será que aquilo que vale para
<br>> a
<br>> > formação de instrumentistas (no sentido
<br>> tradicional do
<br>> > termo) e, portanto, como critério para admissão de
<br>> > futuros estudantes de instrumento (ou das chamadas
<br>> > práticas interpretaitivas - no sentido já
<br>> estabelecido
<br>> > pela formação acadêmica em música) deve
valer para
<br>> > todo o campo do conhecimento e formação em música?
<br>> >
<br>> > Enfim, por que ensinamos o que ensinamos e como
<br>> > poderemos justificar nossos estreitos critérios de
<br>> > admissão numa sociedade já extremamente
<br>> excludente?
<br>> >
<br>> > Eduardo Luedy
<br>> >
<br>> > --- Jorge Antunes <antunes@unb.br> wrote:
<br>> >
<br>> > > Caro Damián:
<br>> > >
<br>> > > A SBME (Sociedade Brasileira de Música
<br>> > > Eletroacústica) está preparando um documento
<br>> para
<br>> > > ser enviado ao Reitor da UFAC, Prof. Dr. Jonas
<br>> > > Pereira de Souza Filho.
<br>> > > Manifestaremos nossa indignação com o fato de a
<br>> > > Universidade Federal do Acre ter abolido a prova
<br>> de
<br>> > > habilitação em música. Comentaremos as
<br>> experiências
<br>> > > bem sucedidas e as consequências boas de tal
<br>> prova.
<br>> > > Chamaremos a atenção para os resultados
<br>> desastrosos,
<br>> > > em termos de qualidade da formação acadêmica,
de
<br>> um
<br>> > > curso superior de música que não pratique a
<br>> seleção
<br>> > > de vestibulandos de acordo com suas formações
<br>> > > musicais básicas.
<br>> > >
<br>> > > Quero sugerir a você que insista com a Diretoria
<br>> da
<br>> > > Anppom, no sentido de que ela venha a fazer o
<br>> mesmo,
<br>> > > enviando carta ao Reitor.
<br>> > > A seguir destaco alguns itens do Estatuto da
<br>> Anppom
<br>> > > de acordo com os quais a Diretoria, eleita
<br>> > > democraticamente em Assembléia Geral, tem o
<br>> direito
<br>> > > e o dever, sem consultas aos associados, de agir
<br>> > > atendendo seu pedido.
<br>> > >
<br>> > > Artigo 4º - São finalidades e objetivos da
<br>> Anppom:
<br>> > > j) Contribuir para a manutenção e
<br>> desenvolvimento da
<br>> > > música, em âmbito acadêmico, enquanto área
de
<br>> > > pesquisa e criação científica e artística.
<br>> > >
<br>> > > Parágrafo 2º - Cabe à Diretoria:
<br>> > > b) Dinamizar e promover as atividades que visem
<br>> ao
<br>> > > desempenho do papel social que este Estatuto
<br>> confere
<br>> > > à Anppom.
<br>> > >
<br>> > > Artigo 26 - Os casos omissos serão resolvidos
<br>> pela
<br>> > > Diretoria.
<br>> > >
<br>> > > Abraço,
<br>> > > Jorge Antunes
<br>> > > >
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