<!doctype html public "-//w3c//dtd html 4.0 transitional//en">
<html>
Caro Farlley:
<p>Suas colocações e relatos são bem interessantes.
<br>Isso enriquece o debate.
<br>Gostaria de intervir nas suas ponderacões, lembrando o seguinte:
a música popular ocidental, até onde sei, usa o sistema tonal.
E, mais que isso, usa o sistema temperado. Esse não é o caso
da música eletroacústica que, hoje, é ensinado em
quase todas as Universidades.
<br>Já tentaram fazer mpb com sistema dodecafônico. Não
pegou. Foi difícil vender.
<br>É necessário existirem lugares cujos formandos instrumentistas
tenham condições de sair podendo tocar música de Alois
Haba, Boulez ou Ligeti.
<br>Agora, mais uma coisa: essa formação precisa acontecer
em quatro anos.
<br>Acho que o bom lugar para isso é a Universidade.
<br>Abraço,
<br>Jorge Antunes
<br> 
<br> 
<br> 
<br> 
<p>Farlley Jorge Derze wrote:
<blockquote TYPE=CITE>Mas afinal: uma Universidade tem ou não tem
autonomia para decidir como
<br>selecionar aquele indivíduo que nela procura ingressar?
<p>Tenho receio de haver compreendido pelo avesso o que diz a LDB/MEC/BRASIL.
<p>Creio que o cerne da questão é na nomenclatura que se
perpetua no âmbito de
<br>nossas Universidades: "Curso de Música".
<p>A sociedade, ou, imagino eu, os adeptos de tantas outras práticas
musicais,
<br>findam por se iludir com a nomenclatura tão abrangente. Para
o modelo ainda
<br>vigente e operante em muitas Universidades e mentes, talvez fosse o
caso de
<br>elucidar ao candidato, a quem se lhe aplica um teste de habilidade
específica,
<br>que ele está prestes a ingressar num Curso de Música
Erudita, em que se
<br>encontram agregadas inúmeras correntes estéticas e suas
respectivas expressões
<br>sonoras, teóricas e práticas. Obviamente, músicos
(compositores) como Caymmi,
<br>Djavan e o Pedro (regente do Coral 16, aqui na Asa Norte de Brasília
- músico
<br>fenomenal), ficariam de fora deste sistema, cuja validade é
inquestionável
<br>(sou fruto dele), mas incapaz de atender o Pedro, que foi reprovado
no teste
<br>de habilidade específica da UnB. Lamentei por isso. Ele leu
a nomenclatura:
<br>Curso de Música (tal, desprovida de suas especificidades vigentes).
<p>Se no Edital ou noutra Universidade constasse um alternativa àquela,
algo
<br>como "Curso de Música Popular Brasileira", (com outro modelo
de admissão para
<br>os candidatos que por esta vertente se interesse), possivelmente o
Pedro
<br>pudesse ter contemplado, pela Universidade em questão (utópica),
o seu
<br>talento, igualmente inquestionável, haja vista a lisura com
a qual se
<br>apresenta seu grupo Vocal 16, muitos dos componentes, com formação
musical
<br>idêntica à minha - padrão erudito, acadêmico,
sistemas de notação específicos
<br>caso-a-caso.
<p>Vejo que Antunes tem razão, se olho para o letreiro onde se intitula
<br>determinado Curso de Música ...; vejo que outros colegas possuem
razão,
<br>igualmente, olhando para o outro lado da rua, para o outro Outdoor.
<p>Finalizando, penso que seria o caso de especificar  a nomenclatura,
tão
<br>abrangente quanto o período de tempo que jaz desde seu surgimento.
<p>Longe encontro-me da intenção de levantar meu dedo para
oferecer "A" solução.
<p>Abraços cordiais.
<p>Farlley Derze
<br>Brasília - DF
<p>Caro Eduardo Luedy:
<br>>
<br>>Não existem saberes mais legítimos que outros.
<br>>Acho que começamos a nos repetir. O que você diz no email,
já disse em outros
<br>anteriores.
<br>>Eu também começo a me repetir.
<br>>Não existe colonização nos currículos.
Eles são amplos, abertos.
<br>>A colonização, quando se revela, é na sala de
aula e não no currículo.
<br>>Olhe as ementas das disciplinas. Elas são amplas, abrangentes.
<br>>Mas quando o professor começa a ministrá-las, ele puxa
o conteúdo para a sua
<br>sardinha.
<br>>Sempre digo que os currículos não precisam de reforma.
Quem precisa de
<br>reforma é o professor.
<br>>A melhor maneira de se considerar-valorizar aquilo que os alunos já
sabem, é
<br>a prática da prova de habilitação específica
em música, para o ingresso na
<br>Universidade. Na UnB, para ingresso no Curso de Composição
Musical, o
<br>candidato, além de demonstrar sua formação básica
musical, tem que apresentar
<br>composições suas, em partitura ou/e as tocando. A criatividade
e a "garra para
<br>o métier" do candidato, assim, são facilmente avaliadas,
podendo ele
<br>apresentar suas composições, auto-didatas, tanto na área
da música erudita
<br>quanto na de música popular.
<br>>Abraço,
<br>>Jorge Antunes
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>
<br>>eduardo luedy wrote:
<br>>
<br>>> Prezado Jorge Antunes,
<br>>>
<br>>> A questão, pelo menos como a entendo, seria: como e em
<br>>> que medida poderíamos atender à diversidade?
<br>>> Neste sentido, poderíamos nos perguntar também acerca
<br>>> de como descolonizar o currículo, de como atender à
<br>>> demanda por ensino e formação em música sem
<br>>> desconsiderar-menosprezar aquilo que os alunos já
<br>>> sabem?
<br>>> Não problematizar os testes de ingresso é aceitar
(e
<br>>> defender) que há um saber mais legítimo que outros
<br>>> saberes. Numa instituição pública que se pretenda
<br>>> democrática estas não são questões irrelevantes.
<br>>>
<br>>> Abraços,
<br>>>
<br>>> Eduardo Luedy
<br>>>
<br>>> --- Jorge Antunes <antunes@unb.br> wrote:
<br>>>
<br>>> > Caro Eduardo Luedy:
<br>>> >
<br>>> > Obrigado por suas interessantes reflexões.
<br>>> > Concordo com você, no que se refere à opinião
de que
<br>>> > todos devem poder estudar música.
<br>>> > Só gostaria de lembrar que existem diferentes
<br>>> > lugares para se estudar música, cada local com
<br>>> > processos, conteúdos e objetivos diferentes.
<br>>> > Alguns desses lugares são: Conservatórios de Música,
<br>>> > Escolas de Música de Nível Médio e/ou Técnico,
<br>>> > Universidades, Jornaleiros que vendem Métodos de
<br>>> > Violão sem Mestre,  Escolas de Samba, Cursos
<br>>> > Particulares de Música, etc.
<br>>> > Abraço,
<br>>> > Jorge Antunes
<br>>> >
<br>>> >
<br>>> >
<br>>> >
<br>>> >
<br>>> >
<br>>> > eduardo luedy wrote:
<br>>> >
<br>>> > > Prezados colegas associados,
<br>>> > >
<br>>> > > No intuito de fazer valer a crença na liberdade de
<br>>> > > expressão e de, por isso, fazer valer o direito à
<br>>> > > polêmica - sempre que acredite que valha a pena
<br>>> > testar
<br>>> > > nossos argumentos, aprofundar o debate, clarificar
<br>>> > > nossos pressupostos -, gostaria de externar minhas
<br>>> > > sinceras dúvidas acerca de quase tudo o que se tem
<br>>> > > afirmado aqui contrariamente à decisão da UFAC
de
<br>>> > > abolir as provas específicas para ingresso em seu
<br>>> > > curso superior de música.
<br>>> > >
<br>>> > > Queria dizer logo que eu mesmo não manifesto
<br>>> > > indignação. Antes, estou nutrindo curiosidade
a
<br>>> > > respeito de tal decisão e de seus efeitos.
<br>>> > >
<br>>> > > Quando eu era aluno, não só na educação
básica,
<br>>> > mas tb
<br>>> > > na graduação, as decisões e tudo relacionado
a
<br>>> > > reformas educacionais e curriculares, sempre
<br>>> > parecem
<br>>> > > muito distantes de nós, pobres mortais. O
<br>>> > currículo,
<br>>> > > as disciplinas, suas ementas, tudo sempre me
<br>>> > pareceu
<br>>> > > fazer parte de algo muito mais antigo e, por isso,
<br>>> > > merecedor de uma atitude de respeito, de
<br>>> > admiração,
<br>>> > > mas principalmente de uma atitude eminentemente
<br>>> > > conservadora.
<br>>> > >
<br>>> > > Pois eu fico me perguntando: falamos tanto hoje,
<br>>> > pelo
<br>>> > > menos na área de educação, em respeitar
a
<br>>> > diversidade
<br>>> > > cultural; e, para além de apenas "tolerar" a
<br>>> > > diversidade, falamos em elaborar estratégias
<br>>> > > pedagógicas que façam jus à diversidade.
Então,
<br>>> > por
<br>>> > > que não abolir as tais provas específicas? Na
<br>>> > escola
<br>>> > > de música da ufba, tais exames eram (são ainda?)
<br>>> > > chamados de "teste de aptidão". O que, obviamente
<br>>> > > implicava a noção de que aqueles que não
<br>>> > conseguiam
<br>>> > > ser admitidos "não tinham aptidão". Os que tentam
<br>>> > > ingressar e os que ingressam - os alunos e alunas
<br>>> > dos
<br>>> > > cursos superiores de música - passam a aceitar
<br>>> > isso
<br>>> > > pacificamente. Naturalizamos a noção de que o
<br>>> > > conhecimento musical legítimo é aquele que se
<br>>> > cobra
<br>>> > > nos tais testes de aptidão. Por que deve ser
<br>>> > assim?
<br>>> > >
<br>>> > > Por que um mestre de capoeira não poderia estudar
<br>>> > > música se assim lhe desejasse? Por que um
<br>>> > adolescente
<br>>> > > roqueiro ou ligado às novas tecnologias de
<br>>> > produção e
<br>>> > > circulação de música, por que não
djs, rappers,
<br>>> > > chorões, sambadores, por que não um ogã?
Ou seja,
<br>>> > por
<br>>> > > que todos os indivíduos tem que reduzir tudo o que
<br>>> > > sabem a uma única modalidade de fazer-compreender
<br>>> > > música?
<br>>> > >
<br>>> > > O fato é que, apesar de todo o já bem desenvolvido
<br>>> > > discurso na área de educação acerca da
necessidade
<br>>> > de
<br>>> > > descolonizar o currículo, o fato é que ainda
<br>>> > > julgamos-afirmamos, tacitamente ou não, que apenas
<br>>> > > aquele conhecimento em música (ou seja, o da
<br>>> > tradição
<br>>> > > européia-erudita) é merecedor de estabelecer os
<br>>> > > critérios e os parâmetros para admissão
de quem
<br>>> > quer
<br>>> > > que deseje estudar música em nível superior.
<br>>> > >
<br>>> > > Sei dos desafios que tudo isso representa para a
<br>>> > > formação superior em música. Mas é
justamente isso
<br>>> > que
<br>>> > > me anima aqui. Seria possível admitir um dj, por
<br>>> > > exemplo, com ampla e intensa experiência
<br>>> > profissional
<br>>> > > e dialogar com ele? Seria possível ensinar e
<br>>> > aprender
<br>>> > > algo com este dj? Ou será que aquilo que vale para
<br>>> > a
<br>>> > > formação de instrumentistas (no sentido
<br>>> > tradicional do
<br>>> > > termo) e, portanto, como critério para admissão
de
<br>>> > > futuros estudantes de instrumento (ou das chamadas
<br>>> > > práticas interpretaitivas - no sentido já
<br>>> > estabelecido
<br>>> > > pela formação acadêmica em música)
deve valer para
<br>>> > > todo o campo do conhecimento e formação em música?
<br>>> > >
<br>>> > > Enfim, por que ensinamos o que ensinamos e como
<br>>> > > poderemos justificar nossos estreitos critérios de
<br>>> > > admissão numa sociedade já extremamente
<br>>> > excludente?
<br>>> > >
<br>>> > > Eduardo Luedy
<br>>> > >
<br>>> > > --- Jorge Antunes <antunes@unb.br> wrote:
<br>>> > >
<br>>> > > > Caro Damián:
<br>>> > > >
<br>>> > > > A SBME (Sociedade Brasileira de Música
<br>>> > > > Eletroacústica) está preparando um documento
<br>>> > para
<br>>> > > > ser enviado ao Reitor da UFAC, Prof. Dr. Jonas
<br>>> > > > Pereira de Souza Filho.
<br>>> > > > Manifestaremos nossa indignação com o fato de
a
<br>>> > > > Universidade Federal do Acre ter abolido a prova
<br>>> > de
<br>>> > > > habilitação em música. Comentaremos as
<br>>> > experiências
<br>>> > > > bem sucedidas e as consequências boas de tal
<br>>> > prova.
<br>>> > > > Chamaremos a atenção para os resultados
<br>>> > desastrosos,
<br>>> > > > em termos de qualidade da formação acadêmica,
de
<br>>> > um
<br>>> > > > curso superior de música que não pratique a
<br>>> > seleção
<br>>> > > > de vestibulandos de acordo com suas formações
<br>>> > > > musicais básicas.
<br>>> > > >
<br>>> > > > Quero sugerir a você que insista com a Diretoria
<br>>> > da
<br>>> > > > Anppom, no sentido de que ela venha a fazer o
<br>>> > mesmo,
<br>>> > > > enviando carta ao Reitor.
<br>>> > > > A seguir destaco alguns itens do Estatuto da
<br>>> > Anppom
<br>>> > > > de acordo com os quais a Diretoria, eleita
<br>>> > > > democraticamente em Assembléia Geral, tem o
<br>>> > direito
<br>>> > > > e o dever, sem consultas aos associados, de agir
<br>>> > > > atendendo seu pedido.
<br>>> > > >
<br>>> > > > Artigo 4º - São finalidades e objetivos da
<br>>> > Anppom:
<br>>> > > > j) Contribuir para a manutenção e
<br>>> > desenvolvimento da
<br>>> > > > música, em âmbito acadêmico, enquanto área
de
<br>>> > > > pesquisa e criação científica e artística.
<br>>> > > >
<br>>> > > > Parágrafo 2º - Cabe à Diretoria:
<br>>> > > > b) Dinamizar e promover as atividades que visem
<br>>> > ao
<br>>> > > > desempenho do papel social que este Estatuto
<br>>> > confere
<br>>> > > > à Anppom.
<br>>> > > >
<br>>> > > > Artigo 26 - Os casos omissos serão resolvidos
<br>>> > pela
<br>>> > > > Diretoria.
<br>>> > > >
<br>>> > > > Abraço,
<br>>> > > > Jorge Antunes
<br>>> > > > >
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