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<STYLE></STYLE>
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<BODY bgColor=#ffffff>
<DIV><FONT face=Arial>caros amigos e colegas,</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial>Recomendo a todos as récitas da ópera "Rigoletto", de
Verdi, nos próximos dias 20 e 22 de dezembro, às 20h, aqui no Theatro Pedro II,
em Ribeirão Preto.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial>A super-produção é da Fundação D. Pedro II e da
Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial>A direção artística, frente à Orquestra Sinfônica de
Ribeirão Preto, está a cargo de seu regente titular, o maestro Cláudio
Cruz.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial>Destaca-se o tenor Fernando Portari - que estará atuando
não só como Duque de Mantua, mas também assina a direção cênica.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial>E temos aí grande elenco com Rosana Lamosa, Sebastião
Teixeira, José Galizza e Edinéia Oliveira, entre outros...</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial>Para nós do Curso de Música pela USP de Ribeirão
Preto, em especial, destacamos as participações da Profa. Yuka de Almeida Prado
e de sua aluna Renata Ferrari (do 3º ano do curso de Canto e Ópera), que faz seu
debut como cantora de ópera nesta montagem!</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial>Segue abaixo meu texto sobre esta montagem de grande
importância para nossa cidade!...</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT
face=Arial>------------------------------------------------</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><FONT size=2>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: center"
align=center><SPAN><FONT face=Arial><FONT size=3>"Rigoletto" – Ribeirão Preto,
2007<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office"
/><o:p></o:p></FONT></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><o:p><FONT size=3> </FONT></o:p></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: right"
align=right><SPAN style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Por Rubens Russomano
Ricciardi<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: right"
align=right><SPAN style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Compositor e professor
titular em Música pela USP<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><o:p><FONT size=3> </FONT></o:p></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt 54pt; TEXT-INDENT: -36pt; TEXT-ALIGN: center; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 54.0pt"
align=center><SPAN><STRONG><FONT face=Arial><FONT size=3><SPAN
style="mso-list: Ignore">I)<SPAN
style="FONT: 7pt 'Times New Roman'">
</SPAN></SPAN>A cidade, o teatro e a
ópera<o:p></o:p></FONT></FONT></STRONG></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><o:p><FONT size=3> </FONT></o:p></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>As cidades também têm vocações
específicas. Ribeirão Preto se encontra hoje entre as cidades brasileiras com
maior potencial de desenvolvimento para a boa música e em especial para a ópera.
Desde os primórdios de seus tempos, como por ocasião da inauguração do Theatro
Carlos Gomes, em 1897, o gênero ópera consta sempre entre os principais
acontecimentos históricos da cidade. Numa cidade espiritualmente construída em
especial pelos imigrantes italianos, o mais italiano entre os gêneros musicais
sempre impregnou os sonhos de seus filhos mais
empreendedores.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Assim, em 1930, inaugura-se o Theatro
Pedro II. Um teatro projetado para a ópera, uma acústica perfeita para o canto,
uma verdadeira jóia arquitetônica de rara beleza e monumentalidade no coração da
cidade, cunhando seu semblante cultural e artístico. Hoje, entre os que apreciam
o gênero em qualquer parte do país, não há mais quem possa discordar: o Theatro
Pedro II de Ribeirão Preto já se estabeleceu definitivamente como um dos
melhores palcos para a ópera não só do Brasil, mas de toda a América Latina.
Suas reais dimensões transcendem a importância meramente regional,
consolidando-se já como insuperável referência
nacional.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Somam-se ao Theatro Pedro II ainda
outras entidades afins e de importância fundamental para a cidade, como a
Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto - fundada em 1938, a segunda orquestra
profissional mais antiga do Brasil! -, e, desde 2004, o Curso de Graduação em
Canto e Ópera no Campus da USP de Ribeirão Preto. Outros empreendimentos de
igual importância vêm colaborar ainda mais para a consolidação desta vocação
operística da cidade. Vivenciamos, portanto, bons tempos para ousar sempre mais
em projetos que possam viabilizar com toda competência a execução de obras de
arte de uma real singularidade, de uma maior profundidade em meio à criatividade
humana e na revelação de suas condições existenciais, as mais reflexivas e
derradeiras. A ópera, neste sentido, está entre os mais complexos e
significativos gêneros em todas as artes.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>A Fundação D. Pedro II, capitaneando
este belíssimo empreendimento de grande fôlego, numa parceria estreita e com
forte apoio da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, desenvolve uma concepção
gestora de ampla visão e a mais acertada, justamente com o bom fomento às
produções próprias da cidade. Não somos uma província tacanha que, incapaz de
produzir ela mesma seus principais eventos, tão-somente importa as iniciativas
dos grandes centros... Não! Já somos sim nós mesmos capazes de conceber e
produzir aqui o que se realiza de melhor em matéria de produção operística em
todo o Brasil!<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Observando-se numa rápida retrospectiva,
as marcantes poéticas musicais do romantismo têm prevalecido nas principais
montagens de ópera em Ribeirão Preto desde o final do século XIX. Compositores
como Giuseppe Verdi, Giacomo Puccini e Carlos Gomes foram até aqui os preferidos
no momento da escolha dos repertórios. A opção por "Rigoletto", de Verdi, nesta
temporada 2007, confirma mais uma vez esta vocação inequívoca. Demonstra também
o passo seguro e a maneira responsável com a qual se está dando prosseguimento a
esta forte tradição. No entanto, estamos prontos também para ousar em projetos
de montagens de óperas menos consagradas, tanto em direção aos repertórios do
passado, como do barroco e classicismo, como também rumo às obras do século XX e
mesmo contemporâneas - incluindo-se sempre, em meio a estas inúmeras
possibilidades, óperas de compositores brasileiros. Há ainda muito por se
realizar neste sentido.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>A ópera, gênero musical o mais completo
e perfeito, é sempre capaz de transcender o tempo e o espaço delimitado das
vivências humanas. Assim, em meio a este processo amplamente favorável de
crescimento, abrem-se as portas também para empreendimentos futuros e não menos
ousados.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>O ribeirãopretano, com sua boa
sensibilidade – sempre já um apaixonado por ópera! -, exige cada vez mais
políticas públicas como alternativas inteligentes, em matéria de arte, às
redutivas propostas de consumo fácil praticadas pela Indústria Cultural. Esta
deve ser uma entre as maiores tarefas dos empreendimentos artístico-culturais em
nossa cidade, portanto sempre num desdobramento positivo de uma de suas
principais vocações já historicamente reconhecidas e consolidadas: Aqui é cidade
da música! Aqui é a cidade da ópera!<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><o:p><FONT size=3> </FONT></o:p></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt 54pt; TEXT-INDENT: -36pt; TEXT-ALIGN: center; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 54.0pt"
align=center><SPAN><STRONG><FONT face=Arial><FONT size=3><SPAN
style="mso-list: Ignore">II)<SPAN
style="FONT: 7pt 'Times New Roman'">
</SPAN></SPAN>A orquestra, o maestro e os
cantores<o:p></o:p></FONT></FONT></STRONG></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><o:p><FONT size=3> </FONT></o:p></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>A OSRP, desde sua fundação, sempre atuou
no Theatro Pedro II e em produções operísticas. Por sorte, o momento atual é dos
mais favoráveis, pois a juventude dinâmica e a genial competência do maestro
Cláudio Cruz, seu regente titular, viabilizam agora saltos qualitativos sem
igual em toda a história de nossa orquestra.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Todos conhecem a carreira de Arturo
Toscanini, por exemplo. De bom violoncelista de orquestra, quase que por
acidente passou a atuar como regente entre os mais consagrados de todos os
tempos, tanto no repertório operístico como sinfônico. E aqui faço a comparação
sem qualquer receio: Cláudio Cruz, violinista principal e spalla dos mais
respeitáveis conjuntos paulistas, como a Orquestra Sinfônica do Estado de São
Paulo, o Quarteto Amazônia e a Orquestra Villa-Lobos, assim como violinista
solista brasileiro entre os melhores de todos os tempos, já desenvolveu carreira
muito mais consistente do que aquela de Toscanini enquanto mero instrumentista.
As atuações de Cláudio Cruz como regente titular frente à Orquestra Sinfônica
Municipal de Campinas (nas temporadas 2004 e 2005) e agora frente à OSRP, num
caminho seguro trilhado até aqui desde o excelente músico de orquestra até a
regência, provam que lhe estão garantidas todas as condições necessárias para
uma carreira cada vez mais brilhante e de plena ascensão neste seu novo
ofício.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Cláudio Cruz é realmente o intérprete
ideal. Quer seja como violinista e, ainda mais agora como regente, analisa
profundamente as partituras com as quais trabalha com afinco e respeito
exclusivos de quem tem verdadeira paixão pelo que faz. Enquanto estudioso
incansável na superação de si próprio, ele busca sempre novos desafios com toda
dignidade profissional. E toda grande obra musical vibra intensamente em suas
mãos e se expressa genuinamente em plenitude na condição própria da linguagem
diferenciada de cada compositor, revelando-se por inteiro não só o estilo como o
mundo exposto da obra, desde as concepções estruturais, passando pelo contexto
histórico-musicológico, até o menor detalhe da
execução.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Ribeirão Preto já conhece as atuações de
Cláudio Cruz no repertório sinfônico. Agora terá oportunidade de conhecê-lo como
regente de ópera, diretor artístico que é desta presente montagem de
"Rigoletto". Eu tive a grata oportunidade de vê-lo e ouvi-lo em Campinas,
dirigindo "Lo Schiavo" de Carlos Gomes e depois "Don Giovanni" de Mozart. Foram
duas montagens inesquecíveis, num vigor musical raramente registrado em palcos
brasileiros. Agora, em condições mais favoráveis, já em nosso Theatro Pedro II,
ele poderá exercer plenamente sua arte de músico-intérprete, iniciando assim uma
nova etapa ainda mais promissora nas produções de óperas significativas não só
para a cidade e região de Ribeirão Preto, como para todo o
país.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Em trabalho conjunto com o maestro
Cláudio Cruz, outro gênio da música brasileira está aqui também em ação. Estamos
falando do grande tenor carioca Fernando Portari, atuando não só como cantor
(Duque de Mântua), como assinando também a direção cênica deste "Rigoletto"
(Dino Bernardi, ator e diretor ribeirãopretano, será seu
assistente).<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Portari, que iniciou sua carreira
cantando no Campus da USP de Ribeirão Preto, tem relações as mais próximas com
nossa cidade – não obstante sua incansável agenda internacional, em especial nos
principais palcos europeus. Apresenta-se em Ribeirão Preto em concertos
natalinos no HC (Campus da USP), em concertos e master-classes no Curso de
Música pela USP desde sua fundação, em 2002, como já atuou inúmeras vezes como
solista junto à OSRP, em especial desde a reinauguração do Theatro Pedro II, em
1996. Assume agora também seu novo ofício de "regisseur" com todos os méritos e
com o forte respaldo de quem desenvolveu anteriormente toda uma rica experiência
como cantor e intérprete cênico. Poucos conhecem tão bem o difícil e enigmático
métier deste gênero musical como Fernando Portari. <o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Outra atração de primeira grandeza é o
soprano carioca Rosana Lamosa (Gilda, filha de Rigoletto). Tal como Fernando
Portari, Rosana Lamosa também desenvolve intensa atividade como professora
conferencista pela USP e de solista no Theatro Pedro II desde a reinauguração,
com inúmeros concertos já realizados junto à OSRP.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Cantores de renome e que também já
vieram cantar diversas vezes em Ribeirão Preto, como Sebastião Teixeira
(Rigoletto, o bobo da corte), José Galizza (Sparafucile, um bandido assassino),
Edinéia Oliveira (Maddalena, irmã de Sparafucile), Sávio Sperandio (Conde de
Monterone), Homero Velho (Marullo, um cavalheiro) e Jordi Quelart (Borsa Matteo,
homem da corte), entre outros, completam o rol de intérpretes especialmente
convidados.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Destacam-se ainda as participações de
valores residentes em nossa região, como Yuka de Almeida Prado (Giovanna, dama
de companhia de Gilda e Pagem), professora de canto pela USP; sua aluna de
graduação também pela USP, a jovem de raro talento Renata Ferrari (Condessa de
Ceprano) - que aqui faz seu début como cantora de ópera -; e, completando o rol
de cantores, Claudinei Alves de Oliveira (Conde de Ceprano), regente coral e
professor de canto na vizinha cidade de Bebedouro.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><o:p><FONT size=3> </FONT></o:p></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt 54pt; TEXT-INDENT: -36pt; TEXT-ALIGN: center; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 54.0pt"
align=center><SPAN><STRONG><FONT face=Arial><FONT size=3><SPAN
style="mso-list: Ignore">III)<SPAN
style="FONT: 7pt 'Times New Roman'">
</SPAN></SPAN>Victor Hugo, Giuseppe Verdi e
"Rigoletto"<o:p></o:p></FONT></FONT></STRONG></SPAN></P>
<P class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><o:p><FONT size=3> </FONT></o:p></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>As origens históricas da ópera
"Rigoletto" remontam a personagens reais (que existiram de fato). Triboulet
(1479-1536) era o apelido de um famoso bobo da corte nos tempos dos reis da
França, Luís XII (1462-1515) e do filho deste, o Conde d’Angoulême (1494-1547),
que em 1515 torna-se Francisco I – um monarca representativo da Renascença
Francesa, tendo sido um importante mecenas das artes. Francisco I ficou mais
conhecido, no entanto, por sua notória infidelidade conjugal. Citando aqui as
próprias palavras deste rei numa de suas poucas frases que ficaram para
história: “uma corte sem mulheres é como um jardim sem flores”. Já o bufão
Triboulet com suas anedotas picantes difundidas naqueles tempos, torna-se ainda
em vida já um personagem literário através da pena de François Rabelais
(1483-1553), especificamente em sua obra "Pantagruel" (publicada em
1532).<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT"><FONT
size=3>Três séculos mais tarde, outro grande escritor francês, Victor Hugo
(1802-1885), revive ambas figuras históricas, o rei Francisco I e o bobo da
corte Triboulet, agora personagens protagonistas de sua peça teatral "Le Roi
s'amuse" (O Rei se diverte), estreada em 1832. O drama de Victor Hugo causa
escândalo e é imediatamente proibido pela censura, uma vez que "representava a
figura do Rei da França como mulherengo devasso e desprovido de pudor”. Nesta
peça teatral, Francisco I seduz a jovem e bela Blanche (esta personagem porém é
criada aqui por Victor Hugo), filha de Triboulet, justamente o já citado bobo da
corte.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><FONT
size=3><SPAN lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">É
interessante notar as semelhanças na caracterização de Triboulet,</SPAN><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic"> efetuada</SPAN><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">
<SPAN lang=PT>por Victor Hugo, com outro personagem seu igualmente célebre, o
Corcunda de Notre-Dame. Ambas figuras bizarras que carregam sentimentos humanos
os mais extremos. Portanto, trata-se de uma proposta literária de Victor Hugo
original para seu tempo enquanto configuração de um novo herói trágico e com
defeitos físicos evidentes, e, além disso, humano, demasiado humano, já bem
distante dos antigos heróis mitológicos ou
épicos.<o:p></o:p></SPAN></SPAN></FONT></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><FONT
size=3><SPAN lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">Por
volta de 1844, Giuseppe Verdi (1813-1901) toma conhecimento do drama francês de
Victor Hugo. Desde então, o grande compositor italiano idealiza o</SPAN><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic"> projeto</SPAN><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">
de uma nova ópera, tendo em vista uma adaptação fiel de "O Rei se diverte".
Poucos anos depois, "Rigoletto", a consagrada ópera italiana, numa parceria com
o libretista veneziano Francesco Maria Piave (1810-1867), é finalmente composta
em 1850, num único fôlego de um trabalho concentrado e realizado em poucas
semanas, mas ainda constando o título provisório de "A
Maldição".<o:p></o:p></SPAN></FONT></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><FONT
size=3><SPAN lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">Tudo
de mais essencial que há na concepção dramática de "Rigoletto" remonta a"O Rei
se diverte". Do mesmo modo, as dificuldades com a censura ocorreram em ambas as
versões. Tal qual a peça de teatro, o libreto da ópera também foi proibido. Para
contornar estes problemas e viabilizar sua</SPAN><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic"> estréia</SPAN><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">
(a liberação ocorrerá em janeiro e a</SPAN><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic"> estréia</SPAN><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">
triunfal em março de 1851, em Veneza), Piave e Verdi tiveram que</SPAN><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic"> efetuar</SPAN><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">
algumas pequenas modificações de última hora no libreto da ópera. Foi assim que
a Corte do Rei da França, Francisco I, da peça de Victor Hugo, transformou-se na
Corte do Duque de</SPAN><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic"> Mântua</SPAN><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">
(figura sem qualquer relação com a realidade), no libreto de Piave.
Respectivamente, Triboleut passa a se chamar Rigoletto e sua filha Blanche agora
é Gilda.<o:p></o:p></SPAN></FONT></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT"><FONT
size=3>Contudo, tanto na peça "O Rei se diverte" como na ópera "Rigoletto" a
ação se passa no segundo quartel do século XVI, mantendo-se o mesmo ambiente
escuro de uma noite interminável em meio ao contexto das relações
verdadeiramente medievais de poder.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT"><FONT
size=3>Nesta belíssima concepção dramatúrgica de Fernando Portari, toda a ação
em "Rigoletto" leva à configuração de uma grande
tragédia.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><FONT
face=Arial><FONT size=3><SPAN>Qualquer um conhece a famosa ária "La donna è
móbile". </SPAN><SPAN lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">Melodia
alegre de uma canção até levemente irônica, quando aqui o Duque de Mântua fala
da inconstância das mulheres, como se toda a culpa das relações amorosas
volúveis e superficiais fosse sempre delas, pois “enganam tanto no choro como no
riso” e “mudam de idéia a cada momento”.<o:p></o:p></SPAN></FONT></FONT></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT"><FONT
size=3>Mas, por trás desta suposta leveza aparente, no entanto, revela-se uma
essência eminentemente trágica da condição humana. Ou seja, "La donna è mobile"
não deixa de ser o canto mais célebre da ópera "Rigoletto", mas é um momento de
distanciamento das reais relações da trama no libreto, saindo da condução
central dos fatos. Aí há uma quase autonomia absoluta da famosa melodia em meio
à ação dramática.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><FONT
size=3><SPAN lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">Por
outro lado, temos sim essencialmente na ópera uma trágica revelação da condição
humana, pois o que está sendo narrado de fato, no libreto, é a maneira como um
sistema de poder se mantém. Poder este opressor e absoluto do Rei (no caso do
libreto da ópera, representado no personagem do Duque de Mântua) e que oprime
qualquer opinião diferente, inviabilizando justamente qualquer mudança em meio a
estas relações brutais da rígida hierarquia. O mundo aqui é estático, sem
solução nem perspectiva. </SPAN><SPAN style="FONT-FAMILY: Arial">Na ópera não há
esperança possível para quem quer que seja.<o:p></o:p></SPAN></FONT></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><FONT
size=3><SPAN lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT">Convertido
à perversão, o Rei se corrompe dentro dele mesmo, pois não tem obrigações nem
compromissos. Tão-somente confere a si mesmo o direito de se divertir - não
obstante os graves constrangimentos que possa causar. </SPAN><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial">Pesado e repugnante, pois já não se identifica com
ele a figura simpática do sedutor charmoso, o Duque de Mântua, sem quaisquer
escrúpulos, exerce seu poder quando se diverte através do sexo. Assim, sexo e
poder se misturam, ambos instrumentos de corrupção. Por fim, o Duque de Mântua
passa pelo drama completamente ileso, pois nada acontece com ele. E ele,
indiferente, pouco se importa com o que acontece com os outros, sobrevivendo
assim em seu poder ilimitado como se a tragédia nada tivesse a ver com
ele.</SPAN><SPAN lang=PT
style="FONT-FAMILY: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-ansi-language: PT"><o:p></o:p></SPAN></FONT></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Num certo sentido, o Duque de Mântua e
Rigoletto também são dois lados de uma mesma moeda, pois ambos corrompem a
dignidade humana. Victor Hugo introduz a realidade na trama, realidade esta
trágica representada no personagem Rigoletto - o mais humano entre os
personagens. Rigoletto sente um ódio mortal, uma inveja mesquinha e vivencia a
torpeza enquanto personagem grotesco, quase animalesco. Rigoletto, ele próprio,
também é a encarnação do poder. Também vive às custas do escárnio dos outros e
não se importa com a desgraça alheia. Daí também originam o ódio e a maldição de
Monterone contra Rigoletto, rogando-lhe uma praga aterrorizadora e que perdurará
por toda a trama. Desta forma, Rigoletto se eleva à categoria de um herói
execrável em suas relações com a infelicidade.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Rigoletto e o Duque são também figuras
que se confundem, num certo sentido. Daí a relação de amor e ódio de Rigoletto
para com o Duque, sentimentos estes fortes e bem diferentes do mero desprezo que
Rigoletto sente pelos demais nobres, aduladores e bajuladores medíocres da
corte.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>A única comoção em Rigoletto, ou seja,
tudo que o comove, reduz-se ao seu amor à filha Gilda, seu “único tesouro”. Mas
quem não manifestará solidariedade com Rigoletto? Quem ousaria não inocentar sua
atitude ao querer vingar o grave constrangimento de sua filha causado pelo Duque
impiedoso? Gilda, por sua vez, é a possibilidade do que resta da dignidade
humana, dos valores, da beleza. Mas, neste universo, não sobrevive algo de
belo.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Quando planeja o assassinato do Duque de
Mântua, Rigoletto procura anular também sua própria maldade, ao tentar em vão
proteger sua filha do mundo, mesmo que com atitudes neuróticas - o que lhe
transforma num dos maiores heróis de todos os tempos. Neste sentido, há em
Rigoletto também o sentido de uma grande humanidade... É torpe, assume a
torpeza, o auto-escárnio, mas busca o valor eterno da pureza e da
castidade.<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>Do ponto de vista de sua importância
enquanto obra de arte, a ópera "Rigoletto" de Verdi não apenas exercerá fortes
influências apenas por seu sentido filosófico-literário. Basta lembrarmos de uma
obra célebre que nasceu inspirada diretamente no "Rigoletto", como o romance
"Crime e castigo" (publicado em 1866), do escritor russo Dostoievski -
justamente quando o personagem se refere ao Duque e a ele próprio (e mais uma
vez numa relação indissociável entre os dois personagens): "Egli è Delitto,
Punizion son io" (Ele é o crime, eu sou o castigo).<o:p></o:p></FONT></SPAN></P>
<P class=MsoNormal
style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 18pt; TEXT-ALIGN: justify"><SPAN
style="FONT-FAMILY: Arial"><FONT size=3>A ópera marca também um ponto de ruptura
não só na produção operística de Verdi, mas na história do gênero. Antes mesmo
de Richard Wagner, Verdi inventa com seu genial "Rigoletto" a grande ópera
romântica – um dos pontos culminantes do romantismo
musical!<o:p></o:p></FONT></SPAN></P></FONT></DIV></BODY></HTML>