Caro amigo Rogério,<br><br>O que me parece é que temos um sistema que contribui para a manutenção do status quo. Quem está dentro fica e sobe, que está fora não entra e desce. <br><br>Se o pesquisador não faz parte do programa A, B, C ou D de pós-graduação em música, mas publicou no <i>Journal of the American Musicological Society</i>, no <i>Music Theory Spectrum</i>, no <i>Ethnomusicology</i> ou no <i>October</i> (<i>no mean feat</i>!), ele estará em desvantagem porque ninguém nos programas A, B, C e D publicou no <i>JAMS</i> (e você e eu sabemos o quanto é difícil ter uma comunicação aceita em um congresso da AMS, e o quanto é fácil vê-la nos congressos X, Y e Z). Em princípio, o <i>JAMS</i> não existirá para a CAPES, e enquanto não existir para os docentes dos programas A, B, C e D estes estarão na confortável posição de tomarem o periódico W por padrão de excelência, pois <i>la crème de la crème</i> (quem, senão eles próprios?) publica ali.<br>
<br>Isso partindo do princípio de que o fato de um pesquisador ligado ao programa A, B, C ou D publicar no <i>JAMS</i> seja suficiente para incluir o referido periódico na avaliação da CAPES com uma classificação adequada, o que espera comprovação. Partindo do princípio também de que a lista de publicações seja um fator decisivo, como deveria ser, em concursos públicos de provas e títulos. Em minha própria experiência, não é. Publicações em periódicos realmente seletivos (e quem necessita de "lista da CAPES" para saber quais sejam senão quem quer que ali nunca se tenha aventurado?) são facilmente substituídas por papers de três páginas com quádrupla assinatura publicados em anais de congresso vai-quem-paga, ensaios de auto-exegese problematizante, odes a membros da banca e artigos "eu-e-meus-correligionários". Tudo pago pelo erário público.<br>
<br>Carlos<br><br>