<p>Prezados colegas,</p>
  <p>Bernard Lehmann, em seu famoso livro sobre as orquestras francesas, conta que o julgamento de um maestro pelos músicos da orquestra expressa-se também no vocativo: "Monsieur" para um maestro respeitável e "Maestro" quando se quer usar o tom pejorativo. Acho instrutiva essa informação e sugiro a adoção entre os músicos de orquestras brasileiras.</p>
  <p>Marcos</p>
  <p>Citando Mauricio Alves Loureiro <mauricio.alves.loureiro@gmail.com>:<br /><br />> Prezados músicos desta lista,<br />><br />> Acho que o problema que ainda persiste nas orquestras brasileiras é<br />> exatamente aquilo que permite os Srs. Maestros, se chamarem de Maestros, e,<br />> obviamente, exigindo que todos o chamem assim. Talvez seja isso que faz com<br />> que soe perfeitamente natural essa declaração do Sr. Maestro Minczuk:<br />> “...ESTOU DANDO oportunidade para os músicos da própria OSB alcançarem<br />> posições acima das que ocupam hoje”.<br />><br />> Seria mais coerente com a real estrutura funcional de uma orquestra<br />> sinfônica se aos regentes fossem dado o nome de Sr. Sol, para homenagear<br />> Luis XVI, em cuja corte essa bizarra instituição foi inventada.<br />><br />> Esses Maestrinhos jovens, que no contexto acadêmico seriam chamados de<br />> "recém-maestros", chegam a dar saudade da tirania do velho Eleazar de<br />> Carvalho...<br />><br />> Abraços<br />><br />> Mauricio Loureiro<br />> (assistente de primeira clarineta e requinta da OSESP Eleazarana)<br />><br />><br />><br />> De: Aurora Neiva [mailto:auroraneiva@gmail.com]<br />> Enviada em: domingo, 20 de março de 2011 18:10<br />> Para: undisclosed-recipients:<br />> Assunto: Qualidade_formação_músicos_no_Brasil<br />><br />> Prezados Colegas<br />><br />> Embora seja docente da área de Letras da UFRJ e não de Música, venho<br />> solicitar que os colegas avaliem a afirmação feita pelo Maestro Minczuk na<br />> revista Época (ver texto integral abaixo, especialmente trecho em amarelo)<br />> sobre a qualidade dos cursos de música no Brasil (“Um grande problema do<br />> Brasil é que nossas escolas não preparam bons músicos, com o nível de que as<br />> orquestras de excelência precisam”) e o uso indevido que ele está fazendo da<br />> OSB Jovem, como substituta da OSB profissional, conforme noticiado no<br />> próprio site oficial da OSB. O Sr. Minczuk, como vocês já devem saber, está<br />> encabeçando um processo de desintegração e desnacionalização da OSB.<br />> Como muitos de vocês, fiz meu doutorado no exterior, mas isso não significa<br />> que todos os estudantes de minha área de atuação só serão bons profissionais<br />> se também estudarem fora do Brasil.  Muito pelo contrário: foi feito um<br />> investimento em nossas formações no exterior para que pudéssemos ser<br />> multiplicadores de excelência em nossas áreas de atuação nas universidades<br />> do país, tanto nos cursos de pós como nos de graduação. E tenho certeza de<br />> que estamos fazendo nosso papel muito bem.<br />><br />>  Envio-lhes o link da petição pública contra as ações desse maestro e da<br />> administração da Fundação OSB. Talvez vocês concordem em se juntar aos 3314<br />> signatários já existentes:<br />> <a href="http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=OSB2011" target="_blank">http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=OSB2011</a><br />><br />> Saudações universitárias,<br />><br />> Aurora Neiva<br />> Professora Associada<br />> Departamento de Letras Anglo-Germânicas<br />> Programa Interdisciplinar Linguística Aplicada<br />> Faculdade de Letras / UFRJ<br />><br />> Artigo da Época<br />> Roberto Minczuk: "Não existe desafio para os músicos"<br />> Em meio à revolta de mais da metade da Orquestra Sinfônica Brasileira, o<br />> regente afirma que só vai tocar na temporada quem for avaliado<br />> RAFAEL PEREIRA<br />> A Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) é uma das mais tradicionais do país.<br />> Foi criada há 70 anos por três professores da Escola Nacional de Música para<br />> ser a principal orquestra do país. Passou por fases gloriosas,<br />> principalmente sob a batuta do maestro Isaac Karabtchevsky, mas foi<br />> derrubada pela decadência financeira nos anos 90. A tradição ainda está lá,<br />> mas há muito deixou de estar entre as melhores. Quando chegou para assumir<br />> como maestro e diretor artístico, em 2005, Roberto Minczuk encontrou músicos<br />> com salários baixos e atrasados. Sua missão pessoal foi tirar a OSB do limbo<br />> artístico, e a fundação privada que administra a orquestra fechou<br />> patrocínios importantes para tornar isso possível.<br />> Em cinco anos, os salários dos músicos praticamente triplicaram, e Minczuk<br />> instituiu uma rotina maior de ensaios e concertos. Justamente quando tudo<br />> parecia ir bem, os músicos se insurgiram contra seu maestro. O motivo: para<br />> um novo salto de excelência, todos os quase 90 músicos deveriam ser<br />> avaliados individualmente, para ajustes técnicos. É uma medida rara,<br />> normalmente tomada para substituir músicos com rendimento abaixo do<br />> esperado. Foi o que aconteceu na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo<br />> (Osesp), em 1997. Na ocasião, Minczuk era diretor artístico adjunto da<br />> Osesp, sob o comando do maestro John Neschling. O fantasma da demissão e a<br />> falta de participação nas decisões da instituição revoltaram os<br />> instrumentistas da OSB. “Discordamos do modo autoritário como a<br />> administração nos trata”, disse Luzer Machtyngier, presidente da comissão de<br />> músicos.<br />> Em um primeiro momento, os músicos exigiram mudanças no processo de<br />> avaliação. O tempo de dois meses de preparo foi considerado insuficiente.<br />> Além disso, pediram à direção uma reunião para discutir o repertório das<br />> avaliações. Logo depois, porém, reunidos em assembleia, decidiram não<br />> participar das audições individuais, realizadas entre os dias 10 e 18 de<br />> março. A comissão de músicos pediu a suspensão das avaliações, mas o pedido<br />> foi negado em segunda instância. Mesmo assim, mais da metade dos músicos não<br />> apareceu para a avaliação, e a situação segue sem solução. O caso virou tema<br />> internacional nas redes sociais.<br />> Em entrevista a ÉPOCA, Minczuk disse que os músicos que faltaram estão sendo<br />> contatados para uma segunda chamada. A temporada de ensaios e concertos da<br />> OSB começará em agosto, mas o impasse prosseguirá. Na retomada dos<br />> trabalhos, Minczuk afirma que contará apenas com músicos que passaram pela<br />> avaliação.<br />>   ENTREVISTA - ROBERTO MINCZUK  <br />> QUEM É<br />> Maestro e diretor artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira, do Rio de<br />> Janeiro. Nasceu em São Paulo, em 23 de abril de 1967. Foi trompista prodígio<br />> e tornou-se profissional aos 14 anos. Foi regenteassociado da Filarmônica de<br />> Nova Yorke regente adjunto da Osesp, em São Paulo<br />> O QUE FEZ<br />> Depois de cinco anos à frente da OSB,exigiu avaliações individuais<br />> dosmúsicos para o que chamou de “salto dequalidade”, provocando revolta no<br />> grupo<br />> ÉPOCA – O senhor esperava tanta reclamação ao exigir avaliações individuais<br />> de seus músicos? <br />> Roberto Minczuk – Estranhei porque, como músico, não faria isso. Não estou<br />> pedindo isso a troco de nada. A proposta é ter aquilo que sempre se sonhou e<br />> nunca se teve na OSB. E me dói muito, porque a maior parte das acusações não<br />> tem fundamento algum.<br />> ÉPOCA – O que os músicos ganham com isso? <br />> Minczuk – Não estamos fazendo avaliações sem dar nada em troca. O piso<br />> salarial vai aumentar de R$ 6.200 para valores entre R$ 9 mil e R$ 11 mil.<br />> Atualmente tenho 13 posições abertas na orquestra. Por meio das avaliações,<br />> estou dando oportunidade para os músicos da própria OSB alcançarem posições<br />> acima das que ocupam hoje. Um violista que ouvimos nesse processo já foi<br />> promovido dentro do grupo. Vai ganhar mais, vai sentar mais à frente.<br />> ÉPOCA – Houve recusa de fazer testes? <br />> Minczuk – Houve, e não era facultativo. Teremos um calendário maior, com<br />> ensaios à tarde – coisa que não existia – e uma exigência de dedicação<br />> maior. Alguns músicos não têm interesse ou disponibilidade para esse grau de<br />> dedicação. Nós apresentamos um programa de demissão voluntária para quem não<br />> estiver de acordo tomar a iniciativa de sair. As audições estão ocorrendo<br />> bem, mas pouco mais da metade dos músicos não está vindo.<br />> ÉPOCA – O medo dos músicos é da demissão. Algum músico pode ser demitido se<br />> não for bem durante a avaliação? <br />> Minczuk – As audições não são para demitir ninguém. Nunca foi dito que isso<br />> aconteceria. Esse receio existe, é claro, porque pessoas já foram demitidas<br />> no passado recente, mas não é o caso do processo atual. Além disso, as<br />> avaliações são compostas de repertório que todos já tocaram e têm debaixo<br />> dos dedos.<br />> "Alguns não têm instrumento de qualidade superior. Vão ter de comprar"<br />> ÉPOCA – Quando o senhor demitiu algum músico da OSB? <br />> Minczuk – Quando assumi a orquestra, em agosto de 2005, trabalhei 18 meses<br />> com eles e, depois dessa primeira fase, detectamos que a OSB era muito<br />> desigual, com músicos muito bons e outros com menos qualidade. Fizemos esse<br />> ajuste no começo de 2007 e, dos mais de 80 músicos, 14 não estavam aptos<br />> para acompanhar o crescimento da orquestra.<br />> ÉPOCA – Como os músicos reagiram? <br />> Minczuk – É sempre difícil demitir, e houve muita reclamação, evidentemente.<br />> Uma foi sobre a falta de avaliações: “Maestro, poderia ter havido uma<br />> avaliação para essas pessoas antes da decisão”. Foi um dos motivos que me<br />> levaram a fazer as avaliações atuais, para todos.<br />> ,<br />> PROTESTO<br />> Os músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira em protesto que fizeram na<br />> semana passada contra a decisão do maestro de testá-los<br />> ÉPOCA – Se as avaliações atuais não são para demitir músicos com baixo<br />> rendimento, para que servirão?<br />> Minczuk – Por exemplo, em um naipe de 16 primeiros violinos, precisamos<br />> ouvir um por um para detectar pequenos problemas rítmicos, de afinação ou<br />> sonoridade. Precisamos de uma unidade perfeita. Nas avaliações que já<br />> fizemos, detectamos alguém que tem tendência a uma afinação mais alta, e<br />> outra pessoa, ao contrário, mais baixa. Em termos de ritmo, alguns são mais<br />> lentos e outros mais rápidos. Até em relação à sonoridade. Alguns não têm<br />> instrumento de qualidade superior, para a sonoridade que queremos. Com a<br />> nova remuneração, essa pessoa terá de investir em um novo instrumento.<br />> Podemos dar esse retorno ao músico e ajustar esses detalhes, fundamentais<br />> para o passo de qualidade que queremos. O que mais dá força em uma orquestra<br />> é essa uniformidade, quando ouvimos várias pessoas tocando como uma só.<br />> ÉPOCA – A mudança técnica de patamar pode levar a OSB a recuperar o<br />> prestígio que perdeu no mercado nacional?<br />> Minczuk – É fundamental para manter uma posição competitiva com outras<br />> orquestras. Com São Paulo, por exemplo. Para você atrair bons músicos,<br />> precisa oferecer salários atraentes. Por isso os seguidos aumentos. Se você<br />> compara nossa agenda com a da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a<br />> Osesp, temos muito menos ensaios e concertos. Eles ganham mais em São Paulo,<br />> mas, proporcionalmente ao número de dias trabalhados, os músicos da OSB<br />> ganham mais. Nossa proposta atual é equiparar os salários com a Osesp.<br />> Queremos instituir a gratificação por espetáculo, o que vai aumentar sua<br />> renda e estimular a produtividade.<br />> ÉPOCA – Os músicos reclamam do pouco tempo que tiveram para se reciclar<br />> antes das avaliações, de dois meses. É pouco? <br />> Minczuk – Para o que pretendemos, não. Na Osesp, foi uma audição para ver<br />> quem ficaria ou não. Lá também tivemos revolta. Os dois meses de<br />> antecedência dados aqui foram o período de férias, em janeiro e fevereiro,<br />> pagos pela orquestra. A questão não é ouvir o músico tocando uma sinfonia de<br />> Brahms com seis meses de treinamento, porque tocamos uma sinfonia nova toda<br />> semana. Quero ouvir a realidade, em que toda semana temos de preparar um<br />> programa de 75 minutos.<br />> ÉPOCA – A temporada da OSB em 2011 vai começar só com músicos avaliados? <br />> Minczuk – Sim. É uma condição da instituição.<br />> ÉPOCA – O senhor está preparado para uma debandada? <br />> Minczuk – Espero que isso seja resolvido da melhor maneira. Ainda mais<br />> agora, com as audições já acontecendo. Já tivemos hoje um violinista que<br />> faltou à primeira chamada, mas veio na segunda. Foi uma decisão sábia, e ele<br />> foi muito bem avaliado, correu tudo bem.<br />> ÉPOCA – Como o senhor compara a qualidade artística das orquestras<br />> brasileiras com as grandes orquestras do mundo? <br />> Minczuk – Um grande problema do Brasil é que nossas escolas não preparam<br />> bons músicos, com o nível de que as orquestras de excelência precisam. Temos<br />> bons professores, mas não existe uma instituição que se compare a um<br />> conservatório europeu ou americano. Grande parte dos músicos, de qualquer<br />> orquestra profissional brasileira, aperfeiçoou-se fora do país.<br />> ÉPOCA – É impossível ser um músico excelente estudando em escolas<br />> brasileiras? <br />> Minczuk – É difícil. Não pela questão técnica. O que distingue o ótimo do<br />> soberbo são os detalhes, o estilo, a abordagem distinta que precisamos dar a<br />> compositores diferentes como Mozart ou Tchaikovsky. O que faz a diferença é<br />> viver em um ambiente onde se dá atenção às nuances. Isso se aprende com<br />> professores fantásticos e com músicos que te desafiam. Quando eu e meu irmão<br />> começamos a estudar música na Escola Municipal de Música de São Paulo, eu<br />> com 9 e ele com 12 anos, estávamos na mesma classe de solfejo. Nós dois<br />> éramos os únicos com ouvido absoluto na sala de aula, entre mais de 20<br />> alunos, todos mais velhos. Quando fui estudar na escola Juilliard, nos<br />> Estados Unidos, na minha classe de solfejo, de 15 alunos, pelo menos dez<br />> tinham ouvido absoluto. O desafio é constante. No Brasil ainda não existe<br />> desafio para os músicos clássicos. Existe para os músicos populares. Temos<br />> os melhores músicos de choro, e todos vêm para o Rio aprender.<br />> ÉPOCA – É destino dos maestros serem vistos como déspotas? <br />> Minczuk – As pessoas gostam da imagem do vilão da novela... Tem gente que<br />> não me conhece e fala barbaridades sobre mim. O maestro tem essa<br />> responsabilidade. São 90 músicos, e seguem um comando único. É uma relação<br />> de amor e ódio que cria uma tensão que faz bem à música. Nosso objeto de<br />> trabalho é a vida, o desespero, o sublime... É evidente que isso influencia<br />> o relacionamento. Se essa tensão for canalizada para o lugar certo, ela faz<br />> bem à grande arte.<br />> O que os músicos querem<br />> As reivindicações dos integrantes da Orquestra Sinfônica Brasileira<br />> Discutir o programa dos concertos com o maestro <br />> Os músicos querem participar da escolha das obras a serem tocadas nas<br />> avaliações. Segundo eles, em nenhum momento foram consultados <br />>  <br />> Mais tempo de ensaio <br />> O período de ensaios foi de dois meses, e o tempo de avaliação é de cerca de<br />> 30 minutos para cada um. Segundo os músicos, é muito pouco <br />>  <br />> Dividir o poder com o maestro <br />> Os músicos questionam o poder de Minczuk, que ocupa simultaneamente os dois<br />> cargos mais importantes da OSB: maestro e diretor artístico. Eles querem<br />> participação nas decisões de ambas as funções<br />> Nenhum vírus encontrado nessa mensagem recebida.<br />> Verificado por AVG - www.avgbrasil.com.br<br />> Versão: 9.0.894 / Banco de dados de vírus: 271.1.1/3518 - Data de<br />> Lançamento: 03/20/11 04:34:00<br />><br />> ________________________________________________<br />> Lista de discussões ANPPOM<br />> <a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br />> ________________________________________________<br />><br /></p>
  <p><!--begin_signature-->-- <br />Prof. Dr. Marcos Câmara de Castro<br />Departamento de Música/FFCLRP<br />Universidade de São Paulo<br />Campus de Ribeirão Preto (SP), BRASIL<br /><a href="http://stoa.usp.br/marcos58/weblog/" target="_blank">http://stoa.usp.br/marcos58/weblog/</a><br /><a href="http://camaradecastro.blogspot.com/" target="_blank">http://camaradecastro.blogspot.com/</a><!--end_signature--></p>