Aos colegas músicos:<br>
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Peço que leiam o meu novo artigo, reproduzido abaixo, e que o divulguem às outras listas de músicos.<br>
O artigo foi publicado hoje na revista eletrônica <i>O Miraculoso</i>.<br><a href="http://www.miraculoso.com.br/index.php/pt/noticias-do-brasil/140-a-invisibilidade-da-jogatina-e-do-comunismo-malgre-dona-santinha.html">http://www.miraculoso.com.br/index.php/pt/noticias-do-brasil/140-a-invisibilidade-da-jogatina-e-do-comunismo-malgre-dona-santinha.html</a><br>
Podem reproduzir e republicar.<br>
Se gostarem da ideia lançada no artigo, talvez os músicos pudéssemos fazer um movimento nacional.<br>
Obrigado,<br>
abraço,<br>
Jorge Antunes<br>
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<span dir="ltr"></span><span style="color: rgb(153, 0, 0);"><font size="4"><b>Dinheiro para a Saúde: de onde tirar?</b></font><br>
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<b>Jorge Antunes</b><br>
<i>maestro, compositor, pesquisador do CNPq, pesquisador sênior da UnB</i><br>
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    Para o baile de minha formatura no Colégio Pedro II, em 1960, a
vaquinha feita entre os estudantes deu, milagrosamente, para contratar
a Orquestra de Waldir Calmon. Que sonoridade especial! O solovox,
instrumento único no Brasil, encantava as moçoilas e os rapazes do
colégio padrão.<br>
    Waldir Calmon se consagrou a partir de 1944, trabalhando e dando
emprego a muitos músicos, tocando no Cassino Atlântico, de Santos, e no
Cassino Copacabana no Rio. Com o fechamento dos cassinos em 1946, a
vida começou a ficar difícil para os músicos.<br>
    O maestro Guerra Peixe em 1938 recebeu convite do Cassino
Atlântico, de Petrópolis, para tocar como pianista. Adaptando-se
perfeitamente ao estilo do crooner Moreira da Silva, consagrou-se como
grande orquestrador fazendo arranjos para a orquestra daquela casa de
jogos. Guerra Peixe, por indicação de Vicente Paiva, em 1939, foi
trabalhar como violinista na orquestra do Cassino Icarahy, participando
também da Orquestra Típica Argentina que animava o Grill do famoso
cassino. Com o fechamento dos cassinos em 1946, a vida começou a ficar
difícil para ele e para todos os outros músicos.<br>
    Mário Zan conheceu, em 1940, o diretor do Cassino Atlântico, o
polonês Ziembinsky. Este gostou muito do trabalho do jovem
acordeonista, mas determinou que Mário não tocaria no Cassino Atlântico
sentado. O experiente homem de teatro pressentiu a beleza comunicativa
das performances de Mário Zan. Com o fechamento dos cassinos em 1946, a
vida de todos os acordeonistas começou a ficar difícil.<br>
    O grande clarinetista Abel Ferreira teve as influências de todo
menino de interior: a bandinha do coreto, as orquestras de baile, o
rádio. Em 1935 decidiu viver de música. Em 1943 se fixou no Rio de
Janeiro, tocando no famoso Cassino da Urca. Com o fechamento dos
cassinos três anos depois, sua vida começou a ficar difícil.<br>
    Em 1919 Pixinguinha fez, com seu conjunto, uma turnê por São Paulo,
Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pernambuco. De volta ao Rio em 1921, o
grupo começou a tocar no Cassino Assírio, no subsolo do Teatro
Municipal. Foi ai que Pixinguinha conheceu o milionário Arnaldo Guinle,
que se apaixonou pelos músicos e bancou  para eles uma  temporada em
Paris. Com o fechamento dos cassinos em 1946, os músicos assistiram
perplexos à arrasadora diminuição do mercado de trabalho.<br>
    Identificamos um único culpado para aquele desastre que foi a
proibição dos jogos de sorte no Brasil. Aliás, uma culpada: Dona
Santinha. Foi ela, a Sra. Carmela Leite Dutra, mulher do Presidente
Dutra, que exigiu do marido a assinatura do decreto-lei 9215, de 30 de
abril de 1946, que fechou os cassinos de todo o Brasil.<br>
    Aqueles lugares luxuosos, em que se apresentavam grandes
espetáculos artísticos, eram, segundo Dona Santinha, meros “antros do
pecado”. A católica fervorosa, carola de carteirinha, não ficou por aí
em suas exigências. A primeira dama pediu também que se extinguisse o
Partido Comunista Brasileiro. Seu desejo veio a ser atendido um ano
depois. Em 7 de maio de 1947, por decisão do STF, o PCB foi colocado na
ilegalidade.<br>
    Mais adiante, na ditadura dos anos de chumbo, os governos passaram
a arrecadar impostos com a jogatina acessível às míseras economias do
nosso povo. Tudo começou com a loteria esportiva. Depois vieram os mais
variados joguinhos, encastelados nas lotéricas, que sugam a pobre
economia popular.<br>
    Neste momento em que, preocupados com a precariedade da Saúde,
algumas autoridades admitem a criação de um novo imposto, acho que
seria oportuno colocar-se em pauta a discussão sobre a legalização dos
cassinos.<br>
    Sabemos que dinheiro para a Saúde, para a Educação, para a
Segurança, é coisa que não falta. Mas ele é desviado para o pagamento
dos juros de dívidas já pagas e para as cuecas e as meias da podridão
que ronda as chamadas “casas do povo”.<br>
    Em junho deste ano estive em Buenos Aires, como convidado do
Festival Resonancias de la Modernidad. Fiquei impressionado com a
quantidade de brasileiros que estavam no mesmo hotel em que fiquei.
Tomei coragem para perguntar a um casal a razão da presença de tantos
brasileiros. A razão era o Cassino Puerto Madero. Milhares de
brasileiros se deslocam até lá a cada ano, para evadir fortunas
brasileiras. Aquelas mesmas grandes fortunas, que de acordo com a
Presidenta Dilma não devem ser tributadas, escorrem para as burras
hermanas a todo tempo.<br>
    Urge reabrir os cassinos cujos impostos vultosos, se bem 
fiscalizados, poderão atender as necessidades básicas de Saúde e
Educação de nossa gente. Os cassinos, além disso, ampliariam o mercado
do turismo e abririam novas e inúmeras vagas de trabalho direto e
indireto.</span><br>