<HTML>
<style> BODY { font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px; }</style>caríssimos,<br>
<br>
estou acompanhando a conversa precariamente.<br>
penso: por que isso não se transforma num enconto e publicação temática?<br>
essa discussão envolve várias áreas...<br>
abraço, Heloísa<br>
<br>
<br>
<span style="font-weight: bold;">On Qua 26/10/11 11:07 , marciakazue@usp.br sent:<br>
</span><blockquote style="border-left: 2px solid rgb(245, 245, 245); margin-left: 5px; margin-right: 0px; padding-left: 5px; padding-right: 0px;">Caros colegas,<br>
<br>
Gostari de dar uma contribuição musicológica a respeito da discussão a <br>
respeito da fidelidade ao texto.<br>
<br>
"Quantas vezes o vi levantar-se do sofá onde estava deitado e pegar <br>
meu lugar no piano para tocar. Como ele sentia a peça ? que eu tinha <br>
tocado mal, que seja dito ?, numa forma completamente diferente, <br>
apesar d?eu ter trabalhado longa e arduamente nela! Assim terminava a <br>
aula, para não querer esquecer essa experiência, que tinha escutado de <br>
uma forma religiosa. Na aula seguinte, quase satisfeito com a moda <br>
imitativa que eu havia trabalhado a peça, eu a toquei novamente. <br>
Infelizmente, quando terminei, Chopin, mais uma vez, esticado sobre o <br>
sofá, levantou, com uma repreensão, sentou-se ao piano dizendo, <br>
?escute, é assim que deveria de ser?. E ele procedeu a tocar novamente <br>
numa maneira totalmente diferente. Eu pude responder apenas com <br>
lágrimas que essa demonstração não se assemelhava em nada com a <br>
primeira. Desencorajamento envolveu todo meu ser. Então ele sentiu <br>
pena de mim, dizendo que estava quase bom, ?apenas não do jeito que o <br>
sinto"(Peru, um aluno de Chopin apud Eigeldinger 1986, p.55 e 56).<br>
<br>
EIGELDINGER, Jean-Jacques. (1986). Chopin pianist and teacher. Nova <br>
York, Cambridge University Press.<br>
<br>
Abs,<br>
<br>
Marcia<br>
<br>
suas obras ao piano que preconizava que Bach nãoCitando Zélia Chueke <br>
<<a href="javascript:top.opencompose('zchuekepiano@ufpr.br','','','')">zchuekepiano@ufpr.br</a>>:<br>
<br>
<span style="color: red;"><br>
> Querida Catarina,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Como disse o Fausto tão bem, quem sabe verbaliza bem, e da aula!<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> A discussão é fascinante, e tenho me deparado com surpresas como por<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> exemplo, esta fascinação atual pelo timbre, que as pessoas agoar estão<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> tratando como se tivesse sido descoberto agora. Desde quando o timbre e<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> sta dissociado da escuta? Qdo. ouvimos uma nota, ela vem com tudo;<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> duração, altura, intensidade e timbre!<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Fiquei pasma quando descobri recentemente que os programas que registram<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> graficos de performances incluem apenas tempo e ritmo, mas não dinamica e<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> timbre. Agora estão pesquisando programas que incluam o "resto", ou eja,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> oq eu justifca a musica vomo sendo basicamente "como" e não "o que" ou<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> seja, podemos ouvir as mesmas notas com o mesmo ritmo, mas se mudamos o<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> tempo e a dinâmica, tudo se transforma, e sabemos então que se tratam de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> trechos musicais diferentes.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> No caso que você descreve, sim , muda tudo, pois se trata primeiro de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> nota, ou seja, se pudesssemos perguntar ao Mignone (qdo. tooquei os 6<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> preludios e 1/2 dele, liguei para a casa dele e ele me tirou uma duvida na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> hora) seria otimo, mas não sei se alguém tem a resposta para esta duvidas<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> especificas, então devemos nos basear no conhecimento prévio de obras do<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> compositor, do estilo, etc. e buscar meios para resolver o problema, como<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> em edição de partituras. Ontem mesmo, com meus aunos de mestrado, estava<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> falando sobre a edição de uma obra recem editada do Debussy (uma primeira<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> versão do estudo Pour les Arpèges Composés), que so foi possivel por causa<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> do conhecimento profundo do editor, Roy Howat, sobre o compositor e sua<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> musica; e a edição, comparada com o manuscrito, que acompanha a partitura,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> mostra a pertinência das decisões que foram tomadas. E aqui tb, se alguém<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> quiser contestar, conteste e toque de outro jeito, faça sua propria<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> pesquisa, use seus proprios conchecimentos! E para isto que pessoas como<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> você formam musicos, para que eles possam ser independentes, afinal a<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> musica é uma atividade que demanda esta solida formação, para não<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> precisarmos passar a vida perguntando a professores ou a musicologos, se<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> estamos no caminho certo. E olha que algumas vezes, como você sabe,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> devemos perguntar sim, a quem sabe! Mas a formação musical hoje em dia<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> esta tão ameaçada, que tem-se esquecido facilmente uma logica que Ligeti<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> colocava simplesmente, dizendo que "não teria chegado onde chegou se não<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> fosse por sua solida formação classica".<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Voltando à idéia do todo , as indicações de andamento do Mignone, me<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> parecem fruto de uma preocupação semelhante à do Schnabel qdo. editou a<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> op.101 de Beethoven (falos desta, pq estudei)colocando mudanças indicações<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> de metrônomo que aparentemente recortam a peça, mas logicamente nem ele<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> tocava assim, nem queria que tocassem assim, é apenas um cuidado para<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> mostra que o carater dos trechos muda (tempo=espirito do trecho), que<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> devemos levar mais ou menos tempo para "dizer" aquele trecho, mas sempre<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> como parte de um todo, de uma historia, que tem começo, meio e fim, e que<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> é na verdade a primeira coisa que temos que perceber antes de começar a<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> cosntruir uma performance : o começo, o meio e o fim. Ontem, na minha aula<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> sobre o Xenakis, li um trecho do Helffer que dizia que a peça tem começo e<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> fim, mas o meio nao apresenta evolução; é verdade, a peça tem Intro e<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Coda, e tem seções A, B, C, D, E, F, que o pianista soube separar (baseado<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> em diferenças do material timbristico), pois é o que precisamos para<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> tocar, saber o que esta acontecendo, onde vamos e como vamos. Voltamos ao<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> "como". Musica é "como". Sim, você temm razão qdo. fala que qto. mais nos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> afastamos do repertorio, menos informação concreta temos. Certo.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Nossa formação com grandes professores nos deu certezas que talvez não<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> tivessemsos, mas que podem ainda ser confirmadas por publicações como o<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Versuch...do CPEBach etc. De qq forma, mesmo com todo o respaldo<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> musicologico, nos deparamos com situações como a que a Eva Badura Skoda me<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> descreveu, sobre um festival Haydn que organizou em Schölnbrun, com<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> membros do ballet da Opera dançando os minuetos; teve que contratar uma<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> orquestra de ultima hora, pois o andamento das gravações existentes<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> tornava impossivel que os dançarinos se movimentassem devidamente com as<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> "seidrücke". Então, esta informação é preciosa para quem for tocar Haydn;<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> talvez seja melhor ignorar as gravações e adotar um tempo possivel para<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> ser dançado com as roupas da época; da mesma forma Bach, sem o exagêro de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Gould, podemos ver o exemplo de Schiff, que se inspira na tradição dos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> instrumentos de época e leva este conceito sonoro para sua execução.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Toda a experiência com o passado pode ser transprotada para a musica de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> hoje, se for solidamente vivenciada.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> E assim, temos as ferramentas para evitar esta situação que você descreve<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> : "Se, considerando o caso acima exposto, esperamos obediência fiel aos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> aspectos fixos da música (tudo que está objetivamente notado na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> partitura), teremos muito provavelmente uma interpretação incorreta,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> tanto do ponto de vista das alturas, quanto do ponto de vista formal (tal<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> qual uma versão produzida pelo finale, com alturas "erradas" e mudanças<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> abruptas de andamento)."<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Estamos falando aqui de darmos, como professores, as ferramentas para que<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> os futuros intérpretes tomem suas pps decisões. Sua descrição é perfeita,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> e fazer sentido do todo é o primeiro passo, e espero que muitos alunos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> continuem aproveitando de seus ensinamentos.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Grande abraço, e mais uma vez cumprimentos pela brilhante exposição.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Zélia<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> Oi Catarina,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> Ótima argumentação. Bela escrita. Quem sabe transforma suas reflexões em<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> um<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> artigo. É um assunto revelante pra nossa área. Abç. Fausto.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> Em 25 de outubro de 2011 10:41, Catarina Domenici <<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> <a href="javascript:top.opencompose('catarina@catarinadomenici.com','','','')">catarina@catarinadomenici.com</a>> escreveu:<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Prezada Zélia,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Agradeço a tua mensagem, pois você tocou num ponto muito importante que<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> merece ser discutido nesta lista: a fidelidade à partitura. Apenas com o<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> intuito de dar início a uma discussão (que espero renda bons frutos),<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> lanço<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> o exemplo da peça de confronto do quarto turno do concurso em discussão<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> no<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> momento: o primeiro movimento da Sonatina III de MIgnone. Em primeiro<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> lugar,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> temos que lidar com a imprecisão do próprio texto, o qual, por um erro<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> edição/impressão, contém alturas incorretas, como a falta de sustenidos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> mão direita no comp. 38, por exemplo (caso semelhante ao sol bemol na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> mão<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> esquerda no comp. 6 do segundo movimento da Suite n. 3 de Ronaldo<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Miranda).<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Em segundo lugar, mas não menos importante, há a questão da compreensão<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> do<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> texto. Explico: na peça em questão, Mignone escreve indicações de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> metrônomo<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> para cada seção da peça, as quais às vezes consistem de apenas uns<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> poucos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> compassos! Se o intérprete não compreende o grande arco formal da peça,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> construído por uma curva de aceleração em direção ao andamento "Vivo"<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> seguida de outra curva de desaceleração em direção ao "Tempo Primo",<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> corre o<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> grande risco de ter uma interpretação fortemente secionada que prejudica<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> a<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> compreensão da forma como um todo. Baseio a minha visão da peça nas<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> próprias<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> indicações de MIgnone, tais como a indicação de "un poco animato" na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> pag.2,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> seguida pelo "Animando" e pelo "animando e accellerando" na pag. 3.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Temos o<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> mesmo procedimento de desaceleração gradual após o "Vivo": "poco meno"<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> pag. 4, seguido de "piu calmo", "poco meno" e "ancora meno" na pag. 5.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Note-se que Mignone forneceu uma indicação de metrônomo para a maioria<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> dessas pequenas seções (exceções são o "un poco animato" e o "piú<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> calmo") e<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> que mesmo fornecendo uma indicação de metrônomo para o "Animando" na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> pag. 3,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> acho relevante que tenha colocado o verbo no gerúndio e que tenha se<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> precavido em acrescentar uma indicação de "animando e accellerando e<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> crescendo" nos compassos 38-39 no mesmo trecho. Portanto, se o<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> intérprete<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> escolhe seguir à risca as indicações de metrônomo sem considerar como<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> essas<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> seções se articulam na grande forma, irá provavelmente ter vários<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> problemas<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> de ordem musical a serem resolvidos, tal como o tamanho do gesto de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> "allargando" no compasso 55, o qual, por conduzir ao climax da peça no<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> compasso 56 e "anunciar" ele mesmo o início da curva de desaceleração,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> tem<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> tanto uma função expressiva quanto de articulação formal. Seguindo essa<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> linha de raciocínio, não podemos deixar de questionar qual a atitude que<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> se<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> espera do intérprete diante da partitura. Se, considerando o caso acima<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> exposto, esperamos obediência fiel aos aspectos fixos da música (tudo<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> que<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> está objetivamente notado na partitura), teremos muito provavelmente uma<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> interpretação incorreta, tanto do ponto de vista das alturas, quanto do<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ponto de vista formal (tal qual uma versão produzida pelo finale, com<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> alturas "erradas" e mudanças abruptas de andamento).<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Deixando o exemplo de Mignone de lado, me lembro de Bach. Com o advento<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> das<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> edições "Urtext" e da ideologia da fidelidade inquestionável ao texto<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> impresso, em meados do século XX desenvolveu-se toda uma escola de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> interpretação de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> poderia<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ser tocado com dinamicas, pedal, legato (ou outra articulação que não o<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> non-legato) etc. Mesmo hoje, com o entendimento que temos (e ainda<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> estamos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> desenvolvendo) sobre a obra de Bach, tocar Bach em concurso é sempre<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> espinhoso, posto que o discurso sobre os aspectos objetivos e de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> fidelidade<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> à partitura não se aplicam confortávelmente à interpretação desse<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> repertório, especialmente depois de termos sido devidamente "informados"<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> sobre as práticas de performance pelos estudiosos do movimento<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> HIP(historically informed performance). Ou seja, quanto mais nos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> afastamos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> historicamente de determinado repertório, mais nos vemos numa situação<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> qual não podemos ignorar a "tradição(ou tradições) oral (ou aural)" na<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> construção de interpretações desse repertório.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> E já que esse assunto foi motivado por um concurso, eu não poderia<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> deixar<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> de mencionar um caso que parece ter colocado em xeque o discurso da<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> fidelidade à partitura fora do meio acadêmico (o qual já vem se<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> debruçando<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> sobre o assunto com bastante intensidade nas últimas décadas): a vitória<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> do<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> pianista japonês Nobuyuki Tsujii no concurso Van Cliburn em 2009.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Pianista<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> cego de nascença, Nobuyuki declarou em diversas entrevistas que prefere<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> aprender o seu repertório de ouvido, ao invés de lê-lo em braile. Quem<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> se<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> interessar em saber um pouco mais sobre ele pode acessar o link:<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> <a href="parse.php?redirect=aHR0cDovL3d3dy5jYWxsZXIuY29tL25ld3MvMjAxMC9vY3QvMDcvamFwYW5zLXBpYW5vLXN1cGVyc3Rhci13aWxsLXBsYXktd2l0aC1jb3JwdXMvLg==" target="_blank">http://www.caller.com/news/2010/oct/07/japans-piano-superstar-will-play-with-corpus/.</a><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Nessa reportagem, o presidente do juri do concurso, o Maestro John<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Giordano,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> declarou: "He is amazing.We closed our eyes and it's so phenomenal that<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> it's<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> hard to withhold your tears. ... Nobu played the most difficult hourlong<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Beethoven piece [a sonata Hammerklavier - nota minha] flawlessly. For<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> anyone, it's extraordinary. But for someone blind who learns by ear,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> it's<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> mind-boggling." ("Ele é fantástico. Nós fechamos nossos olhos e é tão<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> fenomenal que é difícil segurar as lágrimas. ... Nobu tocou a peça mais<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> difícil de Beethoven impecávelmente. Para qualquer um, é extraordinário.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Mas<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> para um cego que aprende [música] de ouvido, é formidável. Tradução<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> minha).<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> É curioso que Nobuyuki tenha dividio o primeiro prêmio com outro<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> pianista,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> o chinês Haochen Zhang, que é, em inúmeros aspectos, muito diferente de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Nobu, apontando para a pluralidade de critérios na própria banca do<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> concurso.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Que o debate prossiga!<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Cordialmente,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Catarina Leite Domenici<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> On Oct 24, 2011, at 7:47 AM, Zélia Chueke wrote:<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Assino em baixo.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Em concurso, os critérios devem ser muito claros e os aspectos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> objetivos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > tem que estar em primeiro lugar. Notas certas, ritmo certo...as vezes<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > perdemos os "artistas" mais inspirados, mas como se trata de<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> competição,o<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > subjetivo quase nao é levado em conta, pois nao pode ser explicado.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Conta<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > a fidelidade à partitura em primeiro lugar.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > O Julius Levine, "o contrabaxista" de Tanglewood, com quem tive<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> coaching<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > na Mannes, referindo-se à concursos para orquestra, dizia que as vezes<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > perdemos os melhores candidatos na eliminatoria, mas com 150<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> candidatos<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > para ouvir, o critério tem que ser o mais objetivo possivel!<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Nao quer dizer que sao os concursos que determinam os grandes<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> artistas;<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > exemplos nao faltam, mas como disse a Cristina, uma vez que se faz a<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > inscrição, é como assinar um contrato, aceitando as regras e a<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> autoridade<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > do juri.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Zélia Chueke<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> Concordo com o Carlos. Ou seja, a inscrição para um concurso<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> pressupõe<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> que o candidato está disposto a aceitar o resultado. Aliás. uma vez<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> que o candidato tocou, o resultado passa a ser inteiramente uma<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> consideração do juri e deixa imediatamente de ser um assunto do<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> candidato. Neste tipo de situação, uns tocam e outros decidem, os<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> papéis são muito claros e não se misturam. Quem não entende esta<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> premissa e não concorda que não entre em concurso porque estes são os<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> termos.<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> Cristina Capparelli Gerling<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> Citando Carlos Palombini <<a href="javascript:top.opencompose('cpalombini@gmail.com','','','')">cpalombini@gmail.com</a>>:<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> Como disse Abbie Hoffman: "My critique of democracy begins and ends<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> with<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> this point. Kids must be educated to disrespect authority or else<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> democracy<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> is a farce." Ou, numa tradução livre: "Minha crítica à democracia<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> começa<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> e<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> termina aqui. Neguim deve ser educado para desrespeitar a<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> autoridade,<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> se<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> não, a democracia é uma farsa."<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> cp<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> --<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> carlos palombini<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>> www.researcherid.com/rid/F-7345-2011<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> ________________________________________________<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> Lista de discussões ANPPOM<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> <a href="parse.php?redirect=aHR0cDovL2lhci51bmljYW1wLmJyL21haWxtYW4vbGlzdGluZm8vYW5wcG9tLWw=" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >> ________________________________________________<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> >><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Zélia Chueke, DMA<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Pianist - researcher<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Professor of Music- DeArtes, UFPR<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Permanent Researcher - Observatoire Musical Français/Sorbonne,Paris 4<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > www.zeliachueke.com<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > ________________________________________________<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > Lista de discussões ANPPOM<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > <a href="parse.php?redirect=aHR0cDovL2lhci51bmljYW1wLmJyL21haWxtYW4vbGlzdGluZm8vYW5wcG9tLWw=" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> > ________________________________________________<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ________________________________________________<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> Lista de discussões ANPPOM<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> <a href="parse.php?redirect=aHR0cDovL2lhci51bmljYW1wLmJyL21haWxtYW4vbGlzdGluZm8vYW5wcG9tLWw=" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>> ________________________________________________<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> --<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> Fausto Borém<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> Editor de PER MUSI<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> UFMG - Escola de Música<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>> 31.270-010 Belo Horizonte - MG<br>
</span><span style="color: red;"><br>
>><br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Zélia Chueke, DMA<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Pianist - researcher<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Professor of Music- DeArtes, UFPR<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Permanent Researcher - Observatoire Musical Français/Sorbonne,Paris 4<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> www.zeliachueke.com<br>
</span><span style="color: red;"><br>
><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> ________________________________________________<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> Lista de discussões ANPPOM<br>
</span><span style="color: red;"><br>
> <a href="parse.php?redirect=aHR0cDovL2lhci51bmljYW1wLmJyL21haWxtYW4vbGlzdGluZm8vYW5wcG9tLWw=" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>
</span><span style="color: red;"><br>
> ________________________________________________<br>
</span><span style="color: red;"><br>
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________________________________________________<br>
Lista de discussões ANPPOM<br>
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