<br>Daniel,<br><br>No primeiro caso que citei, a maioria no grupo era de bons instrumentistas de música contemporânea aos quais a improvisação não era estranha. (Boa parte deles havia trabalhado anteriormente com Conrado Silva e participado inclusive de uma apresentação de Cage na bienal). Klaus Huber não chegou com uma idéia pronta, mas havia necessidade de um ponto de partida, e ele criou um consenso em torno do Rimbaud picotado. A partir desse momento, eu perdi o interesse, porque Rimbaud picotado, naquele contexto, era uma caricatura de "música contemporânea" (<i>Gesang</i>, <i>Visage</i> etc.). Creio que o tipo de resultado que o evento pedia fosse algo como uma vanguarda engajada. E faltou tanto vanguardismo quanto engajamento. Faltou sobretudo que os integrantes se reconhecessem naquilo que estavam fazendo.<br>
<br>No segundo caso, as coisas fluíram mais naturalmente, visto tratar-se de um curso técnico, com menos pressupostos estéticos. Curiosamente, o resultado foi igualmente anódino, mas noutro nicho, o do <i>middle of the road</i> ("<font>a moderate or unadventurous policy or course of action</font>"), o que se chamava na época de "música FM", e se poderia chamar ainda "música para salas de espera", "aeroportos" ou "elevadores". Aqui, não havia uma coordenação. Um aluno mais motivado chegou com uma base (baixo e bateria) pronta, e construímos o trabalho em cima daquilo, mais ou menos segundo as instruções do proponente. O trabalho pode ter sido considerado tecnicamente satisfatório, mas ficamos, musicalmente, frustrados. Só que ali as expectativas eram de outra natureza. Tratava-se de música popular. Eu, à época, transformava minha <i>musique de salon</i> em <i>synth pop</i>. Um de meus colegas aderiu visceralmente a meu trabalho. E depois do curso, realizamos gravações interessantes, trabalhando juntos por dois anos.<br>
<br>Um trabalho que conheço de criação musical coletiva que vi funcionar bo Brasil é o que Conrado Silva desenvolveu na UnB a partir da própria criação de sons individuais com objetos comuns, passando pelos duos (por exemplo, entre uma bola de gude e uma folha de papel) até chegar a <i>concerti grossi</i> com orquestras das mais inusitadas. Pergunte pra ele, que vale a pena.<br>
<br>Rogério Costa e Fernando Iazzetta trabalham com improvisação coletiva na USP. O pessoal do Ibrasotope também: <<a href="http://www.ibrasotope.com.br">www.ibrasotope.com.br</a>>.<br><br>Abraço,<br><br>Carlos<br><div class="gmail_quote">
<br><br>Le 19 mars 2012 13:34, Daniel Lemos <span dir="ltr"><<a href="mailto:dal_lemos@yahoo.com.br">dal_lemos@yahoo.com.br</a>></span> a écrit :<br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td style="font:inherit" valign="top"><br>Olá prof. Palombini,<br><br>Creio que no primeiro exemplo que deste, parecer ser também o papel do intérprete na composição coletiva. Então esta participação pode ser considerada composição coletiva (assim como na Música Aleatória, o intérprete pode também ser considerado compositor?) Ou poderia ser mais um caso de "fordismo musical", dada a utilização do intérprete pela sua especialidade no domínio do instrumento, seguindo as tarefas ordenadas pelo "compositor-chefe"? É uma questão a se pensar... ainda não tenho muito claro o que seria de fato a composição coletiva, mas seria interessante analisar diversos contextos pra compreender o que pode ser "isto". Vamos ver se esboçamos algumas conclusões...<br>
<br>Um abraço,</td></tr></tbody></table></blockquote></div><br>-- <br><div>carlos palombini<br></div><a href="http://www.researcherid.com/rid/F-7345-2011" target="_blank">www.researcherid.com/rid/F-7345-2011</a><br>