<html><head></head><body style="word-wrap: break-word; -webkit-nbsp-mode: space; -webkit-line-break: after-white-space; ">Caro Carlos,<div><br></div><div>Diversas das frases atribuídas a Villa-Lobos no texto são o jargão da época.</div><div>Não só ele mas uma multidão dizia o mesmo sobre a arte popular e sobre qualquer coisa que fosse moderna.</div><div>Não só ele mas uma turba batia em alunos, espancava colegas, brigava nas ruas...</div><div>Agora, muito do que se fala de Villa são piadas de costume e ele gostava que as inventassem..</div><div>Talvez fossem adepto da frase janista: "falem mal mas falem de mim"</div><div>De fato cultuava as bobagens a seu respeito, e deixava que proliferassem por variações e mais variações.</div><div>Mas o que falta mesmo é sempre a referência de cada uma das blagues, quem contou, quando contou, qual a ocasião em que se encontravam...quem? exatamente quem?</div><div><br></div><div>Mas é triste é ver que sempre retornamos o método da fofóca de revista de variedades quando se trata de Villa.</div><div>Sua composição mesmo fica em segundo plano ou fica sob a frase "um grande compositor, precisa ser melhor estudado e blablablablabla".</div><div><br></div><div>Lendo a reportagem me perguntei:</div><div>Quem são as "professoras revoltadas pelo teu trato" da folha datilografada sem assinatura? Aquelas mesmas que nos batiam nas mãos com réguas para mantermos o pulso no lugar qdo tínhamos aula de piano, ou as que nos faziam cantar o Hino Nacional com todas as crases e vírgulas..."cantem com as vírgulas....não esqueçam as crases"? ou o autor do texto acredita que eram professoras que trabalhavam sob o método Paulo Freire. </div><div>O mundo era outro, a norma era outra, e um texto rápido nunca escapa de ser ter grandes equívocos.</div><div><br></div><div>Guanabarino: Que bom que ele não conseguiu conter a obra de Villa! E sorte que Villa não chegava aos extremos de um Varèse, Guanabarino o teria lançado literalmente à fogueira já que achincalhava tudo que sua visão pré-republicana não compreendia.</div><div><br></div><div>No mais, se Villa deu uns cascudos em Vasco Mariz, ora professores que davam cascudos, professores que atiravam apagador em alunos, professores que nos mandavam ficar de costas no canto da sala, ir ajoelhar no milho, ter as mãos langanhadas por palmatórias, escrever na frente de seus colegas mil vezes uma frase estúpida qualquer...não me parece que isto tudo tenha sido uma prática exclusiva de Villa-Lobos ou de minha professora de música no ginásio (30 anos depois de Villa).</div><div><br></div><div>O problema de toda leitura contemporânea é tentar analisar o passado pelos padrões atuais...ora, Villa não era politicamente correto, nem teria como ser, ninguém era politicamente correto.</div><div><br></div><div>Então...já que não teremos mais que conviver com o sujeito Villa-Lobos, porque retomar as fofocas de vida íntima?</div><div>Não é já passada a hora de divulgarmos trabalhos de peso na análise da obra de Villa, na análise de seu contexto sócio-político, do que artigos rápidos de jornal que acabam contribuindo mais ainda à distorção desnecessárias?</div><div><br></div><div>Recomendo a leitura do livro de Paulo de Tarso, a biografia escrita por Tarasti, as análises que Marcos Lacerda realizou dos Choros, e outros tantos trabalhos que por alegria caem às mãos e que iluminam um pouco do que foi abrir caminho no meio do mato para fazer adentrar nestas terras um pouco de música de invenção.</div><div><br></div><div>abs</div><div>Silvio Ferraz</div><div><br></div><div><br></div><div><br></div><div><br></div><div><br><div><div>On Apr 6, 2012, at 7:03 PM, Carlos Palombini wrote:</div><br class="Apple-interchange-newline"><blockquote type="cite">via Liliane Kans (FB)<br><br>HISTÓRIA
<p class="materiaTitulo">Villa-Lobos tinha dias de tirano</p><p class="materiaSubtitulo">Documentos inéditos mostram que o compositor tratava mal suas alunas, brigava e regia a massa com batuta de aço</p><p class="materiaAutor">LUÍS ANTÔNIO GIRON</p>
<table align="right" border="0" cellpadding="3" cellspacing="0" width="161">
<tbody>
<tr>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa02.jpg" height="240" width="161"></td>
</tr>
<tr>
<td class="legenda">HOBBY
<br>
Villa-Lobos joga bilhar na Associação Brasileira de Imprensa (1957)</td>
</tr>
</tbody>
</table>
Na quinta-feira 2 de junho de 1932, as professoras do recém-instalado
Curso de Pedagogia da Música e Canto Orfeônico do Rio de Janeiro,
cansadas de receber maus-tratos do compositor Heitor Villa-Lobos,
redigiram uma carta anônima ao carrasco. No início dos anos 1930, depois
de uma década na Europa, ele esbanjava poder e surtos de estrelismo,
mas isso não conteve as ofendidas. 'Se continuas a ameaçar-nos com os
poderes absolutos de que te prezas faremos uma representação ao Diretor
Geral', ameaçam as missivistas. 'Não vês que tudo é contraproducente
quando o chefe não sabe ter atitudes? Não percebes que as colegas se
podem infiltrar desses teus modos estúpidos e passar a fazer o mesmo com
as criancinhas?' Encerram o ataque com a indicação: 'As professoras
revoltadas pelo teu trato'.
<br>
<br><p>A folha, datilografada e sem assinatura, encontra-se na Biblioteca
Nacional, no Rio (consta do espólio do maestro Sílvio Salema, assistente
de Villa), e só agora vem à luz, com outros papéis - recortes,
partituras, cartas e fotografias - arquivados ali e no Museu
Villa-Lobos. As duas instituições cariocas abrigam documentos que
esclarecem a ação e a obra do mais celebrado e executado compositor
erudito brasileiro. Com base nos materiais que vêm sendo vasculhados,
acontece uma alteração sensível da imagem de Villa-Lobos para a
posteridade. O tratado definitivo sobre o assunto ainda está por ser
escrito, mas uma horda de pesquisadores corre e concorre para realizar a
façanha. Uma silhueta diferente do músico promete delinear-se ao final
da competição. Tudo indica que o 'índio de casaca', o simpático
inspirador da música popular brasileira - e de filmes como <i>Villa-Lobos, uma Vida de Paixão</i>
(2000), de Zelito Viana, que reduz o artista à caricatura -, saia do
palco para dar lugar ao ditador agressivo, defensor da 'arte elevada'
contra a música popular - e sobretudo paladino de seus interesses
particulares.</p>
<table align="center" bgcolor="#000000" border="0" cellpadding="1" cellspacing="0" width="480">
<tbody>
<tr>
<td>
<table bgcolor="#cccccc" border="0" cellpadding="6" cellspacing="1" style="position: static; z-index: auto; ">
<tbody>
<tr>
<td><font color="#505050" face="Arial, Helvetica, sans-serif" size="3"><b><font color="#990000" face="Arial, Helvetica, sans-serif" size="3">Inimigos íntimos</font></b></font> <font face="Arial, Helvetica, sans-serif"><br>
<b>Críticos, professores e colegas tentaram derrubar o músico</b></font> </td>
</tr>
<tr bgcolor="#eeeeee">
<td class="texto">
<table align="left" border="0" cellpadding="3" cellspacing="0" width="155">
<tbody>
<tr>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa01.jpg" height="230" width="155"></td>
</tr>
<tr>
<td class="legenda">ATAQUES
<br>
O crítico Oscar Guanabarino e outros malharam o músico em vida</td>
</tr>
</tbody>
</table>
Villa-Lobos sofreu ataques desde que começou a apresentar suas peças de
vanguarda, no Rio, em 1918. Foi chamado de bárbaro, louco, petulante,
autodidata. Durante a Semana de Arte Moderna de 22, em São Paulo, foi
saudado pelo público com uma saraivada de batatas. As polêmicas só
escassearam no fim da década de 40, quando obteve consagração mundial
com suas turnês pelos Estados Unidos e pela Europa e conseguiu calar
quase todos os opositores. O maior deles chamava-se Oscar Guanabarino
(1851-1937). Esse professor de piano e folhetinista atuou como flagelo
do modernismo e do nacionalismo. Fã do canto lírico de Carlos Gomes,
iniciou fama de mal-humorado por volta de 1890, ao atacar os primeiros
músicos que usavam o folclore em suas peças. Quando Villa-Lobos apareceu
com suas suítes sincopadas e dissonantes, o velho crítico fulminou-o
com todo o seu arsenal de conceitos. Os dois chegaram a trocar
bengaladas em um concerto nos anos 20. Guanabarino atacou-o até morrer.
Na coluna Pelo Mundo das Artes, do <i>Jornal do Commercio</i> (uma das
últimas a levar a rubrica de 'folhetim'), em 1934, comentou uma festa
orfeônica organizada pelo compositor informando que 'a concorrência foi
diminutíssima - apenas 100 pessoas na platéia, se tanto, o que quer
dizer que o público rejeita o sr. Villa-Lobos e a sua música, mesmo
quando lhe é oferecida gratuitamente'. Guanabarino inspirou novos
rivais, como Gondim da Fonseca e Carlos Maul (1887-1971). Este último
publicou, em 1962, o ensaio <i>A Glória Escandalosa de Villa-Lobos</i>.
Ali, acusava o compositor de haver rapinado o folclore. Villa-Lobos
achava graça das acusações. A posteridade não as levou a sério.</td>
</tr>
</tbody>
</table>
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
#Q#
<table align="right" border="0" cellpadding="3" cellspacing="0" width="240">
<tbody>
<tr align="right">
<td class="credito">Reprodução</td>
</tr>
<tr>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa03.jpg" height="136" width="240"></td>
</tr>
<tr>
<td class="legenda">HUMILHADAS
<br>
Integrantes do Orfeão dos Professores redigiram em 1932 uma carta <i>(acima)</i> ameaçando o regente Heitor Villa-Lobos</td>
</tr>
</tbody>
</table><p>Os documentos, examinados com exclusividade por ÉPOCA, dão conta de
que Villa-Lobos possuía um gênio incontrolável e não recuava ante nenhum
tipo de obstáculo. Exemplo disso é a advertência das alunas que
constituíam o Orfeão dos Professores sobre sua falta de didática. A
carta, se foi recebida (não há evidências a esse respeito), não surtiu
efeito, porque o regente defendia como expedientes o rigor para adultos e
a palmatória para crianças. Assim aconteceu num ensaio ao ar livre, na
frente do prédio de seu Conservatório de Canto Orfeônico, na Praia
Vermelha, em meados de 1936. O músico, trajado com uma espalhafatosa
casaca colorida, tentava reger um coral de milhares de meninos. Um grupo
mais barulhento não se aquietava, nem com a intervenção de um escoteiro
encarregado de organizar a multidão. A garotada começou, então, a
brigar. 'Villa saiu do pódio furioso e acabou com a bagunça,
distribuindo cascudos para todo lado', lembra o tal escoteiro, que viria
a se tornar o mais importante biógrafo de Villa-Lobos: Vasco Mariz.
'Até eu levei um!'Aos 82 anos, o embaixador aposentado e musicólogo
carioca orgulha-se de ter travado relações anos depois com Villa-Lobos e
feito sua biografia. Publicada pela primeira vez em 1949 pelo Itamaraty
a partir de seis meses de entrevistas com o compositor, <i>Villa-Lobos, Compositor Brasileiro</i>
chegará à 12ª edição no próximo ano pela editora Francisco Alves, com
acréscimos como cartas, iconografia, os episódios em torno das
concentrações orfeônicas e atualização biográfica e discográfica, já que
a vasta obra do compositor nunca foi tão executada e estudada no mundo.
São duas centenas de gravações recentes, além de 70 livros sobre o
artista. A primeira edição da biografia de Mariz desagradou ao
biografado por causa da passagem do cascudo. 'Villa se distanciou de mim
por um bom tempo, porque achava que eu o tinha descrito como violento',
revela o biógrafo. 'Foi um caso divertido e, quando lhe contei, Villa
deu gargalhadas. Ao ler, mudou de idéia. Depois, por meio de sua mulher,
Mindinha, fizemos as pazes. Mesmo com modos grosseiros com quem
dependia dele, foi muito amado.'</p>
<table align="right" border="0" cellpadding="3" cellspacing="1" width="200">
<tbody>
<tr align="center">
<td class="backvermelho"><p class="backvermelho">PRINCIPAIS OBRAS</p>
</td>
</tr>
<tr bgcolor="#e8e8e8">
<td class="texto"><p><i>Segundo o gênero</i></p><p><b>6</b> Óperas
<br>
<b>12</b> Sinfonias
<br>
<b>13</b> Peças para violão-solo
<br>
<b>13</b> Poemas sinfônicos
<br>
<b>17</b> Quartetos de corda
<br>
<b>27</b> Concertos</p>
</td>
</tr>
</tbody>
</table><p>Estranho homem esse, capaz de maltratar os alunos, despertar o ódio
da crítica, e, ainda assim, ser admirado. Mariz caracteriza-o como um
eterno menino, pronto para cometer uma traquinagem ou um gesto
ditatorial. Rebate, no entanto, a acusação que lhe fazem os acadêmicos
atuais de que era um colaborador do fascismo de Vargas. 'Ele não tinha
cor política', lembra o estudioso. 'Queria divulgar sua música. Vaidoso,
não tinha paciência com a mediocridade. Mas, se você soubesse
manobrá-lo, conseguia tudo dele.'</p><p>Para a pesquisadora Mercedes Reis Pequeno, autora da monumental <i>Bibliografia Musical Brasileira</i> (disponível na internet no site <a target="_blank" href="http://www.abm.org.br/">www.abm.org.br</a>),
simpatizar com o compositor podia ser difícil. 'Era de temperamento
muito desigual e não conquistava à primeira vista. Muito seguro de seu
valor, convencido mesmo, mas ao mesmo tempo, em certas circunstâncias,
quase ingênuo. Mas, quando confiava, era para valer. Inimigos, quem não
os tem nessa vida?'</p>
#Q#
<table align="center" bgcolor="#000000" border="0" cellpadding="1" cellspacing="0" width="480">
<tbody>
<tr>
<td>
<table bgcolor="#cccccc" border="0" cellpadding="6" cellspacing="1">
<tbody>
<tr>
<td><font color="#505050" face="Arial, Helvetica, sans-serif" size="3"><b><font color="#990000" face="Arial, Helvetica, sans-serif" size="3">Fatos da vida do autor das 'Bachianas'</font></b></font> <font face="Arial, Helvetica, sans-serif"><br>
<b>Nascido em 5 de março de 1887 em uma família de classe média,
Villa-Lobos, ou Tuhu, seu apelido, não teve educação formal. O pai,
Raul, era músico amador e lhe ensinou as primeiras notas</b></font> </td>
</tr>
<tr bgcolor="#eeeeee">
<td>
<table border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" width="465">
<tbody>
<tr>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa04.jpg" height="230" width="154"></td>
<td class="texto"><b>1922 – ENFANT TERRIBLE</b>
<br>
Brilhou e foi vaiado na Semana de Arte Moderna de São Paulo</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<table border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" width="465">
<tbody>
<tr>
<td class="texto"><b>1926 – EM PARIS</b>
<br>
Conviveu com músicos de vanguarda como Edgard Varèse <i>(à esq.)</i> </td>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa05.jpg" height="230" width="188"></td>
</tr>
</tbody>
</table>
<table border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" width="465">
<tbody>
<tr>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa06.jpg" height="230" width="157"></td>
<td class="texto"><b>1932 – NO RIO</b>
<br>
Fundou o Orfeão dos Professores. Seu assistente era o maestro Sílvio Salema (foto de 1952)</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<table border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" width="465">
<tbody>
<tr>
<td class="texto"><b>1940 – MULTIDÃO</b>
<br>
Um coral de 40 mil alunos cantou no estádio do Vasco, sob direção do músico <i>(no alto, ao microfone)</i></td>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa08.jpg" height="155" width="230"></td>
</tr>
</tbody>
</table>
<table border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" width="465">
<tbody>
<tr>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa09.jpg" height="230" width="189"></td>
<td class="texto"><b>1955 – CONSAGRAÇÃO</b>
<br>
Rege a Orquestra da Filadélfia durante ensaio em uma de suas turnês pelos Estados Unidos</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<table border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" width="465">
<tbody>
<tr>
<td class="texto"><b>1959 – FINALE</b>
<br>
Lançou a última peça, <i>Concerto Grosso, para Orquestra de Sopros</i>. Morreu de câncer no Rio, em 17 de novembro</td>
<td><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa10.jpg" height="230" width="145"></td>
</tr>
</tbody>
</table>
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
#Q#
<p>O músico lancetou-os com a ponta da batuta afiada - e, às vezes, do
taco de bilhar, seu passatempo favorito. Começou por estocar os
compositores populares, ou, como preferia, folclóricos. No início da
década de 40, por exemplo, chamou o samba-exaltação 'Aquarela do
Brasil', de Ari Barroso, de oportunista. Escreveu que a música
folclórica não passava da 'acepção mínima' da música. Oque não o impediu
de se aproveitar de temas dos chorões com quem havia tocado em noitadas
na juventude, como o de 'Rasga Coração', com melodia de Anacleto de
Medeiros e letra de Catulo da Paixão Cearense, base para os 'Choros no
10' (1925), para orquestra e coro. Por conta da apropriação, ele amargou
um processo de plágio, do qual veio a ser inocentado só depois da
morte.</p><p>'Villa-Lobos não gostava de música popular, como querem muitos
estudiosos', afirma o musicólogo Flávio Silva, que há dois anos pesquisa
os papéis do compositor e se candidata a ser um dos primeiros a chegar à
esperada grande interpretação. 'O canto orfeônico formava sua
plataforma e seu ponto de honra. Distinguia a 'música elevada' da
restante. É engano pensar que ele gostava do som recreativo.'</p><p>Até hoje raramente abordado, o período em que o músico implementou
projeto do canto orfeônico - de 1930 a 1945, os dois primeiros anos em
São Paulo e o restante no Distrito Federal - é o mais rico em intrigas,
manifestações e atos públicos em torno das idéias do compositor. Aos
poucos, ele ganha perspectiva histórica. Também foi o momento em que
Villa-Lobos, na chefia da trilha sonora da ditadura Vargas, feriu o
maior número de pessoas, de normalistas a críticos profissionais.
Recebeu o troco e sua produtividade cresceu na razão direta dos
contra-ataques. Ela se revelou tão intensa que ainda hoje estão para ser
descobertos discos e partituras que ele produziu com diversos coros.
Com uma bolsa da Fundação Vitae, Flávio Silva levantou 20 gravações,
inclusive pelo Orfeão dos Professores. 'Algumas gravações têm qualidade,
e o grupo conseguiu bom desempenho', julga.</p>
<table align="center" border="0" cellpadding="3" cellspacing="1" width="450">
<tbody>
<tr bgcolor="#e8e8e8">
<td class="texto"><img src="http://epoca.globo.com/edic/276/villa07.jpg" height="187" width="240"></td>
<td class="texto"><p align="center">'Proclamo o valor de todas as manifestações populares
da música como quem cultiva uma fonte de essências originais, nunca
apresentando-a como expressão de um povo civilizado'</p><p><b>HEITOR VILLA-LOBOS</b>,
<br>
discurso em 15 de outubro de 1939</p>
</td>
</tr>
</tbody>
</table><p>O resultado só podia ser obtido pela mão forte do regente, que se
fazia sentir no moral das professoras e na moleira da criançada. Seu
sonho, ou 'plano de ataque', como dizia, era despertar o interesse dos
jovens e formar um público para a sua música por meio do canto coletivo.
Com o <i>Guia Prático</i> - 137 peças para diversas formações -,
desejava espalhar corais pelo Brasil em manifestações cívicas em grandes
estádios. A prática coral nas escolas não visava a grandes artistas,
mas a preparar o gosto comunitário para uma 'fisionomia musical
brasileira', como disse em discurso que pronunciou no salão Assírio do
Teatro Municipal do Rio em 15 de outubro de 1939, segundo original da
Biblioteca Nacional: 'Sei bem que o gosto e a opinião pública não se
impõem, mas educam-se'. O projeto, contudo, murchou aos poucos. Todos os
especialistas entrevistados fazem uníssono ao dizer que a situação da
educação musical nas escolas brasileiras é péssima, quando não
inexistente, e a lição de Villa-Lobos foi esquecida, bem como suas
idéias. Ele perdeu a guerra para a música popular por força do rádio,
que consagrou o samba e jogou a arte erudita ao segundo plano.</p><p>'Villa-Lobos escreveu e defendeu muitas bobagens', diz Flávio Silva.
'Poucas idéias dele se sustentam hoje.' Sua herança se concentra na
obra, embora a maior parte dela ainda precise ser divulgada. O público
brasileiro não conhece mais que uma dezena de melodias do compositor -
não por acaso, quase todas escritas no período em que o maestro, vulto
oficial, tangia professoras e alunos para os estádios.</p><p class="credito">Fotos e reproduções dos textos: Biblioteca Nacional/Divisão de Música e Arquivo Sonoro</p>
<a href="http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR59656-6011,00.html">http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR59656-6011,00.html</a><br clear="all"><br>-- <br><div>carlos palombini<br></div><a href="http://www.researcherid.com/rid/F-7345-2011" target="_blank">www.researcherid.com/rid/F-7345-2011</a><br>
________________________________________________<br>Lista de discussões ANPPOM<br><a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>________________________________________________</blockquote></div><br></div></body></html>