<html>
<head>
<style><!--
.hmmessage P
{
margin:0px;
padding:0px
}
body.hmmessage
{
font-size: 10pt;
font-family:Tahoma
}
--></style></head>
<body class='hmmessage'><div dir='ltr'>
<br>Interessante a colocação do prof Pedro Paulo. Concordando com ela, sugiro a leitura da tese de doutorado de Jeanne Venzo Clément intitulada Villa-Lobos, éducateur. (Paris, Sorbonne, 1989) repleta de farta documentação, fontes primárias e secundárias, que demonstram o modo como, com o declarado objetivo de "promover a educação do bom gosto, liberando as novas gerações das influências estrangeiras" (1989: 51) e desejando despertar um "verdadeiro espírito cívico de ordem e disciplina" (idem, ibidem), o compositor/educador aproximou-se do interventor João Alberto em São Paulo, logo após a revolução de 30, mostrando a utilidade do seu projeto pedagógico. Aliás a autora não deixa os leitores pouco familiarizados com a história política brasileira esquecerem que "São Paulo foi o teatro de uma luta entre o Partido Democrático e os chefes da revolução", demonstrando a seguir como os cantos orfeônicos serviram aos interesses de apaziguamento, vistos pelos novos donos do poder como "intenções cívicas e patrióticas". <div>Para um maior aprofundamento de como as chamadas "sociedades orfeônicas" sustentaram já na França do Segundo Império (séc. XIX) determinados interesses sociais e políticos nada democráticos sugiro o texto de Jane Fulcher, profa da Syracuse University intitulado "The Orphean Societies: Music for the Workers in Second Empire France" já traduzido magistralmente para nosso idioma pelo prof. Samuel Araújo. Segundo a autora, A. Comte delineava para o Estado um papel importante na disseminação de uma cultura para os pobres, pois estava convencido de que isso viria a estabelecer uma "verdadeira paz e harmonia social", evitando-se assim as reivindicações e os distúrbios que a classe trabalhadora vinha causando. Destaca-se no projeto estético positivista, a música como a arte mais apropriada para se fazer disponível aos trabalhadores, já que podia ser praticada em grandes grupos e aprendia até por analfabetos, fato esse que não passou despercebido pelo maestro Villa-Lobos. Como compreender tal projeto pedagógico sem considerar o contexto político que favoreceu seu desenvolvimento? Como neutralizar um aspecto da criação musical de um compositor, sem pensar nos elos que ligam o compositor a seu contexto, suas opções estético-políticas diante de uma ditadura que veio logo a seguir, seu debate com outros artistas/intelectuais que na mesma época assumiam posturas opostas (como Mário de Andrade) e sem pensar na "recepção" ( na reconstrução dos traços para usar J. Molino) de suas práticas musicais (incluindo neste campo estésico não só as obras como também seu projeto político-pedagógico) ? Bem, após a leitura desses autores, sinto-me incapaz de realizar tal operação de neutralização mas creio que nao seria essa a tarefa de um musicólogo do nosso tempo. saudações cordiais a todos,</div><div>Marcus Wolff. </div><div><br><div><font face="Lucida Handwriting, Cursive"></font> </div>
<div><font face="Lucida Handwriting, Cursive"></font> </div>
<div><font face="Lucida Handwriting, Cursive"></font> </div>
<div><font face="Lucida Handwriting, Cursive">prof. Dr. Marcus Straubel Wolff</font></div>
<div><font face="Lucida Handwriting">Mestre em História Social da Cultura (PUC/RJ)</font></div>
<div><font face="Lucida Handwriting">Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP)</font></div>
<div><font face="Lucida Handwriting">Faculdades de Música e Comunicação</font><br><font face="Lucida Handwriting">Universidade Candido Mendes, campi Friburgo e Rio, RJ.</font></div>
<div><font face="'Lucida Handwriting'"><br></font><font face="Lucida Handwriting, Cursive"></font> <br></div><br><br><div><div id="SkyDrivePlaceholder"></div>> Date: Fri, 13 Apr 2012 18:16:25 -0300<br>> From: ppsalles@usp.br<br>> To: silvioferrazmello@uol.com.br<br>> CC: anppom-l@iar.unicamp.br; etnomusicologiabr@yahoogrupos.com.br<br>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] giron: villa-lobos tinha dias de tirano<br>> <br>> Caro Silvio,<br>> <br>> foi um alento ler suas considerações, com as quais concordo <br>> plenamente. Acrescentaria apenas que, a partir do momento em que o <br>> Villa propôs e coordenou um projeto de Educação Musical de âmbito <br>> nacional, atingindo a milhares de escolas e dezenas de milhares de <br>> estudantes, professores e diretores de escolas, suas ações nesse <br>> âmbito tomam um vulto considerável, que devem - é claro - ser <br>> analisadas não no nível da fofoca e de análises superficiais, mas no <br>> mesmo nível que sua música merece, sempre levando em conta o contexto <br>> histórico e ideológico da época - como você bem apontou - e do Estado <br>> Novo e suas implicações.<br>> <br>> Forte abraço, Pedro Paulo Salles<br>> USP<br>> ......................................<br>> <br>> Citando silvioferrazmello <silvioferrazmello@uol.com.br>:<br>> <br>> > Caro Carlos,<br>> ><br>> > Diversas das frases atribuídas a Villa-Lobos no texto são o jargão da época.<br>> > Não só ele mas uma multidão dizia o mesmo sobre a arte popular e <br>> > sobre qualquer coisa que fosse moderna.<br>> > Não só ele mas uma turba batia em alunos, espancava colegas, brigava <br>> > nas ruas...<br>> > Agora, muito do que se fala de Villa são piadas de costume e ele <br>> > gostava que as inventassem..<br>> > Talvez fossem adepto da frase janista: "falem mal mas falem de mim"<br>> > De fato cultuava as bobagens a seu respeito, e deixava que <br>> > proliferassem por variações e mais variações.<br>> > Mas o que falta mesmo é sempre a referência de cada uma das blagues, <br>> > quem contou, quando contou, qual a ocasião em que se <br>> > encontravam...quem? exatamente quem?<br>> ><br>> > Mas é triste é ver que sempre retornamos o método da fofóca de <br>> > revista de variedades quando se trata de Villa.<br>> > Sua composição mesmo fica em segundo plano ou fica sob a frase "um <br>> > grande compositor, precisa ser melhor estudado e blablablablabla".<br>> ><br>> > Lendo a reportagem me perguntei:<br>> > Quem são as "professoras revoltadas pelo teu trato" da folha <br>> > datilografada sem assinatura? Aquelas mesmas que nos batiam nas mãos <br>> > com réguas para mantermos o pulso no lugar qdo tínhamos aula de <br>> > piano, ou as que nos faziam cantar o Hino Nacional com todas as <br>> > crases e vírgulas..."cantem com as vírgulas....não esqueçam as <br>> > crases"? ou o autor do texto acredita que eram professoras que <br>> > trabalhavam sob o método Paulo Freire.<br>> > O mundo era outro, a norma era outra, e um texto rápido nunca escapa <br>> > de ser ter grandes equívocos.<br>> ><br>> > Guanabarino: Que bom que ele não conseguiu conter a obra de Villa! E <br>> > sorte que Villa não chegava aos extremos de um Varèse, Guanabarino o <br>> > teria lançado literalmente à fogueira já que achincalhava tudo que <br>> > sua visão pré-republicana não compreendia.<br>> ><br>> > No mais, se Villa deu uns cascudos em Vasco Mariz, ora professores <br>> > que davam cascudos, professores que atiravam apagador em alunos, <br>> > professores que nos mandavam ficar de costas no canto da sala, ir <br>> > ajoelhar no milho, ter as mãos langanhadas por palmatórias, escrever <br>> > na frente de seus colegas mil vezes uma frase estúpida <br>> > qualquer...não me parece que isto tudo tenha sido uma prática <br>> > exclusiva de Villa-Lobos ou de minha professora de música no ginásio <br>> > (30 anos depois de Villa).<br>> ><br>> > O problema de toda leitura contemporânea é tentar analisar o passado <br>> > pelos padrões atuais...ora, Villa não era politicamente correto, nem <br>> > teria como ser, ninguém era politicamente correto.<br>> ><br>> > Então...já que não teremos mais que conviver com o sujeito <br>> > Villa-Lobos, porque retomar as fofocas de vida íntima?<br>> > Não é já passada a hora de divulgarmos trabalhos de peso na análise <br>> > da obra de Villa, na análise de seu contexto sócio-político, do que <br>> > artigos rápidos de jornal que acabam contribuindo mais ainda à <br>> > distorção desnecessárias?<br>> ><br>> > Recomendo a leitura do livro de Paulo de Tarso, a biografia escrita <br>> > por Tarasti, as análises que Marcos Lacerda realizou dos Choros, e <br>> > outros tantos trabalhos que por alegria caem às mãos e que iluminam <br>> > um pouco do que foi abrir caminho no meio do mato para fazer <br>> > adentrar nestas terras um pouco de música de invenção.<br>> ><br>> > abs<br>> > Silvio Ferraz<br>> ><br>> ><br>> ><br>> ><br>> ><br>> > On Apr 6, 2012, at 7:03 PM, Carlos Palombini wrote:<br>> ><br>> >> via Liliane Kans (FB)<br>> >><br>> >> HISTÓRIA<br>> >> Villa-Lobos tinha dias de tirano<br>> >><br>> >> Documentos inéditos mostram que o compositor tratava mal suas <br>> >> alunas, brigava e regia a massa com batuta de aço<br>> >><br>> >> LUÍS ANTÔNIO GIRON<br>> >><br>> >><br>> >> HOBBY<br>> >> Villa-Lobos joga bilhar na Associação Brasileira de Imprensa (1957) <br>> >> Na quinta-feira 2 de junho de 1932, as professoras do <br>> >> recém-instalado Curso de Pedagogia da Música e Canto Orfeônico do <br>> >> Rio de Janeiro, cansadas de receber maus-tratos do compositor <br>> >> Heitor Villa-Lobos, redigiram uma carta anônima ao carrasco. No <br>> >> início dos anos 1930, depois de uma década na Europa, ele esbanjava <br>> >> poder e surtos de estrelismo, mas isso não conteve as ofendidas. <br>> >> 'Se continuas a ameaçar-nos com os poderes absolutos de que te <br>> >> prezas faremos uma representação ao Diretor Geral', ameaçam as <br>> >> missivistas. 'Não vês que tudo é contraproducente quando o chefe <br>> >> não sabe ter atitudes? Não percebes que as colegas se podem <br>> >> infiltrar desses teus modos estúpidos e passar a fazer o mesmo com <br>> >> as criancinhas?' Encerram o ataque com a indicação: 'As professoras <br>> >> revoltadas pelo teu trato'.<br>> >><br>> >> A folha, datilografada e sem assinatura, encontra-se na Biblioteca <br>> >> Nacional, no Rio (consta do espólio do maestro Sílvio Salema, <br>> >> assistente de Villa), e só agora vem à luz, com outros papéis - <br>> >> recortes, partituras, cartas e fotografias - arquivados ali e no <br>> >> Museu Villa-Lobos. As duas instituições cariocas abrigam documentos <br>> >> que esclarecem a ação e a obra do mais celebrado e executado <br>> >> compositor erudito brasileiro. Com base nos materiais que vêm sendo <br>> >> vasculhados, acontece uma alteração sensível da imagem de <br>> >> Villa-Lobos para a posteridade. O tratado definitivo sobre o <br>> >> assunto ainda está por ser escrito, mas uma horda de pesquisadores <br>> >> corre e concorre para realizar a façanha. Uma silhueta diferente do <br>> >> músico promete delinear-se ao final da competição. Tudo indica que <br>> >> o 'índio de casaca', o simpático inspirador da música popular <br>> >> brasileira - e de filmes como Villa-Lobos, uma Vida de Paixão <br>> >> (2000), de Zelito Viana, que reduz o artista à caricatura -, saia <br>> >> do palco para dar lugar ao ditador agressivo, defensor da 'arte <br>> >> elevada' contra a música popular - e sobretudo paladino de seus <br>> >> interesses particulares.<br>> >><br>> >> Inimigos íntimos<br>> >> Críticos, professores e colegas tentaram derrubar o músico<br>> >><br>> >> ATAQUES<br>> >> O crítico Oscar Guanabarino e outros malharam o músico em vida <br>> >> Villa-Lobos sofreu ataques desde que começou a apresentar suas <br>> >> peças de vanguarda, no Rio, em 1918. Foi chamado de bárbaro, louco, <br>> >> petulante, autodidata. Durante a Semana de Arte Moderna de 22, em <br>> >> São Paulo, foi saudado pelo público com uma saraivada de batatas. <br>> >> As polêmicas só escassearam no fim da década de 40, quando obteve <br>> >> consagração mundial com suas turnês pelos Estados Unidos e pela <br>> >> Europa e conseguiu calar quase todos os opositores. O maior deles <br>> >> chamava-se Oscar Guanabarino (1851-1937). Esse professor de piano e <br>> >> folhetinista atuou como flagelo do modernismo e do nacionalismo. Fã <br>> >> do canto lírico de Carlos Gomes, iniciou fama de mal-humorado por <br>> >> volta de 1890, ao atacar os primeiros músicos que usavam o folclore <br>> >> em suas peças. Quando Villa-Lobos apareceu com suas suítes <br>> >> sincopadas e dissonantes, o velho crítico fulminou-o com todo o seu <br>> >> arsenal de conceitos. Os dois chegaram a trocar bengaladas em um <br>> >> concerto nos anos 20. Guanabarino atacou-o até morrer. Na coluna <br>> >> Pelo Mundo das Artes, do Jornal do Commercio (uma das últimas a <br>> >> levar a rubrica de 'folhetim'), em 1934, comentou uma festa <br>> >> orfeônica organizada pelo compositor informando que 'a concorrência <br>> >> foi diminutíssima - apenas 100 pessoas na platéia, se tanto, o que <br>> >> quer dizer que o público rejeita o sr. Villa-Lobos e a sua música, <br>> >> mesmo quando lhe é oferecida gratuitamente'. Guanabarino inspirou <br>> >> novos rivais, como Gondim da Fonseca e Carlos Maul (1887-1971). <br>> >> Este último publicou, em 1962, o ensaio A Glória Escandalosa de <br>> >> Villa-Lobos. Ali, acusava o compositor de haver rapinado o <br>> >> folclore. Villa-Lobos achava graça das acusações. A posteridade não <br>> >> as levou a sério. #Q#<br>> >> Reprodução<br>> >><br>> >> HUMILHADAS<br>> >> Integrantes do Orfeão dos Professores redigiram em 1932 uma carta <br>> >> (acima) ameaçando o regente Heitor Villa-Lobos<br>> >> Os documentos, examinados com exclusividade por ÉPOCA, dão conta de <br>> >> que Villa-Lobos possuía um gênio incontrolável e não recuava ante <br>> >> nenhum tipo de obstáculo. Exemplo disso é a advertência das alunas <br>> >> que constituíam o Orfeão dos Professores sobre sua falta de <br>> >> didática. A carta, se foi recebida (não há evidências a esse <br>> >> respeito), não surtiu efeito, porque o regente defendia como <br>> >> expedientes o rigor para adultos e a palmatória para crianças. <br>> >> Assim aconteceu num ensaio ao ar livre, na frente do prédio de seu <br>> >> Conservatório de Canto Orfeônico, na Praia Vermelha, em meados de <br>> >> 1936. O músico, trajado com uma espalhafatosa casaca colorida, <br>> >> tentava reger um coral de milhares de meninos. Um grupo mais <br>> >> barulhento não se aquietava, nem com a intervenção de um escoteiro <br>> >> encarregado de organizar a multidão. A garotada começou, então, a <br>> >> brigar. 'Villa saiu do pódio furioso e acabou com a bagunça, <br>> >> distribuindo cascudos para todo lado', lembra o tal escoteiro, que <br>> >> viria a se tornar o mais importante biógrafo de Villa-Lobos: Vasco <br>> >> Mariz. 'Até eu levei um!'Aos 82 anos, o embaixador aposentado e <br>> >> musicólogo carioca orgulha-se de ter travado relações anos depois <br>> >> com Villa-Lobos e feito sua biografia. Publicada pela primeira vez <br>> >> em 1949 pelo Itamaraty a partir de seis meses de entrevistas com o <br>> >> compositor, Villa-Lobos, Compositor Brasileiro chegará à 12ª edição <br>> >> no próximo ano pela editora Francisco Alves, com acréscimos como <br>> >> cartas, iconografia, os episódios em torno das concentrações <br>> >> orfeônicas e atualização biográfica e discográfica, já que a vasta <br>> >> obra do compositor nunca foi tão executada e estudada no mundo. São <br>> >> duas centenas de gravações recentes, além de 70 livros sobre o <br>> >> artista. A primeira edição da biografia de Mariz desagradou ao <br>> >> biografado por causa da passagem do cascudo. 'Villa se distanciou <br>> >> de mim por um bom tempo, porque achava que eu o tinha descrito como <br>> >> violento', revela o biógrafo. 'Foi um caso divertido e, quando lhe <br>> >> contei, Villa deu gargalhadas. Ao ler, mudou de idéia. Depois, por <br>> >> meio de sua mulher, Mindinha, fizemos as pazes. Mesmo com modos <br>> >> grosseiros com quem dependia dele, foi muito amado.'<br>> >><br>> >> PRINCIPAIS OBRAS<br>> >><br>> >> Segundo o gênero<br>> >><br>> >> 6 Óperas<br>> >> 12 Sinfonias<br>> >> 13 Peças para violão-solo<br>> >> 13 Poemas sinfônicos<br>> >> 17 Quartetos de corda<br>> >> 27 Concertos<br>> >><br>> >> Estranho homem esse, capaz de maltratar os alunos, despertar o ódio <br>> >> da crítica, e, ainda assim, ser admirado. Mariz caracteriza-o como <br>> >> um eterno menino, pronto para cometer uma traquinagem ou um gesto <br>> >> ditatorial. Rebate, no entanto, a acusação que lhe fazem os <br>> >> acadêmicos atuais de que era um colaborador do fascismo de Vargas. <br>> >> 'Ele não tinha cor política', lembra o estudioso. 'Queria divulgar <br>> >> sua música. Vaidoso, não tinha paciência com a mediocridade. Mas, <br>> >> se você soubesse manobrá-lo, conseguia tudo dele.'<br>> >><br>> >> Para a pesquisadora Mercedes Reis Pequeno, autora da monumental <br>> >> Bibliografia Musical Brasileira (disponível na internet no site <br>> >> www.abm.org.br), simpatizar com o compositor podia ser difícil. <br>> >> 'Era de temperamento muito desigual e não conquistava à primeira <br>> >> vista. Muito seguro de seu valor, convencido mesmo, mas ao mesmo <br>> >> tempo, em certas circunstâncias, quase ingênuo. Mas, quando <br>> >> confiava, era para valer. Inimigos, quem não os tem nessa vida?'<br>> >><br>> >> #Q#<br>> >> Fatos da vida do autor das 'Bachianas'<br>> >> Nascido em 5 de março de 1887 em uma família de classe média, <br>> >> Villa-Lobos, ou Tuhu, seu apelido, não teve educação formal. O pai, <br>> >> Raul, era músico amador e lhe ensinou as primeiras notas<br>> >> 1922 ? ENFANT TERRIBLE<br>> >> Brilhou e foi vaiado na Semana de Arte Moderna de São Paulo<br>> >> 1926 ? EM PARIS<br>> >> Conviveu com músicos de vanguarda como Edgard Varèse (à esq.)<br>> >> 1932 ? NO RIO<br>> >> Fundou o Orfeão dos Professores. Seu assistente era o maestro <br>> >> Sílvio Salema (foto de 1952)<br>> >> 1940 ? MULTIDÃO<br>> >> Um coral de 40 mil alunos cantou no estádio do Vasco, sob direção <br>> >> do músico (no alto, ao microfone)<br>> >> 1955 ? CONSAGRAÇÃO<br>> >> Rege a Orquestra da Filadélfia durante ensaio em uma de suas turnês <br>> >> pelos Estados Unidos<br>> >> 1959 ? FINALE<br>> >> Lançou a última peça, Concerto Grosso, para Orquestra de Sopros. <br>> >> Morreu de câncer no Rio, em 17 de novembro #Q#<br>> >> O músico lancetou-os com a ponta da batuta afiada - e, às vezes, do <br>> >> taco de bilhar, seu passatempo favorito. Começou por estocar os <br>> >> compositores populares, ou, como preferia, folclóricos. No início <br>> >> da década de 40, por exemplo, chamou o samba-exaltação 'Aquarela do <br>> >> Brasil', de Ari Barroso, de oportunista. Escreveu que a música <br>> >> folclórica não passava da 'acepção mínima' da música. Oque não o <br>> >> impediu de se aproveitar de temas dos chorões com quem havia tocado <br>> >> em noitadas na juventude, como o de 'Rasga Coração', com melodia de <br>> >> Anacleto de Medeiros e letra de Catulo da Paixão Cearense, base <br>> >> para os 'Choros no 10' (1925), para orquestra e coro. Por conta da <br>> >> apropriação, ele amargou um processo de plágio, do qual veio a ser <br>> >> inocentado só depois da morte.<br>> >><br>> >> 'Villa-Lobos não gostava de música popular, como querem muitos <br>> >> estudiosos', afirma o musicólogo Flávio Silva, que há dois anos <br>> >> pesquisa os papéis do compositor e se candidata a ser um dos <br>> >> primeiros a chegar à esperada grande interpretação. 'O canto <br>> >> orfeônico formava sua plataforma e seu ponto de honra. Distinguia a <br>> >> 'música elevada' da restante. É engano pensar que ele gostava do <br>> >> som recreativo.'<br>> >><br>> >> Até hoje raramente abordado, o período em que o músico implementou <br>> >> projeto do canto orfeônico - de 1930 a 1945, os dois primeiros anos <br>> >> em São Paulo e o restante no Distrito Federal - é o mais rico em <br>> >> intrigas, manifestações e atos públicos em torno das idéias do <br>> >> compositor. Aos poucos, ele ganha perspectiva histórica. Também foi <br>> >> o momento em que Villa-Lobos, na chefia da trilha sonora da <br>> >> ditadura Vargas, feriu o maior número de pessoas, de normalistas a <br>> >> críticos profissionais. Recebeu o troco e sua produtividade cresceu <br>> >> na razão direta dos contra-ataques. Ela se revelou tão intensa que <br>> >> ainda hoje estão para ser descobertos discos e partituras que ele <br>> >> produziu com diversos coros. Com uma bolsa da Fundação Vitae, <br>> >> Flávio Silva levantou 20 gravações, inclusive pelo Orfeão dos <br>> >> Professores. 'Algumas gravações têm qualidade, e o grupo conseguiu <br>> >> bom desempenho', julga.<br>> >><br>> >><br>> >> 'Proclamo o valor de todas as manifestações populares da música <br>> >> como quem cultiva uma fonte de essências originais, nunca <br>> >> apresentando-a como expressão de um povo civilizado'<br>> >><br>> >> HEITOR VILLA-LOBOS,<br>> >> discurso em 15 de outubro de 1939<br>> >><br>> >> O resultado só podia ser obtido pela mão forte do regente, que se <br>> >> fazia sentir no moral das professoras e na moleira da criançada. <br>> >> Seu sonho, ou 'plano de ataque', como dizia, era despertar o <br>> >> interesse dos jovens e formar um público para a sua música por meio <br>> >> do canto coletivo. Com o Guia Prático - 137 peças para diversas <br>> >> formações -, desejava espalhar corais pelo Brasil em manifestações <br>> >> cívicas em grandes estádios. A prática coral nas escolas não visava <br>> >> a grandes artistas, mas a preparar o gosto comunitário para uma <br>> >> 'fisionomia musical brasileira', como disse em discurso que <br>> >> pronunciou no salão Assírio do Teatro Municipal do Rio em 15 de <br>> >> outubro de 1939, segundo original da Biblioteca Nacional: 'Sei bem <br>> >> que o gosto e a opinião pública não se impõem, mas educam-se'. O <br>> >> projeto, contudo, murchou aos poucos. Todos os especialistas <br>> >> entrevistados fazem uníssono ao dizer que a situação da educação <br>> >> musical nas escolas brasileiras é péssima, quando não inexistente, <br>> >> e a lição de Villa-Lobos foi esquecida, bem como suas idéias. Ele <br>> >> perdeu a guerra para a música popular por força do rádio, que <br>> >> consagrou o samba e jogou a arte erudita ao segundo plano.<br>> >><br>> >> 'Villa-Lobos escreveu e defendeu muitas bobagens', diz Flávio <br>> >> Silva. 'Poucas idéias dele se sustentam hoje.' Sua herança se <br>> >> concentra na obra, embora a maior parte dela ainda precise ser <br>> >> divulgada. O público brasileiro não conhece mais que uma dezena de <br>> >> melodias do compositor - não por acaso, quase todas escritas no <br>> >> período em que o maestro, vulto oficial, tangia professoras e <br>> >> alunos para os estádios.<br>> >><br>> >> Fotos e reproduções dos textos: Biblioteca Nacional/Divisão de <br>> >> Música e Arquivo Sonoro<br>> >><br>> >> http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR59656-6011,00.html<br>> >><br>> >> --<br>> >> carlos palombini<br>> >> www.researcherid.com/rid/F-7345-2011<br>> >> ________________________________________________<br>> >> Lista de discussões ANPPOM<br>> >> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>> >> ________________________________________________<br>> ><br>> ><br>> <br>> <br>> <br>> ________________________________________________<br>> Lista de discussões ANPPOM<br>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>> ________________________________________________<br></div></div> </div></body>
</html>