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<body class='hmmessage'><div dir='ltr'>
<br>Olá Gabriel,<div>sua tese parece ser mesmo muito interessante. Em relação ao papel da música na formação de identidades pessoais e coletivas também tenho seguido os passos de T. Turino, pois o modo como ele utiliza a teoria geral dos signos de Peirce e analisa os signos musicais possibilita uma compreensão da especificidade das linguagens musicais e da dança nos processos de constituição de identidades. Escrevi um artigo recentemente sobre isso para o último congresso da ABET (<span style="font-size: 9pt; text-align: left; ">WOLFF, Marcus S.
"Dos Signos Musicais aos Signos de Identidade: uma abordagem semiótica do
processo de construção de identidades". In: Anais do V Encontro Nacional
da Associação Brasileira de Etnomusicologia (ENABET), Belém, maio de 2011.
Disponível em:</span></div>
<div><span style="font-size: 9pt; "><</span><span style="font-size: 10pt; font-family: 'Times New Roman'; "><a href="http://abetmusica.org.br/conteudo.php?&sys=downloads">http://abetmusica.org.br/conteudo.php?&sys=downloads</a></span><span style="font-size: 9pt; ">> </span></div><div> E sua tese, está disponível on-line? </div><div>Considerando que alguns educadores musicais ainda querem utilizar a metodologia dos cantos orfeônicos nos dias de hoje, seria ótimo se sua tese fosse publicada em português, lida e debatida também nos congressos da ABEM. Agradeço sua contribuição. um abraço,</div><div>Marcus.</div><div><div><font face="Lucida Handwriting, Cursive"></font> </div>
<div><font face="Lucida Handwriting, Cursive"></font> </div>
<div><font face="Lucida Handwriting, Cursive"></font> </div>
<div><font face="Lucida Handwriting, Cursive">prof. Dr. Marcus Straubel Wolff</font></div>
<div><font face="Lucida Handwriting">Mestre em História Social da Cultura (PUC/RJ)</font></div>
<div><font face="Lucida Handwriting">Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP)</font></div>
<div><font face="Lucida Handwriting">Faculdades de Música e Comunicação</font><br><font face="Lucida Handwriting">Universidade Candido Mendes, RJ.</font></div>
<div><font face="'Lucida Handwriting'"><br></font><font face="Lucida Handwriting, Cursive"></font> <br></div><br><br><div><div id="SkyDrivePlaceholder"></div>> Date: Fri, 20 Apr 2012 16:52:59 -0400<br>> From: gabrielferraz@ufl.edu<br>> To: anppom-l@iar.unicamp.br<br>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] giron: villa-lobos tinha dias de tirano (Gabriel Ferraz)<br>> <br>> Caros colegas que estão discutindo o "caso" Villa-Lobos,<br>> <br>> Achei muito interessante que a discussão do suposto caráter <br>> autoritário de Villa-Lobos acabou tornando-se uma discussão sobre sua <br>> participação no governo de Vargas. A meu ver, isso demonstra que esse <br>> aspecto da vida de Villa-Lobos ainda precisa ser melhor entendido na <br>> literatura. Gostaria de deixar aqui a minha contribuição para essa <br>> discussão, já que o Canto Orfeônico de Villa-Lobos foi o tema do meu <br>> doutorado na Universidade da Flórida.<br>> <br>> Não estou aqui para fazer propaganda do meu trabalho, nem para <br>> resumi-lo, mas gostaria de esclarecer alguns pontos importantes sobre o <br>> assunto, tanto em relação ao comprometimento moral do Villa com o <br>> regime de Vargas, quanto em relação ao papel da música na formação <br>> de identidades pessoais e coletivas (isso requer um longo texto). Depois <br>> de analisar centenas de documentos de fonte primária (cartas, programas <br>> de concerto, entrevistas, etc), eu não só tenho certeza de que <br>> Villa-Lobos doutrinou os escolares na ideologia de Vargas, mas como ele <br>> tinha plena consciência do valor político de suas ações. Em um <br>> contexto de ditadura nacionalista, seria muita ingenuidade acreditar que <br>> Villa-Lobos não tinha consciência do que ele estava fazendo no Brasil <br>> (em um contexto mundial, era amplamente divulgado que regimes Fascistas <br>> faziam uso da música em concentrações em massa). Na verdade, <br>> acreditar nisso seria subestimar a inteligência do compositor e sua <br>> habilidade de adaptação à momentos diferentes em sua vida. (L. M. <br>> Peppercorn, por exemplo, o chama de camaleão. Apesar do trabalho de <br>> Peppercorn sobre Villa-Lobos apresentar diversos problemas, eu concordo <br>> plenamente com essa colocação).<br>> <br>> <br>> Em relação à educação musical, acho importante frisar que <br>> Villa-Lobos tinha um projeto educacional antes de Vargas tomar o poder, <br>> e as metodologias e objetivos do canto orfeônico partiram dele, e não <br>> do governo. Desde a Primeira República, o canto orfeônico fazia parte <br>> da educação infantil e era muito forte no estado de São Paulo, onde <br>> João Gomes Júnior o introduzira por volta de 1912 (Fabiano Lozano <br>> também foi importante como organizador de Orfeões em Piracicaba). <br>> Villa-Lobos deu continuidade a essa tradição, mas refoçou os <br>> elementos de teor nacionalista, patriótico e civicos e disciplina em <br>> sua abordagem (toda essa informação pode ser encontrada nos textos que <br>> ele escreveu sobre educação musical). Além disso, parte importante de <br>> seu método de ensino, eram as chamadas Exortações, que impunham às <br>> crianças todos os valores e ideias dos hinos escolares. Também <br>> importante (e não investigado na previamente na literatura), é o fato <br>> de que ele exortou esses valores para a sociedade do Rio de Janeiro como <br>> um todo, por meio do Orfeão de Professores, da Orchestra Villa-Lobos e <br>> da Orquestra Municipal do Rio de Janeiro, que realizavam concertos de <br>> natureza nacionalista e patriótica, nos quais os professores exortavam, <br>> com orientação de Villa-Lobos, ideias nacionalistas e patrióticas.<br>> <br>> Até aí, não existe o menor problema, uma vez que todos esses <br>> elementos (educação, concertos didáticos, composição de obras <br>> nacionalistas, etc) são essenciais como parte do projeto de <br>> compositores nacionalistas (ver o caso de Grieg, Smetana e Wagner no <br>> livro Music Makes the Nation: Nationalist Composers and Nation Building <br>> in Nineteenth-Century Europe de Benjamin Curtis). Tudo isso seria, <br>> então, bastante normal para Villa-Lobos, que lutava para que o público <br>> compreendesse e aceitasse a música brasileira (portanto, também a sua <br>> música). Naquela época, entretanto, a idea de conscientização da <br>> população sobre quem era o povo brasileiro, bem como a valorização <br>> dos elementos nacionais, era um tema frequente na obra de intelectuais <br>> (vide Casa grande e Senzala e Raízes do brasil, dentre outros), e de <br>> politicos que tinham uma ideologia conectada com o liberalismo, e a <br>> busca de brasilidade era um tema comum para ambas classes.<br>> <br>> O grande problema disso tudo é que Vargas implementou uma ditadura, e <br>> Villa-Lobos continuou usando seu "sistema" de educação musical para <br>> "nacionalizar" as crianças e suas famílias. Ele mesmo fala sobre o <br>> papel das crianças como emissárias da ideologia nacionalista, e, <br>> inclusive, desenvolveu um sistema de fichas nas quais os pais deveriam <br>> relatavam mudanças no comportamento dos filhos. O sistema de fichas <br>> existia também nas próprias escolas, que "mediam" mudanças no <br>> comportamento dos alunos devido à prática de canto orfeônico (isso <br>> envolvia a "medição" de seu patriotismo). O sistema de fichas pode <br>> não ser altamente científico em sua concepção, mas revela objetivos <br>> bem claros, que vão muito além da educação musical e entram na <br>> esfera política.<br>> <br>> A educação, por si só, já é uma ferramenta política. Quando os <br>> valores educacionais são impostos em um ambiente de rígida disciplina, <br>> como fez Villa-Lobos, a educação torna-se doutrinação (ver o <br>> importante livro de Michael W. Apple, Ideology and Curruclum. 3rd ed. <br>> New York: RoutledgeFalmer, 2004. Pode-se consultar também, Kazepides, <br>> Tasos. “Programmatic Definitions in Education: The Case of <br>> Indoctrination.” In Canadian Journal of Education / Revue canadienne <br>> de l’éducation 14, no. 3 (Summer, 1989): 387-396; e Thiessen, Elmer <br>> John. “Initiation, Indoctrination, and Education.” In the Canadian <br>> Journal of Education / Revue canadienne de l’éducation vol. 10, no. 3 <br>> (Summer, 1985): 229-249; além de muitos outros). Como teorias <br>> educacionais demonstraram, o doutrinador realmente acredita naquilo que <br>> está transmitindo aos seus pupilos, e não é necessariamente um <br>> propagandista. No caso de Villa-Lobos, entretanto, apesar de ele <br>> acreditar nos valores nacionalistas e patrióticos que disseminou (e <br>> provavelmente o teria feito independentemente do regime político em <br>> voga), ele sabia do valor propagandístico de sua obra educacional, não <br>> apenas nas grandes Concentrações Orfeônicas, que chegaram a reunir <br>> 40.000 crianças no estádio São Januário para cantar hinos <br>> patrióticos no Sete de Setembro, mas na rotina semanal da educação <br>> musical da criança. Além disso, Villa-Lobos sabia do uso de canto <br>> coral em regimes autoritários na Europa Fascista, e como afirmou <br>> Arnaldo Contier, ele simpatizava com um Estado forte (não estou, de <br>> modo algum, deixando implícito que Villa-Lobos era fascista - o que, <br>> até onde se sabe, ele não era - mas que ele sabia do uso da música <br>> para promover doutrinas políticas). Dentre outras coisas, Villa-Lobos <br>> falou que a arte em geral tinha muito mais poder do que a diplomacia, <br>> revelando sua plena consciência do valor político da arte.<br>> <br>> Apesar de haver muita evidência que demonstra o engajamento de <br>> Villa-Lobos com o ideário político de Vargas, o compositor negou seu <br>> interesse pessoal no regime e alegou que tudo que ele queria era um povo <br>> educado e disciplinado. Ora, mas isso não impediu que sua educação <br>> musical fosse usada, também, como ferramenta política; e pior, com o <br>> seu consentimento, porque ele não era bobo e sabia de tudo que estava <br>> acontecendo. Se sua ideologia política não era a mesma de Vargas (o <br>> que pode-se especular indefinidamente, uma vez que as pessoas podem <br>> manipular seu discurso de acordo com seus interesses - ver Strauss e <br>> Orff na Alemanha Nazista, por exemplo), sua educação musical teve <br>> desdobramentos políticos que independiam de sua vontade, e ele sabia <br>> disso, mas não fez objeção. Portanto, no mínimo, ele não se <br>> importava com o uso de seu Canto Orfeônico para fins políticos. Ou se <br>> isso teve qualquer importância para ele, não foi suficiente para que <br>> ele se opusesse ao uso político da educação musical.<br>> <br>> <br>> Além disso, a música tem um papel muito importante na formação de <br>> identidades pessoas e coletivas, o que já foi demonstrado em diversos <br>> trabalhos que investiga a semiótica musical (como Nattiez, já citado <br>> pelo prof. Wolff, além de Kofi Agawu, e Thomas Turino). Eu utilizei as <br>> ideias do excelente artigo do etnomusicólogo Thomas Turino, “Signs of <br>> Imagination, Identity and Experience: A Peircian Semiotic Theory for <br>> Music.” Ethnomusicology 43, no.2 (Spring/Summer, 1999): 221-55, como <br>> metodologia, e recomendo sua leitura para um entendimento mais <br>> científico do poder de comunicação inerente à música. Em suma, Como <br>> Turino explica, segundo a teoria de semiótica de Charles Peirce, que <br>> ele usa como base para sua própria teoria, o índice (no nosso caso, o <br>> signo musical) "refere-se a um signo que está relacionado ao seu objeto <br>> por meio de co-ocorrência em uma experiência real [...] o poder dos <br>> índices deriva do fato de que as relações signo-objeto são baseadas <br>> nas suas co-ocorrências nas experiências de vida das pessoas, <br>> portanto, os índices tornam-se intimamente ligados às pessoas através <br>> de experiências reais". Aplicando essa formulação à música, podemos <br>> entender que valores semânticos são anexados a um evento musical na <br>> mente do ouvinte, quando o objeto musical é experimentado em <br>> co-ocorrência com outros eventos da “vida real” do indivíduo. Como <br>> Turino afirma: Índices são experimentados como "reais" porque estão <br>> enraizados, muitas vezes redundantemente, na experiência de vida das <br>> pessoas, como memória, tornando-se uma verdadeira argamassa de suas <br>> identidades pessoais e sociais. Quando os índices apresentados são <br>> vinculados a formações afetivas relacionadas à vida pessoal e <br>> comunitária das pessoas - à família, à infância, à um(a) amante, <br>> à experiências de guerra - eles têm forte potencial para criar <br>> efeitos emocionais, porque são muitas vezes intuitivamente apreendidos <br>> irreflexivamente como "reais" ou como partes 'verdadeiras' das <br>> experiências significadas". Com base nesses preceitos teóricos, eu <br>> demonstrei que a educação musical promoveu, por meio de seus elementos <br>> musicais (ritmo, melodia e harmonia), associados às letras dos hinos e <br>> canções exortados por Villa-Lobos e pelos professores, e aos aspectos <br>> socializantes da prática musical em grupo, a formação da identidade <br>> de crianças primeiramente no Rio de Janeiro, e paulatinamente em outros <br>> estados do brasil, que experimentavam, através da música de cunho <br>> nacionalista, a mesma ideologia de nação, imaginando-se dessa forma, <br>> como uma comunidade homogênea de “seres nacionais”. (Vale a pena <br>> conhecer o conceito de "comunidades imaginadas" de Benedict Anderson, <br>> para se entender o papel de "índices" de nacionalidade na formação de <br>> uma nação).<br>> <br>> Não por acaso, as Concentrações Orfeônicas tornaram-se um símbolo <br>> do regime de Vargas. O próprio Carlos Drummond, que participou desses <br>> eventos, afirmou: "A multidão em torno vivia uma emoção brasileira e <br>> cósmica, estávamos tão unidos uns aos outros, tão participantes e ao <br>> mesmo tempo tão individualizados e ricos de nós mesmos, na plenitude <br>> de nossa capacidade sensorial, era tão belo e esmagador, que para <br>> muitos não havia outro jeito senão chorar; chorar de pura alegria.” <br>> E um outro participante relatou à Cacilda Guimarães Fróes, profa. de <br>> Canto Orfeônico: “A emoção era geral. O espetáculo surpreende pelo <br>> imprevisto. Um gesto do Maestro Villa-Lobos, que comandava o <br>> espetáculo, ergue-se cantando, aquela imensa massa de crianças, na <br>> mais eloquente demonstração de disciplina e civismo. Os corações <br>> fremem de entusiasmo e vêem-se lágrimas até nos olhos de gente <br>> grande. Nas arquibancadas, os alunos formavam o relevo do quadro. <br>> Villa-Lobos o ponto alto, culminante da paisagem. Naquele dia, como em <br>> nenhum outro, senti a presença da Pátria. Ela estava ali palpitando na <br>> alegria dos escolares, no entusiasmo do povo vibrando conosco….Volvi, <br>> então um olhar para minha bandeira. Nunca me pareceu tão bela, tão <br>> imponente em sua majestade.” Nesse ambiente altamente emocional, a <br>> música se cristalizava como parte de uma experiência coletiva, na qual <br>> patriotismo e nacionalismo funcionavam como "identificadores comuns" <br>> entre as pessoas. Nesses eventos (que ocorreram dezenas de vezes durante <br>> o ano, em diversas datas comemorativas e celebrações escolares e <br>> políticas) a música se tornava, portanto, um índice carregado de <br>> forte valor político.<br>> <br>> Dessa forma, o argumento "Maquiavélico" de que Villa-Lobos queria <br>> apenas promover música brasileira e educar as crianças, não o isentam <br>> de participar e disseminar a ideologia nacionalista do governo, e, dessa <br>> forma, contribuir ativamente (e conscientemente) para a doutrinação <br>> (sim, a palavra é forte, mas, nesse contexto, é a que define o que ele <br>> fez) dos escolares. Se por um lado isso foi bom para a cultura nacional <br>> (e também para o maior entendimento e aceitação da música de Villa), <br>> por outro, contribuiu enormemente para o regime de Vargas. Essas ideias <br>> não são mutuamente exclusivas.<br>> <br>> Isso não diminui o gênio do compositor de forma alguma. O que ele fez <br>> pela música brasileira, sua criatividade e sua percepção do momento <br>> que o Brasil vivia, não são comprometidos pelo papel político que ele <br>> desempenhou. Sua linguagem musical "híbrida" que, como aspecto <br>> intrínseco de linguagens nacionalistas, tornaram sua música um <br>> veículo de disseminação de elementos "locais" no exterior, ao mesmo <br>> tempo em que os apresentava, no Brasil, dentro de uma estética moderna <br>> também cultivada na Europa, merecem ser admirados independentemente de <br>> seu engajamento com Vargas. A importância de Villa-Lobos para a música <br>> no Brasil (e no mundo), portanto, não se abala.<br>> <br>> Mas é importante entender que Villa-Lobos, como todos os outros seres <br>> humanos, viveu dentro de contextos sociais, sem os quais a realização <br>> de sua obra jamais seria possível. É sob esse prima que devemos <br>> investigar o papel verdadeiro de sua obra educacional: dentro de um <br>> contexto social e político. Não é também importante entender que em <br>> 1930, quando Villa voltou para o Brasil, existia uma grande antipatia <br>> por sua música, e nem mesmo os músicos o respeitavam - ver os artigos <br>> dobre o Villa em Música Doce Música, de M. de Andrade - e que depois <br>> de participar do governo de Vargas, Villa-Lobos tornou-se uma <br>> celebridade mundial, mesmo sem ter composto tão ativamente como em <br>> períodos anteriores? Como demonstram os programas de concerto <br>> executados dentro do seu plano educacional, ele promoveu massivamente <br>> sua obra durante o governo Vargas, e isso contribuiu, indelévelmente, <br>> para que ele passasse a figurar entre os cânones musicais do Brasil, o <br>> que não era verdade quando ele começou seu projeto educacional. Por <br>> exemplo, em 1935, ele conseguiu, finalmente, realizar a premiére de seu <br>> Uirapuro, cuja composicão iniciou-se em 1917 e findou-se em 1934 (não <br>> se sabe exatamente quanto do material foi composto em 1917 e quanto foi <br>> "re-estruturado" - como o próprio Villa se refere ao seu trabalho na <br>> obra - em 1934).<br>> <br>> Para concluir, em muitos casos, os fatos e suas consequências falam <br>> mais verdades do que os compositores, principalmente quando existe <br>> política envolvida. Para abordarmos o assunto sob um ponto de vista <br>> científico, devemos ouvir esses fatos antes de mais nada, e depois <br>> interpretá-los à luz da história. Mas para isso precisamos <br>> primeiramente conhecer esses fatos, e, depois, tirarmos o tapa-ouvido.<br>> <br>> Obrigado pela atenção. Espero que o texto (longo, mas necessário, <br>> acredito) possa contribuir para uma reflexão científica sobre o <br>> assunto e ajudar a desmitificar valores construídos sobre o Villa. <br>> Gênio, sim... mas, sobretudo, humano.<br>> <br>> Gabriel Ferraz<br>> <br>> <br>> <br>> <br>> <br>> <br>> <br>> On Fri, 20 Apr 2012 12:12:23 -0300, anppom-l-request@iar.unicamp.br <br>> wrote:<br>> > Enviar submissões para a lista de discussão Anppom-l para<br>> > anppom-l@iar.unicamp.br<br>> ><br>> > Para se cadastrar ou descadastrar via WWW, visite o endereço<br>> > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>> > ou, via email, envie uma mensagem com a palavra 'help' no assunto ou<br>> > corpo da mensagem para<br>> > anppom-l-request@iar.unicamp.br<br>> ><br>> > Você poderá entrar em contato com a pessoa que gerencia a lista <br>> > pelo<br>> > endereço<br>> > anppom-l-owner@iar.unicamp.br<br>> ><br>> > Quando responder, por favor edite sua linha Assunto assim ela será<br>> > mais específica que "Re: Contents of Anppom-l digest..."<br>> ><br>> ><br>> > Tópicos de Hoje:<br>> ><br>> > 1. I Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira<br>> > (Carlos Palombini)<br>> > 2. Re: giron: villa-lobos tinha dias de tirano (Marcus S. Wolff)<br>> ><br>> ><br>> > <br>> > ----------------------------------------------------------------------<br>> ><br>> > Message: 1<br>> > Date: Wed, 18 Apr 2012 17:40:19 -0300<br>> > From: Carlos Palombini <cpalombini@gmail.com><br>> > To: anppom-l@iar.unicamp.br, etnomusicologiabr<br>> > <etnomusicologiabr@yahoogrupos.com.br>, Pesquisadores em Sonologia<br>> > (Música) <sonologia-l@listas.unicamp.br><br>> > Subject: [ANPPOM-Lista] I Encontro Nacional de Mulheres da Música<br>> > Popular Brasileira<br>> > Message-ID:<br>> > <CAJWibmHYD_cg-w0OwOHBNSge6a_jVYQ42Y1zNwcgi8j115MtLw@mail.gmail.com><br>> > Content-Type: text/plain; charset="windows-1252"<br>> ><br>> > Inédita no país, a iniciativa abre um importante espaço de <br>> > debates, de<br>> > trocas de vivências musicais e de experiências profissionais, <br>> > analisando o<br>> > mercado e a atual política cultural e tecendo considerações sobre <br>> > a<br>> > produção feminina na música popular.<br>> ><br>> > Contemplando os espaços acadêmicos e os espaços culturais da <br>> > cidade de<br>> > Pelotas - o meio urbano e o rural -, a programação, <br>> > descentralizada,<br>> > pretende a aproximação entre eles, incluindo atividades em espaços<br>> > alternativos como O Templo das Águas. Debates e Rodas de conversa ,<br>> > oficinas e wokshops terão espaço na UFPEL, além de shows em <br>> > diversos<br>> > espaços da cidade.<br>> ><br>> > Pelotas é um centro cultural que vem se destacando, no Rio Grande do <br>> > Sul,<br>> > por suas atividades musicais. No ano de seu bicentenário, este <br>> > encontro<br>> > traz ao município vozes importantes da cena cultural brasileira, <br>> > atraindo<br>> > olhares e ouvidos atentos para a arte e sensibilidade femininas em <br>> > nossa<br>> > cultura.<br>> > O Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira ? <br>> > Pelotas/RS<br>> > tem a proposta de se tornar um evento fixo no calendário da cidade e <br>> > da<br>> > música popular no Brasil.<br>> ><br>> > Para mais informações sobre os shows, oficinas e debates e demais <br>> > detalhes,<br>> > basta acessar encontrodemulheresdampb.blogspot.com.br<br>> > Organização: Janete Flores, Isabel Nogueira e Landa Ciccone<br>> > Produção: Circo Sem Lona<br>> > Contato: jamilhaoflores@hotmail.com<br>> ><br>> > Blog do evento: http://encontrodemulheresdampb.blogspot.com.br/<br>> ><br>> > <br>> > http://musicologiafeminista.ning.com/profiles/blogs/i-encontro-nacional-de-mulheres-da-musica-popular-brasileira<br>> > <http://encontrodemulheresdampb.blogspot.com.br/><br>> > --<br>> > carlos palombini<br>> > www.researcherid.com/rid/F-7345-2011<br>> > -------------- Próxima Parte ----------<br>> > Um anexo em HTML foi limpo...<br>> > URL:<br>> > <br>> > <http://iar.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20120418/2375514f/attachment.htm><br>> ><br>> > ------------------------------<br>> ><br>> > Message: 2<br>> > Date: Thu, 19 Apr 2012 06:20:52 +0000<br>> > From: "Marcus S. Wolff" <m_swolff@hotmail.com><br>> > To: <lucianocesar78@yahoo.com.br>, etnomusicologia lista<br>> > <etnomusicologiabr@yahoogrupos.com.br>, lista ANPPOM<br>> > <anppom-l@iar.unicamp.br><br>> > Subject: Re: [ANPPOM-Lista] giron: villa-lobos tinha dias de tirano<br>> > Message-ID: <BLU144-W20C650DA023FF4F2A57FBFA3D0@phx.gbl><br>> > Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"<br>> ><br>> ><br>> ><br>> ><br>> > Prezado Luciano,gostaria de lembrá-lo que Jean Molino, já em<br>> > meados dos anos 70 escrevendo na "Musique en Jeu", percebia que a<br>> > análise da obra musical e de sua estrutura, isto é, a análise do<br>> > que chamou de "nível neutro" era algo provisório, pois dependente<br>> > dos critérios utilizados, podendo ser superada pela introdução de<br>> > novos critérios ou de novas informações oriundas de outros níveis<br>> > (poiético e estésico). Aqui poderia se incluir também o <br>> > anedótico,<br>> > ao lado de outros signos que carregam informações sobre a criação<br>> > de uma obra, as reações que causou nos alunos de Villa-Lobos, ou em<br>> > outros setores da sociedade (intelectuais, políticos, etc).Já em <br>> > seu<br>> > artigo intitulado "O Fato Musical e a Semiologia da Música", Molino<br>> > considerava o "fato musical" como "fato social total", indo muito<br>> > além da análise do fenômeno sonoro em si mesmo. Sim, devo <br>> > concordar<br>> > que a música seja muito mais do que seu uso pelos regimes <br>> > ditatoriais<br>> > ou os discursos sobre ela, mas não é possível isolar o que <br>> > chamamos<br>> > de música sem correr riscos de cair no etnocentrismo e numa grande<br>> > alienação em nome de uma suposta autonomia da arte pouco<br>> > comprovável. Para voltar a Molino, "nao há maior perigo do que o do<br>> > etnocentrismo que nos conduz a distinguir em toda parta uma música<br>> > restrita (que corresponde à nossa concepção do fato musical" como<br>> > sendo o único tipo de música autêntica e uma área secundária,<br>> > complementar que designamos e rejeitamos chamando-a de <br>> > interpretação<br>> > simbólica ou significação - um tipo de apêndice acrescentado à<br>> > música pura sem mudar seu caráter" (1990, p. 114-115 - cito aqui a<br>> > tradução para o inglês de 1990, mas o artigo original na "Musique<br>> > en Jeu" vol. 17 foi publicado em fr. em 1975!). Por outro lado, Jean<br>> > J. Nattiez, que de certo modo levou adiante as colocações de <br>> > Molino,<br>> > explorou a interação entre as 3 dimensões do fato musical,<br>> > demonstrando como o signo musical é um fragmento da experiência<br>> > humana, observando que "um signo ou coleção de signos, ao qual um<br>> > complexo infinito de interpretantes (outros signos gerados na mente <br>> > do<br>> > percebedor) está ligado pode ser chamado de forma simbólica" (Music<br>> > and Discourse 1990, pág.4). Não se trata exatamente de uma <br>> > relação<br>> > de causa e efeito, mas de uma relação triangular complexa entre o<br>> > signo (no caso da obra musical), o objeto que representa para um ou<br>> > vários agentes sociais e os interpretantes que gera na mente de um<br>> > percebedor ou de um grupo de ouvintes, podendo o processo de semiose<br>> > constituir uma rede ilimitada. Portanto, seguindo essa abordagem, a<br>> > própria avaliação crítica da obra pelo musicólogo seria, nessa<br>> > abordagem, um interpretante possível e jamais a verdade absoluta,<br>> > como desejavam os positivistas. Infelizmente nao tenho tempo de<br>> > resumir toda essa teoria que já desde os anos 70, considerou o<br>> > entrelaçamento das dimensões poiética (da criação musical), com <br>> > a<br>> > dimensão da forma simbólica, de seus traços acessíveis através<br>> > da experiencia do "percebedor", com a dimensão estésica na qual se<br>> > constrói um sentido no curso de um processo de semiose.O diálogo <br>> > das<br>> > ciências sociais, especialmente a história e a antropologia com a<br>> > semiótica e a semiologia tem dado muitos frutos que valeria a pena<br>> > acompanhar de perto. Mesmo nos congressos da IASPM-AL, conforme nos<br>> > informa Juan Pablo González (Nueva Musicologia y Música popular<br>> > Latinoamericana, 2007) essa necessidade de interação e diálogo da<br>> > musicologia com outras disciplinas sociais e humanas tem gerado uma<br>> > renovação que vem rompendo com o isolamento do discurso analítico<br>> > musicológico que tem passado a dialogar com os estudos culturais, <br>> > de<br>> > gênero, da performance, da nova história, sociologia e <br>> > antropologia.<br>> > Bem, só para pensarmos nisso coletivamente. um abraço<br>> > cordial,Marcus.<br>> ><br>> ><br>> > prof. Dr. Marcus Straubel Wolff<br>> > Mestre em História Social da Cultura (PUC/RJ)<br>> > Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP)<br>> > Faculdades de Música e Comunicação<br>> > Universidade Candido Mendes, RJ.<br>> ><br>> ><br>> > Date: Tue, 17 Apr 2012 16:06:26 -0700<br>> > From: lucianocesar78@yahoo.com.br<br>> > Subject: Re: [ANPPOM-Lista] giron: villa-lobos tinha dias de tirano<br>> > To: ppsalles@usp.br; silvioferrazmello@uol.com.br;<br>> > anppom-l@iar.unicamp.br; etnomusicologiabr@yahoogrupos.com.br;<br>> > m_swolff@hotmail.com<br>> ><br>> > Prezado Marcus,<br>> ><br>> > Creio que relacionar numa relação causal o projeto musical de<br>> > Villa-Lobos com as ditaduras, o de Comte com o silenciamento da <br>> > classe<br>> > trabalhadora, ou atrocidades do segundo império frances com uma<br>> > abrangencia no alcance da educação musical é tão falho quanto o<br>> > pensamento difundido entre a burguesia de que fazer deixa as pessoas<br>> > melhores, mais pacíficas e tranquilas. Ou seja, invertemos a<br>> > avaliação do uso da música pelos regimes de poder, mas ficamos na<br>> > mesma situação de observá-la a partir de seus usos. E a música é<br>> > muito mais que isso.<br>> > A classe trabalhadora reinvindicaria mais com mais acesso a<br>> > cultura e a música faz parte dessa formação ampla que gera<br>> > cidadãos mais criticos. Para chegar nisso o que é urgente é que se<br>> > autonomize a música dos mexericos, mesmo que seja<br>> > importantíssimo entender as relações de poder nos seus<br>> > desenvolvimentos e recepções junto aos Estados. Mas esse<br>> > assuntotambém é autônomo da musicologia e não pode obnublar a<br>> > avaliação crítica da obra, da qual se diz ainda muito pouco. Creio<br>> > que esse ponto, levantado pelo Paulo, Silvio, etc. é ainda crucial.<br>> > Cordial abraço!<br>> ><br>> > Luciano Morais<br>> ><br>> > --- Em sáb, 14/4/12, Marcus S. Wolff <m_swolff@hotmail.com> <br>> > escreveu:<br>> ><br>> > De: Marcus S. Wolff <m_swolff@hotmail.com><br>> > Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] giron: villa-lobos tinha dias de tirano<br>> > Para: ppsalles@usp.br, silvioferrazmello@uol.com.br, "lista ANPPOM"<br>> > <anppom-l@iar.unicamp.br>, "etnomusicologia lista"<br>> > <etnomusicologiabr@yahoogrupos.com.br><br>> > Data: Sábado, 14 de Abril de 2012, 22:10<br>> ><br>> ><br>> ><br>> ><br>> ><br>> ><br>> > Interessante a colocação do prof Pedro Paulo. Concordando com ela,<br>> > sugiro a leitura da tese de doutorado de Jeanne Venzo Clément<br>> > intitulada Villa-Lobos, éducateur. (Paris, Sorbonne, 1989) repleta <br>> > de<br>> > farta documentação, fontes primárias e secundárias, que <br>> > demonstram<br>> > o modo como, com o declarado objetivo de "promover a educação do <br>> > bom<br>> > gosto, liberando as novas gerações das influências estrangeiras"<br>> > (1989: 51) e desejando despertar um "verdadeiro espírito cívico de<br>> > ordem e disciplina" (idem, ibidem), o compositor/educador <br>> > aproximou-se<br>> > do interventor João Alberto em São Paulo, logo após a revolução<br>> > de 30, mostrando a utilidade do seu projeto pedagógico. Aliás a<br>> > autora não deixa os leitores pouco familiarizados com a história<br>> > política brasileira esquecerem que "São Paulo foi o teatro de uma<br>> > luta entre o Partido Democrático e os chefes da revolução",<br>> > demonstrando a seguir como os cantos orfeônicos serviram aos<br>> > interesses de<br>> > apaziguamento, vistos pelos novos donos do poder como "intenções<br>> > cívicas e patrióticas". Para um maior aprofundamento de como as<br>> > chamadas "sociedades orfeônicas" sustentaram já na França do<br>> > Segundo Império (séc. XIX) determinados interesses sociais e<br>> > políticos nada democráticos sugiro o texto de Jane Fulcher, profa <br>> > da<br>> > Syracuse University intitulado "The Orphean Societies: Music for the<br>> > Workers in Second Empire France" já traduzido magistralmente para<br>> > nosso idioma pelo prof. Samuel Araújo. Segundo a autora, A. Comte<br>> > delineava para o Estado um papel importante na disseminação de uma<br>> > cultura para os pobres, pois estava convencido de que isso viria a<br>> > estabelecer uma "verdadeira paz e harmonia social", evitando-se assim<br>> > as reivindicações e os distúrbios que a classe trabalhadora vinha<br>> > causando. Destaca-se no projeto estético positivista, a música como<br>> > a arte mais apropriada para se fazer disponível aos<br>> > trabalhadores, já que podia ser praticada em grandes grupos e<br>> > aprendia até por analfabetos, fato esse que não passou despercebido<br>> > pelo maestro Villa-Lobos. Como compreender tal projeto pedagógico <br>> > sem<br>> > considerar o contexto político que favoreceu seu desenvolvimento?<br>> > Como neutralizar um aspecto da criação musical de um compositor, <br>> > sem<br>> > pensar nos elos que ligam o compositor a seu contexto, suas opções<br>> > estético-políticas diante de uma ditadura que veio logo a seguir,<br>> > seu debate com outros artistas/intelectuais que na mesma época<br>> > assumiam posturas opostas (como Mário de Andrade) e sem pensar na<br>> > "recepção" ( na reconstrução dos traços para usar J. Molino) de<br>> > suas práticas musicais (incluindo neste campo estésico não só as<br>> > obras como também seu projeto político-pedagógico) ? Bem, após a<br>> > leitura desses autores, sinto-me incapaz de realizar tal operação <br>> > de<br>> > neutralização mas creio que nao seria essa a tarefa de um<br>> > musicólogo do<br>> > nosso tempo. saudações cordiais a todos,Marcus Wolff.<br>> ><br>> ><br>> ><br>> > prof. Dr. Marcus Straubel Wolff<br>> > Mestre em História Social da Cultura (PUC/RJ)<br>> > Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP)<br>> > Faculdades de Música e Comunicação<br>> > Universidade Candido Mendes, campi Friburgo e Rio, RJ.<br>> ><br>> ><br>> ><br>> ><br>> >> Date: Fri, 13 Apr 2012 18:16:25 -0300<br>> >> From: ppsalles@usp.br<br>> >> To: silvioferrazmello@uol.com.br<br>> >> CC: anppom-l@iar.unicamp.br; etnomusicologiabr@yahoogrupos.com.br<br>> >> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] giron: villa-lobos tinha dias de tirano<br>> >><br>> >> Caro Silvio,<br>> >><br>> >> foi um alento ler suas considerações, com as quais concordo<br>> >> plenamente. Acrescentaria apenas que, a partir do momento em que o<br>> >> Villa propôs e coordenou um projeto de Educação Musical de <br>> >> âmbito<br>> >> nacional, atingindo a milhares de escolas e dezenas de milhares de<br>> >> estudantes, professores e diretores de escolas, suas ações nesse<br>> >> âmbito tomam um vulto considerável, que devem - é claro - ser<br>> >> analisadas não no<br>> > nível da fofoca e de análises superficiais, mas no<br>> >> mesmo nível que sua música merece, sempre levando em conta o <br>> >> contexto<br>> >> histórico e ideológico da época - como você bem apontou - e do <br>> >> Estado<br>> >> Novo e suas implicações.<br>> >><br>> >> Forte abraço, Pedro Paulo Salles<br>> >> USP<br>> >> ......................................<br>> >><br>> >> Citando silvioferrazmello <silvioferrazmello@uol.com.br>:<br>> >><br>> >> > Caro Carlos,<br>> >> ><br>> >> > Diversas das frases atribuídas a Villa-Lobos no texto são o <br>> >> jargão da época.<br>> >> > Não só ele mas uma multidão dizia o mesmo sobre a arte popular <br>> >> e<br>> >> > sobre qualquer coisa que fosse moderna.<br>> >> > Não só ele mas uma turba batia em alunos, espancava colegas, <br>> >> brigava<br>> >> > nas ruas...<br>> >> > Agora, muito do que se fala de Villa são piadas de costume e ele<br>> >> > gostava que as<br>> > inventassem..<br>> >> > Talvez fossem adepto da frase janista: "falem mal mas falem de <br>> >> mim"<br>> >> > De fato cultuava as bobagens a seu respeito, e deixava que<br>> >> > proliferassem por variações e mais variações.<br>> >> > Mas o que falta mesmo é sempre a referência de cada uma das <br>> >> blagues,<br>> >> > quem contou, quando contou, qual a ocasião em que se<br>> >> > encontravam...quem? exatamente quem?<br>> >> ><br>> >> > Mas é triste é ver que sempre retornamos o método da fofóca de<br>> >> > revista de variedades quando se trata de Villa.<br>> >> > Sua composição mesmo fica em segundo plano ou fica sob a frase <br>> >> "um<br>> >> > grande compositor, precisa ser melhor estudado e blablablablabla".<br>> >> ><br>> >> > Lendo a reportagem me perguntei:<br>> >> > Quem são as "professoras revoltadas pelo teu trato" da folha<br>> >> > datilografada sem assinatura? Aquelas mesmas que nos batiam<br>> > nas mãos<br>> >> > com réguas para mantermos o pulso no lugar qdo tínhamos aula de<br>> >> > piano, ou as que nos faziam cantar o Hino Nacional com todas as<br>> >> > crases e vírgulas..."cantem com as vírgulas....não esqueçam as<br>> >> > crases"? ou o autor do texto acredita que eram professoras que<br>> >> > trabalhavam sob o método Paulo Freire.<br>> >> > O mundo era outro, a norma era outra, e um texto rápido nunca <br>> >> escapa<br>> >> > de ser ter grandes equívocos.<br>> >> ><br>> >> > Guanabarino: Que bom que ele não conseguiu conter a obra de <br>> >> Villa! E<br>> >> > sorte que Villa não chegava aos extremos de um Varèse, <br>> >> Guanabarino o<br>> >> > teria lançado literalmente à fogueira já que achincalhava tudo <br>> >> que<br>> >> > sua visão pré-republicana não compreendia.<br>> >> ><br>> >> > No mais, se Villa deu uns cascudos em Vasco Mariz, ora professores<br>> >> > que davam<br>> > cascudos, professores que atiravam apagador em alunos,<br>> >> > professores que nos mandavam ficar de costas no canto da sala, ir<br>> >> > ajoelhar no milho, ter as mãos langanhadas por palmatórias, <br>> >> escrever<br>> >> > na frente de seus colegas mil vezes uma frase estúpida<br>> >> > qualquer...não me parece que isto tudo tenha sido uma prática<br>> >> > exclusiva de Villa-Lobos ou de minha professora de música no <br>> >> ginásio<br>> >> > (30 anos depois de Villa).<br>> >> ><br>> >> > O problema de toda leitura contemporânea é tentar analisar o <br>> >> passado<br>> >> > pelos padrões atuais...ora, Villa não era politicamente correto, <br>> >> nem<br>> >> > teria como ser, ninguém era politicamente correto.<br>> >> ><br>> >> > Então...já que não teremos mais que conviver com o sujeito<br>> >> > Villa-Lobos, porque retomar as fofocas de vida íntima?<br>> >> > Não é já passada a hora de divulgarmos<br>> > trabalhos de peso na análise<br>> >> > da obra de Villa, na análise de seu contexto sócio-político, do <br>> >> que<br>> >> > artigos rápidos de jornal que acabam contribuindo mais ainda à<br>> >> > distorção desnecessárias?<br>> >> ><br>> >> > Recomendo a leitura do livro de Paulo de Tarso, a biografia <br>> >> escrita<br>> >> > por Tarasti, as análises que Marcos Lacerda realizou dos Choros, <br>> >> e<br>> >> > outros tantos trabalhos que por alegria caem às mãos e que <br>> >> iluminam<br>> >> > um pouco do que foi abrir caminho no meio do mato para fazer<br>> >> > adentrar nestas terras um pouco de música de invenção.<br>> >> ><br>> >> > abs<br>> >> > Silvio Ferraz<br>> >> ><br>> >> ><br>> >> ><br>> >> ><br>> >> ><br>> >> > On Apr 6, 2012, at 7:03 PM, Carlos Palombini wrote:<br>> >> ><br>> >> >> via Liliane Kans (FB)<br>> >> >><br>> >> >> HISTÓRIA<br>> >> >> Villa-Lobos<br>> > tinha dias de tirano<br>> >> >><br>> >> >> Documentos inéditos mostram que o compositor tratava mal suas<br>> >> >> alunas, brigava e regia a massa com batuta de aço<br>> >> >><br>> >> >> LUÍS ANTÔNIO GIRON<br>> >> >><br>> >> >><br>> >> >> HOBBY<br>> >> >> Villa-Lobos joga bilhar na Associação Brasileira de Imprensa <br>> >> (1957)<br>> >> >> Na quinta-feira 2 de junho de 1932, as professoras do<br>> >> >> recém-instalado Curso de Pedagogia da Música e Canto Orfeônico <br>> >> do<br>> >> >> Rio de Janeiro, cansadas de receber maus-tratos do compositor<br>> >> >> Heitor Villa-Lobos, redigiram uma carta anônima ao carrasco. No<br>> >> >> início dos anos 1930, depois de uma década na Europa, ele <br>> >> esbanjava<br>> >> >> poder e surtos de estrelismo, mas isso não conteve as ofendidas.<br>> >> >> 'Se continuas a ameaçar-nos com os poderes absolutos de que<br>> > te<br>> >> >> prezas faremos uma representação ao Diretor Geral', ameaçam as<br>> >> >> missivistas. 'Não vês que tudo é contraproducente quando o <br>> >> chefe<br>> >> >> não sabe ter atitudes? Não percebes que as colegas se podem<br>> >> >> infiltrar desses teus modos estúpidos e passar a fazer o mesmo <br>> >> com<br>> >> >> as criancinhas?' Encerram o ataque com a indicação: 'As <br>> >> professoras<br>> >> >> revoltadas pelo teu trato'.<br>> >> >><br>> >> >> A folha, datilografada e sem assinatura, encontra-se na <br>> >> Biblioteca<br>> >> >> Nacional, no Rio (consta do espólio do maestro Sílvio Salema,<br>> >> >> assistente de Villa), e só agora vem à luz, com outros papéis <br>> >> -<br>> >> >> recortes, partituras, cartas e fotografias - arquivados ali e no<br>> >> >> Museu Villa-Lobos. As duas instituições cariocas abrigam <br>> >> documentos<br>> >> >> que esclarecem a ação e<br>> > a obra do mais celebrado e executado<br>> >> >> compositor erudito brasileiro. Com base nos materiais que vêm <br>> >> sendo<br>> >> >> vasculhados, acontece uma alteração sensível da imagem de<br>> >> >> Villa-Lobos para a posteridade. O tratado definitivo sobre o<br>> >> >> assunto ainda está por ser escrito, mas uma horda de <br>> >> pesquisadores<br>> >> >> corre e concorre para realizar a façanha. Uma silhueta diferente <br>> >> do<br>> >> >> músico promete delinear-se ao final da competição. Tudo indica <br>> >> que<br>> >> >> o 'índio de casaca', o simpático inspirador da música popular<br>> >> >> brasileira - e de filmes como Villa-Lobos, uma Vida de Paixão<br>> >> >> (2000), de Zelito Viana, que reduz o artista à caricatura -, <br>> >> saia<br>> >> >> do palco para dar lugar ao ditador agressivo, defensor da 'arte<br>> >> >> elevada' contra a música popular - e sobretudo paladino de seus<br>> ><br>> >> >> interesses particulares.<br>> >> >><br>> >> >> Inimigos íntimos<br>> >> >> Críticos, professores e colegas tentaram derrubar o músico<br>> >> >><br>> >> >> ATAQUES<br>> >> >> O crítico Oscar Guanabarino e outros malharam o músico em vida<br>> >> >> Villa-Lobos sofreu ataques desde que começou a apresentar suas<br>> >> >> peças de vanguarda, no Rio, em 1918. Foi chamado de bárbaro, <br>> >> louco,<br>> >> >> petulante, autodidata. Durante a Semana de Arte Moderna de 22, em<br>> >> >> São Paulo, foi saudado pelo público com uma saraivada de <br>> >> batatas.<br>> >> >> As polêmicas só escassearam no fim da década de 40, quando <br>> >> obteve<br>> >> >> consagração mundial com suas turnês pelos Estados Unidos e <br>> >> pela<br>> >> >> Europa e conseguiu calar quase todos os opositores. O maior deles<br>> >> >> chamava-se Oscar Guanabarino (1851-1937). Esse<br>> > professor de piano e<br>> >> >> folhetinista atuou como flagelo do modernismo e do nacionalismo. <br>> >> Fã<br>> >> >> do canto lírico de Carlos Gomes, iniciou fama de mal-humorado <br>> >> por<br>> >> >> volta de 1890, ao atacar os primeiros músicos que usavam o <br>> >> folclore<br>> >> >> em suas peças. Quando Villa-Lobos apareceu com suas suítes<br>> >> >> sincopadas e dissonantes, o velho crítico fulminou-o com todo o <br>> >> seu<br>> >> >> arsenal de conceitos. Os dois chegaram a trocar bengaladas em um<br>> >> >> concerto nos anos 20. Guanabarino atacou-o até morrer. Na coluna<br>> >> >> Pelo Mundo das Artes, do Jornal do Commercio (uma das últimas a<br>> >> >> levar a rubrica de 'folhetim'), em 1934, comentou uma festa<br>> >> >> orfeônica organizada pelo compositor informando que 'a <br>> >> concorrência<br>> >> >> foi diminutíssima - apenas 100 pessoas na platéia, se tanto, o <br>> >> que<br>> ><br>> >> >> quer dizer que o público rejeita o sr. Villa-Lobos e a sua <br>> >> música,<br>> >> >> mesmo quando lhe é oferecida gratuitamente'. Guanabarino <br>> >> inspirou<br>> >> >> novos rivais, como Gondim da Fonseca e Carlos Maul (1887-1971).<br>> >> >> Este último publicou, em 1962, o ensaio A Glória Escandalosa de<br>> >> >> Villa-Lobos. Ali, acusava o compositor de haver rapinado o<br>> >> >> folclore. Villa-Lobos achava graça das acusações. A <br>> >> posteridade não<br>> >> >> as levou a sério. #Q#<br>> >> >> Reprodução<br>> >> >><br>> >> >> HUMILHADAS<br>> >> >> Integrantes do Orfeão dos Professores redigiram em 1932 uma <br>> >> carta<br>> >> >> (acima) ameaçando o regente Heitor Villa-Lobos<br>> >> >> Os documentos, examinados com exclusividade por ÉPOCA, dão <br>> >> conta de<br>> >> >> que Villa-Lobos possuía um gênio incontrolável e não recuava <br>> >> ante<br>> >><br>> > >> nenhum tipo de obstáculo. Exemplo disso é a advertência das <br>> > alunas<br>> >> >> que constituíam o Orfeão dos Professores sobre sua falta de<br>> >> >> didática. A carta, se foi recebida (não há evidências a esse<br>> >> >> respeito), não surtiu efeito, porque o regente defendia como<br>> >> >> expedientes o rigor para adultos e a palmatória para crianças.<br>> >> >> Assim aconteceu num ensaio ao ar livre, na frente do prédio de <br>> >> seu<br>> >> >> Conservatório de Canto Orfeônico, na Praia Vermelha, em meados <br>> >> de<br>> >> >> 1936. O músico, trajado com uma espalhafatosa casaca colorida,<br>> >> >> tentava reger um coral de milhares de meninos. Um grupo mais<br>> >> >> barulhento não se aquietava, nem com a intervenção de um <br>> >> escoteiro<br>> >> >> encarregado de organizar a multidão. A garotada começou, <br>> >> então, a<br>> >> >> brigar. 'Villa saiu do<br>> > pódio furioso e acabou com a bagunça,<br>> >> >> distribuindo cascudos para todo lado', lembra o tal escoteiro, <br>> >> que<br>> >> >> viria a se tornar o mais importante biógrafo de Villa-Lobos: <br>> >> Vasco<br>> >> >> Mariz. 'Até eu levei um!'Aos 82 anos, o embaixador aposentado e<br>> >> >> musicólogo carioca orgulha-se de ter travado relações anos <br>> >> depois<br>> >> >> com Villa-Lobos e feito sua biografia. Publicada pela primeira <br>> >> vez<br>> >> >> em 1949 pelo Itamaraty a partir de seis meses de entrevistas com <br>> >> o<br>> >> >> compositor, Villa-Lobos, Compositor Brasileiro chegará à 12ª <br>> >> edição<br>> >> >> no próximo ano pela editora Francisco Alves, com acréscimos <br>> >> como<br>> >> >> cartas, iconografia, os episódios em torno das concentrações<br>> >> >> orfeônicas e atualização biográfica e discográfica, já que <br>> >> a vasta<br>> >> >> obra do compositor nunca foi tão<br>> > executada e estudada no mundo. São<br>> >> >> duas centenas de gravações recentes, além de 70 livros sobre o<br>> >> >> artista. A primeira edição da biografia de Mariz desagradou ao<br>> >> >> biografado por causa da passagem do cascudo. 'Villa se distanciou<br>> >> >> de mim por um bom tempo, porque achava que eu o tinha descrito <br>> >> como<br>> >> >> violento', revela o biógrafo. 'Foi um caso divertido e, quando <br>> >> lhe<br>> >> >> contei, Villa deu gargalhadas. Ao ler, mudou de idéia. Depois, <br>> >> por<br>> >> >> meio de sua mulher, Mindinha, fizemos as pazes. Mesmo com modos<br>> >> >> grosseiros com quem dependia dele, foi muito amado.'<br>> >> >><br>> >> >> PRINCIPAIS OBRAS<br>> >> >><br>> >> >> Segundo o gênero<br>> >> >><br>> >> >> 6 Óperas<br>> >> >> 12 Sinfonias<br>> >> >> 13 Peças para violão-solo<br>> >> >> 13 Poemas<br>> > sinfônicos<br>> >> >> 17 Quartetos de corda<br>> >> >> 27 Concertos<br>> >> >><br>> >> >> Estranho homem esse, capaz de maltratar os alunos, despertar o <br>> >> ódio<br>> >> >> da crítica, e, ainda assim, ser admirado. Mariz caracteriza-o <br>> >> como<br>> >> >> um eterno menino, pronto para cometer uma traquinagem ou um gesto<br>> >> >> ditatorial. Rebate, no entanto, a acusação que lhe fazem os<br>> >> >> acadêmicos atuais de que era um colaborador do fascismo de <br>> >> Vargas.<br>> >> >> 'Ele não tinha cor política', lembra o estudioso. 'Queria <br>> >> divulgar<br>> >> >> sua música. Vaidoso, não tinha paciência com a mediocridade. <br>> >> Mas,<br>> >> >> se você soubesse manobrá-lo, conseguia tudo dele.'<br>> >> >><br>> >> >> Para a pesquisadora Mercedes Reis Pequeno, autora da monumental<br>> >> >> Bibliografia Musical Brasileira (disponível na internet no site<br>> >><br>> > >> www.abm.org.br), simpatizar com o compositor podia ser difícil.<br>> >> >> 'Era de temperamento muito desigual e não conquistava à <br>> >> primeira<br>> >> >> vista. Muito seguro de seu valor, convencido mesmo, mas ao mesmo<br>> >> >> tempo, em certas circunstâncias, quase ingênuo. Mas, quando<br>> >> >> confiava, era para valer. Inimigos, quem não os tem nessa vida?'<br>> >> >><br>> >> >> #Q#<br>> >> >> Fatos da vida do autor das 'Bachianas'<br>> >> >> Nascido em 5 de março de 1887 em uma família de classe média,<br>> >> >> Villa-Lobos, ou Tuhu, seu apelido, não teve educação formal. O <br>> >> pai,<br>> >> >> Raul, era músico amador e lhe ensinou as primeiras notas<br>> >> >> 1922 ? ENFANT TERRIBLE<br>> >> >> Brilhou e foi vaiado na Semana de Arte Moderna de São Paulo<br>> >> >> 1926 ? EM PARIS<br>> >> >> Conviveu com músicos de vanguarda como<br>> > Edgard Varèse (à esq.)<br>> >> >> 1932 ? NO RIO<br>> >> >> Fundou o Orfeão dos Professores. Seu assistente era o maestro<br>> >> >> Sílvio Salema (foto de 1952)<br>> >> >> 1940 ? MULTIDÃO<br>> >> >> Um coral de 40 mil alunos cantou no estádio do Vasco, sob <br>> >> direção<br>> >> >> do músico (no alto, ao microfone)<br>> >> >> 1955 ? CONSAGRAÇÃO<br>> >> >> Rege a Orquestra da Filadélfia durante ensaio em uma de suas <br>> >> turnês<br>> >> >> pelos Estados Unidos<br>> >> >> 1959 ? FINALE<br>> >> >> Lançou a última peça, Concerto Grosso, para Orquestra de <br>> >> Sopros.<br>> >> >> Morreu de câncer no Rio, em 17 de novembro #Q#<br>> >> >> O músico lancetou-os com a ponta da batuta afiada - e, às <br>> >> vezes, do<br>> >> >> taco de bilhar, seu passatempo favorito. Começou por estocar os<br>> >> >> compositores populares, ou, como preferia, folclóricos. No <br>> >> início<br>> ><br>> >> >> da década de 40, por exemplo, chamou o samba-exaltação <br>> >> 'Aquarela do<br>> >> >> Brasil', de Ari Barroso, de oportunista. Escreveu que a música<br>> >> >> folclórica não passava da 'acepção mínima' da música. Oque <br>> >> não o<br>> >> >> impediu de se aproveitar de temas dos chorões com quem havia <br>> >> tocado<br>> >> >> em noitadas na juventude, como o de 'Rasga Coração', com <br>> >> melodia de<br>> >> >> Anacleto de Medeiros e letra de Catulo da Paixão Cearense, base<br>> >> >> para os 'Choros no 10' (1925), para orquestra e coro. Por conta <br>> >> da<br>> >> >> apropriação, ele amargou um processo de plágio, do qual veio a <br>> >> ser<br>> >> >> inocentado só depois da morte.<br>> >> >><br>> >> >> 'Villa-Lobos não gostava de música popular, como querem muitos<br>> >> >> estudiosos', afirma o musicólogo Flávio Silva, que há dois <br>> >> anos<br>> >> >> pesquisa os<br>> > papéis do compositor e se candidata a ser um dos<br>> >> >> primeiros a chegar à esperada grande interpretação. 'O canto<br>> >> >> orfeônico formava sua plataforma e seu ponto de honra. <br>> >> Distinguia a<br>> >> >> 'música elevada' da restante. É engano pensar que ele gostava <br>> >> do<br>> >> >> som recreativo.'<br>> >> >><br>> >> >> Até hoje raramente abordado, o período em que o músico <br>> >> implementou<br>> >> >> projeto do canto orfeônico - de 1930 a 1945, os dois primeiros <br>> >> anos<br>> >> >> em São Paulo e o restante no Distrito Federal - é o mais rico <br>> >> em<br>> >> >> intrigas, manifestações e atos públicos em torno das idéias <br>> >> do<br>> >> >> compositor. Aos poucos, ele ganha perspectiva histórica. Também <br>> >> foi<br>> >> >> o momento em que Villa-Lobos, na chefia da trilha sonora da<br>> >> >> ditadura Vargas, feriu o maior número de pessoas, de <br>> >> normalistas a<br>> ><br>> >> >> críticos profissionais. Recebeu o troco e sua produtividade <br>> >> cresceu<br>> >> >> na razão direta dos contra-ataques. Ela se revelou tão intensa <br>> >> que<br>> >> >> ainda hoje estão para ser descobertos discos e partituras que <br>> >> ele<br>> >> >> produziu com diversos coros. Com uma bolsa da Fundação Vitae,<br>> >> >> Flávio Silva levantou 20 gravações, inclusive pelo Orfeão dos<br>> >> >> Professores. 'Algumas gravações têm qualidade, e o grupo <br>> >> conseguiu<br>> >> >> bom desempenho', julga.<br>> >> >><br>> >> >><br>> >> >> 'Proclamo o valor de todas as manifestações populares da <br>> >> música<br>> >> >> como quem cultiva uma fonte de essências originais, nunca<br>> >> >> apresentando-a como expressão de um povo civilizado'<br>> >> >><br>> >> >> HEITOR VILLA-LOBOS,<br>> >> >> discurso em 15 de outubro de 1939<br>> >> >><br>> >><br>> > >> O resultado só podia ser obtido pela mão forte do regente, que <br>> > se<br>> >> >> fazia sentir no moral das professoras e na moleira da criançada.<br>> >> >> Seu sonho, ou 'plano de ataque', como dizia, era despertar o<br>> >> >> interesse dos jovens e formar um público para a sua música por <br>> >> meio<br>> >> >> do canto coletivo. Com o Guia Prático - 137 peças para diversas<br>> >> >> formações -, desejava espalhar corais pelo Brasil em <br>> >> manifestações<br>> >> >> cívicas em grandes estádios. A prática coral nas escolas não <br>> >> visava<br>> >> >> a grandes artistas, mas a preparar o gosto comunitário para uma<br>> >> >> 'fisionomia musical brasileira', como disse em discurso que<br>> >> >> pronunciou no salão Assírio do Teatro Municipal do Rio em 15 de<br>> >> >> outubro de 1939, segundo original da Biblioteca Nacional: 'Sei <br>> >> bem<br>> >> >> que o gosto e a<br>> > opinião pública não se impõem, mas educam-se'. O<br>> >> >> projeto, contudo, murchou aos poucos. Todos os especialistas<br>> >> >> entrevistados fazem uníssono ao dizer que a situação da <br>> >> educação<br>> >> >> musical nas escolas brasileiras é péssima, quando não <br>> >> inexistente,<br>> >> >> e a lição de Villa-Lobos foi esquecida, bem como suas idéias. <br>> >> Ele<br>> >> >> perdeu a guerra para a música popular por força do rádio, que<br>> >> >> consagrou o samba e jogou a arte erudita ao segundo plano.<br>> >> >><br>> >> >> 'Villa-Lobos escreveu e defendeu muitas bobagens', diz Flávio<br>> >> >> Silva. 'Poucas idéias dele se sustentam hoje.' Sua herança se<br>> >> >> concentra na obra, embora a maior parte dela ainda precise ser<br>> >> >> divulgada. O público brasileiro não conhece mais que uma dezena <br>> >> de<br>> >> >> melodias do compositor - não por<br>> > acaso, quase todas escritas no<br>> >> >> período em que o maestro, vulto oficial, tangia professoras e<br>> >> >> alunos para os estádios.<br>> >> >><br>> >> >> Fotos e reproduções dos textos: Biblioteca Nacional/Divisão de<br>> >> >> Música e Arquivo Sonoro<br>> >> >><br>> >> >> <br>> >> http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR59656-6011,00.html<br>> >> >><br>> >> >> --<br>> >> >> carlos palombini<br>> >> >> www.researcherid.com/rid/F-7345-2011<br>> >> >> ________________________________________________<br>> >> >> Lista de discussões ANPPOM<br>> >> >> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>> >> >> ________________________________________________<br>> >> ><br>> >> ><br>> >><br>> >><br>> >><br>> >> ________________________________________________<br>> >> Lista de discussões ANPPOM<br>> >><br>> > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>> >> ________________________________________________<br>> ><br>> ><br>> > -----Anexo incorporado-----<br>> ><br>> > ________________________________________________<br>> > Lista de discussões ANPPOM<br>> > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>> > ________________________________________________<br>> > -------------- Próxima Parte ----------<br>> > Um anexo em HTML foi limpo...<br>> > URL:<br>> > <br>> > <http://iar.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20120419/188110a6/attachment.htm><br>> ><br>> > ------------------------------<br>> ><br>> > _______________________________________________<br>> > Anppom-l mailing list<br>> > Anppom-l@iar.unicamp.br<br>> > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>> ><br>> ><br>> > Fim da Digest Anppom-l, volume 84, assunto 19<br>> > *********************************************<br>> <br>> ________________________________________________<br>> Lista de discussões ANPPOM<br>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l<br>> ________________________________________________<br></div></div> </div></body>
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