Caros colegas:<div><br></div><div>Creio que vocês devem ter recebido e lido minha mensagem, em que eu falei da ideia de se criar o Conselho Nacional de Desenvolvimento e Pesquisa das Artes (CNDPA): uma espécie de CNPq das artes.</div>
<div><br></div><div>Para reforçar aquela ideia, ilustrando a especificidade de nossa área, tentando mostrar que Qualis e avaliações nesse mistér são complicados, quero relatar um fato interessante.</div><div><br></div><div>
<br></div><div>Na última década do século XX, o Ministério da Educação criou a GED, um dos mecanismos para aumentar a remuneração dos professores, a partir de concessão de pontuação para produção artística e científica.</div>
<div>Naqueles anos minha pontuação na GED ultrapassava sempre, astronomicamente, o teto de pontos permitido.</div><div><br></div><div>A razão disso:</div><div>Para obras apresentadas em concertos no Brasil, a pontuação era pouca; enquanto ela era muito alta para apresentações de obras no exterior.</div>
<div>Pois eu era, tal como ainda hoje, pouco tocado no Brasil e muito tocado no exterior.</div><div><br></div><div>Os elaboradores das listas de pontuações não tinham consciência da realidade musical brasileira, no que se referia à minha música e a de outros brasileiros.</div>
<div><br></div><div>Abraços,</div><div>Jorge Antunes</div><div><br></div><div><br></div><div><br></div><div><br></div><div><br><br><div class="gmail_quote">Em 15 de junho de 2012 09:18,  <span dir="ltr"><<a href="mailto:lcm@usp.br" target="_blank">lcm@usp.br</a>></span> escreveu:<br>
<blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">Caro Álvaro, Silvio e demais da lista,<br>
<br>
Quanto ao parágrafo 5 da resposta do Álvaro ("Correndo o risco de falar uma bobagem imensa..."):<br>
<br>
   Me pergunto se realmente é diferente se apresentar em um evento local (a tal B1) e numa grande sala, se o conteúdo da interpretação ou composição é o que realmente faz a diferença. Já que por um vídeo na internet e broadcast yourself (desculpem: divulgar a sua produção acadêmica) é coisa que absolutamente QUALQUER UM pode fazer. A diferença não reside por aí...<br>

   Eu gostaria que fosse considerada a questão dos critérios de modo a diferenciar a produção universitária da produção para e do mercado. Nosso modelo já é excessivamente americano, em tudo o que o modelo americano tem de ruim (comprometimento com empresas, dinheiro, produção para o mercado) sem trazer o que ele tem de bom (basicamente, recursos).<br>

   Será que estamos realmente discutindo se o que deve ser avaliado na produção artística universitária é o conteúdo ou a embalagem? Concordo com o Sílvio que a discussão sobre conteúdo é imensamente difícil, mas avaliar o "impacto na área" (aliás, o que vem a ser "relevância" de uma obra ou de uma execução?) me parece igualmente estranho.<br>

Abraços,<br>
<br>
Luciano<br>
<br>
<br>
Citando Alvaro Henrique <<a href="mailto:alvaroguitar@gmail.com" target="_blank">alvaroguitar@gmail.com</a>>:<br>
<br>
<blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
Sílvio (permita-me chamá-lo apenas por seu nome), ao optar pela opção<br>
"responder" ao invés da "responder a todos", os e-mails acabam não sendo<br>
enviados à lista, mas apenas ao autor da mensagem respondida.<br>
<br>
Acredito que um qualis em performance é extremamente simples, provavelmente<br>
mais simples que na composição - talvez porque sou da performance vejo<br>
assim ;-) . Mas veja só:<br>
<br>
- não é a mesma coisa tocar no auditório do próprio local de trabalho e<br>
tocar no Carnegie Hall;<br>
- não é a mesma coisa tocar numa orquestra de projeto social e ser solista<br>
da Berliner;<br>
- não é a mesma coisa organizar a própria apresentação e ser aprovado pra<br>
tocar no maior congresso da sua área;<br>
- não é a mesma coisa fazer um recital isolado e fazer uma turnê de<br>
lançamento de CD.<br>
<br>
Etc...<br>
<br>
Dá trabalho, talvez não seja interessante, mas é viável. Claro que a<br>
primeira versão terá falhas, mas só é aprimorável o quê já existe. Já tem<br>
um protótipo disso, como ser performance em evento acadêmico, ter âmbito<br>
nacional, local ou internacional, etc.<br>
<br>
E, ao contrário do que pensa o autor da matéria do jornal, uma performance<br>
A1 tem de valer o mesmo de um artigo A1, além da performance ter de ser<br>
avaliada por parâmetros da performance, não por de outro tipo de produção.<br>
O fato de "regência de coros comunitários" ser objeto de artigos A1 não<br>
deve fazer com que, para o qualis de performance, reger um coro de igreja<br>
valha mais que reger a Wiener Philharmoniker. Afinal, a proposta dele era<br>
que seu livro, por poder ser hipoteticamente objeto de estudo de um<br>
possível artigo qualificável como A1, deve inevitavelmente pontuar mais que<br>
um artigo A1 sempre. Especialmente se o livro for escrito por um professor<br>
e o artigo por um aluno, óbvio. Mais geração x, impossível. Desculpe a<br>
cutucada, aqui não é o local apropriado pra discutir conflito de gerações.<br>
<br>
Provavelmente se compositores se dedicarem a pensar um pouco sobre um<br>
qualis de composição serão encontradas essas diferenças óbvias que podem<br>
gerar uma proposta de qualis que terá falhas, mas a vida é assim. Só<br>
podemos discutir sobre melhorar o lattes havendo um lattes, não é mesmo?<br>
<br>
Correndo o risco de falar uma bobagem imensa, por meter o dedo de outra<br>
área, acho que faz sentido a Bienal pontuar como B1. Ela é demasiado<br>
nacional, em alguns aspectos extremamente local, pra pleitear um qualis<br>
maior que isso, apesar da peneira certamente ser dura. Desculpe-me se<br>
estiver mal informado, mas me parece que os intérpretes da bienal são<br>
apenas músicos da cidade que a organiza. Isso é um dos fatores que limita o<br>
alcance e a relevância do evento em muitos aspectos, que vão desde<br>
a intérpretes trabalhando em ritmo de produção que compromete as<br>
performances à pouca repercussão das obras - afinal, é natural que<br>
intérpretes que preparam uma obra para um evento importante a toquem em<br>
pelo menos uma ocasião mais, e se 100 intérpretes de 1 cidade a toquem de<br>
novo, foi apenas uma reprise na mesma cidade, provavelmente pro mesmo<br>
público, enquanto 100 músicos de 100 cidades que a toquem de novo gerarão<br>
100 outras cidades e milhares de outros ouvintes apreciando um pouquinho da<br>
bienal. O fato da Bienal não ser um evento itinerante e não gerar gravações<br>
também não ajuda. Já que apenas os moradores de uma cidade e os<br>
compositores prestigiados podem apreciar o evento, o alcance fica<br>
incrivelmente menor que eventos de pequeno porte, como o Festival de Música<br>
Clásica Contemporánea de Lima, que transmite as apresentações ao vivo pela<br>
internet, produz ao final CDs com trechos de cada um dos recitais, e conta<br>
com a presença de compositores e intérpretes de quatro a seis países<br>
diferentes.<br>
<br>
Concordo que o julgamento de qualis deve ser mais focado em relevância e<br>
alcance que qualidade (tanto composição quanto performance). Sem dúvida o<br>
fato de uma apresentação ter acontecido ou de uma composição ter sido<br>
tocada significa que ela já teve seu mérito de qualidade julgado como<br>
satisfatório, do contrário aquela performance não ocorreria.<br>
<br>
Abraços,<br>
Alvaro Henrique<br>
<br>
<br>
<br>
<br>
<br>
Em 11 de junho de 2012 19:44, Damián Keller<br>
<<a href="mailto:musicoyargentino@hotmail.com" target="_blank">musicoyargentino@hotmail.com</a>><u></u>escreveu:<br>
<br>
<blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
<br>
Reencaminhando...<br>
<br>
Abraços,<br>
Damián<br>
<br>
Dr. Damián Keller - Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical (NAP) -<br>
Universidade Federal do Acre - Amazon Center for Music Research - Federal<br>
University of Acre - <a href="http://ccrma.stanford.edu/~dkeller" target="_blank">http://ccrma.stanford.edu/~<u></u>dkeller</a><br>
<br>
<br>
------------------------------<br>
Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre<br>
arte e ciência<br>
From: <a href="mailto:silvioferrazmello@uol.com.br" target="_blank">silvioferrazmello@uol.com.br</a><br>
Date: Wed, 6 Jun 2012 10:10:29 -0300<br>
CC: <a href="mailto:musicoyargentino@hotmail.com" target="_blank">musicoyargentino@hotmail.com</a><br>
To: <a href="mailto:alexandre_ficagna@yahoo.com.br" target="_blank">alexandre_ficagna@yahoo.com.br</a><u></u>; <a href="mailto:rcaesar@oi.com.br" target="_blank">rcaesar@oi.com.br</a>;<br>
<a href="mailto:carole.gubernikoff@gmail.com" target="_blank">carole.gubernikoff@gmail.com</a><br>
<br>
Como minhas mensagens não são postadas na lista da ANPPOM, escrevo a vcs...<br>
<br>
Falando da composição, minha área de atuação:<br>
<br>
Existe uma grande diferença entre produção artística e produção científica.<br>
A primeira dela diz respeito a arte da performance: "l'art de la<br>
répétition" ... "rehearsal art"<br>
O que para um teórico seria repetir, repetir um artigo ou palestra aqui ou<br>
acolá, na arte é outra coisa: repetir uma obra tem implicações muito mais<br>
sérias e interessantes do que simplesmente se repetir.<br>
<br>
Do mesmo modo que tocar um concerto duas vezes não é se repetir (o<br>
repertório é sempre retrabalhado, sempre envolve boas horas de estudo), ter<br>
uma obra tocada duas vezes ao ano, por grupos diferentes ou pelo mesmo<br>
grupo mas em lugares muito diferentes, não é se repetir.<br>
Envolve contato com o grupo, ensaios, reensaios, ajustes de partitura.<br>
Por outro lado a repetição de uma obra em concerto demonstra o<br>
amadurecimento de um trabalho.<br>
É comum a estreia de uma obra, mas é raro ela ser reapresentada, sobretudo<br>
reapresentada por grupos diferentes, o que demonstra crescimento da obra e<br>
de sua recepção.<br>
<br>
No que diz respeito à criação propriamente dita: Ok, escrevemos a peça uma<br>
vez só, no entanto não temos como publica-la. Por isto o erro de<br>
considerar-se a estreia como publicação. Qdo publicação é publicação, seja<br>
digital ou analógica. O mesmo vale para gravação, que também não substitui<br>
a publicação nem a estreia.<br>
<br>
Neste sentido é que necessitamos de um qualis de composição sério,<br>
distinto de qq qualis de livro ou congresso.<br>
Ok, podemos ter um primeiro critério: espaços de abrangência<br>
internacional, nacional, local; editoras idem; gravadoras idem.<br>
Mas temos também o repertório envolvido, sua dificuldade.<br>
Uma obra para orquestra tem uma certa complexidade de escrita, mas a mesma<br>
coisa se dá para um solo...ou seja, não pode ser por aí.<br>
<br>
Por outro lado... a avaliação por pares: isto já ocorre no processo de<br>
seleção para concertos, não precisa ser refeito no qualis....aliás, o tempo<br>
de avaliação de uma banca para uma bienal é bem maior do que o do avaliador<br>
capes...o que torna sua qualificação falha.<br>
<br>
Minha sugestão é:<br>
1. avaliação do local de difusão (concerto, evento, editora, gravadora:<br>
internacional, nacional, local; com/sem conselho; com/sem processo seletivo<br>
por pares)<br>
2. avaliação do grupo encarregado pela difusão (internacional, nacional,<br>
local)<br>
3. avaliação de amadurecimento: estreia, apresentação (considerando-se<br>
distancia mínima entre apresentações e se com o mesmo ensemble ou<br>
performer, que configure retrabalho..equivalendo assim estreia e<br>
apresentação)<br>
<br>
A coisa é simples e não devemos nunca entrar em méritos de qualidade do<br>
trabalho: isto quem qualifica é o grupo que selecionou a obra, o evento que<br>
a aceitou, a gravadora, ou a editora. Já basta ter papers esculhambado por<br>
razões de discordância teórica...isto se multiplica exponencialmente no<br>
caso de trabalhos artísticos...<br>
<br>
abs<br>
Silvio<br>
<br>
<br>
<br>
<br>
______________________________<u></u>__________________<br>
Lista de discussões ANPPOM<br>
<a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/<u></u>listinfo/anppom-l</a><br>
______________________________<u></u>__________________<br>
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</blockquote>
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</blockquote>
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______________________________<u></u>__________________<br>
Lista de discussões ANPPOM<br>
<a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/<u></u>listinfo/anppom-l</a><br>
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