Tem razão, Alexandre, dir-se-ia que a pesquisa acadêmica consiste no alinhavo precário dos chavões de uma literatura mal digerida ou sequer lida para a análise de fenômenos com os quais o pesquisador não tem nenhuma familiaridade e cuja literatura desconhece completamente. É a realidade. Já participei de um encontro de pesquisadores de proibidão organizado por um grupo de Psicologia no qual se analisavam letras sem qualquer referência à música e, sobretudo, bem longe dos bailes e dos funkeiros. Como disse Mia Couto numa entrevista recente:<br>
<br><blockquote style="margin:0px 0px 0px 0.8ex;border-left:1px solid rgb(204,204,204);padding-left:1ex" class="gmail_quote">Acredita-se que a periferia pode dar futebolista, cantor, dançarino. 
Mas, poeta? No sentido que o poeta não produz só uma arte, mas 
pensamento. Isso acho que é o grande racismo, a grande maneira de 
excluir o outro. É dizer: o outro pode produzir o que quiser, até o 
bonito. Mas, pensamento próprio, isso não.<br></blockquote><br>O que temos ouvido aqui, contudo, é um forte indício de que o pensamento e a criatividade estejam alhures.<br><br>Abraço,<br><br>Carlos<br><br><div class="gmail_quote">
2012/11/9 Ale Fenerich <span dir="ltr"><<a href="mailto:fenerich@gmail.com" target="_blank">fenerich@gmail.com</a>></span><br><br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
Me impressiona o fato de doutores em música não conseguirem ter um olhar minimamente isento de seu preconceito de classe diante das imagens apresentadas por Palombini, no site de Vincent Rosenblatt. O patético é que esse preconceito vem revestido de um discurso de esquerda dos anos 60, que só acentua o lugar de onde esses senhores falam.<div>

<br></div><div>O fotógrafo em questão realizou um trabalho de pesquisa guiado por uma expressão musical - o Funk no Rio de Janeiro. Este trabalho, pela extensão temporal e espacial, pela qualidade técnica (pois as imagens são impecáveis) e pela sua aguda inserção nas comunidades dificilmente é igualado por outros trabalhos realizados no âmbito acadêmico. Entretanto, só escutamos: alegoria de turismo sexual, dominação estrangeira, imperialismo, "não existe pecado ao sul do equador", música estrangeira... - ou seja, uma série de chavões acadêmicos. Me desculpem, mas isso tudo é muito pobre enquanto crítica. O trabalho de Vincent merece uma maior qualidade crítica.<br>

</div></blockquote></div><div style id="__af745f8f43-e961-4b88-8424-80b67790c964__"></div>