Me impressiona o fato de doutores em música não conseguirem ter um olhar minimamente isento de seu preconceito de classe diante das imagens apresentadas por Palombini, no site de Vincent Rosenblatt. O patético é que esse preconceito vem revestido de um discurso de esquerda dos anos 60, que só acentua o lugar de onde esses senhores falam.<div>
<br></div><div>O fotógrafo em questão realizou um trabalho de pesquisa guiado por uma expressão musical - o Funk no Rio de Janeiro. Este trabalho, pela extensão temporal e espacial, pela qualidade técnica (pois as imagens são impecáveis) e pela sua aguda inserção nas comunidades dificilmente é igualado por outros trabalhos realizados no âmbito acadêmico. Entretanto, só escutamos: alegoria de turismo sexual, dominação estrangeira, imperialismo, "não existe pecado ao sul do equador", música estrangeira... - ou seja, uma série de chavões acadêmicos. Me desculpem, mas isso tudo é muito pobre enquanto crítica. O trabalho de Vincent merece uma maior qualidade crítica.<br>
<div><br></div><div><br></div><div><br><div class="gmail_quote">Em 8 de novembro de 2012 16:45, Carlos Palombini <span dir="ltr"><<a href="mailto:cpalombini@gmail.com" target="_blank">cpalombini@gmail.com</a>></span> escreveu:<br>
<blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">Silvio<br><br>Conheço Vincent pessoalmente. Ele é meu amigo e sei perfeitamente de que ponto de vista ele se coloca em relação ao que retrata. Creio que vc deveria se ater a discutir objetos dos quais tem conhecimento, para evitar expor-se ao ridículo.<br>

<br>cp<br><br><div class="gmail_quote">2012/11/8 silvio ferraz <span dir="ltr"><<a href="mailto:silvioferrazmello@gmail.com" target="_blank">silvioferrazmello@gmail.com</a>></span><br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">

<div style="word-wrap:break-word">caros…<div><br><div>desculpe-nos carlos… mas uma hora a coisa passa da conta… e o limite entre dogma e temática de estudo passa a não ser tão tênue e assim.</div><div>a matéria enviada ha uns dias é tão tosca qto a posição dos senhores coronéis da PM paulistana.</div>

<div>o olhar estrangeiro é mais que alegoria, é fato histórico não superado, daí o resultado:</div><div>aquela matéria é eurocentrista, bem ao estilo "não existe pecado ao sul do equador"… aquele besteirol que vem se desenrolando desde as épocas do descobrimento… bem ao estilo:</div>

<div>"le brésil c'est cool"</div><div>"oh là là, il manque des fête punk au brésil a cause des UPPs… tu c'est qu'est-ce-que une UPP? … ah! ce sont des choses que sont régulières en france… mais au brésil..."</div>

<div><br></div><div>desculpem-me mas o artigo não passa de manifestação de turismo sexual barato… de um cara que é dono de agencia de fotografia e que deve de encher o rabo vendendo rabo fotografado….</div><div>ou de um fulano que realmente está por aqui mais é pra traçar do que realmente pra contribuir em alguma coisa.</div>

<div><br></div><div>abs</div><span><font color="#888888"><div>silvio</div></font></span><div><div class="h5"><div><div><div><br><div><div>On Nov 8, 2012, at 1:31 PM, luciano cesar wrote:</div><br><blockquote type="cite">

<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td style="font:inherit" valign="top"><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Prezados senhores da lista, <br></span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt">

<span lang="PT-BR"><br></span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">A ligeireza com
que tratei o assunto a que se refere o título desta mensagem facilitou julgamentos – esses sim, <i>ad hominem – </i>a minha pessoa, diretamente. Não reclamo da
divergência de opiniões, mas me senti ofendido e humilhado por ser associado a
uma lente de olhar “curioso”, “preconceituoso”, “elitista” do senso “comum”, </span><span lang="PT-BR">“devoto e escravo dos ditames
senhoriais”</span><span lang="PT-BR"> e por ter minha opinião sendo classificada
como irrelevante, apesar de ter merecido a atenção dos senhores a partir de
julgamentos que atingem a minha pessoa e não a opinião que emito a respeito de
um gênero musical. Mas não recebi nenhum argumento.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Há dois pontos
que levantei em meu comentário que, pela leveza até irresponsável do meu
tratamento, foram ignorados. Primeiro, a questão de se o funk é (entre muitas
coisas diferentes que caracterizam o objeto social) um gênero musical legítimo como
representação das classes populares associadas a ele, ou licença, dada pela
classe dominante, para manutenção de estruturas sociais desiguais e
estratificadas. O segundo ponto é, no caso de se considerar o funk como
manutenção de estruturas estratificadas de poder, se o olhar estrangeiro
laudatório não facilitaria a celebração dessa manutenção dominante. As questões
são claras, e podem ser perfeitamente discutidas sem juízo do interlocutor e a
partir de uma argumentação científica. Pode ser que frequentar e fotografar bailes
realmente qualifique um fotógrafo a se dizer conhecedor “por dentro e de perto”,
como afirma o sr. Rafael Marin. Mas trabalhar em projetos sociais – como é o
meu caso – talvez também ajude a alimentar um olhar mais aproximado sobre a
representatividade que os moradores de comunidades de periferia efetivamente conferem
a esse gênero musical.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Não entendo como
a crítica feita a partir desses dois pontos (estratificação de estruturas de
poder e apologia a uma cultura isolada, uma reforçando a outra) seja a de uma “mentalidade
colonizada”, até porque não aleguei em momento nenhum, comparação com qualquer
manifestação cultural de “elite”. Sequer falei da relação de belo-não belo. Esse
preconceito, provavelmente, está na cabeça de quem leu. A defesa que faço - em
minha vida privada e acadêmica - da política das cotas, por exemplo, leva em
conta exatamente a intenção de desestratificar essas estruturas de poder exercido
através da cultura. A meu ver, a apologia da cultura das classes subjugadas tem
esse efeito ambíguo: por um lado celebra a vida cultural de uma comunidade, mas
por outro, oculta a negação do livre acesso de outras expressões culturais a
uma parcela desfavorecida da população num movimento de dominação implícita. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Isso não é fruto
de uma pesquisa científica, mas uma opinião (embasada) a que tenho direito, com
toda a probabilidade de ser refutada por convencimento da parte de pesquisadores
comprometidos com a questão. O que eu não gostaria é de me ver enredado em
ofensas pessoais por defender tal opinião, mesmo que tenha que discutir e reconhecer
o erro de meu ponto de vista.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Embaso essa discussão
não só em minha opinião mas, entre outras experiências, na ação pública do escritor,
cantor e artista Ferrez (<a href="http://ferrez.blogspot.com.br/p/autor.html" target="_blank">http://ferrez.blogspot.com.br/p/autor.html</a>), a quem
tive oportunidade de ouvir renegando os bailes funk como representativos da
cultura de periferia (palestra dada ao programa Guri Santa Marcelina em
08/02/2012). Não sei se Ferrez concordaria com minha mensagem, mas com certeza
discutiria a questão em outros termos. Sou levado a pensar que talvez ele
discutisse a questão e não a minha pessoa. E talvez, mesmo que concordasse
comigo do ponto de vista da crítica, apreciaria a qualidade artística das fotos,
como eu também apreciei.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">No entanto, o sr Carlos Palombini e o sr. Rafael Marin responderam como se se
quisessem pareceristas de um artigo acadêmico ao que deveria ter sido a
expressão livre de uma opinião. Ou seja, cientificizaram o rechaçamento de
minha pessoa, de minha capacidade de raciocínio (“O restante do raciocínio, se
é correto empregar este termo aqui”), rejeitaram minha experiência possível e
subestimaram minha capacidade de compreender argumentos contrários que,
acredito sinceramente, os senhores são perfeitamente capazes de proferir. Nesses
“pareceres”, um verniz cientificista deslocado trouxe a luz uma leitura rasa
que atribui à minha pessoa posições que absolutamente não defendo, além de me
acusarem de ignorante sem sequer conhecer a experiência que tenho como
professor de projetos sociais. Nenhum dos dois me conhece pessoalmente para
justificar o seu juízo. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Pergunto aos
senhores onde está o argumento <i>ad hominem
</i>na minha mensagem, já que não mencionei pessoas: o termo “francês ver”, de
minha primeira frase, alegoriza um olhar estrangeiro, tradicionalmente
deslumbrável pelo exótico com que reveste o diferente, às vezes para mostrar a
beleza, mas às vezes para negar a injustiça social imanente ao fenômeno social
que observa. Nas respostas, entretanto, faculdades cognitivas foram
mencionadas. Fui acusado, além de elitista e ignorante, também de falacioso no
“abraço” com que sempre assino minhas mensagens escritas a comunidade acadêmica
de que faço parte, que amo e defendo, mesmo discordando, exercendo minha
liberdade de expressão e confiança de que minhas opiniões possam ser acolhidas,
compreendidas e refutadas sempre que necessário.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Se falei uma
imensa bobagem, peço sinceras desculpas e me disponho a pesquisar melhor os
dados. Como acabo de dizer, manifestei uma opinião e estou realmente aberto a argumentos
que enriqueçam essa opinião, desde que haja discussão dos pontos levantados.
Mas eu, sinceramente, esperava uma reação melhor dos senhores.</span></p><div style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR"> </span><br></div><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Grato pela
atenção, </span></p><p class="MsoNormal" style="text-indent:35.4pt"><span lang="PT-BR">Um abraço a quem
aceitar.</span></p>            

<font face="arial,helvetica,sans-serif">Luciano Morais<br></font><br><br><br><br>--- Em <b>ter, 6/11/12, Carlos Palombini <i><<a href="mailto:cpalombini@gmail.com" target="_blank">cpalombini@gmail.com</a>></i></b> escreveu:<br>

<blockquote style="border-left:2px solid rgb(16,16,255);margin-left:5px;padding-left:5px"><br>De: Carlos Palombini <<a href="mailto:cpalombini@gmail.com" target="_blank">cpalombini@gmail.com</a>><br>Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Fotógrafo francês traça a ‘geografia noturna’ dos bailes funk no Rio<br>

Para: <a href="mailto:anppom-l@iar.unicamp.br" target="_blank">anppom-l@iar.unicamp.br</a><br>Data: Terça-feira, 6 de Novembro de 2012, 14:41<br><br><div>Interessante como os ataques à matéria mostram uma forte propensão ao <i>argumentum ad hominem</i>, isto é, atacam o oponente, e não seus argumentos. Trata-se de uma falácia lógica ou, mais precisamente, de uma irrelevância. O restante do raciocínio, se é correto empregar este termo aqui, é tautológico. Não há qualquer sombra de elaboração teórica ou de experiência reveladora do que quer que não seja preconceito de classe, isto é, ignorância.
 Agradeço a gentileza dos "abraços", que não posso aceitar, por falaciosos.<br>
<br>cp<br><br>Mensagem de Rafael Marin:<br><br>Ao invés de uma celebração pela etnografia fotográfica que o olhar - de 
perto e de dentro - de Vicent Rosenblatt nos traz (trabalho este que 
deveria levar<span style="font-size:10pt">, em primeiro lugar, a uma discussão acerca das </span><span style="font-size:10pt">pesquisas etnomusicológicas que têm como campo e objeto de pesquisa </span><span style="font-size:10pt">os espaços do funk carioca e suas implicações sócio-culturais), </span><span style="font-size:10pt">o
 que tivemos foi, lamentavelmente, um infeliz comentário que reflete um 
olhar - de fora e de longe - ingênuo (cientificamente falando), </span><span style="font-size:10pt">preconceituoso
 e elitista de um devoto e escravo dos ditames senhoriais que ainda 
insistem em se proclamar, através de seus porta-vozes, detentores dos 
critérios que distinguem o belo do não-belo, o artístico do 
não-artístico, o estético do não-estético, quando n</span><span style="font-size:10pt">a verdade a única distinção que fazem é entre ciência e senso comum, entre pesquisador e curioso.</span><div>Rafael Marin</div><br><br>

<br><div>2012/11/6  <span dir="ltr"><<a rel="nofollow">lcm@usp.br</a>></span><br><blockquote style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
<div><div style="font-size:12pt;font-family:times new roman,new york,times,serif">    Cultura pra francês ver. Às "elites" interessa exatamente isso: alienação, ignorância, superficialidade  da classe popular. O funk não é uma insurreição contra nenhuma estrutura social, pelo contrário. Até defendo o o funk como expressão social e cultural de uma classe oprimida, mas a apologia e a esteticização disso me parece a mesma coisa que elogiar a pujança e a beleza das senzalas. <br>


Abraço, <br>
</div></div></blockquote></div><div></div>
</div><br>-----Anexo incorporado-----<br><br><div>________________________________________________<br>Lista de discussões ANPPOM<br><a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>

________________________________________________</div></blockquote></td></tr></tbody></table>________________________________________________<br>Lista de discussões ANPPOM<br><a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>

________________________________________________</blockquote></div><br></div></div></div></div></div></div></div></blockquote></div><span class="HOEnZb"><font color="#888888"><br><br clear="all"><br>-- <br><div>carlos palombini<br>
</div><a href="http://www.researcherid.com/rid/F-7345-2011" target="_blank">www.researcherid.com/rid/F-7345-2011</a><br>

<div></div>
</font></span><br>________________________________________________<br>
Lista de discussões ANPPOM<br>
<a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>
________________________________________________<br></blockquote></div><br><br clear="all"><div><br></div>-- <br><div>------------------------------------------</div>Alexandre Sperandéo Fenerich<div>prof. Adjunto IAD - UFJF - <a href="http://www.ufjf.br/musica/" target="_blank">http://www.ufjf.br/musica/</a></div>
<div><br></div><div><a href="http://soundcloud.com/ale_fenerich" target="_blank">http://soundcloud.com/ale_fenerich</a></div><div><a href="http://sussurro.musica.ufrj.br/fghij/f/fenerichale/fenerichale.htm" target="_blank">http://sussurro.musica.ufrj.br/fghij/f/fenerichale/fenerichale.htm</a></div>
<div><a href="http://n-1.art.br" target="_blank">n-1.art.br</a></div><div><a href="http://soundcloud.com/n-1-1" target="_blank">http://soundcloud.com/n-1-1</a> </div><div><a href="http://www.ufjf.br/eimas/" target="_blank">http://www.ufjf.br/eimas/</a></div>
<div><a href="http://www.ufjf.br/tecartes/" target="_blank">http://www.ufjf.br/tecartes/</a></div><div><a href="http://www.limiares.com.br/duo-n1.html" target="_blank">http://www.limiares.com.br/duo-n1.html</a></div><div>
<br></div><div><div>(55 32) 8481-8277</div></div><div><br></div><div><br></div><div><br></div><br>
</div></div>