<a href="http://oglobo.globo.com/cultura/os-novos-brasilianistas-5562619">http://oglobo.globo.com/cultura/os-novos-brasilianistas-5562619</a><br><h2>Antes dedicados sobretudo à bossa nova e à
geração 1960 da MPB, pesquisadores de diversos países lançam estudos
sobre temas que vão do funk à nova música pernambucana </h2>
<div id="metadata">
<p class="source"><a href="http://oglobo.globo.com/cultura/os-novos-brasilianistas-5562619#" class="autor">Leonardo Lichote</a></p>
<div class="created">
<span class="label">Publicado:</span>
24/07/12 - <span class="hour">7h30</span>
</div>
<div class="modified">
<span class="label">Atualizado:</span>
24/07/12 - <span class="hour">16h23</span>
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<img src="http://oglobo.globo.com/in/5563176-40a-fab/FT500A/cult_artempb407.jpg-CAPA-PRINCIPAL.jpg" alt="O americano Frederick Moehn, a italiana Sandra D’Angelo, o americano Daniel Sharp e o francês Daniel Loddo (a partir do alto): estudos sobre a música brasileira Foto: Arte: Claudio Duarte" height="375" width="500">
<div class="figcaption">
<p>
O americano Frederick Moehn, a italiana Sandra D’Angelo, o americano
Daniel Sharp e o francês Daniel Loddo (a partir do alto): estudos sobre a
música brasileira
<span>
Arte: Claudio Duarte
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<p>RIO - Os cenários são variados — países como Canadá, Itália,
Inglaterra, Estados Unidos —, mas as histórias têm um início muito
parecido. Todos ouviram bossa nova, ou Tropicália, ou a produção
artística da geração dos festivais, e se apaixonaram pela música
brasileira a ponto de desejarem torná-la centro de suas pesquisas
acadêmicas. Mas, diferentemente do que costumava acontecer nos trabalhos
de brasilianistas até o início da última década, os estudos mais
recentes procuram explorar espaços além da trilha João-Caetano-Chico. É o
que aponta o recém-lançado (nos Estados Unidos) "Contemporary carioca —
Technologies of mixing in a brazilian music scene" (Duke University
Press), de Frederick Moehn, sobre a geração de artistas que, baseados no
Rio, se destacou na década de 1990 — Marcos Suzano, Lenine, Pedro Luís e
A Parede, Fernanda Abreu e Paulinho Moska.</p><div class="widget" id="list-related"><p class="title">Veja também</p><ul class="web"><li><a href="http://oglobo.globo.com/cultura/veja-entrevistas-com-brasilianistas-que-se-dedicam-decifrar-musica-nacional-no-exterior-5566393">Veja entrevistas com brasilianistas que se dedicam a decifrar a música nacional no exterior</a></li>
</ul></div><p>
É apenas um exemplo entre os muitos estudos que foram e estão sendo
feitos por pesquisadores brasilianistas em diferentes pontos do mundo —
nomes como Bryan McCann, Sandra D’Angelo, Alexander Dent, Daniel Sharp,
Sean Stroud, Lorraine Leu, Daniel Loddo e David Treece. Entre os temas
investigados, estão a música caipira/sertaneja, o funk carioca, gêneros
nordestinos como o repente, relações entre a tradição musical gaúcha e o
samba de Lupicínio Rodrigues, a produção contemporânea de artistas
pernambucanos como Lirinha, Siba e Karina Buhr.</p><p>— Os novos
pesquisadores estrangeiros estão se preocupando muito mais com gêneros e
artistas que não são da geração MPB, que não são os "suspeitos de
sempre", como Caetano, Chico, Gil, Jorge Ben, este último ainda pouco
estudado, de fato — nota Frederick Moehn. — Há um artigo interessante
sobre o proibidão que saiu na "Latin American music review" (revista
publicada pela Universidade do Texas) e que cito no meu livro. No meu
trabalho mais recente, pesquiso as ligações entre Brasil e Angola. </p><p><strong>‘Rumos menos canônicos’</strong></p><p>Interessada
no funk carioca — ou Baile Funk, como o gênero é conhecido fora do
Brasil — desde que o descobriu andando pelas ruas do Rio, a italiana
Sandra D’Angelo vem desenvolvendo pesquisas sobre o ritmo na King’s
College de Londres. Seu estudo traz uma perspectiva original —
literalmente um olhar de fora — mesmo comparado às pesquisas brasileiras
sobre o tema.</p><p>— Encontrei algumas publicações sobre o aspecto
antropológico e sociológico do Baile Funk, mas pouco foi escrito sobre a
música em si em nível acadêmico — explica Sandra. — Como musicista,
encontrei novos aspectos do funk carioca nunca explorados antes em
termos de genealogia, estética, filosofia, arte, análise técnica.
Descobri pessoas que nunca puderam dar sua versão. Estou falando de
protagonistas quase ignorados hoje, como Carlos Machado, ou DJ Nazz, que
deu uma contribuição enorme para o crescimento da música eletrônica
brasileira. E proponho outras raízes. Muitas pessoas apenas aceitam que o
funk vem do miami bass, mas minha pesquisa está me trazendo outras
respostas.</p><p>Autor de "Hello, hello Brazil — Popular music in the
making of modern Brazil", sobre o rádio brasileiro como laboratório da
música popular entre as décadas de 1920 e 1950, Bryan McCann diz que,
agora, segue "rumos menos canônicos":</p><p>— Eu era DJ de jazz na
emissora de rádio da minha faculdade e peguei um disco de João Gilberto
por acaso. Era o "Ao vivo em Montreaux". Botei "Pra que discutir com
madame" e nunca mais olhei para trás. Fiquei alucinado. Depois, passei
por minha fase tropicalista, minha fase Chico Buarque, samba de raiz,
Tim Maia... — lembra. — Mas depois segui outros rumos menos canônicos.
No momento, estou interessado na música gaúcha, especialmente o
samba-canção de Lupicínio Rodrigues e a canção de César Passarinho, dois
negros gaúchos de estilos totalmente distintos. Ou quase totalmente,
porque de certa forma o Lupicínio de músicas com temática gaúcha, como
"Felicidade" e "Cevando o amargo", foi antecessor do movimento
tradicionalista gaúcho que produziu César Passarinho.</p><p>McCann diz que salta aos olhos de um estrangeiro a abrangência com a qual se deparam quando observam a música brasileira.</p><p>—
No exterior, se você conhece Caetano, Gil e Tom Jobim, é possível
pensar que você conhece a música brasileira. Quando você começa a
investigar de forma mais profunda e descobre um Moacir Santos, um Vitor
Ramil, mesmo um cara como o Wando, que todos os brasileiros conhecem mas
ninguém no exterior conhece, você vê que a música brasileira vai mais
além.</p><p>Uma descoberta que está se tornando cada vez mais frequente,
motivada pela atenção crescente que o Brasil tem recebido nos últimos
anos (pela estabilização econômica, pelo fenômeno pop que foi o
presidente Lula, o direito de sediar a Copa e as Olimpíadas).</p><p>— O
conhecimento mundial sobre o Brasil está aumentando, as pessoas estão
mais atentas aos Brics — diz o canadense Alexander Dent, autor de "River
of tears: Country music, memory and modernity in Brazil", que trata da
canção sertaneja/caipira, que ele conheceu durante doutorado na Unicamp.
— Os gringos olham para o Brasil e veem que ele é um superpoder
musical, você não pode falar só do Rio, do samba. Os pesquisadores
estrangeiros estão percebendo isso.</p><p>O americano Daniel Sharp
percebeu de uma das formas mais radicais a potência da música brasileira
— num show de Chico Science e Nação Zumbi. Ele viera parar em Fortaleza
após ter conhecido a MPB em discos da Luaka Bop, de David Byrne — não
seria absurdo pensar que, com seu selo, o ex-Talking Heads plantou
sementes para os estudos que agora começam a brotar. Após ver Tom Zé em
Minnesota, Sharp se motivou ainda mais a vir ao Brasil.</p><p>— Cresci
em Minnesota na época de música indie tipo The Replacements e Hüsker Dü,
e toquei guitarra e violão em várias bandas com meus amigos. Pirei de
vez ao ver a mistura sonora potente deles. Foi tão barulhento quanto a
música que eu tocava em Minnesota, mas junto com ritmos como coco e
maracatu — diz o pesquisador, que hoje pesquisa a música pernambucana
contemporânea. — Estou interessado na onda pernambucana contra o uso
óbvio de sons que representam tradição, como se pode ver no trabalho
recente de Lirinha, Siba e Karina Buhr. Estou terminando de escrever um
livro sobre as histórias das bandas pernambucanas Cordel do Fogo
Encantado e Samba de Coco Raízes de Arcoverde durante os anos 2000.</p><p>Pernambuco
também atrai a tenção do francês Daniel Loddo, que desde a década de
1980 estuda a relação das culturas nordestinas e occitã — e, por isso,
com seu projeto musical La Talvera, se tornou parceiro de Silvério
Pessoa. Na primeira metade dos anos 2000, editou CDs de repente na
Europa e, agora, acredita que a mudança de realidade da música
brasileira no exterior se deve à própria forma como o país passou a
olhar para si:</p><p>— De três ou quatro anos para cá, parece que as
coisas mudaram aos poucos. Parece que o Brasil se interessa mais na
diversidade cultural que tem e está conseguindo exportar melhor todas
essas expressões mais diversificadas da cultura popular. Por exemplo, o
forró agora se implanta em vários países. Alguns anos atrás ninguém
conhecia o forró aqui na França, e agora tem vários grupos que tocam
forró. O mesmo com a tradição do pífano. Alguns anos atrás, um francês
querendo tocar música brasileira só tinha a possibilidade de integrar
uma batucada. Agora tem várias escolas de pífano aqui.</p></div></div>-- <br><div>carlos palombini<br></div><a href="http://www.researcherid.com/rid/F-7345-2011" target="_blank">www.researcherid.com/rid/F-7345-2011</a><br>
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