<h1>O 'Ciência sem Fronteiras' </h1>
<div class="bb-md-noticia-fecha">19 de janeiro de 2013 | 2h 03<br><br><div class="bb-md-noticia-autor">O Estado de S.Paulo<br><br><a href="http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-ciencia-sem-fronteiras-,986117,0.htm">http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-ciencia-sem-fronteiras-,986117,0.htm</a><br>
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<p>Alegando que o governo tem o direito de estabelecer
prioridades em matéria de financiamento ao ensino e à pesquisa, o
Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região cassou a liminar concedida
pela Justiça Federal do Ceará que determinava a inclusão de 20 cursos
da área de ciências sociais no programa Ciência sem Fronteiras,
beneficiando com isso estudantes de letras, sociologia, artes,
publicidade e comunicação. Segundo o relator do processo no TRF,
desembargador Manoel Erhardt, ao ampliar a abrangência desse programa -
que concentra suas bolsas nas ciências exatas e biológicas, áreas nas
quais o Brasil tem um grande déficit de profissionais qualificados -, a
Justiça Federal cearense "comprometeu a filosofia" do Ciência sem
Fronteiras".</p>
<p>A liminar suspensa pelo TRF da 5.ª Região havia sido concedida em
dezembro a pedido do Ministério Público Federal, que acolheu uma
reivindicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Em
sua 64.ª reunião, realizada em julho de 2012, a entidade reivindicou a
concessão de bolsas para pesquisadores de ciências humanas, sob a
justificativa de "aprimorar a área e fortalecer a política nacional de
pós-graduação". </p>
<p>Em resposta, os ministros de Ciência e Tecnologia e de Educação
alegaram que o déficit de engenheiros, médicos, biólogos, químicos e
tecnólogos é um obstáculo para o desenvolvimento do País. "O problema
não está na área de ciências sociais, mas, principalmente, nas de
engenharias. Nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante
grande", disse o ministro Aloizio Mercadante. </p>
<p>Embates judiciais e pressões corporativas têm sido um dos principais
entraves para a modernização do sistema educacional e do sistema de
fomento à pesquisa e qualificação do pessoal do ensino superior. Lançado
há um ano, o Ciência sem Fronteiras prevê a concessão de 101 mil bolsas
de mestrado, doutorado e pós-doutorado no exterior. </p>
<p>As primeiras bolsas se destinaram a estudos nos Estados Unidos,
Inglaterra, Alemanha, França e Itália, nas áreas de matemática, física,
química e biologia. Os editais seguintes deram prioridade às engenharias
e às ciências aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia,
computação, tecnologia de comunicação, tecnologia mineral, petróleo, gás
e carvão mineral. </p>
<p>O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito
tempo reivindica mão de obra qualificada. O crescimento da economia,
ainda que modesto no ano passado, agravou o problema do déficit de
profissionais preparados no mercado de trabalho. Na área financeira, a
escassez de engenheiros chegou a tal ponto que os bancos, as seguradoras
e os fundos passaram a contratar profissionais recém-formados em
matemática, física e ciências atuariais para trabalhar em atividades que
normalmente são exercidas por especialistas em engenharia financeira,
como análise de risco, modelagem, precificação e uso de plataformas de
investimentos com base em algoritmos.</p>
<p>A comunidade acadêmica também recebeu bem o Ciência sem Fronteiras,
apesar das reivindicações da área de ciências humanas e sociais para ser
agraciada com bolsas de estudo no exterior. Por causa dessas pressões,
as autoridades educacionais assumiram uma posição ambígua. Apesar de o
TRF da 5.ª Região ter cassado a liminar que permitia a participação de
universitários da área de ciências humanas e sociais no Ciência sem
Fronteiras, as duas agências de fomento responsáveis pelo programa - a
Capes e o CNPq - mantiveram as inscrições desses alunos. No entanto, não
deixaram claro se, ao final do processo de avaliação dos currículos e
dos projetos de pesquisa, eles receberão bolsas - o que pode levar a
novos recursos nos tribunais. </p>
<p>O governo acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre
as universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas
áreas de conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País.
Contudo, pressões corporativas e a incerteza causada por decisões
judiciais que alteram as regras do jogo podem comprometer o sucesso
desse programa.</p>
</div>-- <br><div>carlos palombini<br></div><a href="http://www.researcherid.com/rid/F-7345-2011" target="_blank">www.researcherid.com/rid/F-7345-2011</a>
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