<h2>Com “universidades de integração”, Brasil aposta na diplomacia do diploma</h2>
                        

                        
                                <p><a href="http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2013/01/21/com-universidades-de-integracao-brasil-aposta-na-diplomacia-do-diploma/">http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2013/01/21/com-universidades-de-integracao-brasil-aposta-na-diplomacia-do-diploma/</a><br>
</p><p>Cada vez mais inserido no processo de internacionalização 
acadêmica, País aposta em universidades transnacionais para fortalecer 
integração com América Latina e África.</p>
<p><b>Via <a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/26557/atraves+do+ensino+superior+brasil+quer+firmar+posicao+como+lider+regional+solidario.shtml?__akacao=1235533&__akcnt=e512888e&__akvkey=a23d&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Boletim_OM_200113">Opera Mundi</a></b></p>

<p>A recente ascensão do Brasil como potência mundial emergente 
ressuscitou uma antiga tese, muito difundida especialmente na América do
 Sul durante os anos de ditadura, que enxerga o gigante sul-americano 
como uma nação imperialista. Como exemplos contemporâneos que contribuem
 para a má fama estão os protestos de trabalhadores contra condições 
precárias de trabalho e o forte impacto ambiental causado por 
mineradoras de origem brasileira na África, especialmente em Moçambique;
 ou o envolvimento de empreiteiras nacionais em zonas reivindicadas por 
populações nativas, como na Bolívia.</p>
<p>Por outro lado, o País também procura demonstrar, por meio de uma 
série de iniciativas pioneiras na Educação, que também é capaz de 
exercer uma liderança regional sobre bases diferentes. Com o ensino 
superior cada vez mais inserido no processo de internacionalização, o 
governo adotou os princípios de cooperação solidária e integração 
regional para nortear as parcerias no setor, especialmente com países 
latino-americanos e africanos.</p>
<p>A cooperação solidária se baseia em acordos de mão dupla, onde todos 
possam sair ganhando: estímulo à transferência e compartilhamento de 
experiências e conhecimento e fortalecimento do intercâmbio e de 
parcerias entre instituições de ensino superior, principalmente através 
de redes.</p>
<p>Com base nesses princípios foram criadas recentemente duas 
instituições de caráter transnacional, a Unila (Universidade Federal da 
Integração Latino-Americana), em Foz do Iguaçu, na Fronteira 
Trinacional, voltada a todo o continente latino-americano e o Caribe; e a
 Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia 
Afro-Brasileira), na pequena Redenção (Ceará), primeira cidade 
brasileira a abolir a escravidão, em 1883. Ela é voltada aos países da 
CPLP (Comunidades de Países da Língua Portuguesa).</p>
<p>A primeira, iniciada em 2010, incentiva os alunos latino-americanos a
 voltarem aos seus países de origem para lá poderem aplicar seus 
conhecimentos. A segunda, que teve os primeiros cursos iniciados em 
2011, determina que os três últimos trimestres de cada curso sejam 
realizados em países africanos ou no Timor Leste – caso estes tenham 
parcerias, equivalência e condições para oferecê-los.</p>
<div id="attachment_8598" class="wp-caption aligncenter" style="width:460px"><a href="http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2013/01/21/com-universidades-de-integracao-brasil-aposta-na-diplomacia-do-diploma/unila01/" rel="attachment wp-att-8598"><img class="size-full wp-image-8598" alt="Unila01" src="http://novobloglimpinhoecheiroso.files.wordpress.com/2013/01/unila01.jpg?w=450&h=300" height="300" width="450"></a><p class="wp-caption-text">
O atual campus da Unila, no Paraná, é vizinho nas obras da segunda unidade da instituição; acima, o rio Iguaçu.</p></div>
<p>Ao mesmo tempo em que procura se tornar um polo de atração para 
estudantes e professores do exterior, o Brasil incentiva os estudantes a
 voltarem para os seus países de origem, sem incentivar a “fuga de 
cérebros”. E o interesse dessa iniciativa é claramente geoestratégico.</p>
<p>“O Brasil, há alguns anos, se considerava autossuficiente. Sua 
abundância em recursos naturais fazia pensar que não precisávamos dos 
outros. Vivíamos de costas para a América do Sul, voltados para nós 
mesmos. Essa visão mudou. O país está cada vez mais inserido no cenário 
internacional. Sua presença é cada vez maior no continente africano, mas
 busca crescer através de uma relação diferente às das tradicionais 
grandes potências”, afirma Paulo Speller, reitor da Unilab, em 
entrevista a Opera Mundi. “Para nós, a formação acadêmica tem o foco na 
cooperação solidária”, complementa, em contraposição ao modelo voltado 
ao mercado de trabalho e à iniciativa privada.</p>
<p>“O processo de internacionalização na Unila não mostrará resultados 
iniciais, pois não tem fins lucrativos. O modelo voltado ao mercado 
apresenta vantagens mensuráveis. Já nós abrimos a universidade para 
alunos de todos os países da região para que eles possam retornar para 
casa com a bagagem adquirida aqui”, conta. A vantagem para o Brasil? 
“Confirmar sua vocação latino-americana de solidariedade com o resto do 
continente”, responde Andrea Ciacchi, pró-reitor de Pesquisa e 
Pós-Graduação na Unila – italiano de nascimento e há mais de 20 anos no 
Brasil, também ouvido pela reportagem. “Não se dá para mensurar 
concretamente, o retorno [<i>dessa iniciativa</i>] se dará por mil outros aspectos”.</p>
<p>“A ideia da Unila é a colaboração. Estamos longe ainda da primeira 
turma de formandos, mas quando eles completarem os cursos, não faremos 
nada para manter os estrangeiros aqui. A não ser que eles queiram, é 
claro. Serão bem-vindos para realizar uma pós. Porque a ideia não é 
dizer’ venha e fique no Brasil porque somos melhores’. Esse passado do 
Brasil subimperialista foi uma teoria corrente nos anos 1960”, lembra. 
Ciacchi diz que, em 20 anos, dezenas de milhares de profissionais 
liberais latino-americanos já terão passado pelo país e “deixarão um elo
 de amizade e parceria”.</p>
<p>Como um exemplo dessa diferença de mentalidade, ele cita o curso de 
Letras, que ao contrário das outras universidades brasileiras, não se 
volta prioritariamente à Literatura Brasileira ou aos cursos de Língua 
Portuguesa. “Em nossa grade curricular, o Português tem o mesmo peso do 
Espanhol. As literaturas são estudadas em grupos regionalizados, não 
nacionais [<i>como, por exemplo, Literatura da Comarca Andina ou de Fronteira Norte/Sul</i>]. Ele deve vir procurar um ensino diferenciado, não só porque conseguiu vaga por meio do Sisu”, explica Ciacchi.</p>
<p>Speller lembra que a iniciativa visa formar profissionais preparados 
para voltar seus conhecimentos ao mercado de trabalho em seus países de 
origem. E que, pelas redes de cooperação, eles possam futuramente 
aproveitar esses laços, o que resulta em retorno para o Brasil. “A 
expectativa é mais longa e ainda estamos atendendo as demandas de todos 
os outros países associados [<i>à CPLP</i>].”</p>
<p>Ainda em fase de estruturação, nenhuma turma ainda foi formada nas 
duas universidades e os trabalhos acadêmicos ainda nem tiveram tempo 
para gerar frutos. Mas ambas estão em fase de expansão. A meta da Unila é
 chegar a 10 mil estudantes, dividida em 50% por brasileiros e 
estrangeiros – atualmente são 1.241 (608 e 633, respectivamente) – e um 
novo campus, vizinho ao atual e projetado por Oscar Niemeyer, está em 
construção.</p>
<div id="attachment_8599" class="wp-caption aligncenter" style="width:460px"><a href="http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2013/01/21/com-universidades-de-integracao-brasil-aposta-na-diplomacia-do-diploma/unilab01/" rel="attachment wp-att-8599"><img class="size-full wp-image-8599" alt="Unilab01" src="http://novobloglimpinhoecheiroso.files.wordpress.com/2013/01/unilab01.jpg?w=450&h=302" height="302" width="450"></a><p class="wp-caption-text">
Campus
 da Unilab, destinada à integração entre brasileiros e integrantes de 
países lusófonos. Atrás, a pequena cidade de Redenção, de 26 mil 
habitantes.</p></div>
<p style="text-align:center">
</p><p>Mais nova, a Unilab constrói uma segunda unidade em São Francisco
 do Conde, interior da Bahia, 73 quilômetros ao norte de Salvador. É a 
única universidade no Brasil a ter todos seus 78 professores com título 
de doutorado. Seu nível de internacionalização, no entanto, é mais 
modesto: dos 1.008 estudantes, só 220 são estrangeiros – e a maioria 
deles, 71, do Timor Leste, o único país não africano incluído (não há 
alunos portugueses). Entre os brasileiros, os cearenses são, de longe, 
mais numerosos. O objetivo também é chegar a 50% entre brasileiros e 
estrangeiros.</p>
<p>Outra similaridade entre as duas universidades é que os respectivos 
processos de internacionalização têm como prerrogativa respeitar o 
contexto e as necessidades locais em que estão inseridos – o que 
influencia desde a escolha dos cursos até os objetivos das áreas de 
pesquisa.</p>
<p>E, para o Brasil, tornar-se um polo de atração <a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/25928/brasil+e+franca+firmam+parceria+para+aumentar+a+concessao+de+bolsas+de+estudo.shtml">não implica diminuir a presença de estudantes brasileiros no exterior</a>. Pelo contrário, a outra via do intercâmbio foi incrementada com o programa <a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/21410/programa+brasileiro+podera+mandar+12+mil+alunos+ao+canada.shtml">Ciência Sem Fronteiras</a>, onde se pretende oferecer mais de cem mil bolsas em quatro anos para estudantes brasileiros no exterior.</p>

<p><b>Os limites do mercado</b></p>
<p>Em um caminho diferente do que está sendo planejado pelo Brasil, 
Chile e Canadá são dois exemplos clássicos que apostam assumidamente na 
fórmula do ensino superior voltado às necessidades do mercado e com 
ênfase em universidades privadas e pagas (capítulos 10 e 11 do livro <i><a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/entrevistas/16580/chile+mostra+esgotamento+do+modelo+%26%2339privatista%26%2339+de+educacao+superior+diz+pesquisador.shtml">Internacionalização do Ensino Superior</a></i>,
 Ed. Alameda, 536 págs.). No entanto, desde 2011 esse modelo tem sido 
colocado em xeque por seus respectivos movimentos estudantis e 
associações de professores, ao ponto de, no último semestre, terem-se 
tornado tema decisivo nas últimas disputadas eleitorais regionais.</p>
<div id="attachment_8600" class="wp-caption aligncenter" style="width:460px"><a href="http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2013/01/21/com-universidades-de-integracao-brasil-aposta-na-diplomacia-do-diploma/quebec01/" rel="attachment wp-att-8600"><img class="size-full wp-image-8600" alt="Quebec01" src="http://novobloglimpinhoecheiroso.files.wordpress.com/2013/01/quebec01.jpg?w=450&h=300" height="300" width="450"></a><p class="wp-caption-text">
Estudantes quebequenses protestam contra a alta nas universidades.</p></div>
<p>Os dois países foram tomados por grandes manifestações populares exigindo um <a href="http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13888&Itemid=86">ensino público gratuito e de qualidade</a>.
 No Chile, os protestos se iniciaram em março de 2011 e contribuíram 
para derrotas importantes da coalizão do presidente Sebastián Piñera nas
 eleições municipais realizadas em outubro – o que pode vir a ser uma 
prévia a disputa presidencial no fim deste ano.</p>
<p>Já a aparentemente calma província canadense do Quebec – que vive uma
 histórica tensão separatista com o resto do país – passou por um 
processo de ebulição iniciado em abril de 2011, quando o governo local –
 comandado pelo liberal Jean Charest – anunciou que iria aumentar as 
taxas das instituições públicas de ensino em 75% nos próximos cinco 
anos.</p>
<p>Os estudantes não aceitaram e saíram às ruas para pedir reformas 
profundas em todo o sistema educacional. O governo chegou a aprovar uma 
lei que restringia protestos nas ruas, o que só serviu para aumentar a 
popularidade das mobilizações, <a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/24104/apos+meses+de+protestos+estudantis+provincia+do+quebec+realiza+eleicao+decisiva.shtml">obrigando Charest a antecipar a eleição provincial para agosto de 2012</a>.
 Resultado: vitória da oposição, os nacionalistas do Partido 
Quebequense. Embora a nova premiê Pauline Marois não tenha prometido 
realizar mudanças significativas, ao menos interrompeu o processo de 
desmantelamento do ensino público capitaneada por Charest, que, por sua 
vez, não conseguiu sequer manter o próprio assento no Parlamento.</p><br clear="all"><br>-- <br><div>carlos palombini<br></div><a href="http://www.researcherid.com/rid/F-7345-2011" target="_blank">www.researcherid.com/rid/F-7345-2011</a>
<div style id="__af745f8f43-e961-4b88-8424-80b67790c964__"></div>