<table cellspacing="0" cellpadding="0" border="0" ><tr><td valign="top" style="font: inherit;">Caros Lucas, Silvio e colegas/professores, <br><br>  Eu estava pensando há dias nesse assunto. <br>  Confraternizo-me com as questões levantadas. Partamos da consideração de que 1) Um dos problemas da performance artística (e da composição experimental de vanguarda) é ter um espaço para resguardo das exigências profissionais de mercado e instituições promotoras de concertos para desenvolver pesquisa especulativa e 2) Que esse espaço tem sido suprido em parte pela pesquisa na universidade nos seus modelos que melhor reconhecem a produção artística... <br>    Então quais as consequencias de um mestrado profissionalizante que, se entendi bem, propõe retirar a ênfase da reflexão teórica, resguardada para professores de cátedra e pesquisadores, e enfatizar a prática como aplicação das teorias? Ou seja, separar teoria
 de prática exatamente num momento em que cresce um movimento de integração entre essas instâncias?<br>   Me parece que o que está em questão aqui não é nem reduzir a importância e a presença da teoria e da reflexão, que renova e retira o gesso das práticas tecnológicamente aplicadas (frequentemente irrefletidas, que seguem se reproduzindo por que "sempre se fez assim", por que "assim funciona"), mas da manutenção do modelo de separação entre teoria e prática. Ora, as artes são justamente o território em que as duas coisas se mesclam de maneira mais exemplar! São o terreno em que a investigação histórica e a pesquisa tem maiores consequencias no desenvolvimento e aprofundamento das produções... um mestrado profissionalizante não seria a instauração de um preceito questionavel, o de que na música se dividem as pessoas entre os que pensam e ensinam e os que fazem e praticam? <br>    Outro ponto é a
 vinculação da pesquisa academica a instituições de interesse. Esse modelo já solapou muitas pesquisas especulativas que não despertam interesse do mercado, mas que nem por isso são menos importantes ou tem menos consequencias para o que se faz nas diversas áreas. Me parece que a academia acaba reconhecendo o seu lugar como patrocinadora e vincula esse patrocínio a um setor de estudo, dividindo o que deveria estar integrado. Ou seja, a universidade pública casa-se com o mercado profissional no nível da pos-graduação.<br>    Em todo o caso, essa crítica não diminui o reconhecimento da importância da iniciativa e a torcida para que as coisas aconteçam da melhor maneira possivel. Se os professores da UFBA estão encontrando esse caminho, com certeza é por bons motivos. Só torço para que o diálogo de ideias das diversas áreas permaneça mais fluido ainda, já que estão se separando quase que
 institucionalmente.<br><br>Abraços, <br><br>Luciano Morais<br><br><br>--- Em <b>qua, 30/1/13, silvioferrazmello@uol.com.br <i><silvioferrazmello@uol.com.br></i></b> escreveu:<br><blockquote style="border-left: 2px solid rgb(16, 16, 255); margin-left: 5px; padding-left: 5px;"><br>De: silvioferrazmello@uol.com.br <silvioferrazmello@uol.com.br><br>Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Lucas Robatto sobre o Mestrado Profissional em Música da UFBA<br>Para: "“anppomlist“" <anppom-l@iar.unicamp.br>, professoresdemusicadobrasil@googlegroups.com<br>Data: Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2013, 11:04<br><br><div class="plainMail"><br>Caros Lucas e colegas,<br><br>A proposta da UFBA é bastante interessante, e tem de ser parabenizada.<br>Porém ela dá a volta sem resolver um problema fundamental: a contínua separação entre performance, criação e reflexão conceitual (ou teórica).<br>Tanto a produção composicional e de performance devem ser
 consideradas produções acadêmicas (aquelas que se dão na academia), não se distinguindo da conceitual, nem sendo complementares umas às outras.<br>Uma tese em matemática pode ter 10 linhas introdutórias e 100 páginas de cálculo, que apenas os matemáticos entendem, por que uma tese em música não pode ter 10 linhas introdutórias e 100 páginas de partitura ou 2 horas de gravação, que só os músicos entendem?<br>Por que a música, pelo seu flerte com as ciências humanas, tem de se submeter a mecanismos intelectuais do século XIX?<br><br>Por que não podemos assumir a posição de uma ciência a parte, um real estética (ciência do sensível) e com isto reservar lugar digno para a produção do musicólogo (esta conceitual ou história) e para a produção musical (em teses e dissertações focadas em suas práticas, nas quais os textos não necessariamente se constituam em trabalhos conceituais ou teóricos).<br>Claro que o texto
 clarifica uma proposta, ele introduz, apresenta uma proposta composicional ou de performance, mas ele não pode ser o único resultado esperado deixando à prática o lugar de campo de experimentação.<br><br>Mas de qq maneira, parabenizo a iniciativa, pois já coloca a prática em algum lugar na produção acadêmica.<br>Apenas pergunto se já não estaria na hora de assumirmos nossas produções musicais em sua íntegra.<br>Se não formos nós a fazer tal mudança, sem dúvida ela não será feita pelo departamento de engenharia elétrica.<br><br>abs<br>Silvio Ferraz<br>________________________________________________<br>Lista de discussões ANPPOM<br><a href="http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l" target="_blank">http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l</a><br>________________________________________________<br></div></blockquote></td></tr></table>