<br>2013/5/12 Damián Keller <span dir="ltr"><<a href="mailto:musicoyargentino@gmail.com" target="_blank">musicoyargentino@gmail.com</a>></span><br><br><div class="gmail_quote"><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">

Obrigado pelo link para o trabalho do grupo de cognição social da UnB.<br></blockquote><div><br>Não por isso.<br> <br></div><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">

Sobre os comentários de Vitor Haase, eles foram separados do contexto.<br></blockquote><div><br>É evidente.<br> </div><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">

Ele está argumentado explicitamente a favor da aplicação do método<br>
científico e faz uma crítica aguda à postura anticientífica na<br>
universidade brasileira:<br></blockquote><div><br>Meu objetivo não era comentar, endossar ou contestar o texto dele, portanto não vou entrar na discussão do que ele disse ou não disse.<br> </div><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">

VH:<br>
> O resultado deste processo, na minha avaliação, é uma hegemonia de atitudes anticientíficas nas universidades brasileiras atuais. O ambiente entre professores e alunos é majoritariamente hostil à pesquisa científica, à testagem de hipótese e à busca de neutralidade no conhecimento científico. Todo um castelo de construções teóricas foi construído, procurando argumentar que não existe neutralidade na pesquisa, que interesses econômicos e de dominação são os motivos verdadeiros subjacentes à pesquisa, que a ciência é um aparelho ideológico do estado, um instrumento de dominação e hegemonia e etc.<br>
</blockquote><div><br>Vitor, que eu conheço de meus anos de colégio jesuíta em Porto Alegre, fala de dentro de sua própria área de pesquisa. Na Musicologia, é diferente. Essa pretensa neutralidade necessita prementemente ser desconstruída. Não posso deixar de concordar com ele e apoiá-lo: já vi, em outra lista, a neuropsicologia ser "desconstruída" por uma antropologia <i>pret-à-porter</i>. Chamo isso "infantilismo científico".<br>
 </div><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
> A crítica ideológica é o caminho do menor esforço. Não há necessidade de ralar, de malhar, de estudar epistemologia, estatística, de aprender neuroanatomia, epidemiologia clinica, matemática, programação de computadores, controle de variáveis etc. Basta se apossar de um referencial teórico mínimo e sair por aí “interpretando”.<br>
</blockquote><div><br>Há críticas ideológicas e criíticas ideológicas. A propriamente dita tem seus próprios métodos, alguns derivados da linguística. O esforço é muito claro quando se mede o caminho que leva, em Roland Barthes por exemplo, de <i>Mitologias</i> a <i>Elementos de semiologia</i>, e deste, a <i>Sistema da moda</i>. Aquela da qual Vitor fala é a que dispara expletivos a torto e a direito: "indústria cultural", "essencialismo", "neopositivismo" etc.<br>
<br><br></div><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
O resumo desse enfoque está neste parágrafo:<br>
> Na tradição hermenêutica, que caracteriza o existencialismo/humanismo, psicanálise e psicossociologia, o objetivo da psicologia é construir um referencial interpretativo que auxilie na atribuição de sentido psicológico à experiência subjetiva humana. Se caracterizarmos a ciência pelo método hipotético-dedutivo-experimental, então estas disciplinas não são ciência. Seu conhecimento é de outro tipo. Mais relacionado com a sabedoria. Eu gosto de pensar assim: a perspectiva hermenêutica trata a experiência subjetiva como variável independente, quase lhe atribuindo um estatuto de fator explicativo causal. Já na perspectiva científico-natural, a subjetividade é concebida como uma variável dependente, ou seja, algo que precisa ser explicado em função de fatores genéticos, da estrutura anátomo-funcional do cérebro, das experiências de aprendizagem etc.<br>
</blockquote><div><br>Vitor não é ignorante, portanto, repare que ele usa o condicional: "se caracterizarmos a ciência pelo método hipotético-dedutivo-experimental".<br> <br></div><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">

Os exemplos que VH menciona, justamente apoiam a ideia de que as<br>
ciências humanas precisam de métodos quantitativos:<br>
<br>
> Nos países de língua alemã, p. ex., o curriculum de graduação em psicologia pode compreende até uma dúzia de disciplinas relacionadas a métodos quantitativos, tais como estatística, programação, psicometria, metodologia experimental. O aluno sai do curso de graduação com uma base matemática e metodológica que foge ao alcance da imaginação dos nossos estudantes e professores. A psicologia é concebida como uma ciência e os seus conceitos e métodos precisam ser validados através do teste de hipóteses.<br>
</blockquote><div><br>Você generaliza muito rapidamente: ele está falando de psicologia, e não de ciências humanas. Se você quiser utilizar o exemplo para apoiar a dita ideia, faça-o. Mas a ideia, conquanto tacitamente "apoiada", não está de modo algum defendida nem justificada.<br>
 </div><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
Sinceramente, ao ler os argumentos de Vitor Hasse ou de Sidarta<br>
Ribeiro ou de Suzana Herculano-Houzel (pesquisadores da área de<br>
humanas) não vejo nenhum apoio para a exclusão do método científico.<br>
Inclusive, eles são altamente críticos das posturas que excluem o<br>
método científico como ferramenta de conhecimento e sugerem (como no<br>
parágrafo acima) que os métodos inferenciais podem conviver com outros<br>
métodos.<br></blockquote><div><br>Sua resposta não é uma resposta, na medida em que você me contesta pelo que eu não disse. Coloquei dois textos lado a lado: o meu e um excerto do artigo de Vitor. Colocar textos lado a lado é um método científico, não no sentido que Vitor propõe para o adjetivo neste texto. Esse método tem uma tradição mais que centenária, e está relacionado com diversos procedimentos: a crítica literária, o estruturalismo, <i>la pensée sauvage</i>, a música concreta, o hip-hop, o remix, a montagem cinematográfica etc. Ele prescinde inteiramente de estatística. Não é por isso que deixa de ser científico. Reduzir o "científico" à ciência experimental no campo da musicologia é mais uma demonstração do que chamei de infantilismo científico. Ela merece e necessita, sim, de uma crítica ideológica. Quando mais não seja porque sua caricatura prolifera na chamada "pesquisa em música" hoje no Brasil.<br>
<br>Ambos os textos, lado a lado, o excerto do Vitor e o meu, tinham o objetivo de indicar dois eventos muito diferentes, relacionando-os enquanto associados ao problema da qualidade da pesquisa em música no Brasil. Esse problema não é estatístico.<br>
<br>cp<br></div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div>
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