<h1>O contrabaixo de D. João VI</h1>
<h2 class="preto" style="text-align:center">Grupo de pesquisa da Escola
de Música apresenta método brasileiro de ensino do instrumento
elaborado na primeira metade do século 19</h2>
<p class="autor">Itamar Rigueira Jr.</p>
<div id="gallery" style="float:right">
<table style="margin-left:10px;margin-bottom:10px" align="right" border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" width="150">
<tbody><tr>
<td class="foto" style="text-align:right">Isabella Lucas/UFMG</td>
</tr>
<tr>
<td><a class="borderit" href="https://www.ufmg.br/boletim/bol1821/img/7_1_g.jpg" title="Fausto Borém (no alto, à esquerda) vai liderar grupo de pesquisa em convenção nos EUA"><img src="https://www.ufmg.br/boletim/bol1821/img/7_1_p.jpg" alt="Fausto Borém (no alto, à esquerda) vai liderar grupo de pesquisa em convenção nos EUA"></a></td>
</tr>
<tr>
<td class="legenda">Fausto Borém (no alto, à esquerda) vai liderar grupo de pesquisa em convenção nos EUA</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<p class="primeiroparagrafo">O segundo mais antigo método de ensino de
contrabaixo no mundo, escrito em 1838 por um músico carioca de origem
pobre e recém-descoberto no Rio de Janeiro, será o tema de mais uma
participação do professor Fausto Borém, da Escola de Música da UFMG, na
Convenção Mundial de Contrabaixistas, entre 3 e 8 de junho. O evento,
bianual e considerado o maior do gênero do mundo, vai reunir mais de mil
instrumentistas na Eastman School of Music da Universidade de
Rochester, no estado de Nova York (EUA).</p>
<p>Borém e outros oito pesquisadores do Projeto “Pérolas” e “Pepinos”
da Performance Musical farão recital-palestra sobre o Methodo de Lino
José Nunes, garimpado entre preciosidades da Biblioteca Alberto
Nepomuceno, vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Há cerca de dois anos, Fausto Borém e o professor André Cardoso (UFRJ)
publicaram artigo sobre o achado nos anais do principal congresso de
pós-graduação em música no Brasil, com abordagem histórica e
musicológica. As partituras estão sendo restauradas e estarão
disponíveis ao público em breve, possivelmente na revista Per Musi, que
terá um número especial sobre música antiga. Editado por Borém, é o
único periódico de música no Brasil com classificação Qualis A1 da
Capes.</p>
<p>“Contrabaixista, cantor, professor e compositor, Lino usa em seu
método harmonias sofisticadas para a época, passando por tons distantes,
com paralelo em obras como O cravo bem temperado, de Bach, e o Réquiem,
de Mozart”, destaca Fausto Borém, que é pós-doutor em contrabaixo pela
UFMG e tem títulos de mestre e doutor pelas universidades de Iowa e
Georgia, nos Estados Unidos. </p>
<h2>Linguagem vocal no contrabaixo</h2>
<p>Segundo o pesquisador, parte do método é composta por lições que
são músicas próprias para recitais. “Lino traz o mundo da ópera
italiana, das marchas militares (foi D. João VI quem trouxe as bandas de
retreta para o Brasil), das modinhas, das síncopes, com criatividade
incomum para compositores brasileiros da época. Há mesmo uma referência à
sincopa brasileira do lundu afro-brasileiro”. Borém observa ainda que o
autor, que era cantor, utiliza a linguagem vocal, inovando na tradição
do contrabaixo, que era mais utilizado como instrumento de
acompanhamento na música sinfônica feita na primeira fase do período
imperial brasileiro.</p>
<p>Lino José Nunes foi um dos alunos que mais se destacaram na escola
de música gratuita do padre José Maurício Nunes Garcia, um dos indícios
de sua origem humilde. Em 1825, foi empregado pela Capela Real, um dos
símbolos da atividade cultural da corte de D. João VI, onde trabalhou
até sua morte, em 1847 – não se sabe a sua data de nascimento. </p>
<p>Lino não chegou a concluir o manuscrito, e uma das razões seria o
fato de o dedicatário, que aprendia contrabaixo com Lino, ter
interrompido seus estudos musicais para seguir carreira como médico.
Além disso, com a volta de D. João VI a Portugal, houve desestímulo para
os músicos profissionais no Rio de Janeiro. </p>
<h2>Netuno 2013</h2>
<p>O grupo “Pérolas” e “Pepinos” da Performance Musical não viaja
apenas com a missão de apresentar pela primeira vez no exterior o
manuscrito de 1838. O grupo leva na bagagem, para a Convenção Mundial de
Contrabaixistas, um contrabaixo recém-construído que vai disputar o
Concurso Internacional de Luteria. </p>
<p>Produto da arte do luthier Gianfranco Fiorini e de colaboração com o
grupo da Escola de Música, o Contrabaixo Netuno, baseado em motivos
marinhos, apresenta inovações como alterações estruturais que facilitam
seu manuseio, mudanças na escala para incluir mais notas musicais na
região aguda e mecanismos como a extensão mecânica da região grave e o
braço desmontável para facilitar o transporte. Gianfranco Fiorini, que
foi artista-visitante da UFMG – e premiado no mesmo concurso, em 2006 –
faz as adaptações em seus projetos de contrabaixo com base na
experimentação de músicos como Fausto Borém.</p>
<p>O professor da UFMG vai aos Estados Unidos acompanhado do aluno de
mestrado Giordano Cícero, dos graduandos Alfredo Ribeiro, Evaristo
Bergamini, João Paulo Campos, Gustavo Neves e Rodrigo Olivarez (este
chileno, em mobilidade internacional), e do ex-aluno Leonardo Lopes.</p><a href="https://www.ufmg.br/boletim/bol1821/7.shtml">https://www.ufmg.br/boletim/bol1821/7.shtml</a><br clear="all"><br>-- <br><div>carlos palombini<br>
pesquisador visitante, centro de letras e artes, unirio<br></div><a href="http://ufmg.academia.edu/CarlosPalombini" target="_blank">ufmg.academia.edu/CarlosPalombini</a><br><div></div><div></div><div></div><div></div><div>
</div><div></div><div></div>
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