<table cellspacing="0" cellpadding="0" border="0" ><tr><td valign="top" style="font: inherit;"><br>Prezado prof. Sandroni e demais colegas da lista,<br><br>Em primeiro lugar, agradeço seu posicionamento sóbrio e respeitoso para com o assunto. Confesso que sou muitas vezes enérgico ou até irônico em minha fala, e reconheço que preciso medir melhor meu discurso. Porém, creio que meu e-mail foi interpretado de uma forma relativamente descontextualizada do discurso que estava sendo feito. Pois bem, vou tratar sobre os ideais que tu levantaste.<br><br>Em primeiro lugar, se tiver que definir uma "posição ideológica", afirmo que meu posicionamento é mais semelhante ao do prof. Sandroni. Convido-o, inclusive, para conhecer um pouco do meu trabalho, <a href="http://ufma.academia.edu/dlemos">disponível aqui</a>. Tenho questionado muito o dito "cânone musical dos Séculos XVIII e XIX", herdado dos Conservatórios. Porém, ao criticá-lo, tento sempre
 propor ideias que possam contribuir para que este cânone volte a dialogar com o nosso tempo, formando profissionais que saibam transitar (ou pelo menos respeitar) a diversidade cultural. Sou totalmente a favor da inclusão de manifestações culturais diversas na Academia, principalmente nos cursos de graduação em Música. Todavia, acredito que este seja um processo naturalmente vagaroso, e que as transformações sejam debatidas e encaminhadas de forma sóbria e responsável - até por razões que remetem às competências e ideais defendidos pelo corpo docente das instituições. Porém, reitero que este é um percurso necessário, e não pode ser deixado de lado.<br><br>Com relação a afirmações pontuais:<br><i>"Podemos e devemos discutir qual o papel do cânone conservatorial europeu do século XIX no ensino de música no Brasil do século XXI."</i> - concordo plenamente.<br><br>Entretanto:<br><i>"Minha posição, assim como a de muitos
 colegas, é a de que este papel está atualmente superdimensionado."</i> - tendo a discordar. Talvez esta seja uma realidade em alguns locais, mas onde estou - o curso de Música é muito recente - ainda não existe este cânone musical dos séculos XVIII e XIX. Devido às críticas que tem sido feitas a este modelo - seja por pensadores da Educação, da Antropologia, da Filosofia, pelo governo, pelo povo, enfim, não importa - estamos encontrando severas resistências em estabelecê-lo aqui. Esta é uma ação extremanente necessária, inclusive para que possamos questionar este modelo e colocar em prática formas de atualizá-lo e agregá-lo a outros modelos. O resultado dessa resistência se reflete em questões administrativas: a abolição da prova de habilidades específicas, a exigência em formar grandes quantidades de alunos (o Bacharelado, com exceção das habilitações em Música Popular ou Musicoterapia, é incapaz disso), a falta de
 espaços físicos adequados e a dificuldade em comprar material específico como partituras e instrumentos de orquestra, entre outros.<br><br><i>"O email do Daniel, ou está inventando fantasmas, ou está querendo atacar, através da caricatura, qualquer questionamento sobre o lugar exagerado, nas universidades brasileiras, do referido cânone."</i> - se eu puder falar em "atacar", será contra quem se posiciona de forma radical contra a manutenção do patrimônio cultural europeu. Em locais onde ele está consolidado, talvez uma postura mais enérgica seja necessária, justificando essa retórica. Mas onde estou, isto implica em erradicá-lo por completo das práticas culturais regionais. Seria uma atitude no mínimo irresponsável.<br><br>"A ANPPOM é o lugar da música erudita na academia", ou algo parecido. Fiquei chocado, mas após alguns segundos de pasmo consegui responder: "Você está errado. A ANPPOM é muito mais do que isso. Ela é de todas
 as músicas". - mais uma vez, concordo plenamente. Sobre este discurso, reitero a importância da Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, da UNESCO (2002). É um documento que tenho utilizado bastante para defender todo e qualquer tipo de patrimônio cultural.<br><br>Saudações<br><br><p style="font-family:tahoma, new york, times, serif;"><font size="3">Daniel Lemos Cerqueira <br></font></p><p style="font-family:tahoma, new york, times, serif;"><font color="#000000"><a rel="nofollow" target="_blank" href="http://musica.ufma.br"><font style="font-weight:bold;" size="2"><span style="font-family:tahoma, new york, times, serif;">http://musica.ufma.br</span></font></a></font><font size="2"><font color="#000000"><a rel="nofollow" target="_blank" href="http://musica.ufma.br"><font style="font-weight:bold;" size="2"><span style="font-family:tahoma, new york, times, serif;"></span></font></a></font></font></p><span style="font-family:arial,
 helvetica, sans-serif;"></span><br><br></td></tr></table>