<table cellspacing="0" cellpadding="0" border="0" ><tr><td valign="top" style="font: inherit;"><div id="yiv528119482"><br>Prezados,<br><br>Volto à discussão, que pra mim ficará restrita à Lista da ANPPOM, pois não tenho acesso à lista de Etnomusicologia. Manifesto-me sobre o e-mail do prof. Márcio Mattos:<br><br>"Não se trata de ridicularizar a tradição européia, mas de valorizar também o que temos de bom na música brasileira e, aí, não confundir música brasileira com música ruim e música européia com música boa."<br><br>Naturalmente. Agora, por que não pensar em hibridismo? Qual a diferença entre música brasileira e música europeia? Por acaso serviria só como pretexto para polarização política? Agora seremos mais brasileiros e menos europeus, porque antes éramos mais europeus e menos brasileiros?<br><br>"Você diz que associar a música de concerto com elite é coisa do século passado e associa a música popular com o que,
 quando diz que as pessoas "torram dinheiro aos monte nisso"? De que século é esse comentário?"<br><br>Creio que você esteja se referindo à música popular midiática, essa que condiciona a experiência musical de milhões de pessoas através dos meios de comunicação em massa. Música popular é um termo muito amplo; nem todos os tipos de música popular são midiáticos. Portanto, esta distinção é necessária. Agora, se entendermos elite por uma minoria rica, poderosa e manipuladora, é óbvio que não podemos afirmar que a música de concerto é elitista, não é verdade? Basta ver quem são os músicos da atualidade que atuam nesta área. Ou você discorda disso?<br><br>Acreditar que a Universidade é uma instituição européia e, por isso, deve ficar como está, é o mesmo que não questionar o que nos tomaram de assalto durante séculos.<br><br>É lógico. Agora, do outro lado, não adianta acreditar que ela um dia deixará de ser
 europeia.<br><br>"Você trata a música popular como lixo e a música de concerto como relíquia."<br><br>Quero que você diga exatamente de onde tirou esta suposta afirmação minha.<br><br>"O músico precisa do público, sim! Quem disse que não? A música é feita para quem? Portanto, precisamos que o público aceite a nossa música, sim (...) É o mesmo público que paga o seu salário na Universidade, pois ela é pública."<br><br>Então quer dizer que pelo público estar "pagando meu salário", quer dizer que eu tenha que trabalhar para que ele aceite minha produção artística? A mídia venceu mais uma vez...<br><br>O que tem de ruim no mato? Algo que os Europeus esqueceram de colonizar?<br><br>Possivelmente sim. O mato está imune ao desmatamento, e à ação do homem branco. É um ótimo lugar para quem quer se desvencilhar por completo da cultura europeia (ou da "elite", como muitas pessoas acreditam).<br><br>A desunião entre os músicos
 ainda é um dos nossos grandes problemas. Os médicos, os advogados e outros profissionais que você citou não ficam denegrindo as atividades dos seus colegas. Ao contrário, eles são corporativistas.<br><br>Existe uma grande diferença entre discutir ideias e denegrir as atividades dos colegas. Você está querendo dar à minha afirmação um tom pessoal. Ao mesmo tenho, suponho que você vê um grande aspecto positivo em ser corporativista. Acreditar que o corporativismo torne os músicos mais unidos certamente não vai resolver este problema. O corporativismo ocorre justamente quando um grupo de profissionais monopoliza uma parte das ações que deveriam ser em benefício de todos. É ilusão pensar que advogar em causas próprias ou para determinados coleguinhas irá trazer contribuições para todos.<br><br>"(...) já que você disse que não adianta dar nome aos bois."<br><br>E não adianta mesmo. Vamos manter a discussão no campo das
 ideias.<br><br><br><b>Daniel Lemos Cerqueira</b><br>Universidade Federal do Maranhão<br></div></td></tr></table>